quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A rua onde moro

A rua onde moro, a pacificação.
A rua onde moro II

A rua onde moro continua barulhenta,
Tem moradias de todos os estilos,
Olham-me, mas a dor amenizou-se.
Pontos escuros e infames diminuíram
Já não voam tão temerosos os papeis,
Os estampidos cessaram, até quando não sei...

Aos poucos os gatos vão reaparecendo
Os cães retornam, mas não ladram.
Arvore gradualmente vai se plantando
A rua onde moro já não é mais tão aterrorizante.

Nos templos já se pode ver alguém orando,
Já não há sombra a nos surpreender como antes.
Algumas luzes já se podem ver acesas
O filho continua o mesmo, em nada mudou.

Nas casas já há um tímido clarão
Os pecadores continuam, mas não há mais heróis.
Os meninos são os mesmos e tem meninas gestantes.

Já não há tanta fuga em prol da vida
Nem tantos arrependimentos,
Provocações são raras, traçantes às vezes...
No lugar da ruina ergue-se de tijolo em tijolo nova cidade.

Indefere-se apenas o que é fora da lei
A rua foi apaziguada pela as Unidades Pacificadoras,
Apesar de distantes, e a tristeza noturna deu um tempo.

Já não há tanta aflição na rua onde vivo
Os sons são agradáveis, do meu quarto a paisagem
Continua inspirando amor, não precisa fugir...
O zumbido das armas acalmou... Até quando?
É possível projetar o futuro e continuar amando.

De R J Cardoso

As poesias acima e abaixo descrevem a vida nas favelas do Rio antes e depois das UPPs
Do fundo do meu coração e de minha alma espero que o AMOR, A ORDEM E PROGRESSO
finalmente façam parte da vida do povo brasileiro e em especial do Rio Maravilhoso de Janeiro.

A rua onde moro é barulhenta
Tem moradia de todos os estilos
E olham-me quando minha dor
Ao ponto culminante passa.

Tem pontos sem luz vergonhosos,
De onde voam papeis temerosos
Ao vento e estampidos que matam.

Na rua onde moro os gatos morreram
Os cães que ladravam desapareceram,
As arvores secaram devido à ação
Dos homens, a rua onde moro é pavorosa...

No templo não há ninguém de joelhos,
Temendo a sombra que surpreende.
A rua onde moro tem refletores
Que não acendem; lá o filho desrespeita
O pai porque não quer ser seu filho.

Na escuridão da moradia nada brilha.
Na rua onde moro não há pecado,
Só pecadores, os homens são heróis.
Os meninos são grandes e tem meninas grávidas,

Os felinos não miam mais...
Há fuga para manter a vida, arrependimentos,
Provocação e “traçantes" cortando o céu,
Aniquilamento e negação; trata-se de uma rua
Como as demais, com os mesmo problemas
Do cotidiano e muita angústia noturna.

Na rua onde moro não há eco vindo
Das cavernas como no passado, olhando
Do meu quarto inspira amor, vontade de fugir
Do zumbido das amas de fogo. Por fim,
Não há nem saudade do tempo que se foi...

De R J Cardoso

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