quarta-feira, 29 de julho de 2009

Dependência e morte

Na blitz sobre a cracolândia paulistana, deflagrada pelo governo estadual e pela Prefeitura de São Paulo na semana passada, transeuntes que assistiram à operação e até agentes de saúde se surpreenderam com a resistência dos dependentes a se deixar transferir para albergues, a receber ajuda e a ter uma oportunidade de se libertar do crack.

A cobertura de "O Estado de S.Paulo" reproduziu o diálogo entre um garoto de 12 anos e um agente. Ao ouvir a promessa de que, no albergue, ele não teria crack, mas poderia comer pizza à vontade, o menino reagiu a caráter: "Não gosto de pizza. Gosto de crack".
O que surpreende nesse diálogo é a inocência do profissional da saúde, ao acreditar que uma reles pizza poderia curar uma das mais severas dependências químicas já surgidas. Ou que o guri fuma crack por não ter dinheiro para a pizza. Ou que sua preferência pela droga seria produto de sua vontade ou, quem sabe, de sua "má natureza".
Duas ou três cachimbadas de crack são suficientes para estabelecer a dependência. A partir daí, a sensação, que se poderia classificar de prazerosa naquelas primeiras instâncias, muda de figura. Não será mais pelo prazer que o usuário terá de continuar com a droga, e sim para não passar mal -para não experimentar os terríveis efeitos da abstinência. Com qualquer droga é assim, mas com o crack é pior, porque o efeito apaziguador de uma pedra passa em instantes depois de fumada, obrigando o dependente a comprar outra pedra (por R$ 5 ou R$ 10) e fumar de novo.
Os dependentes não querem ir para o albergue porque sabem que lá não há crack e, para eles, ficou impossível viver sem crack. Na verdade, o impossível é viver com crack -mas seus sobreviventes só descobrirão isso depois de purgar todos os demônios da abstinência numa dura internação.

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Texto de Ruy Castro na Folha de São Paulo de 29/07/09

terça-feira, 28 de julho de 2009

enquanto isso numa ilha paradisiaca chamada Senado











Gripe suina fasta os amigos...


O futuro é delas = Mulheres em início de carreira encontrarão cenário mais promissor para alcançar cargos de liderança







Elas já são maioria na população, no ensino superior e na força de trabalho. A nova geração de mulheres terá, como nenhuma outra, acesso a cargos de comando em empresas, no setor público e nas universidades brasileiras. Se a igualdade com os homens em termos de oportunidades e salário ainda é uma miragem, o número de mulheres em postos de chefia no País aumentou de forma expressiva nos últimos anos e só tende a crescer. Ou seja: meninas, preparem-se.

A pesquisa 100 Melhores Empresas para Trabalhar - Brasil, da consultoria Great Place to Work, registrou aumento na participação feminina em todos os níveis. Nos postos de liderança, de 1997 a 2008, o índice subiu de 11% para 33%. “Nos próximos cinco anos o ritmo de mudanças será dobrado. As empresas estão se tornando mais éticas. Absorvem mais mulheres e permitem que elas alcancem cargos mais altos”, diz o CEO da consultoria, Ruy Shiozawa.

Elisa Carvalho, de 19 anos, não esperou a carreira começar para assumir um posto de comando. Há dois anos no curso de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV), tornou-se diretora de Relações Corporativas da Aiesec, ONG internacional que estimula o desenvolvimento de lideranças entre universitários. Ela ainda não faz ideia do rumo de sua carreira, mas sabe como construí-la. “Quando chegar à liderança, quero discutir todos os pontos, ter compromisso com resultados, fazer todos enxergarem sua importância na empresa.”

A vice-presidente do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP, Rosa Alegria, presidente da consultoria Perspektiva, acredita que o cenário para as jovens é bem mais promissor que o encontrado por suas mães. “Será um mundo mais acolhedor, porque elas terão construído ao longo da carreira um novo estilo de comando.” Rosa representa o Brasil no Millennia 2015, pesquisa colaborativa internacional que fará projeções sobre o status das mulheres em 2025 e sua atuação nas transformações globais. “A tendência é as empresas contratarem mais, mas as jovens não vão querer replicar o atual modelo patriarcal, que as impede de viver os papeis de mães, esposas e cidadãs”, afirma Rosa.


Com 26 anos de carreira, a diretora-executiva de Recursos Humanos do Banco Santander, Lilian Guimarães, acha que a visão sobre a vida profissional mudou bastante. “Os jovens hoje conseguem enxergar prioridades além do trabalho. Mais da metade quer ser dono do próprio negócio, fazer MBA no exterior.”

A participação feminina em cargos decisórios é de 53% nas 10 empresas líderes do ranking da Great Place no Brasil. Só oito são presididas por mulheres, mas a pesquisa indica que elas são mais requisitadas em tempos de crise ou mudanças. “É mais fácil para elas lidar com esses momentos, pois conseguem traduzir para o ambiente profissional a complexidade da gestão da vida pessoal”, afirma Shiozawa.

Mãe de três filhos, o caçula de 1 ano, Cláudia Santos concilia tarefas da casa com a presidência no Brasil da AMD, uma das principais indústrias mundiais de semicondutores. Há quatro anos na empresa, assumiu o cargo no fim de 2008. “As pessoas são medidas pela produtividade. A questão é fazer uma gestão inteligente do tempo e mostrar resultados.”

Há seis anos no comando da MPM Propaganda, Bia Aydar considera uma ilusão a mulher achar que conseguirá conciliar todos os papeis. “Não vi meus filhos crescerem. Doeu, mas não me arrependo. Optei por investir na carreira para ser feliz. A vida pessoal acaba sacrificada, assim como a dos homens.”

Para Rosaly Lopes, especialista em Vulcanologia do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia, os homens não precisam ser encarados como obstáculos à ascensão. “O que vale é trabalhar muito. Tive a ajuda de colegas que reconheceram meu talento, a maioria homens”, diz Rosaly, que já fez expedições a vulcões como o Etna e o Vesúvio e foi a primeira brasileira a ganhar o Wings Worldquest Women of Discovery, prêmio para mulheres que se destacam na exploração científica.

“A mulher está mudando a atitude e vendo que não é preciso competir com o homem”, acredita a vice-presidente do Instituto Claro, Carime Kanbour, que comanda uma equipe de sete funcionárias. “Ainda há atitudes preconceituosas, mas a competência será cada vez mais valorizada.”

O espaço conquistado no mercado nos últimos 30 anos ainda não levou as mulheres a ganharem salários equivalentes aos dos homens, embora a diferença de remuneração tenha caído. A pesquisadora Regina Madalozzo, do Instituto Insper, avaliou a distribuição de ocupações por gênero de 1978 a 2007, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE. Nesse período, a disparidade caiu de 33% para 15%. “Podemos reduzi-la para 10% em 2020. A partir daí, deve ficar estável. Na Europa, ela está nesse patamar há mais de 20 anos. Infelizmente não há ainda nenhum país com diferença zero.”

Para Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral, a equiparação não ocorrerá logo. “Talvez ainda demore uma geração. Não há mais discriminação, o problema é a falta de práticas para garantir a igualdade”, diz Arruda, único representante do Brasil no Conselho de Diversidade do Fórum Econômico Mundial, encontro dos principais executivos do planeta realizado anualmente em Davos, Suíça.

Há três anos, o fórum publica a pesquisa The Global Gender Gap Report, que avalia o equilíbrio entre gêneros nos países. “O presidente do fórum, Klaus Schwab, formou o conselho ao ver que 85% dos participantes dos encontros em Davos eram homens.”

A pesquisa estabelece uma escala de 0 a 1, da completa desigualdade ao total equilíbrio. No último relatório, o Brasil ficou na 73º posição entre 130 países, com índice de 0,674. No mercado brasileiro o número de mulheres corresponde a 1,08 na escala – ou seja, elas são maioria. Nos cargos de decisão, o índice cai para 0,52. “As vagas vão mais para os homens. Estamos formando uma força de trabalho que não é aproveitada”, diz Arruda.

Já que são maioria, cabe às mulheres mudar a situação. Fernanda Teixeira, presidente no Brasil da First Data, gigante no processamento de operações e pagamentos eletrônicos, percebeu isso. Criou há sete anos o grupo Executivas de São Paulo, que reúne mais de 200 lideranças femininas de empresas. O objetivo é discutir meios para as mulheres alcançarem a fatia de 50% dos cargos decisórios.

“Participar de organizações como essa é importante para as mulheres ampliarem seu networking”, diz. “A mulher é ruim no marketing pessoal. Os homens estão em várias comunidades.”

Um dos principais argumentos de Fernanda a favor da ascensão das mulheres na hierarquia corporativa é o fato de elas serem maioria entre os consumidores. “Sei o que o mercado precisa e defino melhor como a empresa deve agir para atendê-lo.”


Ana Bizzotto - Especial para O Estado de São Paulo


COLABORARAM BRUNA TIUSSU e ELIDA OLIVEIRA, ESPECIAL PARA O ESTADO

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-futuro-e-delas,409269,0.shtm

domingo, 26 de julho de 2009

Brasil importou 175,5 mil toneladas de lixo

Em 2008, Brasil importou 175,5 mil toneladas de lixo

O Brasil importou, oficialmente, mais de 223 mil toneladas de lixo desde janeiro de 2008, a um custo de US$ 257,9 milhões. No mesmo período, deixou de ganhar cerca de US$ 12 bilhões por não reciclar 78% dos resíduos sólidos gerados em solo nacional e desperdiçados no lixo comum por falta de coleta seletiva - o País recicla apenas 22% do seu lixo. A indústria nacional, que reutiliza os reciclados como matéria-prima na fabricação de roupas, carros, embalagens e outros, absorve mais do que o País consegue coletar e reciclar. Daí a necessidade de importação.

A destinação do lixo urbano é uma atribuição constitucional das prefeituras, mas apenas 7% dos 5.564 municípios brasileiros têm coleta seletiva. Com isso, no ano passado, pelo menos 175,5 mil toneladas de resíduos de plástico, papel, madeira, vidro, alumínio, cobre, pilhas, baterias e outros componentes elétricos - e até as cinzas provenientes da incineração de lixos municipais - tiveram de ser importadas. Entre janeiro e junho deste ano, foram importadas outras 47,7 mil toneladas.

Mesmo importando, as 780 empresas de reciclagem brasileiras, hoje, atuam com 30% da capacidade ociosa por falta de matéria-prima, segundo a Plastivida Instituto Socioambiental dos Plásticos. Um exemplo: mais de 40% do PET reciclado é absorvido pela indústria têxtil na fabricação de fios e fibras de poliéster - duas garrafas se transformam em uma blusa. O Brasil teria condições de abastecer essa indústria, não desperdiçasse 50% do PET no lixo comum. A falta do material fez disparar o preço da tonelada no mercado interno, equiparando-se ao valor do importado, entre R$ 700 e R$ 900. Resultado: enquanto sobravam garrafas boiando no poluído Rio Tietê, as recicladoras tiveram de importar 14 mil toneladas de plástico para reciclagem no ano passado, 75% mais do que em 2007.

O mesmo ocorre com resíduos de alumínio, que lideram a importação, usados na indústria automobilística - só no ano passado, o Brasil importou 92,7 mil toneladas do material retirado do lixo de outros países. “Se existisse uma política nacional de reciclagem não seria preciso Bolsa-Família. O dinheiro do lixo renderia aos brasileiros o mesmo benefício, além de emprego”, ironiza o presidente do Instituto Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni, autor do livro "Os Bilhões Perdidos no Lixo" e consultor da Organização das Nações Unidas e do Banco Mundial para a área ambiental. “Só faz sentido o Brasil importar esse material porque as redes de captação e separação não funcionam. Faltam PET e outros resíduos no mercado nacional.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e da Agência Estado - http://www.abril.com.br/noticias/brasil/2008-brasil-importou-175-5-mil-toneladas-lixo-470487.shtml

sábado, 18 de julho de 2009

Escuta Essa! – Lula, a pizza, o “porquito” e o compadrio

Lula, a pizza, o “porquito” e o compadrio





Um dia após a criação da CPI da Petrobras e minutos depois de saborear carne de porco assada em almoço da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma declaração que deixou parlamentares enfurecidos. Chamou senadores oposicionistas de "bons pizzaiolos". Para tentar controlar a crise polítca, que tem como foco o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Lula se esforça para manter suas alianças no Congresso. Com a ministra Dilma no palanque, elogiou o ex-rival Fernando Collor de Mello, senador pelo PTB de Alagoas, e Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado. Renan comandou a escolha do novo presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ)

Do UOL Notícias Vídeos 18/07/2009 07h08 - http://noticias.uol.com.br/ultnot/multi/2009/07/18/04023770CCC97346.jhtm

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Fotos e vídeos íntimos na internet, como evitar?

Pelados 2.0

Fotos e vídeos caseiros de momentos íntimos caem na internet e surpreendem vítimas desavisadas

DANIELA ARRAIS

Tudo era uma brincadeira ou um registro de momentos que diziam respeito, apenas, a duas pessoas. De repente, você acessa a internet, checa seu e-mail ou perfil em redes sociais e se depara com uma surpresa: fotos ou vídeos monstrando a sua intimidade estão ao alcance de um clique.
Quem já fotografou ou filmou a si mesmo em poses ou movimentos sensuais e sexuais está sujeito a virar atração na internet. Com a disseminação da tecnologia, fica cada vez mais comum encontrar na rede imagens de anônimos em situações que ultrapassam as quatro paredes -nem sempre por vontade própria.
Uma leva de celebridades, como Paris Hilton, Vanessa Hudgens e Daniella Cicarelli, já teve fotos e vídeos divulgados na internet sem autorização. Ganharam os holofotes, é claro, mas também tiveram que recorrer à Justiça para retirar o conteúdo do ar -quase sempre, sem sucesso.
O fenômeno é chamado de sexting nos Estados Unidos. O neologismo diz respeito à junção de sex (sexo) e texting (troca de mensagens por celular) e já é assunto de pesquisa -uma publicada no fim de 2008 mostra que um em cada cinco jovens norte-americanos com idades entre 13 e 19 anos já enviou pelo celular algum tipo de foto ou vídeo de si mesmo nu ou seminu. Entre os jovens adultos, de 20 a 26 anos, o fenômeno é ainda maior: um terço declarou já ter feito sexting.
Nas mãos de pessoas erradas, esse tipo de conteúdo pode virar um grande problema. Imagine só se um ex-namorado divulga na internet fotos e vídeos do antigo parceiro para se vingar ou manchar sua reputação? A prática existe e já ganhou denominação: "revenge porn" (pornografia da vingança, em tradução livre).
Nesta edição, conheça vítimas desse tipo de prática, veja como crianças e adolescentes se comportam na internet, relembre casos envolvendo celebridades, saiba como se prevenir e confira dicas de advogados sobre como proceder.

Vídeo erótico de vereadora cai na rede

A vereadora Andrea Puríssimo, de Santo Anastácio (596 km de SP), estava em uma viagem quando recebeu uma ligação da família avisando que um vídeo seu, protagonizando cenas de sexo com um parceiro casual, havia vazado para celulares e para a internet.

"Não tenho ideia de como o vídeo foi parar na internet", disse a vereadora à Folha. Apesar do burburinho que as cenas causaram na cidade do interior, Andrea afirma que não sofreu maiores danos. "Foi mais um movimento psíquico, porque tenho uma família, uma filha menor de idade. Mas não fui prejudicada no trabalho."
O suplente de Andrea, no entanto, pediu a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), que não foi adiante. Hoje, três advogados cuidam do caso. "Espero que o episódio sirva de alerta para outras pessoas, para que elas pensem nas consequências de expor alguém. Exposição da vida íntima é algo que ninguém deve fazer", afirma Andrea.

Serviço on-line
A publicitária Priscila Sobral, 33, estranhou quando começou a receber ligações seguidas de homens que iniciavam a conversa falando de fantasias e posições sexuais.
Sem entender nada, ela questionava: "Do que você está falando?". Eles retrucavam: "Você não é a Priscila, do site tal?". Depois de alguns telefonemas, ela resolveu digitar o endereço. E teve uma surpresa: uma foto de outra pessoa, acompanhada de seu nome verdadeiro e de seu telefone e e-mail do trabalho, estava publicada junto a textos picantes, que ofereciam serviços de garota de programa.
"Você está trabalhando, e alguém liga em busca de sexo. É muito constrangedor. Tive que me expor para a família, para os colegas de trabalho", disse em entrevista à
Folha.
Cansada das agressões on-line, Priscila foi procurar um advogado especializado em crimes eletrônicos, que conseguiu um mandado de busca e apreensão do equipamento de onde eram feitas as ameaças.
Agora, ela acompanha o processo judicial. "Acho que quem fez isso não esperava esse desfecho. Não vai dar cadeia, mas a pessoa tem que pagar pelo que fez, aprender que não se pode brincar assim, mexer com a dignidade, com a moral de alguém. Mas o que eu passei, ninguém paga", diz.

Da internet para o cinema
Quando era adolescente, ainda nos tempos do VHS, o cineasta Daniel Aragão, 28, se viu em maus lençóis ao ter um vídeo de sexo protagonizado com a então namorada espalhado no boca a boca entre seus amigos. Ele aproveitou a experiência para fazer, anos depois, um filme sobre o assunto.
O curta-metragem "Não Me Deixe em Casa" aborda "como as pessoas se isolam do mundo quando estão amando", diz.
Com estreia prevista para agosto, o filme fala sobre as consequências da exposição e, também, sobre como é natural para os adolescentes lidarem com a tecnologia.
(DA)

Sexting atrai jovens internautas dos EUA

FLERTE TECNOLÓGICO >> Pesquisa aponta que um em cada cinco adolescentes já mandou pela rede fotos de conteúdo sexual

Um grande número de adolescentes e jovens adultos já enviou ou postou na internet fotos de si mesmos nus ou seminus. Nos EUA, um em cada cinco adolescentes afirma já ter praticado sexting, segundo pesquisa realizada no ano passado pela National Campaign to Prevent Teen and Unplanned Pregnancy (campanha nacional para prevenção de casos de gravidez entre adolescentes e gravidez indesejada).
O estudou trabalhou sobre 1.280 entrevistas com adolescentes (13 a 19 anos) e jovens adultos (20 a 26 anos).

Meninas lideram
A pesquisa aponta que 71% das adolescentes e 67% dos adolescentes enviaram ou postaram conteúdo sexual para seus namorados -21% das meninas e 39% dos meninos disseram que enviaram conteúdo para alguém que eles queriam namorar ou sair junto.
Dos entrevistados, 15% afirmaram que enviaram imagens de si mesmos nus ou seminus para pessoas que eles só conheciam por meio da internet.
A pesquisa demonstrou que todos sabem que material desse tipo é potencialmente perigoso: 75% dos adolescentes e 71% dos jovens adultos disseram que enviar conteúdo com sugestão sexual "pode ter sérias consequências negativas".
Eles sabem, também, que muitas vezes suas imagens são compartilhadas com pessoas que eles nem conhecem.
"Acho que uma das principais preocupações em relação aos jovens é que eles compartilham informações em demasiado. Colocam fotos em redes sociais, dizem para onde vão. Isso é um perigo", afirma Stephen Balkam, presidente do Fosi (Family Online Safety Institute; instituto para segurança on-line da família, em tradução livre).
Os motivos para o sexting são variados: a maioria diz que é uma atividade divertida e de flerte. Entre as garotas, 51% dizem que a pressão dos garotos é a razão pela qual elas enviam as imagens. Enviar um presente sexy para o namorado também é um dos motivos. Os adolescentes dizem ainda que, em alguns casos, enviam conteúdo provocante como resposta a um que já receberam.
Para 40% das meninas, enviar essas imagens ou mensagens é uma piada; 34% já fizeram isso para se sentir sexies.
Entre os motivos de preocupação dos adolescentes, estão se arrepender depois, manchar a reputação, prejudicar as chances ou a relação com o outro e, em quarto lugar, desapontar a família.

Dicas para os pais
A pesquisa fornece dicas para os pais, como conversar abertamente com seus filhos sobre o que eles fazem na rede e no celular, saber com quem eles se comunicam e impor limites para tempo de uso das ferramentas. E recomenda ficar de olho no que eles postam em perfis.
"Converse com seu filho sobre o que você considera um comportamento "eletrônico" apropriado. Assim como certas roupas saem do limite ou certos modos de falar não são aceitos em casa, deixe claro o que é e o que não é permitido on-line", diz o texto.
(DANIELA ARRAIS)

Remover conteúdo indesejado é trabalhoso, dizem advogados

Conteúdo postado na internet é difícil de ser apagado. Mesmo que você aperte o botão Delete, alguém pode aproveitar minutos de descuido para salvar uma foto, copiar um vídeo ou reproduzir um post de conteúdo sexual.

E remover essas informações dá um grande trabalho.
"Tudo que envolver intimidade deve ter uma precaução especial, deve contar bom senso", diz o advogado Renato Opice Blum. "Na internet, a prova não fica mais restrita a quatro paredes, vai para o mundo."
"Prevenção é não se deixar ser filmado ou fotografado", afirma Marcel Leonardi, advogado e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas). "Às vezes, no calor da relação, o homem ou a mulher concorda em se deixar filmar. E, por uma tara, por uma briga, esse conteúdo pode parar na internet."
Segundo ele, uma forma de ter mais cuidado é colocar tarjas eletrônicas sob o rosto ou fazer alterações na voz. "Se a pessoa tem cautela, minimiza um pouco o problema. Se cair na rede, ela morre de vergonha, mas pelo menos terceiros não vão conseguir identificá-la."
As medidas que a vítima deve tomar após ver seu conteúdo exposto on-line variam de caso a caso. "Quando a vítima deseja remover conteúdo da rede, deve procurar um advogado especializado para que ele ingresse com ação judicial contra o provedor que mantém o conteúdo", afirma Leonardi.
O provedor tomará providências como remover o material dos serviços e informar os dados de que dispuser a respeito da publicação, para que se tente rastrear o usuário responsável, diz o advogado.
Na ação judicial, a vítima pode argumentar que sua imagem foi violada e que ela foi colocada em situação vexatória.
Quando o conteúdo vai parar em um site P2P, é mais difícil tomar as providências "O arquivo não fica em um servidor central, mas disseminado em vários computadores. Uma das medidas é identificar o responsável pela primeira disseminação", diz Leonardi.


Campanha visa combater o sexting

BELINDA GOLDSMITH
DA REUTERS LIFE!

O governador de Nova Gales do Sul, na Austrália, lançou uma campanha educativa a fim de combater a prática, cada vez mais frequente, de sexting, afirmando que essas imagens ou mensagens de texto com conteúdo sexualmente explícito podem ser postadas na internet ou encaminhadas para outras pessoas, podendo resultar em práticas de assédio ou até de crime sexual.
"Os adolescentes normalmente não pensam sobre as consequências de seus atos. O que eles imaginam ser uma brincadeira inocente ou um flerte inofensivo pode prejudicá-los seriamente se cair em mãos erradas", disse Linda Burney, ministra de Serviços Comunitários da Nova Gales do Sul.
O governo produziu um material informativo para escolas, pais e adolescentes a fim de informá-los sobre as possíveis consequências do sexting. Burney também está pedindo aos pais para conversarem com seus filhos sobre o tema e para checarem sites de redes de relacionamentos em busca de imagens inapropriadas.

Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS

Navegação precisa de limites

Você colocaria fotos de momentos variados da sua vida no mural da escola, para todo mundo ver, sem refletir bastante sobre o assunto?
É usando essa questão que Rodrigo Nejim, diretor de prevenção da ONG Safernet, alerta para os perigos de disponibilizar fragmentos da vida na internet.
Pesquisa realizada pela organização não governamental aponta que 53% das crianças e dos adolescentes afirmaram já ter encontrado conteúdo impróprio na rede. Ao mesmo tempo, 87% afirmam que não têm limites para navegar -38% dizem ter medo de encontrar um adulto mal intencionado enquanto navegam e 28% dizem ter encontrado pessoalmente alguém que conheceram na rede.
"São sinais de que crianças e adolescentes ainda não têm dimensão de que a internet é um espaço público. As fotos que a gente publica não são vistas apenas pelos amigos e pela família. Qualquer um pode vê-las", diz.
A pesquisa aponta, também, que 21% dos entrevistados nunca se sentem seguros na internet - 38% foram vítimas de ciberbullying; 29% já tiveram seus dados/perfil roubados; e 26% nunca buscaram dicas de proteção.
"As pessoas têm uma ideia de que a internet é uma terra sem lei, de anonimato completo, de impunidade. E não é bem assim", afirma Nejim.
Segundo ele, pais e filhos precisam conversar sobre a forma como usam a internet. "Da mesma forma que as crianças não podem aceitar balas de estranhos, elas não devem aceitar e-mails estranhos, pedidos de amizade de estranhos no Orkut, no MSN."
Não adianta, no entanto, proibir o uso da internet nem vigiar o comportamento dos filhos. "É preciso dialogar, orientar e fazer um acompanhamento", diz.
(DA)

Prática reprisa velha batalha entre gerações, diz psicoterapeuta dos EUA

Divulgação
Vanessa Hudgens, que foi vítima de exposição na internet

BRUNO ROMANI, EM BERKELEY

O atual modismo do sexting -ato de compartilhar, com auxílio tecnológico, imagens do próprio corpo com pouca roupa- reprisa a velha batalha entre gerações, na qual os mais novos aprendem como a sua sexualidade assusta os mais velhos. Pelo menos, essa é a avaliação de Marty Klein, psicoterapeuta especialista em educação sexual, que atua em Palo Alto, Califórnia.
Com opinião semelhante, Richard Chalfen, professor de antropologia e membro do Centro para Mídia e Saúde Infantil da Escola de Medicina de Harvard, afirma que alguns jovens estão forçando a barra ao capturar imagens do corpo, pois sabem que o fenômeno é um assunto do momento.
Nos EUA, desde o suicídio da jovem Jesse Logan, há um ano, a mídia vem seguindo de perto o tema. O ex-namorado de Logan, depois do final do relacionamento, divulgou fotos dela nua. Isso teria colocado a garota em depressão profunda.

Celebridades
A mania de autoexposição ilimitada (ou quase) ganha espaço também no mundo das celebridades, que aderem ao pelados 2.0.
Nos EUA, ficaram famosos os casos de Vanessa Hudgens, atriz de "High School Musical", e Adrienne Bailon, integrante do Cheetah Girls, grupo musical jovem da Disney. Ano passado, as duas tiraram fotos seminuas para seus namorados que acabaram na rede após terem seus computadores supostamente roubados.
Para Chalfen, o modismo não é surpresa, dado que os jovens têm "muita dificuldade em prever as consequências dos seus atos". Ou seja, eles não imaginam que o parceiro de hoje possa ser o vilão de amanhã.
Historicamente, pais e educadores apontam seu dedo acusador para a mídia como uma das responsáveis por novos fenômenos ligados à sexualidade dos jovens. Hoje em dia, porém, o grupo não é apenas consumidor de tabloides, "reality shows" ou qualquer coisa que capture a privacidade alheia.
O problema -ou a novidade- é que celulares, câmeras digitais e internet permitem que as pessoas sejam os seus próprios paparazzi -fotografando a si mesmas e a outros em situações privadas e colocando as imagens na rede.
Chalfen explica que as gerações mais novas são "nativos digitais". Ou seja, os jovens dos dias atuais cresceram acostumados a terem suas vidas mediadas pela tecnologia o tempo todo. Ele diz que "celulares com câmeras não estão apenas inseridos na vida do jovem, mas são parte de sua identidade". O professor, porém, lembra que apenas uma minoria pratica sexting.
O que não significa que não haja problemas, como o drama de Logan. Para que casos semelhantes não se repitam, a dica de Marty Klein é o "use com responsabilidade". Klein diz que os pais devem ensinar os filhos a terem sentimentos sexuais e pensarem claramente ao mesmo tempo, tendo ciência dos seus atos.

reportagem de capa

ANÁLISE

Não há privacidade na internet

BRUCE SCHNEIER
DO SCHNEIER.COM

Se seus dados estiverem on-line, eles não são privados. Talvez eles pareçam privados. Certamente, só você tem acesso ao seu e-mail. Na verdade, você e o seu provedor. E o provedor de seu remetente. E qualquer provedor das principais conexões de internet que por acaso acompanhe o percurso desse e-mail do remetente até você.
Se você lê seu e-mail pessoal no trabalho, a sua empresa tem acesso a ele. E, se instalar mecanismos de rastreamento nos pontos certos, a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) e qualquer outro órgão de inteligência do governo norte-americano, também.
É evidente que você poderia codificar o seu e-mail, mas poucos entre nós fazem isso. A maioria das pessoas agora usa webmail. O problema é que, normalmente, seus dados on-line não estão sob seu controle. Seu webmail está menos sob seu domínio do que poderia estar se suas mensagens fossem baixadas em seu computador.
Se você usa o Salesforce. com, está contando com essa empresa para proteger seus dados. Se usa o Google Docs, você está confiando no Google. Esse é o motivo pelo qual o Centro de Informações sobre Privacidade Eletrônica (Epic, na sigla em inglês) registrou queixa na FTC (agência reguladora governamental norte-americana): confiamos no mecanismo de segurança do Google, mas não sabemos o que ele é.
Isso é uma novidade. Há 20 anos, se alguém quisesse vasculhar a sua correspondência, teria de invadir a sua casa. Agora, essa pessoa pode simplesmente entrar no seu servidor. Há dez anos, suas mensagens de voz eram guardadas em uma secretária eletrônica no seu escritório; agora, estão em um computador que pertence a uma empresa de telefonia.
Suas movimentações financeiras encontram-se em websites remotos, que são protegidos apenas por meio de senhas; os dados sobre os empréstimos que você fez são recolhidos, armazenados e vendidos por empresas que você nem sequer sabe que existem. E mais dados estão sendo gerados. Listas de livros que você compra, assim como de livros pelos quais você dá uma passada de olhos, são armazenadas em computadores das livrarias.
Seu cartão de fidelidade informa ao seu supermercado quais alimentos você aprecia. O que era uma moeda anônima colocada em uma cabine de pedágio transformou-se em pedágio eletrônico, que registra em que estrada você esteve e quando.
O que costumava ser uma conversa cara a cara tornou-se agora um bate-papo eletrônico, uma troca de mensagens de texto por celular ou uma conversa no Facebook.
Quanto a nossa segurança e privacidade, não temos nenhuma escolha, além de confiar nessas empresas, mesmo que elas tenham pouca motivação para nos proteger. Tanto a ChoicePoint e a Lexis Nexis (empresas de internet norte-americanas de banco de dados) quanto o Bank of America ou a T-Mobile não assumem os custos relacionados a violações de privacidade ou a roubos de identidade digital.
Essa perda de controle sobre nossos dados tem outros efeitos também. Nossas proteções contra casos de abuso policial foram drasticamente diluídas.
Os tribunais têm autorizado a polícia a investigar nossos dados sem um mandado se esses dados se encontrarem sob o domínio de terceiros. Se a polícia quiser ler um e-mail no seu computador, ela precisa de um mandado, mas isso não será preciso se o e-mail for lido a partir dos arquivos de backup localizados em seu provedor.

Direitos digitais
Isso não é um problema tecnológico, é um problema jurídico. Os tribunais precisam reconhecer que, na era da informação, privacidade virtual e privacidade física não têm as mesmas fronteiras. Nós deveríamos ser capazes de controlar nossos próprios dados, independentemente de onde eles estivessem armazenados. Deveríamos ser capazes de tomar decisões sobre a segurança e a privacidade de nossos dados e ter respaldo legal no caso de as empresas falharem em honrar essas promessas.

Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS

Da Folha de São Paulo de 15/07/09

sábado, 11 de julho de 2009

Viagem ao Nordeste - conheça o Nordeste comigo

Pegue uma carona no Celta e viaje de São Paulo à praia de Jericocoara no Ceará, percorra o litoral nordestino em direção ao Sul em direção a São Paulo.


Sente no banco, aperte os cintos e vamos acelerar.

BOA VIAGEM!















Veja e leia esta história em 7 capítulos.

Veja e leia esta história em 7 capítulos.

Capítulo 1- início - Viagem ao Nordeste - São Paulo, Jericoacoara                         São Paulo, Cristalina, Brasília, Barreiras, Canto do Buriti, Terezina, Jijoca e finalmente, nosso destino: Jericoacoara 
Capítulo 5 -Viagem ao Nordeste - João Pessoa, Recife, Porto de Galinhas

Capítulo 6 - Viagem ao Nordeste: Recife, Arapiraca e as Alagoas

Capítulo 7 – final - Viagem ao Nordeste, final: Praia do Francês, Aracaju, Itacaré, São Paulo

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Lula fecha olhos para escândalos quando lhe convém, diz 'Economist'


Revista britânica chama Senado de 'Casa dos Horrores' e comenta escândalo dos atos secretos.

Foto: Reprodução
Reprodução
Reportagem da revista 'Economist' sobre o Senado brasileiro (Foto: Reprodução)
O revista britânica The Economist diz na edição que chegou às bancas nesta sexta-feira que os escândalos do Senado brasileiro são um lembrete das falhas cometidas por aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da "disposição de Lula em fechar os olhos para escândalos quando lhe convém".
O artigo é intitulado "Casa dos Horrores", em uma referência ao Senado, "que tem 81 membros mas, de algum modo, requer quase 10 mil funcionários para cuidar deles".
Muitos dos funcionários da Casa, segundo a revista, "foram apontados como favores a amigos dos senadores ou simpatizantes políticos".
A revista comenta a pressão sobre o presidente do Senado, José Sarney, por conta do escândalo.
Sarney é aliado de Lula, afirma o artigo, e o presidente estaria interessado no apoio do PMDB - Partido de Sarney - para a provável candidatura de Dilma Rousseff pelo PT.
"Muitos senadores, de todo o espectro político, cometeram erros. Quando o líder do opositor PSDB foi passear em Paris, por exemplo, o Senado pagou a conta do hotel. (Ele diz que foi um 'empréstimo'). Então parece injusto que Sarney seja o único pressionado a renunciar", diz a Economist.
"Mas ele também não pode se dizer ignorante sobre o que se passava no Senado. Este é seu terceiro mandato como presidente. Durante um período anterior, ele apontou Agaciel Maia (chefe da administração do Senado) para sua lucrativa posição."
O artigo ainda comenta outros deslizes de José Sarney, mas afirma que ele é "um sobrevivente" e "provavelmente vai manter seu posto", justamente por ainda ter poder dentro do PMDB e ser aliado de Lula.
"Lula disse que Sarney merece mais respeito e culpou a imprensa por inflar o escândalo. Mas no momento em que a economia está apenas emergindo de uma recessão, a saga dos 'atos secretos' lembra os brasileiros que seus políticos nunca impõem austeridade a si mesmos", afirma a Economist.
Da BBC no G1 http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1225081-5598,00-LULA+FECHA+OLHOS+PARA+ESCANDALOS+QUANDO+LHE+CONVEM+DIZ+ECONOMIST.html
Charge da Folha de São Paulo de 09/07/09

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O calvário das crianças

Ruy Castro escreve: Calvário nas manchetes

Há poucas semanas, fomos esmagados pela história da menina Sophie, de quatro anos, torturada e agredida durante um ano por sua tia até morrer, desnutrida e cheia de hematomas, ossos quebrados e lesões internas, num hospital em Caxias, RJ. É de se perguntar se e quando terminará o calvário das crianças no Brasil. Porque, pelo noticiário, não há motivo para otimismo. Veja algumas manchetes, todas dos últimos dias.
"Polícia prende padre suspeito de violentar criança de quatro anos em escola de São Paulo." "Mãe tenta matar filha por suspeitar de gravidez em Belo Horizonte (MG)." "STJ nega liberdade a padre acusado de violentar três meninas em Rio Grande (RS)." "Polícia prende suspeito, mas não identifica jovem morta (em São Paulo)." "Descaso de médico no Miguel Couto causa morte de bebê (no Rio)."
"Promotora denuncia oito por violência sexual contra dois adolescentes em Paulo de Faria (SP)." "Crianças de até quatro anos são exploradas na Lapa -menores vendem balas de madrugada enquanto mulheres as supervisionam (no Rio)." "Ladrão mata executiva na frente do neto no Butantã -vítima ia estacionar e tirar o neto de quatro anos de dentro do carro; ela levou um tiro na testa (em São Paulo)."
"Juiz do trabalho é acusado de exploração sexual infantil ao promover orgias com crianças no município de Tefé (AM)." "Mulher é suspeita de ter enterrado criança viva -bebê foi achado em saco plástico, em quintal de casa em Angra dos Reis (RJ)." "ONU critica STJ por não punir sexo pago com menor -entidade repudia endosso a decisão da Justiça (de Mato Grosso do Sul) e alerta para o perigoso precedente aberto."
Não importa o que digam os números, nenhuma criança está a salvo no Brasil. Tudo conspira contra ela: a pobreza, o crime, os pais e, às vezes, a lei.

Da Folha de São Paulo de 08/07/09

domingo, 5 de julho de 2009

Sarney, PMDB e déficit: Lula 2010

Sarney, PMDB e déficit: Lula 2010


Na mesma semana, Lula paga apoio do PMDB com vexame extra do PT e diz que vai elevar dívida pública; tudo por 2010
Lula fez o PT dizer "sim" a vários sinhôs


ALIANÇAS com o PMDB são conquistadas no varejo, nas feitorias regionais do partido. Mesmo levando um José Sarney, não há garantia de que venha um Renan Calheiros de brinde. Também não é possível fazer pacotes de PMDB. Em geral, numa baciada de senadores não cabe uma penca de deputados, pois as duas "Casas" peemedebistas não se bicam.
Mas Lula, que conhece os efeitos das febres políticas, como a da gripe porcina do mensalão, fez o PT empenhar o resto de sua alma já muito pequena a fim de manter as graças de Sarney e Calheiros até pelo menos 2010. De resto, procura assim evitar sururu adicional no Congresso. Ninguém sabe o que pode acontecer quando parlamentares desembestam a puxar as capivaras alheias.
Nessa mesma semana em que Lula fez o PT dizer "sim" a vários sinhôs, o governo anunciou uma expansão adicional da dívida pública. Era previsível, mas foi sintomático que o relaxamento extra do déficit tenha ocorrido no fim de outra semana de ruína moral do PT. Ao aumento do déficit de vergonha na cara se soma um pouco mais de déficit público. Tudo por 2010.
Coube ao senador Aloizio Mercadante, com cara de coveiro em tempo de epidemia, anunciar que o PT fará qualquer negócio para manter a "governabilidade" (adesão a Sarney e cia.). Mercadante, desse mesmo PT que fizera tanta chacrinha quando o PSDB se amasiou ao coronelato do PFL-DEM e que agora perde a chance de cavoucar as profundezas da aliança de José Serra com Orestes Quércia, do mesmo PMDB.
Aos ministros da economia luliana coube dizer que estão mantidos os aumentos de gastos com servidores e de outras despesas correntes e a redução da poupança de impostos (o superávit primário). É o programa Dívida Família. De passagem, por falar em falta de vergonha na cara, observe-se que o DEM logo criticou Lula por não cortar tais despesas, as quais, no entanto, tiveram o apoio oportunista do DEM no Congresso.
Nada disso, senadores zumbis do PMDB ou a fatia de déficit extra, é assim essencial para a vitória em 2010, mas Lula se tornou adepto do perfeccionismo eleitoreiro. Porém, faltando 15 meses para a eleição, tais preliminares são agourentas. Até Dilma Rousseff, no antigo papel de militante disciplinada, fez charme para Sarney. Dilma, aliás, anda tomando muito Gim, o Argello, notório por ter sido um quase cassado antes de ser senador e pela carreira esmerada: saiu da órbita de Plutão, das cercanias do fugitivo Joaquim Roriz, para a de Renan Calheiros.
O lulismo precisava desses excessos? Lula merece o crédito de ter evitado crise pior na economia. Juntando o útil ao agradável, agradou à classe média, que pode renovar a frota e a cozinha. Já angariou muito apoio de recipientes de benefícios sociais e servidores, metade do país. Arrebanhou o empresariado com subsídios, vários via BNDES. Tem apaziguado até a coalizão ruralista. Afagou prefeitos e governadores com créditos e repasses de verbas. Lula não quer deixar ninguém para trás. Ficou fominha. Fome de 2010.

sábado, 4 de julho de 2009

Autoajuda atrapalha

Autoajuda 'não beneficia pessoas com baixa autoestima'

Pensamento positivo só funciona com quem já tem autoestima alta, dizem cientistas canadenses.

Repetir pensamentos positivos para si pode acabar tendo efeito contrário ao desejado em indivíduos com baixa autoestima, afirma um estudo de pesquisadores canadenses. Segundo o estudo, frases encorajadoras e positivas a respeito de si funcionam apenas para quem já tem autoestima alta.

Os pesquisadores das universidades de Waterloo e de New Brunswick pediram a participantes do seu projeto que repetissem para si mesmos a frase "sou uma pessoa adorável". Depois, eles analisaram a impressão dos participantes sobre si.

No grupo com baixa autoestima, os que tentaram este recurso de autoajuda se sentiram piores do que antes. Já pessoas com alta autoestima se sentiram levemente melhores após repetir o mantra positivo.

Pensamentos felizes e não tão felizes
Os psicólogos pediram então que os participantes listassem pensamentos positivos e negativos a respeito de si mesmos. Eles descobriram que, paradoxalmente, aqueles com baixa autoestima se sentiam melhor quando podiam ter pensamentos negativos a respeito de si, e não quando eram obrigados a se focar nos pontos positivos.

Em um artigo na revista científica "Psychological Science", os cientistas sugerem que, assim como elogios exagerados, asseverações puramente positivas tais como "eu me aceito completamente" podem produzir pensamentos contraditórios em indivíduos com baixa autoestima.

"Repetir afirmações positivas pode beneficiar algumas pessoas, como indivíduos com alta autoestima, mas sair pela culatra no caso das pessoas que mais precisam deles", afirmou a psicóloga que coordenou a pesquisa, Joanne Wood. Ela destacou, entretanto, que os pensamentos positivos funcionam como parte de uma terapia mais ampla.

A ideia de que as pessoas devem "se ajudar" a fim de se sentir melhor foi elaborada há 150 anos pelo médico escocês Samuel Smiles. Seu livro sobre o tema, que trazia orientações como "os céus ajudam aqueles que se ajudam", vendeu 250 mil cópias. Hoje, o negócio da autoajuda virou uma indústria multibilionária.

Do G1

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1218798-5603,00.html