Tâmo de olho
Por Lava Jato, grupos pró-impeachment vigiarão Temer
Com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, os movimentos que levaram milhões de manifestantes anti-PT às ruas pretendem manter-se ativos mesmo agora que Michel Temer assumiu como presidente interino.
Os grupos ouvidos pela Folha dizem estar atentos, por exemplo, para ver como será a atuação de Temer em relação à Operação Lava Jato.
O presidente interino demorou para declarar apoio às investigações e quase nomeou o advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira, critico da delação premiada, ao Ministério da Justiça.
"Estaremos totalmente atentos a isso e os pontos de combate a corrupção são inegociáveis", disse Rogério Chequer, líder do Vem Pra Rua.
"A gente está alerta, mas, ao mesmo tempo, ele [Temer] parece ter cedido bem à pressão", afirmou Kim Kataguiri, um dos líderes do MBL (Movimento Vem Pra Rua). "Primeiro, por ter recuado no Mariz e, segundo, no próprio discurso ele falou de [apoio à] Lava Jato."
Kim argumenta que o MBL criticou a nomeação dos ministros Romero Jucá (Planejamento), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Henrique Alves (Turismo). Jucá responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal, e Alves é alvo de dois pedidos de inquérito. Geddel é citado nas investigações.
Carla Zambelli, do Nas Ruas, segue a mesma linha. "Se houver qualquer movimentação de indiciamento, pediremos o afastamento imediato [dos ministros]." Nos atos pelo impeachment, a ativista agiu como porta-voz de uma aliança de 43 movimentos menores.
ELEIÇÕES
Na esfera política, o MBL quer abrigar seus membros em legendas existentes para lançar candidatos neste ano.
O movimento já chegou a criar um comitê em parceria com partidos de oposição a Dilma e recebeu políticos nos atos contra a petista. Eles agora querem se direcionar a pautas municipais, como a regulamentação do Uber.
Já o Vem Pra Rua segue restringindo seu contato com partidos. Os ativistas terão que se afastar do movimento caso optem por disputar eleições. Chequer repete que não tem, por ora, "nenhum interesse" em ser candidato.
O grupo pretende aproveitar a estrutura criada em torno da saída de Dilma –como um site que mostrava a posição de cada parlamentar– para acompanhar outras pautas no Congresso.
Também divulgará listas de candidatos que reprova, como congressistas que não divulgaram sua posição sobre o impeachment antes da votação. "Os que foram contrários eu até respeito, pois deram satisfação para seu eleitor", disse Chequer.
Entre outros temas, o Vem Pra Rua defende voto distrital misto, fim de coligações e limitação de reeleições. O MBL defende voto distrital misto,parlamentarismo e simplificação tributária.
Da Folha de São Paulo de 15/05/2016
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1771364-por-lava-jato-grupos-pro-impeachment-vigiarao-temer.shtml
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