Pais de autistas estão em pé de guerra. O motivo é o alcance da regra que
garante a inclusão dessas crianças no ensino regular.
Ao sancionar a lei que regula os direitos de autistas (nº 12.764), a
presidente Dilma Rousseff vetou um trecho que deixava aberta a possibilidade de
oferecer educação especial gratuita (e não em salas do ensino regular) para quem
tivesse necessidade.
Esse veto, em conjunção com o Plano Nacional de Educação, que deverá proibir
o setor público de repassar, a partir de 2016, recursos para instituições que
mantenham classes exclusivas para deficientes, tornará o ensino especial, senão
inviável, pelo menos mais difícil e mais caro.
Pais de autistas não se entendem. Há aqueles que defendem com unhas e dentes
a inclusão de todos na educação regular e os que protestam pelo direito de
matricular seus filhos nas salas especiais. Alegam, a meu ver com razão, que
cada caso é um caso e que seria um erro adotar um padrão único para todos.
O paralelo aqui é com o movimento de desmanicomialização, que teve início nos
anos 70. A ideia geral de tirar doentes mentais dos hospitais psiquiátricos para
colocá-los com suas famílias ou em comunidades terapêuticas era correta. Avanços
farmacológicos na classe dos medicamentos antipsicóticos tornavam a
desinstitucionalização não só possível como desejável. Mas a mudança de diretriz
foi tão ideologizada e exagerada que desapareceram as vagas até para pacientes
que tinham real e desesperada necessidade delas.
Vejo com bons olhos a integração de autistas, downs, PCs etc., mas não a
ponto de descrer dos axiomas da matemática. Não importa o que digam nossos
sentimentos, sempre que tentamos regular uma multiplicidade de casos complexos
por meio de uma regra linear, produzimos paradoxos e injustiças. E não acho que
caiba a burocratas lotados em Brasília decidir o que é melhor para crianças que
nem sequer conhecem.
De Hélio Schwartsman
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2013/08/1331533-inclusao-na-marra.shtml
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