Ruy Castro escreve
Não se veem muitos médicos, terapeutas, assistentes sociais, profissionais da saúde pública e estudiosos da dependência química em geral abraçando a causa. Talvez seja mais fácil defender a liberação a partir de tabelas e dados estatísticos, não da realidade das clínicas de dependência -e da realidade ainda mais dura da grande maioria, que não chega a se beneficiar dessas clínicas e morre na rua, depois de devastar a vida de suas famílias.
A pressa em liberar parece ignorar que uma das consequências seria o ingresso a jato de milhares de jovens no universo de outras drogas. Uma amostra disso é a recente e fulminante penetração do crack, inclusive em cidades em que, até há pouco, a droga mais mortífera era o quentão nas festas juninas.
Para prevenir tal tragédia, devem estar contando com a criação maciça, pelo Ministério da Saúde, de centros de recuperação em todo o país, com capacidade de atendimento condizente com o súbito volume de emergências. Mas, pelos resultados pífios que o Brasil vem mostrando no combate, por exemplo, à dengue, não há razão para acreditar que, de uma penada, o país possa absorver e tratar as legiões de novos usuários -recuperá-los, então, já é outra história.
Os defensores da liberação fariam melhor se se dedicassem a uma campanha nacional de esclarecimento sobre as consequências da dependência química. Mas, para isso, primeiro, precisariam aprender como esta se dá.
Ruy Castro na Folha de São Paulo de 10/06/2011
Meu comentário sobre o texto acima
Parabenizo o jornalista Ruy Castro pelo excelente artigo sobre a "pressa em liberar as drogas.
Eu pergunto a estes irresponsáveis, vamos liberar a venda de cigarros a menores de 18 anos?
Vamos liberar a venda de bebida alcoólica a menores de 18 anos?
Vamos liberar a venda de maconha e drogas pesadas a menores de 18 anos?
Se vamos liberar tudo isto, então que Deus tenha piedade de nossa juventude.
A advogada Ana Paula Pires Nobre também comentou:
Qualquer especialista em segurança pública pode dizer pra vc que o problema do tráfico de drogas não é somente liberar o uso delas e pronto!
O assunto liberação de drogas é tratar superficialmente um assunto, o crime de tráfico, que é tão rentável quanto exploração de prostituição e tráfico de pessoas.
O pessoal que usa drogas, não sei por que se preocupa tanto que elas sejam legalizadas por exemplo. Eles podem usar pequenas quantidades, que são enquadrados na lei dos usuários. É considerado problema de saude pública o uso de drogas.
Quem vem com esse papinho de liberar drogas, porque as pessoas tem livre arbítrio e bla-bla-bla, na minha opinião, são aqueles usuários que vão pra festinha distribuirem drogas. Em troca do passaporte pra entrar na festa badalada, levam drogas pra divertir os convidados.
E essa conduta É CRIME DE TRÁFICO! Porque a pessoa fornece a outrem substância entorpecente é traficante. E isso é assim no mundo inteiro!
Até na Holanda viu? O pessoal pensa que tudo é liberado lá, mas está é com mitos na cabeça. E o uso de maconha em Amsterdã é limitado e somente pode ser fumada em coffe shop, ou cafeteria. E o dono tem quantidade mensal pra vender. Se a policia descobrir que ele tem mais, e preso por trafico de drogas.
O simples porte de maconha ou cocaina por exemplo, em quantidades pequenas, é uso de drogas e isso não é crime. Mas passar cigarrinhos de maconha pra todos da rodinha, é crime de tráfico. Derramar cocaina em cima da tampa do vaso sanitário e dividir com os amigos é crime de tráfico.
Parabenizo o jornalista Ruy Castro pelo excelente artigo sobre a "pressa em liberar as drogas.
Eu pergunto a estes irresponsáveis, vamos liberar a venda de cigarros a menores de 18 anos?
Vamos liberar a venda de bebida alcoólica a menores de 18 anos?
Vamos liberar a venda de maconha e drogas pesadas a menores de 18 anos?
Se vamos liberar tudo isto, então que Deus tenha piedade de nossa juventude.
A advogada Ana Paula Pires Nobre também comentou:
Qualquer especialista em segurança pública pode dizer pra vc que o problema do tráfico de drogas não é somente liberar o uso delas e pronto!
O assunto liberação de drogas é tratar superficialmente um assunto, o crime de tráfico, que é tão rentável quanto exploração de prostituição e tráfico de pessoas.
O pessoal que usa drogas, não sei por que se preocupa tanto que elas sejam legalizadas por exemplo. Eles podem usar pequenas quantidades, que são enquadrados na lei dos usuários. É considerado problema de saude pública o uso de drogas.
Quem vem com esse papinho de liberar drogas, porque as pessoas tem livre arbítrio e bla-bla-bla, na minha opinião, são aqueles usuários que vão pra festinha distribuirem drogas. Em troca do passaporte pra entrar na festa badalada, levam drogas pra divertir os convidados.
E essa conduta É CRIME DE TRÁFICO! Porque a pessoa fornece a outrem substância entorpecente é traficante. E isso é assim no mundo inteiro!
Até na Holanda viu? O pessoal pensa que tudo é liberado lá, mas está é com mitos na cabeça. E o uso de maconha em Amsterdã é limitado e somente pode ser fumada em coffe shop, ou cafeteria. E o dono tem quantidade mensal pra vender. Se a policia descobrir que ele tem mais, e preso por trafico de drogas.
O simples porte de maconha ou cocaina por exemplo, em quantidades pequenas, é uso de drogas e isso não é crime. Mas passar cigarrinhos de maconha pra todos da rodinha, é crime de tráfico. Derramar cocaina em cima da tampa do vaso sanitário e dividir com os amigos é crime de tráfico.
Problema e solução
Ruy Castro escreve
Um fator importante no sucesso de qualquer tratamento nas clínicas de dependência química, até alguns anos, era o isolamento do paciente. Não apenas ele só tinha direito a visitas nos fins de semana como seu acesso ao telefone era regulado -havia um único aparelho comum, e cada interno só podia usá-lo dez minutos por semana. A ideia era a de que o sujeito estava ali para se tratar, não para fazer vida social, e uma clínica para esse tipo de tratamento não é um spa, resort ou salão de cabeleireiro.
Supunha-se que, para suportar a dureza da súbita abstinência e, aos poucos, adquirir alguma lucidez para absorver as palestras e terapias, o paciente não devia ficar exposto a solicitações externas -como saber que o filho tirou zero em matemática, o cunhado sofreu sequestro-relâmpago ou a namorada fugiu com o entregador de pizza. Por mais graves, esses problemas só podiam ser enfrentados depois que o paciente aprendesse a lidar com o seu inimigo maior, o álcool, a droga ou ambos.
Mas isso, naturalmente, foi antes de celular, internet, Twitter, Orkut, Facebook e outras "ferramentas" que tornaram impossível qualquer privacidade. Como fazer com que o fulano se concentre no tratamento se o mundo não o deixa em paz, nem ele o mundo?
As clínicas mais responsáveis têm aplicado ao celular a medida que já adotavam em relação a outras coisas na entrada do paciente, como dinheiro, desodorante líquido, loção pós-barba, remédios para dormir, moderadores de apetite e vários tipos de medicamento: o confisco. Não se pode correr o risco de o camarada, na agonia da abstinência, beber Aqua Velva ou cheirar Melhoral.
Da mesma forma, antes de quebrar a corrente que o prende a certas substâncias, o indivíduo precisa esquecer temporariamente que o mundo existe. Por incrível que pareça, isso é possível.
De Ruy Castro na Folha de São Paulo de 22/06/2011
Legalizar, nem pensar!
Mas isso, naturalmente, foi antes de celular, internet, Twitter, Orkut, Facebook e outras "ferramentas" que tornaram impossível qualquer privacidade. Como fazer com que o fulano se concentre no tratamento se o mundo não o deixa em paz, nem ele o mundo?
As clínicas mais responsáveis têm aplicado ao celular a medida que já adotavam em relação a outras coisas na entrada do paciente, como dinheiro, desodorante líquido, loção pós-barba, remédios para dormir, moderadores de apetite e vários tipos de medicamento: o confisco. Não se pode correr o risco de o camarada, na agonia da abstinência, beber Aqua Velva ou cheirar Melhoral.
Da mesma forma, antes de quebrar a corrente que o prende a certas substâncias, o indivíduo precisa esquecer temporariamente que o mundo existe. Por incrível que pareça, isso é possível.
De Ruy Castro na Folha de São Paulo de 22/06/2011
Legalizar, nem pensar!
Ronaldo Ramos Laranjeira e Ana Cecília Roselli Marques escrevem
Maconha, além do tabu
Maconha, além do tabu
.
Já existem drogas lícitas que favorecem o uso das demais, não é preciso disponibilizar nenhuma outra; legalizar a maconha, nem pensar!
.
Vive-se há pelo menos dez anos no Brasil "duas ondas" perigosas: a do aumento do consumo de todas as drogas de abuso, principalmente em jovens adultos, e um forte debate para um abrandamento ainda maior das leis em relação à maconha. Como os atores são poucos, a solução para o aumento do consumo e o aprofundamento do debate não têm sucesso, pois não atingem todas as dimensões do fenômeno.
Os dois fatores podem agravar a situação, preceder o abrandamento para consumo de outras drogas e confundir ainda mais a população.
Depois disso, só mesmo a legalização, e aí o número de usuários vai aumentar, uma porcentagem significante deles se tornará usuário pesado e, para aumentar o número deles, muito será investido.
O debate é simplório e produz um glamour sobre o uso recreacional, seguindo a mesma metodologia da indústria do álcool, cuja comunicação ambivalente mostra que a cerveja não faz mal, é natural, basta usar moderadamente; além do mais, é medicinal.
Mais parece uma campanha de marketing com personalidades, passeatas, filmes e várias inserções na mídia, visando lançar mais um produto, mas que não é um produto qualquer e que pode, sim, trazer prejuízos.
De um lado, expandem-se apenas os direitos individuais, de outro, publica-se, por meio da neurociência, a imprevisibilidade dos efeitos dessas drogas, cujo impacto vai além do indivíduo, atingindo toda a sociedade, e questiona-se o direito da maioria da população de não usar drogas.
Os argumentos para que não se abrande ainda mais a lei das drogas e muito menos se almeje a legalização são muitos. O fenômeno das drogas é complexo, assim como a solução; portanto, as etapas para entender o fenômeno, atualizar-se sobre suas implicações e preparar a sociedade para mudar seus pensamentos e comportamentos ainda estão muito longe de acontecer.
Todas as drogas psicotrópicas alteram a capacidade de decidir; assim, os jovens, que já não possuem essa função mental plena, decidirão ainda menos preparados.
Já existem drogas lícitas que favorecem o uso das demais, não é preciso disponibilizar nenhuma outra. As complicações do uso são agudas e crônicas, com interfaces como a violência, a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada.
As doenças mentais e de comportamento, as doenças cardiovasculares, pulmonares, os cânceres, além das malformações congênitas, são frequentes.
Sem prevenção, sem tratamento adequado e disponível, diante da diversidade cultural do país, a política deveria ser desenhada para cada droga, para cada região.
Uma política para a maconha, que no Brasil já tem no mercado, há muito tempo, cigarros mesclados com cocaína, para produzir maior impacto no "freguês", deveria ser baseada em evidências e ter a mesma importância que as demais.
É preciso lembrar que a economia das drogas é uma das três maiores economias do planeta. Enfim, debater é preciso, de forma equilibrada e permanente, com todos os atores disponíveis: políticos, pesquisadores, o usuário e seus familiares, além de outros representantes da sociedade civil.
Fundamentalmente, com foco em um modelo de proteção para crianças e adolescentes brasileiros, pelo direito à prevenção de drogas; se o problema já estiver instalado, pelo direito a um bom tratamento.
Legalizar, nem pensar!
.
Vive-se há pelo menos dez anos no Brasil "duas ondas" perigosas: a do aumento do consumo de todas as drogas de abuso, principalmente em jovens adultos, e um forte debate para um abrandamento ainda maior das leis em relação à maconha. Como os atores são poucos, a solução para o aumento do consumo e o aprofundamento do debate não têm sucesso, pois não atingem todas as dimensões do fenômeno.
Os dois fatores podem agravar a situação, preceder o abrandamento para consumo de outras drogas e confundir ainda mais a população.
Depois disso, só mesmo a legalização, e aí o número de usuários vai aumentar, uma porcentagem significante deles se tornará usuário pesado e, para aumentar o número deles, muito será investido.
O debate é simplório e produz um glamour sobre o uso recreacional, seguindo a mesma metodologia da indústria do álcool, cuja comunicação ambivalente mostra que a cerveja não faz mal, é natural, basta usar moderadamente; além do mais, é medicinal.
Mais parece uma campanha de marketing com personalidades, passeatas, filmes e várias inserções na mídia, visando lançar mais um produto, mas que não é um produto qualquer e que pode, sim, trazer prejuízos.
De um lado, expandem-se apenas os direitos individuais, de outro, publica-se, por meio da neurociência, a imprevisibilidade dos efeitos dessas drogas, cujo impacto vai além do indivíduo, atingindo toda a sociedade, e questiona-se o direito da maioria da população de não usar drogas.
Os argumentos para que não se abrande ainda mais a lei das drogas e muito menos se almeje a legalização são muitos. O fenômeno das drogas é complexo, assim como a solução; portanto, as etapas para entender o fenômeno, atualizar-se sobre suas implicações e preparar a sociedade para mudar seus pensamentos e comportamentos ainda estão muito longe de acontecer.
Todas as drogas psicotrópicas alteram a capacidade de decidir; assim, os jovens, que já não possuem essa função mental plena, decidirão ainda menos preparados.
Já existem drogas lícitas que favorecem o uso das demais, não é preciso disponibilizar nenhuma outra. As complicações do uso são agudas e crônicas, com interfaces como a violência, a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada.
As doenças mentais e de comportamento, as doenças cardiovasculares, pulmonares, os cânceres, além das malformações congênitas, são frequentes.
Sem prevenção, sem tratamento adequado e disponível, diante da diversidade cultural do país, a política deveria ser desenhada para cada droga, para cada região.
Uma política para a maconha, que no Brasil já tem no mercado, há muito tempo, cigarros mesclados com cocaína, para produzir maior impacto no "freguês", deveria ser baseada em evidências e ter a mesma importância que as demais.
É preciso lembrar que a economia das drogas é uma das três maiores economias do planeta. Enfim, debater é preciso, de forma equilibrada e permanente, com todos os atores disponíveis: políticos, pesquisadores, o usuário e seus familiares, além de outros representantes da sociedade civil.
Fundamentalmente, com foco em um modelo de proteção para crianças e adolescentes brasileiros, pelo direito à prevenção de drogas; se o problema já estiver instalado, pelo direito a um bom tratamento.
Legalizar, nem pensar!
Os autores do texto são
RONALDO RAMOS LARANJEIRA, professor titular de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Instituto Nacional de Políticas sobre Álcool e Drogas (Inpad/CNPq).
ANA CECILIA PETTA ROSELLI MARQUES, doutora pela Unifesp, pesquisadora do Inpad/CNPq.
Fonte: Folha de São Paulo de 23/06/2011
RONALDO RAMOS LARANJEIRA, professor titular de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador do Instituto Nacional de Políticas sobre Álcool e Drogas (Inpad/CNPq).
ANA CECILIA PETTA ROSELLI MARQUES, doutora pela Unifesp, pesquisadora do Inpad/CNPq.
Fonte: Folha de São Paulo de 23/06/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário