quarta-feira, 11 de março de 2009

A marolinha que virou TSUNAMI

Recuo do PIB brasileiro é o pior entre os Brics, diz ONU

PIB brasileiro se contraiu 3,6% no último trimestre de 2008.
'Resultado é chocante', afirmou economista-chefe.

Do G1, com informações da Agência Estado

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que recuou 3,6% no último trimestre em relação ao perído imediatamente anterior, é o pior até agora entre os países do Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China). A queda é ainda superior à redução do PIB da Europa. 

Foto: Editoria de Arte/G1

O resultado é chocante", afirmou o alemão Heiner Flassbeck, economista-chefe da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento e Comércio.

Na terça-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB brasileiro ficou 3,6% menor no último trimestre de 2008, na comparação com o período imediatamente anterior. A queda foi a maior desde o início da série, iniciada em 1996. No acumulado do ano, no entanto, o PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões.

Os dados do Brasil ficam piores na comparação anualizada. Na China, o crescimento no quarto trimestre (anualizado) foi de 6,5%. A Índia cresceu 5,3%, menos que a previsão de 7,6%. Se o recuo de 3,6% do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2008 for anualizado, pode significar uma queda de 13,6% da atividade econômica em 2009.

Já a Rússia sofre tanto com a queda do preço do petróleo como com a redução da demanda na Europa para suas exportações. O resultado é um crescimento previsto ainda de 2% para os últimos três meses de 2008. Para 2009, a previsão é de que a economia russa sofra uma contração de até 0,7%. 

Europa

O resultado brasileiro é ainda pior que a queda do PIB na Europa no quarto trimestre de 2008. A média da redução foi de 2,4% e pôs a Europa em uma recessão, fez a inflação despencar e está levando ao desemprego mais de 12 mil pessoas diariamente nos 27 países da União Europeia (UE). Entre os 16 países que usam o euro (zona do euro), a queda foi de 1,5% entre outubro e dezembro do ano passado.

PIB tem queda de 3,6% no 4º trimestre, a maior desde 1996

Queda foi registrada frente ao 3º trimestre de 2008.
Em 2008, PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou 3,6% menor no último trimestre de 2008, na comparação com o período imediatamente anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10). A queda foi a maior desde o início da série, iniciada em 1996. 

No acumulado do ano, no entanto, o PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões. O IBGE também revisou para cima o crescimento do PIB de 2007, para 5,7%. Na comparação com o quarto trimestre de 2007, a economia brasileira registrou expansão de 1,3%.

A maior influência para a queda registrada no quarto trimestre frente ao trimestre anterior veio da indústria, que "encolheu" 7,4%, no maior recuo desde o período de outubro a dezembro de 1996, quando a queda foi de 7,9%. Na agropecuária, a queda foi de 0,5%, enquanto o setor de serviços recuou 0,4% no último trimestre de 2008.

O que se observa é que todos os setores tiveram uma desaceleração no 4º trimestre. O único que não desacelerou foi a administração pública. Pela ótica da produção, a queda da indústria foi a maior (-7,4%), que tem peso de 28%. Pela ótica da demanda o setor mais afetado foi investimentos”, diz Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE.

Na comparação trimestral, os investimentos das empresas e o consumo das famílias também registraram recuos. A formação bruta de capital fixo teve queda de 9,8%, a maior da série do IBGE. Já o consumo das famílias ficou 2,0% menor, na primeira queda desde o segundo trimestre de 2003.

Exportações e importações de bens e serviços também caíram, 2,9% e 8,2%, respectivamente. Já a despesa de consumo da administração pública cresceu 0,5%.

CRISE

Para Rebeca Palis, a crise abortou o crescimento contínuo do PIB. "Houve uma ruptura, mas não dá para dizer se isso vai mudar o patamar". 

"Nesse momento é difícil fazer qualquer interpretação desses dados porque o quarto trimestre é completamente atípico. O (resultado) do quarto trimestre era inesperado, com uma crise ímpar e que teve um impacto forte", ressaltou a técnica do IBGE. 

"Houve desaceleração, mas saber qual o ponto principal que levou a isso, no momento atual, não dá para saber. Para um quadro mais detalhado será preciso esperar. Quais são os impactos futuros disso ainda não dá para dizer", diz Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais. 

PIB anual

Em 2008, o PIB a preços de mercado acumulado cresceu 5,1% em relação a 2007. Com isso, o PIB per capita atingiu R$ 15.240, segundo os dados do IBGE, um crescimento de 4% frente ao ano anterior. 

Foto: Editoria de arte/G1

 Veja a evolução anual do PIB (Editoria de Arte/G1)

"A média anual de crescimento do PIB nos últimos dez anos (1999-2008) foi de 3,3%, e a do PIB per capita foi 2,0%", apontou Rebeca Palis. "A média anual dos últimos 5 anos (2004-2008) do PIB foi 4,7%, e do per capita (3,5%)", explica.

Entre os setores, a agropecuária foi a atividade com maior crescimento no ano passado, de 5,8%. Os destaques positivos na produção agrícola do ano foram: trigo (47,5%), café em grão (25,0%), cana (19,2%), milho em grão (13,3%), arroz (9,7%), feijão (5,0%) e soja (3,4%).

A indústria fechou o ano com alta de 4,3%, com destaque para a construção civil (8,0%). Em seguida, veio a eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (4,5%). A extrativa mineral subiu 4,3%, em decorrência, principalmente, do crescimento anual de 5,2% na produção de petróleo e gás e de 1,9% na produção de minério de ferro. A indústria da transformação apresentou elevação de 3,2%.

No setor de serviços, que registrou crescimento de 4,8%, as maiores altas vieram dos subsetores de intermediação financeira e seguros (9,1%), serviços de informação (8,9%) e comércio (6,1%). 

Consumo das famílias

Na análise da demanda, a despesa de consumo das famílias registrou seu quinto ano consecutivo de alta, de 5,4%. A formação bruta de capital fixo cresceu 13,8% frente a 2007, no maior crescimento anual desde 1996.

No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram queda de 0,6% e as importações de bens e serviços elevação de 18,5%.

A taxa de investimento no ano de 2008 foi de 19,0% do PIB, a maior desde o início da série iniciada em 2000. Já a taxa de poupança alcançou 16,9% do PIB, inferior à taxa apresentada nos quatro anos anteriores.

 

Crescimento do PIB de outros países em 2008

País/Região Variação do PIB
China 9,0%
Brasil 5,1%
México 1,3%
Espanha 1,2%
EUA 1,1%
Alemanha 1,0%
União Européia 0,9%
Zona do Euro 0,8%
Reino Unido 0,7%
Canadá 0,5%
Japão -0,7%
Itália -1,0%.

Fonte: Instituto de Estatística/Banco Central

Do G1

domingo, 1 de março de 2009

Cubanos Nocauteados x Brasil de Quatro

A VOZ DO DONO
Com a fuga de Cuba do boxeador Guillermo Rigondeaux, escreveu-se o penúltimo capítulo da uma história iniciada em 2007, quando ele e seu colega Erislandy Lara foram deportados pela polícia do comissário Tarso Genro.
O último será escrito quando se souber com quem Fidel Castro falou no dia em que ele soube do desaparecimento da dupla. Que falou com alguém, falou, pois isso foi contado pelo seu chanceler, Felipe Pérez Roque. Nas suas palavras, o Comandante pediu ao seu interlocutor ajuda para "propiciar e organizar" o repatriamento dos fujões. Pode demorar, mas um dia a identidade do amigo de Fidel será conhecida.

Texto de Elio Gaspari na Folha de São Paulo de 01/03/09


Republico meu texto de 24/08/07 sobre este assunto

A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch enviou carta a Tarso Genro. No texto, a entidade cobra do governo brasileiro uma “investigação completa e imparcial” da ação policial que resultou na deportação dos pugilistas cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, ocorrida em 4 de agosto de 2007.

“Ainda que os dois atletas não tenham requisitado asilo político explicitamente, pedidos de obtenção do status de refugiado podem ser sinalizados por ações, e não apenas por pedidos explícitos. O fato de que Rigondeaux e Lara desertaram uma delegação atlética oficial cubana sugere fortemente que eles pudessem estar interessados em pedir asilo ao Brasil”
A deportação destes cubanos lembra a triste história de Olga Benário, esposa de Luis Carlos Prestes, ocorrida durante a ditadura de Vargas. Grávida de sete meses foi deportada para a Alemanha e entregue a Hitler, e morreu num campo de concentração, executada numa câmara de gás.
Já usaram o benefício do asilo político vários políticos brasileiros, que fugiram dos governantes de plantão no Brasil entre eles José Dirceu, o ministro da justiça Tarso Genro, o deputado Fernando Gabeira, o governador de São Paulo José Serra.
Para não azedar suas relações com Cuba o governo brasileiro curvou-se ante o governo cubano e entregou os boxeadores cubanos ao governo opressor que domina “A ILHA”
Será que Lulla negaria asilo político a José Dirceu?

15/08/07 Senador Suplicy pede que Fidel Castro não puna os boxeadores e sua família

23/08/07 - O avião fretado que levou os boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara do Brasil para Cuba é venezuelano, de prefixo YV-2053. "Esse prefixo é venezuelano. O avião é da Venezuela".
YV é um dos prefixos usados no país de Hugo Chávez.

Fidel e Chaves agora mandam no Brasil, que pena, aqui ponto, chegou a diplomacia companheira.

71% das mortes de bebês poderiam ter sido evitadas

71% das mortes de bebês poderiam ter sido evitadas

Dados do Ministério da Saúde indicam que óbitos de crianças com até um ano de idade seriam reduzidos com atendimento melhor à gestante e ao recém-nascido

Morte é injustificável quando falta ação adequada de diagnóstico, tratamento, imunização e combate à desnutrição da criança

Caio Guatelli/Folha Imagem
Pamela Silva durante pesagem do filho Pablo, em Marsilac

ANGELA PINHO e LEANDRA PERES

Sete de cada dez mortes de bebês no Brasil poderiam ter sido evitadas por um atendimento melhor à mãe e à criança, segundo estudo realizado pelo Ministério da Saúde.
Depois de analisar as declarações de óbito de 48.332 bebês registradas em 2006, o estudo do governo federal concluiu que pelo menos 15.224 (31,5%) poderiam estar vivos se tivessem sido bem atendidos nos primeiros dias de vida.
Somado a outros fatores, como cuidados à gestante, no parto, em diagnósticos e tratamento e ações de saúde, esse percentual sobe para 71%.
A mortalidade de crianças até um ano está em queda no país desde a década de 1980. Mas ainda é alta se comparada a de outros países. No Brasil, para cada mil crianças nascidas vivas em 2007, 19,3 morreram antes do primeiro aniversário. Índice maior do que na Argentina (15), EUA (7) e Cuba (5).
Os dados do estudo nacional foram apresentados pelo ministro José Gomes Temporão a governadores do Nordeste e da Amazônia Legal em reunião reservada no Palácio do Planalto em janeiro. As duas regiões concentram cerca de metade da mortalidade infantil do país, com apenas 13% da população total brasileira.
Os cuidados nas primeiras horas significam dar medicamentos adequados aos prematuros, como o sulfactante, usado para expandir o pulmão, e garantir atendimento especializado aos bebês com problemas de saúde -cerca de 10%, segundo a área técnica de saúde da criança e aleitamento materno do Ministério da Saúde.
A coordenadora Elsa Giugliani reconhece, porém, que em diversas maternidades brasileiras há uma deficiência de leitos de UTI neonatal e que em outras o equipamento é bom, mas não há especialistas.
A possibilidade de um bebê nascer com problemas de saúde diminui quando a gravidez tem um acompanhamento adequado. Um diagnóstico precoce de infecção urinária na mãe, por exemplo, pode impedir o nascimento de uma criança prematura, lembra Jucille Meneses, da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Entretanto, a falta de um atendimento de qualidade durante a gestação é justamente a segunda maior causa evitável de morte de bebês -poderia ter poupado 13% das vidas, concluiu o estudo do ministério.
Na lista das causas de óbitos injustificáveis, seguem, em ordem, ações adequadas de diagnóstico, tratamento, imunização e ações preventivas e de promoção à saúde, como combate à desnutrição.
São consideradas mortes inevitáveis aquelas provocadas por doença sem cura ou por má formação incompatível com a vida, como a anencefalia.
A representante do Ministério da Saúde reconhece que, em muitos locais, faltam profissionais capacitados e/ou a estrutura é precária, resultando em maternidades superlotadas.
Ela afirma, que não se pode atribuir a responsabilidade pelas mortes evitáveis apenas ao sistema de saúde. Segundo ela, o serviço de saúde pode até deixar de salvar um bebê que nasce com baixo peso, mas ele talvez não tivesse esse problema se a mãe fosse bem nutrida.
Antônio Prates Caldeira, doutor pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e professor da Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros), concorda que há diversos fatores em jogo, mas diz que há, sim, uma corresponsabilidade do sistema de saúde. "Óbitos evitáveis podem ser devido a um sistema mal organizado e à falta de comprometimento de alguns profissionais", diz ele, autor de pesquisa sobre causas evitáveis da mortalidade infantil na região de Belo Horizonte.
"Um sistema de saúde que não proporciona atendimento adequado e acesso para a gestantes fazer pré-natal também tem uma parcela de culpa."

Da Folha de São Paulo de 01/03/09