sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Seis palavras que as pessoas menos ‘inteligentes’ repetem, segundo a IA

De acordo com uma análise de IA do Google, o uso repetido de termos como “basicamente” ou “simplesmente” pode indicar falta de conhecimento detalhado ou análise profunda

Uma análise recente realizada pela inteligência artificial (IA) revelou como certas palavras tendem a ser usadas com mais frequência por pessoas que não têm pensamento profundo, ou que evitam desenvolver ideias complexas.

Embora o uso dessas expressões não determine a inteligência de uma pessoa, a IA do Google identificou que essas palavras refletem uma tendência à simplificação ou generalização, principalmente em temas que não são dominados.

Quais são as palavras que pessoas menos inteligentes repetem?

De acordo com esta análise, seis palavras se destacam como comuns entre indivíduos que apresentam menor capacidade de elaboração de conceitos detalhados:

Basicamente: essa palavra é usada para resumir explicações complexas, mas muitas vezes mostra a falta de conhecimento aprofundado sobre o tema em discussão.

Como: frequentemente utilizado para preencher pausas na fala, refletindo insegurança ou falta de clareza na comunicação de ideias.

Óbvio: costuma fazer parecer que algo é claro para todos, quando na realidade pode mascarar a falta de uma análise mais profunda da situação.

Simplesmente: esta palavra é usada para reduzir a complexidade de uma questão, o que denota uma visão limitada.

Legal: um adjetivo usado sem fornecer valor significativo ou raciocínio por trás dele, refletindo pouco desenvolvimento no pensamento crítico.

Não consigo
: pessoas que usam essa expressão com frequência costumam apresentar uma atitude pessimista, o que indica falta de resiliência e de habilidades para enfrentar desafios cognitivos.

É importante esclarecer que essas palavras não determinam, por si só, a inteligência de uma pessoa, mas o uso repetitivo dessas expressões pode sugerir um estilo de comunicação que evita aprofundar-se na análise ou explicação de conceitos mais complexos.

As características que identificam as pessoas mais inteligentes


Por outro lado, diversos estudos indicam que certas características são comuns em pessoas com maiores capacidades cognitivas. De acordo com a revista Forbes, a seguir estão algumas características distintivas:

Leitores precoces: um estudo britânico revelou que as crianças que aprendem a ler desde cedo desenvolvem melhores capacidades cognitivas, mesmo entre gêmeos que compartilham a mesma genética.

Canhotos
: pesquisas sugerem que canhotos tendem a se destacar em testes de inteligência. Um estudo de 2007 indicou que a sua capacidade de resolver problemas de forma diferente pode estar relacionada com a forma como processam a informação.

Aulas de música na infância: tocar um instrumento desde cedo está ligado a maior habilidade verbal e concentração, além de melhorar a plasticidade cerebral, o que favorece o aprendizado.

Senso de humor: um estudo publicado pela Newsweek observou que existe uma correlação entre humor e um QI elevado. Ser engraçado requer pensamento rápido e criativo, habilidades que refletem um alto nível de inteligência.

Reportagem do La Nacion traduzida e reproduzida por O Globo

https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2024/10/24/seis-palavras-que-as-pessoas-menos-inteligentes-repetem-segundo-a-ia.ghtml

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

O preço da privataria na saúde

A rede onde está o laboratório Saleme é muito maior

A polícia do Rio foi rápida. Em poucos dias, prendeu Walter Vieira, sócio do laboratório PCS LAB Saleme, de Nova Iguaçu, cujos laudos criminosos infectaram com HIV seis pacientes que haviam recebido transplantes em hospitais públicos do estado. Em seu primeiro depoimento, o doutor atribuiu a responsabilidade pelo crime a um erro de três funcionários. Em nota, o deputado federal Doutor Luizinho (PP), secretário de Saúde do Rio por duas vezes, pediu que os "culpados sejam punidos exemplarmente".

Se o Ministério da Saúde e o Governo do Rio olharem para baixo, o caso terminará com a culpabilização de meia dúzia de profissionais irresponsáveis. Se olharem para cima, verão muito mais, coisas sabidas, porém desprezadas. Verão que a saúde pública está sendo sucateada, privatizada, corrompida e arruinada.


Quando começou o processo de demonização do Estado, acreditou-se que, privatizando-se serviços de hospitais e de laboratórios, eles funcionariam melhor. Assim, a privataria produziu a figura das chamadas organizações sociais, que passaram a administrar serviços de saúde, inclusive hospitais. Ao mesmo tempo, profissionais foram obrigados a virar pessoas jurídicas. Esse truque abriu a porteira para o clientelismo, achatou os salários da turma do andar de baixo e engordou a remuneração do pessoal do andar de cima. Em seguida, criou-se um universo de contratos.

O Saleme é uma vitrine. Pelo lado do prestígio profissional, presta serviços a 14 hospitais do Rio, inclusive à Central de Transplantes. Coisa de R$ 17,5 milhões.

Pelo lado do prestígio de uma parentela, o Saleme mostra o vigor privatista do deputado Doutor Luizinho. Um dos sócios é marido de uma de suas tias e colocou na sociedade o próprio filho, ex-funcionário da Fundação Saúde (R$ 4.751 de salário). Este, por sua vez, teve interesses numa empresa que prestou serviços de radiologia ao Hospital Getúlio Vargas de 2021 a 2022, por cerca de R$ 8 milhões. Na Fundação Saúde, que cuida dos contratos com serviços, está uma irmã do deputado.

Do Governo do Rio e do Ministério da Saúde saíram vozes anônimas dizendo que o caso do Saleme é um "ponto fora da curva". Conversa fiada, ele é um ponto extremo da própria curva. A primeira queixa chegou à secretaria em setembro e não chamaram a polícia.

O Governo do Rio reagiu dizendo que, a partir de agora, os exames de doadores irão obrigatoriamente ao Hemorio, órgão público habilitado a fazer exames de sangue. Tradução: a privataria avançou sobre um serviço público, aspergiu contratos e, quando a casa pegou fogo, voltou ao ponto de partida.

A vida, essa trapaceira, fez com que o caso do Saleme aparecesse um dia depois de o Conselho Regional de Medicina de São Paulo suspender por 30 dias um médico que, em 2016, foi contratado pela prefeitura de São Bernardo do Campo para conduzir um mutirão de cirurgias de catarata. O mutirão foi realizado num hospital público pela equipe privada, e 22 pacientes foram infectados. Alguns ficaram cegos porque a privatagem descumpriu protocolos de higiene e esterilização.

Esse caso nada tem a ver com o do laboratório Saleme. Mostra apenas que a curva do sucateamento privatista é muito mais ampla e bem-relacionada do que se pensa.

Texto de Elio Gaspari, jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".
Publicado na Folha de São Paulo e n'O Globo

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2024/10/o-preco-da-privataria-na-saude.shtml