SAIBA MAIS SOBRE A ASMA
O que é
Doença inflamatória pulmonar que causa estreitamento das pequenas vias aéreas e impede a passagem de ar
Morte
No caso de crise grave, pode levar à morte em minutos, se o socorro não for rápido
Sintomas
Falta de ar em repouso, cansaço para esforço, aperto, peso e chiado no peito, tosse e produção de secreção
Gatilhos
Todos os fatores que irritam os brônquios podem desencadear a asma, como fumo, poluição e tempo seco e frio
Cuidados
Para o paciente com a doença, é importante mudar o estilo de vida, com atividade física regular (natação e caminhada, por exemplo) e alimentação saudável, além de evitar a obesidade e o fumo
O que é
Doença é crônica e não tem cura, mas pode ser controlada com uso de remédios e estilo de vida saudável
A asma, doença que neste domingo (25) levou à morte a escritora, roteirista, apresentadora e atriz Fernanda Young, 49, não escolhe idade ou sexo. É um problema grave e crônico que precisa ser controlado. Em caso de crise grave, pode levar à morte em minutos.
“Ela é perigosa e varia muito entre as pessoas. Um idoso pode ter asma, mas ficar a vida inteira sem sintomas e, de repente, apresentar uma crise grave”, afirma o clínico geral Roberto Debski.
Segundo Carlos Jardim, pneumonologista do Incor, qualquer queixa de falta de ar deve ser investigada pelo médico. Outros sintomas não devem ser desconsiderados, como cansaço após esforço, aperto, peso e chiado no peito, tosse e produção de secreção.
“A doença exige um diagnóstico correto para que seja prescrito o melhor tratamento. Por isso, é importante que o paciente diga ao médico o que sente e qual o período os incômodos se acentuam. Geralmente, há uma piora durante a madrugada e ao acordar”, diz o médico.
“A asma não tem cura, mas é controlável. É importante esclarecer que existe preconceito em relação à bombinha e a certos medicamentos, mas eles não viciam e nem fazem mal ao coração.” Geralmente, a asma começa na infância, mas isso não é regra. O problema pode ser hereditário.
As estações mais críticas para quem convive com o problema são a primavera, o outono e principalmente o inverno. São épocas em que há maior circulação de alérgenos, ou seja, substâncias de alimentos, plantas ou animais de estimação que provocam uma reação do sistema imunológico e causam inflamação.
Entram na lista exposição ao ar frio, poluição ambiental e fezes de barata. Eles são alguns dos gatilhos que também podem contribuir para o aparecimento da crise.
Para prevenir a asma ou conviver com ela sem passar por intercorrências graves, é necessário mudar o estilo de vida e adotar uma alimentação saudável.
De preferência, tire do cardápio os alimentos que podem causar alergias, como leite, amendoim e frutos do mar, porque a crise asmática também pode vir de uma simples reação alérgica.
Esqueça o cigarro e evite a obesidade. Atividade física regular e sob orientação médica é fundamental. Os esportes mais indicados são os aeróbicos, como natação e caminhada, se a pessoa não estiver em crise.
“Somente o médico pode indicar o exercício adequado, porque depende em grande parte das condições do paciente e do quadro da asma”, diz Debski.
Em caso de crise asmática, o socorro deve ser imediato. “Quem tem asma reconhece os motivos, mas a crise pode surgir por um fator novo e desconhecido. Dê o medicamento, se a pessoa já faz uso, e leve-a a um pronto atendimento imediatamente”, orienta Jardim.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a asma é um problema mundial de saúde e acomete cerca de 300 milhões de pessoas. Estima-se que no Brasil existam aproximadamente 20 milhões de asmáticos.
Segundo o Datasus, o banco de dados do Sistema Único de Saúde, ligado ao Ministério da Saúde, ocorrem no Brasil em média 350 mil internações anualmente. A asma está entre as quatro principais causas de hospitalizações pelo SUS (2,3% do total).
Reportagem de Patrícia Pasquini na Folha de São Paulo de 26/08/2019 https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/08/asma-pode-matar-em-minutos-dizem-especialistas.shtml
segunda-feira, 26 de agosto de 2019
terça-feira, 13 de agosto de 2019
Como fazer um salário baixo render muito? 8 dicas de quem sabe viver com pouco
8 lições para ter saúde financeira
1- Crie uma reserva de emergência - Evite crédito e esteja pronto para imprevistos
2 -Pesquise, pechinche e compre - Já que tem de gastar, que seja com sabedoria
3 - Use o cartão de crédito e o parcelamento a seu favor - Aumente o poder de compra sem pagar juros
4 - Tenha um orçamento fixo equilibrado - As contas devem ser sempre menores que a renda
5 - Faça gastos inteligentes que tragam retornos - Existem compras que funcionam como investimentos
6 - Permita-se pequenos luxos - Ninguém é de ferro, não é mesmo?
7 - Estabeleça prioridades e objetivos - Diga não aos impulsos e mantenha o foco
8 -Arrisque - Há mudanças que vêm para o bem
O sucesso da saúde financeira nem sempre depende de ganhos altos e há quem prove que organização e controle valem muito mais na hora de manter as contas em dia
Dois salários mínimos por mês.
Foi com essa quantia que a profissional de serviços gerais, Maria José dos Santos, 56, conseguiu comprar terreno, construir a casa e mobiliá-la. Formou dois filhos em universidade particular e ainda ajudou cada um deles a comprar o primeiro carro.
Não aconteceu do dia para a noite. Mas a lista de conquistas é de dar inveja. Ela saiu de Alagoas para São Paulo aos 14 anos com a ideia fixa de melhorar de vida e realizar uma série sonhos. E não é que vem dando certo? Nos mais de 30 anos trabalhando na grande metrópole, conseguiu não só a casa própria, mas comprar um segundo imóvel.
Maria também viaja todo ano nas férias, empresta dinheiro para pessoas próximas e não deixa aniversário nem Natal passar em branco. Tem presentinho, sim. Já deu até uma máquina de lavar de presente. E nos dias em que não está de bem com a vida, se permite um mimo, uma blusinha, uma comida gostosa mais cara.
Claro que ganhar dinheiro é importante na hora de organizar as contas, viver sem dívidas e investir. Mas há pessoas, como a Maria José, que fazem pouco dinheiro render muito e mostram que ter uma vida financeira saudável e equilibrada vai muito além de um salário alto.
Não são acadêmicos ou palestrantes, mas gente comum que usa estratégias que dão certo e consegue viver com o nome limpo na praça. Mesmo com renda familiar de até dois salários mínimos por pessoa, eles saem com o saldo positivo todo mês. Não caem na lista de inadimplentes e nem recorrem a empréstimo. Tudo isso sem aplicações rentáveis ou milagrosas, apenas com o salário.
Henry, o ex-gastador convertido
Você está no vermelho e não sabe por onde começar? Num passado nem tão distante, o motorista de aplicativo Henry Costa, de 32 anos, estava com o nome sujo na praça.
Ele caiu na armadilha do rotativo do cartão de crédito, um dos juros mais caros do Brasil. As ligações do banco, de cobrança, eram constantes. Mas Henry se planejou e, em um desses contatos, abriu uma negociação para quitar a dívida. Sem “descobrir um santo para cobrir o outro”.
A estratégia foi juntar, aos poucos, o dinheiro necessário para pagar tudo de uma vez só e negociar o melhor desconto nas multas.
“Eu era mais jovem e achava que tudo podia passar no cartão de crédito e a fatura nunca ia chegar. Passei uma temporada morando com meus tios e meu tio me ensinou que para viver não precisa ganhar rios de dinheiro, mas precisa aprender a viver com o que se ganha”, lembra.
Depois disso, nunca mais se enrolou. Hoje paga pensão para um filho e sustenta os dois enteados e a esposa, que está em processo de mudança de carreira. Tudo isso ganhando de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês. A renda familiar não chega a um salário mínimo por pessoa.
“Quando entrei na Uber, entrei com carro alugado e o nome sujo. Quitei a conta que tinha pendente e comprei o carro. Tenho 48 meses pra pagar, mas vou quitar em 24 meses. Já consegui adiantar as parcelas. Eu sei que pagando adiantado, eu vou cortar muito juros”, afirma.
Com o trabalho no aplicativo, ele não tem as benesses do trabalhador CLT, como férias pagas e 13º salário. Mesmo assim, garante que, com planejamento, vai conseguir ficar longe do trabalho uns dias para viajar com a família ainda este ano.
Para Monique, menos é mais
O consumismo passa longe da casa da empregada doméstica Monique Rosa de Souza, de 30 anos. Ela adota um estilo minimalista e segue o lema do não deixar faltar nem sobrar. O guarda-roupas e a sapateira são enxutos. Só o essencial, sem acúmulos.
“Eu compro um par de tênis, quando acaba, compro outro. Só o básico mesmo. Não temos a vida social de sair todo fim de semana, comprar tudo que vemos ou gastar sem necessidade. Mas também não perco uma noite de sono com dívida. Me preocupo com relação à saúde dos meus filhos, mas dívida não”, conta.
Os dois filhos de Monique ainda estão em idade escolar e moram com o casal. Ela tem emprego fixo e conta com pouco menos de dois salários mínimos por mês. O marido é azulejista autônomo e alguns meses ganha até mais que ela. Em outros, nada.
Por isso, o controle mês a mês é fundamental para nunca precisar pedir empréstimo. Ela paga as contas fixas e ele, quando recebe, guarda para os momentos de instabilidade.
Quando Monique diz que tem o básico, não é viver necessitado. É ficar longe das tentações. A família tem carro, mora em casa alugada de dois quartos, com duas televisões, geladeira novinha e até uma máquina de lavar de 17kg (essas são mesmo mais cara que as menores).
Pessoas como Maria, Henry e Monique simplesmente têm talento na gestão das finanças pessoais. Mas não desanime se você não faz parte desta seleta minoria (foi difícil de achá-los até para fazer esta matéria). Ainda é tempo de aprender, e eles ensinam 8 lições para ter saúde financeira.
Dicas da Maria, da Monique e do Henry:
1- Crie uma reserva de emergência - Evite crédito e esteja pronto para imprevistos
2 -Pesquise, pechinche e compre - Já que tem de gastar, que seja com sabedoria
3 - Use o cartão de crédito e o parcelamento a seu favor - Aumente o poder de compra sem pagar juros
4 - Tenha um orçamento fixo equilibrado - As contas devem ser sempre menores que a renda
5 - Faça gastos inteligentes que tragam retornos - Existem compras que funcionam como investimentos
6 - Permita-se pequenos luxos - Ninguém é de ferro, não é mesmo?
7 - Estabeleça prioridades e objetivos - Diga não aos impulsos e mantenha o foco
8 -Arrisque - Há mudanças que vêm para o bem
1. Crie uma reserva de emergência
Toda vez que o marido da Monique guarda o dinheiro que ganha do trabalho, ele está engordando a reserva de emergência. Imprevistos acontecem e é preciso estar preparado. Depósitos pequenos, de tudo que sobrar, até os troquinhos, são fundamentais para criar essa rede de segurança.
A Maria José guarda tudo que sobra pra construir a reserva. “É um valor que dá para ter em casa. Também tenho um valor para imprevistos que está na poupança. No fim do ano passado, abri um cofrinho que deu R$ 600 em moedas de R$ 1. Tem moeda até das Olimpíadas, que quando tiver valendo muito, eu vou vender”, diz. Em 2019, um novo porquinho ainda maior espera para ser abatido.
No caso do Henry, tudo que não usa para pagar as contas do mês vai para duas coisas: divertimento e fundo emergencial. “Todo mês eu separo um valor para o emergencial. Não é fixo. Mas separo um dinheiro que seria para mim, meu divertimento, e dessa porção, eu incluo uma parte de emergência”, afirma.
2. Pesquise, pechinche e compre
Comprar é preciso. Mas o importante é fazer os gastos com sabedoria, sem preguiça de pesquisar, nem vergonha de barganhar.
“A dica que eu tenho é estar antenado com o preço de tudo. Eu não tenho um local fixo para comprar, mas tenho preferência a comprar nos atacados, porque eles hoje também vendem varejo, e o preço é bem mais em conta. Só compro o necessário e o urgente”, diz Henry.
A Maria é negociadora. “Peço pra falar com gerente pra pedir desconto. Vou à loja do lado, no concorrente. É assim que a gente consegue. Com esses descontinhos, vai sobrando pra o cofrinho e pra fazer sua viagem de férias sossegada”, afirma. Ela também não perde os dias de promoção do supermercado e compra frutas e verduras com periodicidade na feira.
A Monique aconselha a planejar os gastos, fazer estoques para não precisar comprar emergencialmente e acabar pagando mais caro. Os produtos não-perecíveis, como café, açúcar e feijão, ela não deixa faltar e compra em fardos no atacado.
“Não pego a coisa tão inferior de qualidade. É uma questão de pesquisar. Fraldas descartáveis são super caras. Eu pesquisava nos grupos e às vezes eu pegava a Pampers pelo valor de uma mais barata. Quando entrava em promoção, eu comprava seis ou oito pacotes e deixava em estoque. Quando eu via que estava acabando, fazia um estoque de novo”, conta.
3. Use o cartão de crédito e o parcelamento a seu favor
Na época em que foi mobiliar a casa, a Maria José entrou na loja, escolheu tudo que queria, negociou um bom desconto e parcelou tudo no crediário. Sem juros e com parcelas que cabiam no orçamento, deixando folga para pagar as prestações e ainda separar um pouco para a reserva de emergência.
“Peguei promoção boa e parcelei em 10 vezes. Eu sempre calculo o valor da prestação e multiplico pela parcela pra ver se bate com o valor à vista. Não aceito pagar juros”, lembra.
A Monique explica que usa o cartão de crédito como um modo de adiar um pagamento. Jogar para o próximo mês algo que não consegue pagar à vista no mês corrente. Ela também divide as compras mais caras como fogão, geladeira. Mas só compra um objeto caro de cada vez.
“Quando termina de pagar, aí pode tirar o outro parcelado. Não duas coisas ao mesmo tempo”, explica. Monique mantém as prestações suaves.
O Henry também usa o cartão da mesma forma. “Quando é algo mais caro, eu parcelo no cartão. Hoje eu tenho um cartão com valor bem mais baixo de limite”, afirma. Ele também parcelou o carro que usa para trabalhar. Mesmo com seguro, juros e a manutenção, o veículo próprio sai mais barato que dirigir um alugado.
4. Orçamento fixo equilibrado
Um dos segredos para ficar no azul é separar um dinheiro para as despesas fixas. A porção do salário para pagá-las deve ser debitada imediatamente quando o pagamento chega, antes de qualquer projeto, investimento ou extravagância.
A Monique não deixa que a soma das prestações do cartão, gastos de alimentação, aluguel, água e luz ultrapassem o valor que ela ganha por mês. Nenhuma conta fixa deve ser maior do que o salário dela, que é a única renda 100% garantida no mês.
Para o Henry, de 60% a 70% do salário vão para as despesas já planejadas, como a pensão do filho, aluguel e luz. O restante vai para o fundo emergencial, gastos inesperados com cartão e lazer.
No caso da Maria, um dos “gastos” fixos é o dinheiro que separa para a reserva de emergência. É um compromisso mensal guardar esse dinheiro, como pagar uma conta. É sagrado tirar aquela fatia e colocar na poupança.
5. Compras e gastos que rendem dinheiro
Sabe aquele segundo imóvel que a Maria José comprou? É um sítio. Ela deu a entrada e o filho parcelou o restante. Mas o motivo não é só ter um recanto de lazer. Maria quer incrementar o pomar para vender frutas e verduras orgânicas. Por enquanto, ela distribui a pequena produção para amigos e família.
Depois de se aposentar, a ideia é se tornar empreendedora, no ramo de orgânicos ou em outro. Ela já está juntando mais um dinheiro para investir numa nova profissão. Outra boa compra que se tornou investimento foi a casa própria, já quitada. Hoje, ela não paga aluguel e consegue aproveitar melhor o salário do mês. É uma despesa a menos.
O carro do Henry é mais que um conforto. É investimento no trabalho. Ele leva muito a sério a manutenção do veículo. Trata-se de uma despesa planejada e prioritária no orçamento. “Tenho o carro como a empresa e me coloco como funcionário”, afirma.
O filho mais velho da Monique queria duas coisas: um celular e um curso de informática. Mas ela só podia pagar por um dos dois.
“Eu disse a ele que em vez de eu gastar com um celular, que ele vai deixar cair no chão e quebrar, poderíamos pagar o curso, que é um investimento no futuro. Ele não tem muito interesse de coisa de marca, gosta mesmo é de estudo. Então consegui fazer ele entender. Apertei aqui, apertei ali, e agora ele está fazendo o curso”, conta.
6. Permita-se pequenos luxos
A vida não pode ser só poupar e pagar conta. Mimos e momentos de lazer devem entrar no planejamento mensal. É preciso separar um dinheiro para proporcionar momentos agradáveis e compensar o esforço e estresse do trabalho.
A Monique diz que mesmo com toda a estratégia de corte de gastos sempre tenta fazer um bolo no aniversário das crianças. Ela também tem uma verba para levar os filhos ao parque aquático até três vezes no ano. O Natal é feito em vaquinha com os parentes, mas sempre uma ceia caprichada. Se sobrar um dinheiro, vai até ao salão de beleza.
A Maria José não fica sem viajar nas férias. Ela se permite comprar queijos artesanais na estrada, trazer lembrancinhas e, sim, fazer umas comprinhas se encontrar algo legal. Maria também gosta de presentear e se sente bem em fazer doações e pagar o dízimo na igreja. São gastos que fazem bem.
“Uma coisa que não tenho dó é de comida, não importa o valor. Não abro mão. Não passo vontade de comer uma coisa, independentemente do valor. Eu trabalho com pessoas que ganham até mais, mas não compram um salmão porque é caro. Eu vou comprar e eu tenho direito de comer porque tenho vontade”, diz.
Já o Henry não dispensa a pizza do fim de semana. Ele se dá ao luxo de não cozinhar e lavar louça. É o lazer, a hora do agrado, de reunir a família.
“As minhas besteiras eu nem penso em cortar, porque como a gente já trabalha muito, a gente deve fazer isso. É algo que dá pra cortar, mas eu não abro mão porque a rotina já é tão pesada. O cotidiano é tão cansativo”, afirma.
7. Estabeleça prioridades e objetivos
Guru das finanças comportamentais, o americano Dan Ariely diz que o desejo é o maior obstáculo da saúde financeira. Uma das maiores dificuldades do consumidor é conseguir separar o que é vontade e o que é necessidade.
A estratégia da Maria José é estabelecer metas de médio e curto prazo. São conquistas palpáveis que tornam o processo de renúncia um pouco mais tolerável. “Sempre trabalhei fora. Quando eu tinha rescisão, eu guardava. Nunca gastava, porque eu tinha o objetivo de ter minha casa própria. Eu tinha uma meta, então valia a pena fazer o sacrifício. A gente comprava o material de construção e guardava. Quando tinha uma quantidade que desse pra levantar as paredes, juntava o dinheiro e chamava o pedreiro”, lembra.
Para a Monique, é prioridade tudo que inclui os filhos, a casa e a família. O resto são acessórios que podem até ser comprados se sobrar algum dinheirinho. “Pelo que eu converso com as pessoas, as pessoas não se contêm. Acham que precisam de tudo daquilo (das propagandas). Mas você acaba passando sem aquilo. Aprendi muito que nem tudo a gente precisa. É mais psicológico do que a própria necessidade”, diz Monique.
O Henry tem aversão a pagar juros. Ele sempre pensa em meios para adiantar parcelas, comprar à vista e evitar as taxas. A prioridade é estar com as contas em dia. O motorista conta ainda que também avalia o quanto poderia ganhar se tivesse investido uma quantia em vez de gastá-la com itens supérfluos.
“O maior desafio é você entender que, às vezes, você quer comprar aquela coisa, mas de repente aquilo não é uma prioridade. A maior dificuldade é definir as prioridades. Eu me pergunto muito se eu quero ou se eu preciso de algo”, afirma.
8. Arrisque
Se tem algo que Maria, Monique e Henry têm em comum é a coragem de se arriscar por uma chance de algo melhor. Os investimentos que eles fizeram não foram no mercado financeiro, mas na carreira.
Pode ser uma coincidência, mas os três deixaram seus estados no Nordeste para vir pra São Paulo em busca de emprego. (Permita um momento de orgulho nordestino desta repórter cearense).
Embora nenhum deles tenha cursado faculdade, todos subiram na escada social se comparado aos seus pais. São bem-sucedidos no que se propuseram a fazer e sempre incentivam pessoas da família a se superar.
Henry, de Sergipe, largou o emprego fixo de manobrista para se tornar motorista de aplicativo, uma renda incerta, mas maior que a tinha antes. Esse arranjo e cortes no orçamento possibilitaram que a esposa dele pudesse deixar o trabalho de carteira assinada para virar autônoma. O rapaz entende que, a médio prazo, ela pode ganhar mais, quando se consolidar como manicure. É uma situação provisória.
Monique nunca teve dúvida de que não queria viver na pequena cidade onde cresceu na Bahia. Ela apostou nos próprios talentos na cozinha e em limpeza e veio para São Paulo com a ajuda dos irmãos mais velhos. Até hoje, nunca precisou de empréstimo e ainda ajuda gente da família.
“Como a gente já nasceu na dificuldade, você fica com medo de colocar a mão onde o braço não alcança. Por ter passado por isso, a gente fica reprimido, faz ter tanto medo de gastar”, diz.
A Maria também deixou a família em Alagoas para escrever uma nova história no Sudeste. Ela incentivou os filhos, que já nasceram aqui, a fazer vestibular. Mesmo sabendo o quanto as contas teriam de apertar para conseguir ajudá-los com a mensalidade. O sufoco foi temporário e hoje os dois ganham muito mais que ela e o marido.
Reportagem de Isabel Filgueiras do Valor Investe no Globo de 12/08/2019
https://valorinveste.globo.com/objetivo/organize-as-contas/noticia/2019/08/12/como-fazer-um-salario-baixo-render-muito-8-dicas-de-quem-sabe-viver-com-pouco.ghtml
1- Crie uma reserva de emergência - Evite crédito e esteja pronto para imprevistos
2 -Pesquise, pechinche e compre - Já que tem de gastar, que seja com sabedoria
3 - Use o cartão de crédito e o parcelamento a seu favor - Aumente o poder de compra sem pagar juros
4 - Tenha um orçamento fixo equilibrado - As contas devem ser sempre menores que a renda
5 - Faça gastos inteligentes que tragam retornos - Existem compras que funcionam como investimentos
6 - Permita-se pequenos luxos - Ninguém é de ferro, não é mesmo?
7 - Estabeleça prioridades e objetivos - Diga não aos impulsos e mantenha o foco
8 -Arrisque - Há mudanças que vêm para o bem
O sucesso da saúde financeira nem sempre depende de ganhos altos e há quem prove que organização e controle valem muito mais na hora de manter as contas em dia
Dois salários mínimos por mês.
Foi com essa quantia que a profissional de serviços gerais, Maria José dos Santos, 56, conseguiu comprar terreno, construir a casa e mobiliá-la. Formou dois filhos em universidade particular e ainda ajudou cada um deles a comprar o primeiro carro.
Não aconteceu do dia para a noite. Mas a lista de conquistas é de dar inveja. Ela saiu de Alagoas para São Paulo aos 14 anos com a ideia fixa de melhorar de vida e realizar uma série sonhos. E não é que vem dando certo? Nos mais de 30 anos trabalhando na grande metrópole, conseguiu não só a casa própria, mas comprar um segundo imóvel.
Maria também viaja todo ano nas férias, empresta dinheiro para pessoas próximas e não deixa aniversário nem Natal passar em branco. Tem presentinho, sim. Já deu até uma máquina de lavar de presente. E nos dias em que não está de bem com a vida, se permite um mimo, uma blusinha, uma comida gostosa mais cara.
Claro que ganhar dinheiro é importante na hora de organizar as contas, viver sem dívidas e investir. Mas há pessoas, como a Maria José, que fazem pouco dinheiro render muito e mostram que ter uma vida financeira saudável e equilibrada vai muito além de um salário alto.
Não são acadêmicos ou palestrantes, mas gente comum que usa estratégias que dão certo e consegue viver com o nome limpo na praça. Mesmo com renda familiar de até dois salários mínimos por pessoa, eles saem com o saldo positivo todo mês. Não caem na lista de inadimplentes e nem recorrem a empréstimo. Tudo isso sem aplicações rentáveis ou milagrosas, apenas com o salário.
Henry, o ex-gastador convertido
Você está no vermelho e não sabe por onde começar? Num passado nem tão distante, o motorista de aplicativo Henry Costa, de 32 anos, estava com o nome sujo na praça.
Ele caiu na armadilha do rotativo do cartão de crédito, um dos juros mais caros do Brasil. As ligações do banco, de cobrança, eram constantes. Mas Henry se planejou e, em um desses contatos, abriu uma negociação para quitar a dívida. Sem “descobrir um santo para cobrir o outro”.
A estratégia foi juntar, aos poucos, o dinheiro necessário para pagar tudo de uma vez só e negociar o melhor desconto nas multas.
“Eu era mais jovem e achava que tudo podia passar no cartão de crédito e a fatura nunca ia chegar. Passei uma temporada morando com meus tios e meu tio me ensinou que para viver não precisa ganhar rios de dinheiro, mas precisa aprender a viver com o que se ganha”, lembra.
Depois disso, nunca mais se enrolou. Hoje paga pensão para um filho e sustenta os dois enteados e a esposa, que está em processo de mudança de carreira. Tudo isso ganhando de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês. A renda familiar não chega a um salário mínimo por pessoa.
“Quando entrei na Uber, entrei com carro alugado e o nome sujo. Quitei a conta que tinha pendente e comprei o carro. Tenho 48 meses pra pagar, mas vou quitar em 24 meses. Já consegui adiantar as parcelas. Eu sei que pagando adiantado, eu vou cortar muito juros”, afirma.
Com o trabalho no aplicativo, ele não tem as benesses do trabalhador CLT, como férias pagas e 13º salário. Mesmo assim, garante que, com planejamento, vai conseguir ficar longe do trabalho uns dias para viajar com a família ainda este ano.
Para Monique, menos é mais
O consumismo passa longe da casa da empregada doméstica Monique Rosa de Souza, de 30 anos. Ela adota um estilo minimalista e segue o lema do não deixar faltar nem sobrar. O guarda-roupas e a sapateira são enxutos. Só o essencial, sem acúmulos.
“Eu compro um par de tênis, quando acaba, compro outro. Só o básico mesmo. Não temos a vida social de sair todo fim de semana, comprar tudo que vemos ou gastar sem necessidade. Mas também não perco uma noite de sono com dívida. Me preocupo com relação à saúde dos meus filhos, mas dívida não”, conta.
Os dois filhos de Monique ainda estão em idade escolar e moram com o casal. Ela tem emprego fixo e conta com pouco menos de dois salários mínimos por mês. O marido é azulejista autônomo e alguns meses ganha até mais que ela. Em outros, nada.
Por isso, o controle mês a mês é fundamental para nunca precisar pedir empréstimo. Ela paga as contas fixas e ele, quando recebe, guarda para os momentos de instabilidade.
Quando Monique diz que tem o básico, não é viver necessitado. É ficar longe das tentações. A família tem carro, mora em casa alugada de dois quartos, com duas televisões, geladeira novinha e até uma máquina de lavar de 17kg (essas são mesmo mais cara que as menores).
Pessoas como Maria, Henry e Monique simplesmente têm talento na gestão das finanças pessoais. Mas não desanime se você não faz parte desta seleta minoria (foi difícil de achá-los até para fazer esta matéria). Ainda é tempo de aprender, e eles ensinam 8 lições para ter saúde financeira.
Dicas da Maria, da Monique e do Henry:
1- Crie uma reserva de emergência - Evite crédito e esteja pronto para imprevistos
2 -Pesquise, pechinche e compre - Já que tem de gastar, que seja com sabedoria
3 - Use o cartão de crédito e o parcelamento a seu favor - Aumente o poder de compra sem pagar juros
4 - Tenha um orçamento fixo equilibrado - As contas devem ser sempre menores que a renda
5 - Faça gastos inteligentes que tragam retornos - Existem compras que funcionam como investimentos
6 - Permita-se pequenos luxos - Ninguém é de ferro, não é mesmo?
7 - Estabeleça prioridades e objetivos - Diga não aos impulsos e mantenha o foco
8 -Arrisque - Há mudanças que vêm para o bem
1. Crie uma reserva de emergência
Toda vez que o marido da Monique guarda o dinheiro que ganha do trabalho, ele está engordando a reserva de emergência. Imprevistos acontecem e é preciso estar preparado. Depósitos pequenos, de tudo que sobrar, até os troquinhos, são fundamentais para criar essa rede de segurança.
A Maria José guarda tudo que sobra pra construir a reserva. “É um valor que dá para ter em casa. Também tenho um valor para imprevistos que está na poupança. No fim do ano passado, abri um cofrinho que deu R$ 600 em moedas de R$ 1. Tem moeda até das Olimpíadas, que quando tiver valendo muito, eu vou vender”, diz. Em 2019, um novo porquinho ainda maior espera para ser abatido.
No caso do Henry, tudo que não usa para pagar as contas do mês vai para duas coisas: divertimento e fundo emergencial. “Todo mês eu separo um valor para o emergencial. Não é fixo. Mas separo um dinheiro que seria para mim, meu divertimento, e dessa porção, eu incluo uma parte de emergência”, afirma.
2. Pesquise, pechinche e compre
Comprar é preciso. Mas o importante é fazer os gastos com sabedoria, sem preguiça de pesquisar, nem vergonha de barganhar.
“A dica que eu tenho é estar antenado com o preço de tudo. Eu não tenho um local fixo para comprar, mas tenho preferência a comprar nos atacados, porque eles hoje também vendem varejo, e o preço é bem mais em conta. Só compro o necessário e o urgente”, diz Henry.
A Maria é negociadora. “Peço pra falar com gerente pra pedir desconto. Vou à loja do lado, no concorrente. É assim que a gente consegue. Com esses descontinhos, vai sobrando pra o cofrinho e pra fazer sua viagem de férias sossegada”, afirma. Ela também não perde os dias de promoção do supermercado e compra frutas e verduras com periodicidade na feira.
A Monique aconselha a planejar os gastos, fazer estoques para não precisar comprar emergencialmente e acabar pagando mais caro. Os produtos não-perecíveis, como café, açúcar e feijão, ela não deixa faltar e compra em fardos no atacado.
“Não pego a coisa tão inferior de qualidade. É uma questão de pesquisar. Fraldas descartáveis são super caras. Eu pesquisava nos grupos e às vezes eu pegava a Pampers pelo valor de uma mais barata. Quando entrava em promoção, eu comprava seis ou oito pacotes e deixava em estoque. Quando eu via que estava acabando, fazia um estoque de novo”, conta.
3. Use o cartão de crédito e o parcelamento a seu favor
Na época em que foi mobiliar a casa, a Maria José entrou na loja, escolheu tudo que queria, negociou um bom desconto e parcelou tudo no crediário. Sem juros e com parcelas que cabiam no orçamento, deixando folga para pagar as prestações e ainda separar um pouco para a reserva de emergência.
“Peguei promoção boa e parcelei em 10 vezes. Eu sempre calculo o valor da prestação e multiplico pela parcela pra ver se bate com o valor à vista. Não aceito pagar juros”, lembra.
A Monique explica que usa o cartão de crédito como um modo de adiar um pagamento. Jogar para o próximo mês algo que não consegue pagar à vista no mês corrente. Ela também divide as compras mais caras como fogão, geladeira. Mas só compra um objeto caro de cada vez.
“Quando termina de pagar, aí pode tirar o outro parcelado. Não duas coisas ao mesmo tempo”, explica. Monique mantém as prestações suaves.
O Henry também usa o cartão da mesma forma. “Quando é algo mais caro, eu parcelo no cartão. Hoje eu tenho um cartão com valor bem mais baixo de limite”, afirma. Ele também parcelou o carro que usa para trabalhar. Mesmo com seguro, juros e a manutenção, o veículo próprio sai mais barato que dirigir um alugado.
4. Orçamento fixo equilibrado
Um dos segredos para ficar no azul é separar um dinheiro para as despesas fixas. A porção do salário para pagá-las deve ser debitada imediatamente quando o pagamento chega, antes de qualquer projeto, investimento ou extravagância.
A Monique não deixa que a soma das prestações do cartão, gastos de alimentação, aluguel, água e luz ultrapassem o valor que ela ganha por mês. Nenhuma conta fixa deve ser maior do que o salário dela, que é a única renda 100% garantida no mês.
Para o Henry, de 60% a 70% do salário vão para as despesas já planejadas, como a pensão do filho, aluguel e luz. O restante vai para o fundo emergencial, gastos inesperados com cartão e lazer.
No caso da Maria, um dos “gastos” fixos é o dinheiro que separa para a reserva de emergência. É um compromisso mensal guardar esse dinheiro, como pagar uma conta. É sagrado tirar aquela fatia e colocar na poupança.
5. Compras e gastos que rendem dinheiro
Sabe aquele segundo imóvel que a Maria José comprou? É um sítio. Ela deu a entrada e o filho parcelou o restante. Mas o motivo não é só ter um recanto de lazer. Maria quer incrementar o pomar para vender frutas e verduras orgânicas. Por enquanto, ela distribui a pequena produção para amigos e família.
Depois de se aposentar, a ideia é se tornar empreendedora, no ramo de orgânicos ou em outro. Ela já está juntando mais um dinheiro para investir numa nova profissão. Outra boa compra que se tornou investimento foi a casa própria, já quitada. Hoje, ela não paga aluguel e consegue aproveitar melhor o salário do mês. É uma despesa a menos.
O carro do Henry é mais que um conforto. É investimento no trabalho. Ele leva muito a sério a manutenção do veículo. Trata-se de uma despesa planejada e prioritária no orçamento. “Tenho o carro como a empresa e me coloco como funcionário”, afirma.
O filho mais velho da Monique queria duas coisas: um celular e um curso de informática. Mas ela só podia pagar por um dos dois.
“Eu disse a ele que em vez de eu gastar com um celular, que ele vai deixar cair no chão e quebrar, poderíamos pagar o curso, que é um investimento no futuro. Ele não tem muito interesse de coisa de marca, gosta mesmo é de estudo. Então consegui fazer ele entender. Apertei aqui, apertei ali, e agora ele está fazendo o curso”, conta.
6. Permita-se pequenos luxos
A vida não pode ser só poupar e pagar conta. Mimos e momentos de lazer devem entrar no planejamento mensal. É preciso separar um dinheiro para proporcionar momentos agradáveis e compensar o esforço e estresse do trabalho.
A Monique diz que mesmo com toda a estratégia de corte de gastos sempre tenta fazer um bolo no aniversário das crianças. Ela também tem uma verba para levar os filhos ao parque aquático até três vezes no ano. O Natal é feito em vaquinha com os parentes, mas sempre uma ceia caprichada. Se sobrar um dinheiro, vai até ao salão de beleza.
A Maria José não fica sem viajar nas férias. Ela se permite comprar queijos artesanais na estrada, trazer lembrancinhas e, sim, fazer umas comprinhas se encontrar algo legal. Maria também gosta de presentear e se sente bem em fazer doações e pagar o dízimo na igreja. São gastos que fazem bem.
“Uma coisa que não tenho dó é de comida, não importa o valor. Não abro mão. Não passo vontade de comer uma coisa, independentemente do valor. Eu trabalho com pessoas que ganham até mais, mas não compram um salmão porque é caro. Eu vou comprar e eu tenho direito de comer porque tenho vontade”, diz.
Já o Henry não dispensa a pizza do fim de semana. Ele se dá ao luxo de não cozinhar e lavar louça. É o lazer, a hora do agrado, de reunir a família.
“As minhas besteiras eu nem penso em cortar, porque como a gente já trabalha muito, a gente deve fazer isso. É algo que dá pra cortar, mas eu não abro mão porque a rotina já é tão pesada. O cotidiano é tão cansativo”, afirma.
7. Estabeleça prioridades e objetivos
Guru das finanças comportamentais, o americano Dan Ariely diz que o desejo é o maior obstáculo da saúde financeira. Uma das maiores dificuldades do consumidor é conseguir separar o que é vontade e o que é necessidade.
A estratégia da Maria José é estabelecer metas de médio e curto prazo. São conquistas palpáveis que tornam o processo de renúncia um pouco mais tolerável. “Sempre trabalhei fora. Quando eu tinha rescisão, eu guardava. Nunca gastava, porque eu tinha o objetivo de ter minha casa própria. Eu tinha uma meta, então valia a pena fazer o sacrifício. A gente comprava o material de construção e guardava. Quando tinha uma quantidade que desse pra levantar as paredes, juntava o dinheiro e chamava o pedreiro”, lembra.
Para a Monique, é prioridade tudo que inclui os filhos, a casa e a família. O resto são acessórios que podem até ser comprados se sobrar algum dinheirinho. “Pelo que eu converso com as pessoas, as pessoas não se contêm. Acham que precisam de tudo daquilo (das propagandas). Mas você acaba passando sem aquilo. Aprendi muito que nem tudo a gente precisa. É mais psicológico do que a própria necessidade”, diz Monique.
O Henry tem aversão a pagar juros. Ele sempre pensa em meios para adiantar parcelas, comprar à vista e evitar as taxas. A prioridade é estar com as contas em dia. O motorista conta ainda que também avalia o quanto poderia ganhar se tivesse investido uma quantia em vez de gastá-la com itens supérfluos.
“O maior desafio é você entender que, às vezes, você quer comprar aquela coisa, mas de repente aquilo não é uma prioridade. A maior dificuldade é definir as prioridades. Eu me pergunto muito se eu quero ou se eu preciso de algo”, afirma.
8. Arrisque
Se tem algo que Maria, Monique e Henry têm em comum é a coragem de se arriscar por uma chance de algo melhor. Os investimentos que eles fizeram não foram no mercado financeiro, mas na carreira.
Pode ser uma coincidência, mas os três deixaram seus estados no Nordeste para vir pra São Paulo em busca de emprego. (Permita um momento de orgulho nordestino desta repórter cearense).
Embora nenhum deles tenha cursado faculdade, todos subiram na escada social se comparado aos seus pais. São bem-sucedidos no que se propuseram a fazer e sempre incentivam pessoas da família a se superar.
Henry, de Sergipe, largou o emprego fixo de manobrista para se tornar motorista de aplicativo, uma renda incerta, mas maior que a tinha antes. Esse arranjo e cortes no orçamento possibilitaram que a esposa dele pudesse deixar o trabalho de carteira assinada para virar autônoma. O rapaz entende que, a médio prazo, ela pode ganhar mais, quando se consolidar como manicure. É uma situação provisória.
Monique nunca teve dúvida de que não queria viver na pequena cidade onde cresceu na Bahia. Ela apostou nos próprios talentos na cozinha e em limpeza e veio para São Paulo com a ajuda dos irmãos mais velhos. Até hoje, nunca precisou de empréstimo e ainda ajuda gente da família.
“Como a gente já nasceu na dificuldade, você fica com medo de colocar a mão onde o braço não alcança. Por ter passado por isso, a gente fica reprimido, faz ter tanto medo de gastar”, diz.
A Maria também deixou a família em Alagoas para escrever uma nova história no Sudeste. Ela incentivou os filhos, que já nasceram aqui, a fazer vestibular. Mesmo sabendo o quanto as contas teriam de apertar para conseguir ajudá-los com a mensalidade. O sufoco foi temporário e hoje os dois ganham muito mais que ela e o marido.
Reportagem de Isabel Filgueiras do Valor Investe no Globo de 12/08/2019
https://valorinveste.globo.com/objetivo/organize-as-contas/noticia/2019/08/12/como-fazer-um-salario-baixo-render-muito-8-dicas-de-quem-sabe-viver-com-pouco.ghtml
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
Jair Bolsonaro não pensou no tamanho da encrenca
Jair Bolsonaro não pensou no tamanho da encrenca quando resolveu contar uma história sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, militante da Ação Popular (AP) e pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz
O general Leônidas está de novo no caminho de Bolsonaro
Se o presidente quer saber a verdade sobre Santa Cruz, não faltam opções nas Forças Armadas
Jair Bolsonaro não pensou no tamanho da encrenca quando resolveu contar uma história sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, militante da Ação Popular (AP) e pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. Como não leu os documentos do Exército sobre a luta armada, o presidente tem agora em seu caminho mais uma vez o general Leônidas Pires Gonçalves.
Mais do que ministro do Exército de José Sarney, Leônidas foi o fiador, desde a primeira noite, do nascimento da Nova República. Ele submeteu Bolsonaro ao Conselho de Justificação que considerou o comportamento do capitão "aético e incompatível com o pundonor militar" por “mentir durante todo o processo” sobre o plano de pôr bombas nos quartéis em protesto contra os baixos salários. Era 1988. Bolsonaro – é verdade – reverteu o veredicto no Superior Tribunal Militar (STM), como o leitor viu aqui.
Naquele tempo, Leônidas conduzia em segredo o Projeto Orvil. Tudo começou em 27 de março de 1984, quando o tenente-coronel Romeu Antônio Ferreira, então analista do Centro de Informações do Exército (CIE), escreveu uma apreciação confidencial para os chefes: “As novas gerações de militares, atoladas na avalanche de propaganda ideológica marxista, desconhecem as lutas enfrentadas contra a guerrilha urbana e rural”. E concluía: “Há que se escrever a história verdadeira, a história dos vencedores, a nossa história. Sabemos que há muita coisa que não pode ser contada. Sabemos, entretanto, que há muita coisa que pode e deve ser contada. Temos os dados e os fatos. Falta-nos a vontade e a decisão.”
A decisão viria dois anos depois. Leônidas, então ministro, concordou com a ideia do CIE e mandou escrever a história oficial do Exército sobre a luta contra a esquerda. Em 1988, o Orvil estava pronto. Tinha 953 páginas. Durante dois anos, dezenas de oficiais vasculharam os arquivos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Mas Leônidas decidiu guardar tudo. Não queria problemas com o mundo civil. Oficiais fizeram cópias do material.
Do projeto nasceram livros como A Verdade Sufocada, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, e A Grande Mentira, do general Agnaldo Del Nero. Hoje, o Exército diz não mais guardar os documentos que lhe serviram de fonte.
No Orvil há mais de uma dezena de casos de militantes de organizações de esquerda “mortos por seus companheiros” nos chamados “justiçamentos”. A lista inclui vítimas da ALN, do PCBR, da DVP, do PCR, do PCdoB e da AP (Antônio Lourenço, no Maranhão). Tudo o que o Exército sabia e podia ser contado – na definição de Romeu – está na obra. E eis que o trabalho de Leônidas mais uma vez cruza o caminho de Bolsonaro: é que entre os “justiçados” do Orvil não está Santa Cruz. A versão que Bolsonaro deu para o caso nunca existiu nos arquivos militares.
E isso não é tudo. Os pesquisadores do Orvil omitiram o que foi feito do pai do hoje presidente da OAB. Talvez porque o destino do militante estivesse entre as coisas que, nas palavras de Romeu, não podiam ser contadas. Mas alguém contou. A Marinha, a Aeronáutica e o Dops de São Paulo o fizeram por escrito. Seus arquivos registram que Santa Cruz foi preso em 1974. O almirante Ivan da Silveira Serpa, então ministro da Marinha, consignou isso em 1993.
Bolsonaro pode não acreditar em documentos. Talvez prefira ouvir de viva voz. Se esse for o caso, pode perguntar ao sargento Massayuki Gushiken, do Destacamento de Operações de Informações (DOI), de São Paulo, quem prendeu os integrantes da Ação Popular. Massayuki viu um deles encapuzado desembarcar de um avião em Brasília. Quem era?
Pode questionar ainda o ex-sargento Marival Chaves, do CIE. Marival contou em 2004 que Santa Cruz foi apanhado em uma operação do CIE comandada pelo Doutor César. O presidente pode não conhecer quem é o tal doutor. Mas pode se informar em Brasília, onde o militar vive recluso. O doutor é da turma de 1958 da Academia Militar das Agulhas Negras. É artilheiro como Ustra. E paraquedista como Bolsonaro. Trabalhou no CIE e é coronel. Reformado.
Pode também indagar o Ministério Público Federal sobre o militar. A procuradoria o ouviu por 39 minutos. Queria saber sobre a Casa da Morte (Petrópolis) e o Araguaia. Ele se negou a dar informações. Disse que no centro cuidava de “materiais eletrônicos”. E elogiou o procurador Sérgio Suyama: “O senhor é um bom interrogador”. Em 29 de maio deste ano, o MPF o acusou de decapitar Arildo Valadão, militante do PCdoB. Valadão foi morto em 1973, no Araguaia. Por fim, Bolsonaro pode bater na porta do doutor. E perguntar ao coronel também sobre Santa Cruz. Se tiver sorte, o doutor lhe conta tudo o que sabe.
Texto de Marcelo Godoy, repórter especial
Jornalista formado em 1991, está no Estadão desde 1998. As relações entre o poder Civil e o poder Militar estão na ordem do dia desse repórter, desde que escreveu o livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015).
No Estado de São Paulo de 31/07/2019
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,o-general-leonidas-esta-de-novo-no-caminho-de-bolsonaro,70002948976
O general Leônidas está de novo no caminho de Bolsonaro
Se o presidente quer saber a verdade sobre Santa Cruz, não faltam opções nas Forças Armadas
Jair Bolsonaro não pensou no tamanho da encrenca quando resolveu contar uma história sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, militante da Ação Popular (AP) e pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. Como não leu os documentos do Exército sobre a luta armada, o presidente tem agora em seu caminho mais uma vez o general Leônidas Pires Gonçalves.
Mais do que ministro do Exército de José Sarney, Leônidas foi o fiador, desde a primeira noite, do nascimento da Nova República. Ele submeteu Bolsonaro ao Conselho de Justificação que considerou o comportamento do capitão "aético e incompatível com o pundonor militar" por “mentir durante todo o processo” sobre o plano de pôr bombas nos quartéis em protesto contra os baixos salários. Era 1988. Bolsonaro – é verdade – reverteu o veredicto no Superior Tribunal Militar (STM), como o leitor viu aqui.
Naquele tempo, Leônidas conduzia em segredo o Projeto Orvil. Tudo começou em 27 de março de 1984, quando o tenente-coronel Romeu Antônio Ferreira, então analista do Centro de Informações do Exército (CIE), escreveu uma apreciação confidencial para os chefes: “As novas gerações de militares, atoladas na avalanche de propaganda ideológica marxista, desconhecem as lutas enfrentadas contra a guerrilha urbana e rural”. E concluía: “Há que se escrever a história verdadeira, a história dos vencedores, a nossa história. Sabemos que há muita coisa que não pode ser contada. Sabemos, entretanto, que há muita coisa que pode e deve ser contada. Temos os dados e os fatos. Falta-nos a vontade e a decisão.”
A decisão viria dois anos depois. Leônidas, então ministro, concordou com a ideia do CIE e mandou escrever a história oficial do Exército sobre a luta contra a esquerda. Em 1988, o Orvil estava pronto. Tinha 953 páginas. Durante dois anos, dezenas de oficiais vasculharam os arquivos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Mas Leônidas decidiu guardar tudo. Não queria problemas com o mundo civil. Oficiais fizeram cópias do material.
Do projeto nasceram livros como A Verdade Sufocada, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, e A Grande Mentira, do general Agnaldo Del Nero. Hoje, o Exército diz não mais guardar os documentos que lhe serviram de fonte.
No Orvil há mais de uma dezena de casos de militantes de organizações de esquerda “mortos por seus companheiros” nos chamados “justiçamentos”. A lista inclui vítimas da ALN, do PCBR, da DVP, do PCR, do PCdoB e da AP (Antônio Lourenço, no Maranhão). Tudo o que o Exército sabia e podia ser contado – na definição de Romeu – está na obra. E eis que o trabalho de Leônidas mais uma vez cruza o caminho de Bolsonaro: é que entre os “justiçados” do Orvil não está Santa Cruz. A versão que Bolsonaro deu para o caso nunca existiu nos arquivos militares.
E isso não é tudo. Os pesquisadores do Orvil omitiram o que foi feito do pai do hoje presidente da OAB. Talvez porque o destino do militante estivesse entre as coisas que, nas palavras de Romeu, não podiam ser contadas. Mas alguém contou. A Marinha, a Aeronáutica e o Dops de São Paulo o fizeram por escrito. Seus arquivos registram que Santa Cruz foi preso em 1974. O almirante Ivan da Silveira Serpa, então ministro da Marinha, consignou isso em 1993.
Bolsonaro pode não acreditar em documentos. Talvez prefira ouvir de viva voz. Se esse for o caso, pode perguntar ao sargento Massayuki Gushiken, do Destacamento de Operações de Informações (DOI), de São Paulo, quem prendeu os integrantes da Ação Popular. Massayuki viu um deles encapuzado desembarcar de um avião em Brasília. Quem era?
Pode questionar ainda o ex-sargento Marival Chaves, do CIE. Marival contou em 2004 que Santa Cruz foi apanhado em uma operação do CIE comandada pelo Doutor César. O presidente pode não conhecer quem é o tal doutor. Mas pode se informar em Brasília, onde o militar vive recluso. O doutor é da turma de 1958 da Academia Militar das Agulhas Negras. É artilheiro como Ustra. E paraquedista como Bolsonaro. Trabalhou no CIE e é coronel. Reformado.
Pode também indagar o Ministério Público Federal sobre o militar. A procuradoria o ouviu por 39 minutos. Queria saber sobre a Casa da Morte (Petrópolis) e o Araguaia. Ele se negou a dar informações. Disse que no centro cuidava de “materiais eletrônicos”. E elogiou o procurador Sérgio Suyama: “O senhor é um bom interrogador”. Em 29 de maio deste ano, o MPF o acusou de decapitar Arildo Valadão, militante do PCdoB. Valadão foi morto em 1973, no Araguaia. Por fim, Bolsonaro pode bater na porta do doutor. E perguntar ao coronel também sobre Santa Cruz. Se tiver sorte, o doutor lhe conta tudo o que sabe.
Texto de Marcelo Godoy, repórter especial
Jornalista formado em 1991, está no Estadão desde 1998. As relações entre o poder Civil e o poder Militar estão na ordem do dia desse repórter, desde que escreveu o livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015).
No Estado de São Paulo de 31/07/2019
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,o-general-leonidas-esta-de-novo-no-caminho-de-bolsonaro,70002948976
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
VÍRUS GUILDMA
Com início no Brasil, vírus cresce para mais de 130 bancos e 75 sites
Alvo do malware inclui sites como Netflix, Facebook, Amazon e Gmail
Um vírus que nos últimos meses atacou usuários de internet brasileiros agora expandiu seu alvo e está atrás de mais de 130 bancos e 75 sites ao redor do mundo, incluindo Netflix, Facebook, Amazon e Gmail, segundo informações de um relatório da Avast, empresa de segurança digital.
Conhecido como Guildma, o conjunto de programas maliciosos dá acesso remoto para cibercriminosos e permite roubo de senhas. O pico de invasões a computadores foi detectado em junho.
Brasilidade
Apenas 2% dos alvos do ataque estão fora do Brasil. A Avast diz ter bloqueado mais de 155 mil tentativas de infecção feitas por ele globalmente.
Campanha viral
Segundo a Avast, o foco do Guildma está no Windows e em máquinas que não operam em inglês. Desavisadas, as vítimas instalam o malware em seus computadores quando clicam em links ou documentos infectados.
Mascarados
Os cibercriminosos enviam emails em formato de faturas, relatórios de impostos ou convites personalizados com os nomes das vítimas.
Mentira
Os emails falsos podem aparecer em nome de bancos, birôs de crédito ou marcas famosas de ecommerce, como Magazine Luiza e Peixe Urbano.
Cartilha
Adolf Streda, analista da Avast, diz que o malware tentar roubar credenciais enquanto a vítima usa serviços bancários ou sites como Netflix. Como prevenção, ele sugere a cartilha básica de segurança digital: antivírus e atenção ao baixar documentos recebidos por email.
Discreto
Segundo Streda, Guildma atua no segundo plano (de forma quase imperceptível ao usuário afetado), mas é possível que usuários leigos notem pequenas mudanças de comportamento em suas máquinas, como lentidão para carregar programas e sites.
Reportagem de Paula Soprana na Folha de São Paulo de 01/08/2019
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2019/08/com-inicio-no-brasil-virus-cresce-para-mais-de-130-bancos-e-75-sites.shtml
Alvo do malware inclui sites como Netflix, Facebook, Amazon e Gmail
Um vírus que nos últimos meses atacou usuários de internet brasileiros agora expandiu seu alvo e está atrás de mais de 130 bancos e 75 sites ao redor do mundo, incluindo Netflix, Facebook, Amazon e Gmail, segundo informações de um relatório da Avast, empresa de segurança digital.
Conhecido como Guildma, o conjunto de programas maliciosos dá acesso remoto para cibercriminosos e permite roubo de senhas. O pico de invasões a computadores foi detectado em junho.
Brasilidade
Apenas 2% dos alvos do ataque estão fora do Brasil. A Avast diz ter bloqueado mais de 155 mil tentativas de infecção feitas por ele globalmente.
Campanha viral
Segundo a Avast, o foco do Guildma está no Windows e em máquinas que não operam em inglês. Desavisadas, as vítimas instalam o malware em seus computadores quando clicam em links ou documentos infectados.
Mascarados
Os cibercriminosos enviam emails em formato de faturas, relatórios de impostos ou convites personalizados com os nomes das vítimas.
Mentira
Os emails falsos podem aparecer em nome de bancos, birôs de crédito ou marcas famosas de ecommerce, como Magazine Luiza e Peixe Urbano.
Cartilha
Adolf Streda, analista da Avast, diz que o malware tentar roubar credenciais enquanto a vítima usa serviços bancários ou sites como Netflix. Como prevenção, ele sugere a cartilha básica de segurança digital: antivírus e atenção ao baixar documentos recebidos por email.
Discreto
Segundo Streda, Guildma atua no segundo plano (de forma quase imperceptível ao usuário afetado), mas é possível que usuários leigos notem pequenas mudanças de comportamento em suas máquinas, como lentidão para carregar programas e sites.
Reportagem de Paula Soprana na Folha de São Paulo de 01/08/2019
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2019/08/com-inicio-no-brasil-virus-cresce-para-mais-de-130-bancos-e-75-sites.shtml
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