Recuo do PIB brasileiro é o pior entre os Brics, diz ONU
PIB brasileiro se contraiu 3,6% no último trimestre de 2008.
'Resultado é chocante', afirmou economista-chefe.
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que recuou 3,6% no último trimestre em relação ao perído imediatamente anterior, é o pior até agora entre os países do Bric (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China). A queda é ainda superior à redução do PIB da Europa.
O resultado é chocante", afirmou o alemão Heiner Flassbeck, economista-chefe da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Desenvolvimento e Comércio.
Na terça-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB brasileiro ficou 3,6% menor no último trimestre de 2008, na comparação com o período imediatamente anterior. A queda foi a maior desde o início da série, iniciada em 1996. No acumulado do ano, no entanto, o PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões.
Os dados do Brasil ficam piores na comparação anualizada. Na China, o crescimento no quarto trimestre (anualizado) foi de 6,5%. A Índia cresceu 5,3%, menos que a previsão de 7,6%. Se o recuo de 3,6% do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2008 for anualizado, pode significar uma queda de 13,6% da atividade econômica em 2009.
Já a Rússia sofre tanto com a queda do preço do petróleo como com a redução da demanda na Europa para suas exportações. O resultado é um crescimento previsto ainda de 2% para os últimos três meses de 2008. Para 2009, a previsão é de que a economia russa sofra uma contração de até 0,7%.
Europa
O resultado brasileiro é ainda pior que a queda do PIB na Europa no quarto trimestre de 2008. A média da redução foi de 2,4% e pôs a Europa em uma recessão, fez a inflação despencar e está levando ao desemprego mais de 12 mil pessoas diariamente nos 27 países da União Europeia (UE). Entre os 16 países que usam o euro (zona do euro), a queda foi de 1,5% entre outubro e dezembro do ano passado.
PIB tem queda de 3,6% no 4º trimestre, a maior desde 1996
Queda foi registrada frente ao 3º trimestre de 2008.
Em 2008, PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou 3,6% menor no último trimestre de 2008, na comparação com o período imediatamente anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10). A queda foi a maior desde o início da série, iniciada em 1996.
No acumulado do ano, no entanto, o PIB cresceu 5,1% e chegou a R$ 2,9 trilhões. O IBGE também revisou para cima o crescimento do PIB de 2007, para 5,7%. Na comparação com o quarto trimestre de 2007, a economia brasileira registrou expansão de 1,3%.
A maior influência para a queda registrada no quarto trimestre frente ao trimestre anterior veio da indústria, que "encolheu" 7,4%, no maior recuo desde o período de outubro a dezembro de 1996, quando a queda foi de 7,9%. Na agropecuária, a queda foi de 0,5%, enquanto o setor de serviços recuou 0,4% no último trimestre de 2008.
O que se observa é que todos os setores tiveram uma desaceleração no 4º trimestre. O único que não desacelerou foi a administração pública. Pela ótica da produção, a queda da indústria foi a maior (-7,4%), que tem peso de 28%. Pela ótica da demanda o setor mais afetado foi investimentos”, diz Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE.
Na comparação trimestral, os investimentos das empresas e o consumo das famílias também registraram recuos. A formação bruta de capital fixo teve queda de 9,8%, a maior da série do IBGE. Já o consumo das famílias ficou 2,0% menor, na primeira queda desde o segundo trimestre de 2003.
Exportações e importações de bens e serviços também caíram, 2,9% e 8,2%, respectivamente. Já a despesa de consumo da administração pública cresceu 0,5%.
CRISE
Para Rebeca Palis, a crise abortou o crescimento contínuo do PIB. "Houve uma ruptura, mas não dá para dizer se isso vai mudar o patamar".
"Nesse momento é difícil fazer qualquer interpretação desses dados porque o quarto trimestre é completamente atípico. O (resultado) do quarto trimestre era inesperado, com uma crise ímpar e que teve um impacto forte", ressaltou a técnica do IBGE.
"Houve desaceleração, mas saber qual o ponto principal que levou a isso, no momento atual, não dá para saber. Para um quadro mais detalhado será preciso esperar. Quais são os impactos futuros disso ainda não dá para dizer", diz Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais.
PIB anual
Em 2008, o PIB a preços de mercado acumulado cresceu 5,1% em relação a 2007. Com isso, o PIB per capita atingiu R$ 15.240, segundo os dados do IBGE, um crescimento de 4% frente ao ano anterior.
Veja a evolução anual do PIB (Editoria de Arte/G1)
"A média anual de crescimento do PIB nos últimos dez anos (1999-2008) foi de 3,3%, e a do PIB per capita foi 2,0%", apontou Rebeca Palis. "A média anual dos últimos 5 anos (2004-2008) do PIB foi 4,7%, e do per capita (3,5%)", explica.
Entre os setores, a agropecuária foi a atividade com maior crescimento no ano passado, de 5,8%. Os destaques positivos na produção agrícola do ano foram: trigo (47,5%), café em grão (25,0%), cana (19,2%), milho em grão (13,3%), arroz (9,7%), feijão (5,0%) e soja (3,4%).
A indústria fechou o ano com alta de 4,3%, com destaque para a construção civil (8,0%). Em seguida, veio a eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (4,5%). A extrativa mineral subiu 4,3%, em decorrência, principalmente, do crescimento anual de 5,2% na produção de petróleo e gás e de 1,9% na produção de minério de ferro. A indústria da transformação apresentou elevação de 3,2%.
No setor de serviços, que registrou crescimento de 4,8%, as maiores altas vieram dos subsetores de intermediação financeira e seguros (9,1%), serviços de informação (8,9%) e comércio (6,1%).
Consumo das famílias
Na análise da demanda, a despesa de consumo das famílias registrou seu quinto ano consecutivo de alta, de 5,4%. A formação bruta de capital fixo cresceu 13,8% frente a 2007, no maior crescimento anual desde 1996.
No setor externo, as exportações de bens e serviços tiveram queda de 0,6% e as importações de bens e serviços elevação de 18,5%.
A taxa de investimento no ano de 2008 foi de 19,0% do PIB, a maior desde o início da série iniciada em 2000. Já a taxa de poupança alcançou 16,9% do PIB, inferior à taxa apresentada nos quatro anos anteriores.
Crescimento do PIB de outros países em 2008 |
País/Região | Variação do PIB |
China | 9,0% |
Brasil | 5,1% |
México | 1,3% |
Espanha | 1,2% |
EUA | 1,1% |
Alemanha | 1,0% |
União Européia | 0,9% |
Zona do Euro | 0,8% |
Reino Unido | 0,7% |
Canadá | 0,5% |
Japão | -0,7% |
Itália | -1,0%. |
Fonte: Instituto de Estatística/Banco Central
Do G1