segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Feliz e próspero 2019

Que 2019 seja o ano em que possamos recolocar o nosso querido Brasil no caminho do Amor, da Ordem e do Progresso!
AMOR, ORDEM E PROGRESSO

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Experts da tecnologia afastam seus filhos de tablets e celulares

Uso precoce dos aparelhos está ligado a deficits físico e cognitivo, ansiedade e depressão
Evitar totalmente o uso de celular e tablets 
é até mais fácil do que deixar apenas um pouquinho

As pessoas que estão mais perto de uma coisa geralmente são as mais cautelosas sobre ela. Experts em tecnologia sabem como os smartphones funcionam, e muitos decidiram que não os querem perto de seus filhos.

Um consenso que está em formação é que os benefícios das telas como ferramenta de aprendizado são exagerados, e os riscos de criar vício e atrasar o desenvolvimento se mostram altos.

Há um nível robusto de vidência mostrando que o uso de telas pode interferir no sono. Além disso, uso de telas está associado a deficit motor e cognitivo, além de obesidade, depressão e ansiedade. Hoje o debate no Vale do Silício, polo ultratecnológico, é sobre até onde a exposição às telas pode ser positiva.
Meninos e meninas brincam com celulares, sentados uns ao lado dos outros

Tirar totalmente o tempo de tela é até mais fácil do que deixar apenas um pouquinho, diz Kristin Stecher, especialista em computação social casada com um engenheiro do Facebook. “Quando meus filhos têm um pouco, eles simplesmente querem mais.”

Stecher, 37, e seu marido, Rushabh Doshi, pesquisaram sobre as telas e chegaram a uma conclusão: não querem nenhuma em sua casa.

Suas filhas, de 5 e 3 anos, não têm horários determinados em que podem ficar diante de tablets ou smartphones. A única ocasião em podem ser usados é durante uma longa viagem de carro ou de avião. Às sextas à noite, a família assiste a um filme.

Há um problema, segundo Stecher: seu marido, que tem 39 anos, adora videogames e acha que eles podem ser educativos. Ela discorda. “Vamos passar por isso quando chegar a hora”, disse ela, que está grávida de um menino.

Mesmo criadores de vídeo andam horrorizados ao ver que a criança pode assisti-los em quase qualquer lugar.

Questionado sobre o limite de tempo de tela para uma criança, Hunter Walk, investidor que durante anos foi diretor de produtos do YouTube na Google, enviou uma foto de um penico com um iPad anexado e escreveu: “#produtosquenãocompramos’”.

Athena Chavarria, que trabalhou como assistente executiva no Facebook e hoje está na entidade filantrópica de Mark Zuckerberg, a Iniciativa Chan Zuckerberg, disse: “Estou convencida de que o diabo vive em nossos telefones e está causando um desastre em nossas crianças”. Ela só deixou seus filhos terem celulares no ensino médio, e até hoje proíbe seu uso no carro e impõe limites estritos em casa.

“Outros pais dizem: ‘Você não fica preocupada quando não sabe onde estão seus filhos quando não consegue encontrá-los?’ E eu digo:

‘Não, eu não preciso saber onde meus filhos estão a cada segundo do dia’.”

Para alguns líderes tecnológicos, ver como as ferramentas que eles criaram afetavam seus filhos parecia um cobrança de contas de seu estilo de vida. Chris Anderson, ex-editor da revista Wired e hoje CEO de uma empresa de robótica e drones diz que “Na escala entre doces e crack, [as telas] estão mais perto do crack”

Os tecnólogos que constroem esses produtos e os jornalistas que observam a revolução tecnológica são ingênuos, segundo ele. “Pensamos que poderíamos controlá-la, mas isso está além de nosso poder. Vai diretamente aos centros de prazer do cérebro em desenvolvimento. Vai além de nossa capacidade de compreensão como pais comuns.”

Ele, que tem cinco filhos, impôs algumas regras, como nenhuma tela no quarto, bloqueio de conteúdo em rede; nada de rede social até os 13 anos; nada de iPad; e horários de tela geridos por meio do Google WiFi, que ele controla do seu telefone. Mau comportamento? A criança fica offline por 24 horas.

“Eu não sabia o que estávamos fazendo com seus cérebros até que comecei a observar os sintomas e as
consequências”, disse Anderson.

“As cicatrizes falam. Nós fizemos todos os erros previstos e acho que agimos mal com alguns dos meus filhos”, afirmou. “Nós vislumbramos o abismo do vício, e houve alguns anos perdidos, dos quais nos arrependemos.”

Seus filhos estudaram numa escola particular que adotou iPads e lousas inteligentes só para “mergulhar no caos e depois recuar disso tudo”.

Essa ideia de que os pais do Vale do Silício, polo de desenvolvimento tecnológico nos EUA, são cautelosos sobre a tecnologia não é nova. “Vovôs techs” manifestaram essa preocupação anos atrás.

O CEO da Apple, Tim Cook, disse neste ano que não deixaria seu sobrinho entrar nas redes sociais. Bill Gates proibiu os celulares até que seus filhos chegassem à adolescência e Melinda Gates escreveu que gostaria de ter esperado mais. Steve Jobs não deixava seus filhos pequenos chegarem perto de iPads.

Mas no último ano uma série de “desertores” de alto nível do Vale do Silício têm dado o alarme em termos cada vez mais duros sobre o que esses instrumentos fazem com o cérebro humano. De repente, trabalhadores comuns do Vale do Silício estão obcecados. Casas sem tecnologia surgem por toda a região. Babás são solicitadas a assinar contratos que proíbem telefones.

Os que expuseram seus filhos às telas tentam convencer os demais a deixar o vício explicando como a tecnologia funciona.

John Lilly, investidor da Greylock Partners no Vale do Silício e ex-CEO da Mozilla, disse que tenta ajudar seu filho de 13 anos a entender que está sendo manipulado pelos que criam a tecnologia.

“Eu tento dizer que alguém escreveu o código [de programação] para fazê-lo se sentir de determinada maneira —tento ajudá-lo a entender como as coisas são feitas, os valores que são inseridos e o que as pessoas estão fazendo para criar esses sentimentos.”

Há quem discorde, porém. Jason Toff, 32, que dirigiu a plataforma de vídeo Vine e hoje trabalha na Google, deixa seu filho de 3 anos brincar com o iPad, que na opinião dele não é melhor nem pior que um livro. Essa visão é bastante impopular entre seus colegas de trabalho, e agora ele diz sentir um certo estigma.

“As pessoas têm medo do desconhecido. Acho que estou falando por muitos pais que têm medo de falar em voz alta por temerem a opinião dos outros.”

Ele diz lembrar que na infância assistiu muita TV. “Acho que fiquei OK”.

Outros pais do Vale do Silício dizem que há formas de fazer um tempo de tela limitado ser um pouco menos prejudicial.

Renee DiResta, pesquisadora de segurança na diretoria do Centro para Tecnologia Humana, não permite tempo de tela passivo, mas pequenos períodos de tempo em jogos desafiadores.

Ela quer que seus filhos, de 2 e 4 anos, aprendam a escrever em linguagem de programação o quanto antes, por isso aprova sua ligação com os gadgets. Mas ela diferencia entre os tipos de tempo de tela: um jogo de construção é permitido, mas assistir a um vídeo no YouTube, não, a menos que seja em família.

E Frank Barbieri, executivo da startup PebblePost, em San Francisco, que rastreia a atividade online para enviar publicidade direta por email, tenta limitar o tempo de tela de sua filha de 5 anos a conteúdo em italiano.

Ele leu estudos segundo os quais aprender uma segunda língua em idade precoce é bom para o desenvolvimento da mente.

“Porque minha mulher e eu pensamos: ‘Para onde nós gostaríamos de viajar?’”, brinca.

Reportagem de Nellie Bowles no The New York Times
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Publicado na Folha de São Paulo de 25/12/2018
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2018/12/experts-da-tecnologia-afastam-seus-filhos-de-tablets-e-telefones-celulares.shtml

domingo, 23 de dezembro de 2018

Se a justiça for cega, escreveremos em Braille

"A mulher que escreve com os olhos" Alexandra Lebelson Szafir, advogada
"Se a justiça for cega, escreveremos em Braille" Grupo Vitimas Unidas, frase de Vana Lopes

Bom dia senhora Beth Szafir,, desejo a senhora um bom final de ano. Sinto imensamente por sua perda e saudades , e tem minha admiração por sua força, ,por sua solidariedade e carinho. Meus sinceros sentimentos pela falta que faz sua maravilhosa filha, a saudosa advogada Alexandra Lebelson Szafir , tanto a família como a nós brasileiros. De fato, em sua breve vida , foi uma grande humanista ,merecedora de méritos e honra e desejamos que a memoria de seu nome seja eternamente perpetuada pelo Bem .

Tristemente , percebemos que atualmente o seu sobrenome esta ligado ao escritório deste dr Alberto Zacharias Toron ,que esta defendendo um enganador, estuprador, que se dizia médium e violentou centenas de mulheres. Tivemos casos de suicídio, e atualmente agravou o trauma das vitimas ,por causa de acusações excruciantes dirigidas as vitimas por este advogado doutor Toron ,que tirânico e inclemente , não esta respeitando mulheres, e especialmente mulheres vitimas deste reu que ele defende. A tese de desqualificação das vitimas é comum, semelhante a do abuso e alienação parental e que também é a usada na defesa de casos de agressores de mulheres e do feminicídio.

Também, alem de vitima de atrocidade semelhante , sou mãe, avó, e na preocupação com a nova geração, e sabendo da sua coragem, do seu carater, gostaria se possível que se manifestasse a favor do Grupo Vitimas unidas ,que esta tentando salvar estas vidas, como sua nobre filha fazia, de forma altruísta e filantrópica. Se puder encaminhe este recado ao advogado que tem um escritório com seu honrado nome -Toron, Torihara & Szafir Advogados no site abaixo :​www.toronadvogados.com.br/advogados.asp​

Sou Vanuzia Leite lopes ,(vana) lopes ) Fui vitima de Roger abdelmassih. Escrevi o Livro Bem vindo ao Inferno- a Historia de Vana Lopes a vitima que caçou o ex medico estuprador Roger Abdelmassih,-editora Matrix, assinado por diversas autoridades e prefaciado pelo Casal Rosangela e o Juiz Sergio Moro, futuro Ministro da Justiça. Hoje , este livro é leitura sugerida tanto a magistrados, senadores , como também na Camara , depois de audiência que tivemos com a Ministra Carmem Lucia, pois sofremos descasos.
​Gostaria de me alongar para narrar a senhora ,repetindo, que justamente por ter vivido, junto com dezenas de mulheres, traumas irreparáveis , alem da violência sexual, sofri e sofro de doenças fisicas graves, consequenciais do estupro e da exposição em busca por justiça. .Ademais , tenho síndrome de pânico, ou seja, fui violentada na minha saúde física e mental ,por causa de ofensas e descredito que as pessoas cruéis costumam fazer, ao estigmatizar , ofender , e coagir vitimas, principalmente por parte de juristas impiedosos .Por fim, informo que o livro de sua luminar filha, Descasos é fonte de inspiração e exemplo de coragem para todas nós.

Fundei o grupo de apoio e orientações jurídicas Vitimas Unidas .Nossa presidente é filantrópica e benemérita dra Maria do Carmo Santos, psicóloga , mestre em historia e doutora em Educação , sensibilidade e conhecimento para tratar traumas faz mais de 30 anos .Ela quem cuida de muitas das vitimas de Roger Abdelmassih, das vitimas do Grupo Vitimas Unidas , e atualmente sendo psicóloga , ampara e ajuda de maneira bondosa e altruísta as vitimas do João do Mal, vulgo João de deus . Na esperança de que entenda nossa posição, Agradecemos e aguardamos uma rápida resposta.

Bom fim de semana para a senhora e família,

Atenciosamente ,
Vana Lopes,
Apoiando esta minha mensagem de cunho pessoal , nossa presidente Doutora Maria do Carmo Santos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

9 EXEMPLOS DE COMO É BOM SER PRÓXIMO A LULA



Um dos maiores indicadores de poder político é a influência para indicação a cargos e obter benefícios destinados a seus protegidos  – e isso diz muito sobre a aptidão de Luiz Inácio Lula da Silva. Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ele é réu em outras 7 ações e investigado em outras 2. Mesmo assim, teve sua candidatura lançada pelo Partido dos Trabalhadores e figurou acima de um terço das intenções de voto em algumas pesquisas para a presidência da República. Foi impedido por força da Ficha-Limpa, apenas. Em outras palavras, mesmo que em decadência, ele continua extremamente influente.
Desde que ascendeu à Presidência da República em 2003, estar próximo a ele tornou-se a chave para conseguir cargos de prestígio e com altos salários (muitos sem precisar trabalhar). O contato com o ex-presidente possibilitou ainda patrocínios de eventos sem viabilidade econômica, aportes financeiros para empresas, enriquecimento por causas suspeitas, entre outros privilégios.
Imediatamente ao assumir o planalto, em 2003, esposas, maridos, primos e irmãos de pessoas ligadas a Lula passaram a ser nomeadas para funções de confiança no Executivo e Legislativo – muitas sem nunca ter tido qualquer experiência que justificasse tecnicamente as indicações.
Entre os exemplos de quem ingressou em cargos comissionados de segundo escalão com a ascensão de Lula estão a mulher de José Dirceu, a esposa e o irmão de Antonio Palocci, o primo de Luis Fernando Furlan, o marido de Marina Silva (que veio a deixar o partido apenas em 2009) e as esposas de Nilmário Miranda e de José Fritsch – políticos influentes dentro do PT. Aliados que tinham pedido eleições em seus estados também foram alocados em pastas ministeriais.
Os anos seguintes vieram a mostrar que isso era apenas o início. O uso de influência política a fim de beneficiar familiares e amigos não é exclusividade do petista, mas nunca antes na história deste país tantas pessoas próximas a um presidente se beneficiaram profissionalmente por isso. Relacionei abaixo diversos casos que demonstram como Lula se utilizou de sua posição com finalidade de favorecer quem quis, e entender a forma como cada caso procedeu diz muito sobre como as coisas funcionam no Brasil, especialmente no Partido dos Trabalhadores.
1) Os cargos comissionados e a ONG milionária de Lurian Lula da Silva
Desde novembro de 2017, Lurian Cordeiro Lula da Silva é assessora parlamentar da deputada estadual Rosângela Zeidan na Assembleia Legislativa do Rio, reeleita em 2018. Recebe a modesta quantia de R$ 7.326,64 mensais.
À época, ao responder as críticas por nomear Lurian apenas por ela ser filha do ex-presidente, a deputada petista afirmou que “resumir [a nomeação] a uma relação de parentesco ou é desconhecimento ou é misoginia.”
Rosângela é casada com Washington Quaquá, presidente do PT fluminense e um dos principais defensores de Lula, com quem mantém amizade há décadas. Um exemplo ocorreu em junho de 2017, pouco antes da primeira condenação na Lava Jato, em que ele divulgou nota sustentando um “confronto popular aberto nas ruas” caso o ex-presidente fosse condenado. Não há dúvidas de que nomear a filha de Lula é uma tentativa de agradá-lo.
Embora Lurian afirme que teve apenas ônus em sua vida por ser filha de Lula, sua trajetória demonstra o contrário. Dentre os inúmeros escândalos dos dois governos de seu pai, ela protagonizou um deles ao ser responsável pela organização Rede 13. A ONG foi acusada por um ex-integrante de fechar as portas logo após receber um repasse do governo federal de 7,5 milhões de reais. Ouvido na a CPI das ONGs, Jorge Lorenzetti, o churrasqueiro de Lula e que auxiliou no fechamento da corporação, afirmou que, na verdade, ela “foi extinta sem realizar nenhum convênio(com o governo federal)”. A história nunca ficou bem esclarecida, pois a base governista era maioria na CPI e conseguiu vetar maiores apurações sobre a ONG em questão. O argumento para restringir o trabalho da comissão e deixar de fora eventuais investigações sobre a ONG de Lurian foi estapafúrdio: a possibilidade de elas atingirem o então presidente. Era o período em que o PT era hegemônico no Congresso e na opinião pública e declarações como essas vindo de um parlamentar não geravam tanta repercussão social.
Após o episódio, Lurian passou a acumular cargos de indicações políticas. Ela foi secretária de Ação Social da prefeitura de São José e Chefe de gabinete do prefeito Djalma Berger, além de assessora parlamentar do então deputado federal Gabriel Chalita, ganhando sempre salários razoavelmente altos.
2) O genro de Lula que fazia lobby no governo para empresários condenados por formação de quadrilha
Esposo de Lurian, Marcelo Sato protagonizou escândalos quando Lula ainda sentava na cadeira presidencial. Ele foi assessor parlamentar nos mandatos de Ana Paula Lima, Deputada Estadual pelo PT em Santa Catarina, que é casada com Décio Lima, Deputado Federal em exercício.
O empresário Chico Ramos, sócio-controlador da Agrenco do Brasil S/A, mantinha relações bastante próximas a Sato e Décio. À época, relatório da Polícia Federal mostrou troca de mais de 100 ligações e e-mails entre eles, com Ramos pedindo e obtendo facilitações no desenrolar de questões pendentes em órgãos públicos. Não deve ser difícil imaginar quantas portas um lobista do convívio familiar do, a época, homem mais poderoso do país, deve conseguir abrir.
Em troca dos auxílios, segundo as declarações à Justiça Eleitoral, a Agrenco doou mais de um terço dos cerca de R$ 450 mil da campanha eleitoral que levou Décio Lima à Brasília, em 2006.
Marcelo foi ainda investigado na Operação Influenza, movida pela Polícia Federal, após ser flagrado em gravações com uma quadrilha de empresários de Santa Catarina e de São Paulo, apontados como responsáveis por desfalques milionários contra os cofres públicos.
As conversas telefônicas indicavam o mesmo padrão: ele atuando como lobista junto a órgãos públicos federais. O genro do petista fazia tráfico de influência e atuava até mesmo agendando reuniões entre autoridades governamentais e os empresários, posteriormente condenados criminalmente. Em uma das conversas, Sato negociou o recebimento de 10 mil reais com o empresário João Quimio Nojiri, que chegou a ser preso.
Ao final de tudo, o genro de Lula foi absolvido porque todas as provas reunidas pelo Ministério Público contra ele foram consideradas nulas, isto é, não puderam ser levadas em conta judicialmente. Tudo isso aconteceu por um mero detalhe processual: a juíza do caso considerou os grampos ilegais por terem sido autorizados apenas pela Justiça Estadual, onde as investigações iniciaram. Como ao longo da ação penal – em virtude das matérias envolvidas – o processo passou a ser de competência da Justiça Federal e não houve novas autorizações de gravações, elas foram anuladas do processo. Sem essas gravações, ele acabou sendo inocentado.
3) A peça de teatro da neta de Lula que conseguiu patrocínio da Oi
Filha de Lurian e Marcelo, Maria Beatriz da Silva Sato Rosa é a neta mais velha do ex-presidente. Conhecida como Bia Lula, atualmente é secretária da Juventude do Partido dos Trabalhadores de Maricá. Era a aposta do partido para eleger-se em 2018, mas acabou desistindo de concorrer em virtude do receio de hostilidades.
Quando adolescente, Bia foi protagonista de um caso, no mínimo, fora da curva. Por um ano e três meses uma produtora de teatro carioca buscou junto a grandes empresas privadas e estatais, sem sucesso, patrocínio para a realização da peça A Megera Domada, de William Shakespeare.
Tamanha demora na captação de recursos indica que o evento era inviável economicamente. Apesar disso, bastou uma mudança no elenco, que passou a ser estrelado pela neta do ex-sindicalista, que a Oi decidiu patrocinar o espetáculo em R$ 300 mil. O detalhe é que Beatriz não era uma grande atriz: tratava-se, na verdade, de sua peça de estreia.
4) Os empregos fantasmas da nora de Lula e seus amigos
Casada com o quarto filho de Lula, Sandro Luís Lula da Silva, Marlene Araújo Lula da Silva recebe um salário de R$ 13.500,00 mensais para atuar no Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria, o Sesi, em São Paulo.
Ela usava o nome de solteira, Araújo, a fim de evitar despertar atenção da imprensa, o que funcionou por alguns anos. Em 2014, no entanto, sua atuação passou a ser questionada. Embora estivesse já há 7 anos na corporação, não soube informar quais atividades exercia à reportagem da Época, além de ser constatado que ela raramente aparecia ao local de serviço. A Controladoria-Geral da União abriu processo contra Marlene e outros funcionários identificados como fantasmas nos quadros da entidade, sendo todos indicados por Lula e pelo PT, além de reberem altas remunerações.
Entre eles está o amigo do ex-presidente e, em tese, colega de trabalho de Marlene, Rogério Aurélio Pimentel, que ganhava 10 mil reais por mês sem ir ao escritório. Ele trabalhou no gabinete pessoal da presidência nos oito anos de mandato de Luiz Inácio e, após Dilma Rousseff chegar ao Palácio do Planalto, ele foi alocado neste sindicato.
O Sesi era utilizado ainda para empregar outros empregados fantasmas ligados ao PT. Entre eles Márcia Regina Cunha (esposa do ex-deputado João Paulo Cunha, condenado no mensalão), que recebe R$ 22 mil por mês desde 2003; Osvaldo Bargas, ex-diretor da CUT, que embolsa 23 mil; Douglas Martins de Souza, ex-secretário adjunto da Secretaria de Igualdade Racial no início do governo Lula, com vencimentos de 36 mil reais, o mesmo valor da sindicalista Sandra Cabral, amiga de Delúbio Soares.
5) O filho de Lula que recebia dinheiro do PT para ficar em casa
Sandro Luís também já teve seu emprego fantasma para contar história. Entre 2002 e 2005, ele era registrado como funcionário do PT paulista, sem nunca ter aparecido no partido. Ao serem questionados sobre a atuação de Sandro, os empregados que atuavam no local demonstraram não conhecê-lo e, segundo apuração da Folha de São Paulo, entraram em contradições sobre sua função e tempo de trabalho.
À época, Sandro ainda estava na faculdade, mas seu salário era de R$ 1.522 mensais. Corrigida pela inflação, a importância monetária corresponderia hoje a mais de R$ 4.500,00. Nada mau para um estagiário que, segundo o partido, “prestava serviços de informática à distância”.
6) A empresa dos filhos e da nora de Lula que mesmo sem funcionários faturou mais de 200 mil reais em um ano
O mesmo Sandro possui, junto com Marlene e seu irmão, Marcos Claudio, a FlexBR, empresa de consultoria em tecnologia da informação. Embora em 2014 tenha recolhido repasses do Instituto Lula de 114 mil reais e mais de 72 mil reais da L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações (pessoa jurídica de palestras do ex-presidente), a FlexBR sequer site tem, tampouco funcionário registrado.
Atualmente, a Operação Lava Jato está investigando essas transferênciassob suspeita de serem, na verdade, ocultação de propina. O presidente do instituto, Paulo Okamotto, foi intimado em 2017 para apresentar comprovantes da prestação de serviços que justificassem esses valores.
7) A empresa do filho de Lula que quadruplicou o faturamento reduzindo seus funcionários
Da mesma forma que a FlexBR, a sociedade empresária G4 Entretenimento, em que outro filho de Lula é sócio majoritário, está sob investigação da Lava Jato por suspeita de ter sido utilizada para ocultar pagamentos de propina. A contestação se dá pela sociedade empresária ter recebido mais de 1,3 milhões de reais em repasses do Instituto Lula. Esse montante representa mais recursos que todas as demais empresas destinatárias de valores do instituto ao longo de sua atuação.
A organização presta atividades de suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação. Chamou atenção dos investigadores da Lava Jato o fato de a distribuição dos lucros da G4 não observar em alguns anos a composição societária da empresa. Fabio Luis Lula da Silva, também conhecido como Lulinha, detém metade das ações da corporação, mas recebeu 100% dos lucros dela em 2012, 96% em 2013 e 62% em 2014, um indicativo de negócios ilegais.
Ademais, a despeito do vultuoso faturamento, entre 2009 e 2010 a firma sequer tinha funcionários. Em 2012 tinha três, no ano seguinte oito e, embora tenha reduzido para seis funcionários em 2014, os recebimentos da G4 vindos do Instituto saltaram de R$ 263 mil reais para mais de um milhão de reais. Por determinação judicial o instituto também precisará comprovar a prestação de serviços da empresa à organização.
8) O trabalho copiado da internet do filho de Lula que valeu 4 milhões de reais
Caçula de Lula, Luís Cláudio é dono da LFT Marketing Esportivo, negócio de consultoria desportiva. A quebra do sigilo bancário dele revelou que eles receberam quase 10 milhões de reais desde 2009. A despeito dos valores significativos, a organização não possui nenhum funcionário.
A capacidade técnica demonstrada às autoridades não parece justificar tamanho faturamento. O trabalho entregue para comprovar a prestação de serviço à empresa de diplomacia Marcondes & Mautoni foi copiado da internet. Pelo trabalho receberam 4 milhões de reais. Dessa forma, ao que tudo indica, a organização nem sequer transmite expertise em consultoria.
A Marcondes é investigada pela Operação Zelotes e é acusada de comprar medidas provisórias durante o Governo Lula e Dilma Rousseff. A pessoa jurídica de Luís Cláudio teria intermediado essas transações. Atualmente seus bens estão bloqueados judicialmente.
9) O sobrinho que enriqueceu por influência de Lula
Taiguara Rodrigues era até 2009 um pequeno empresário da cidade de Santos, sendo sócio de uma empresa que fazia fechamentos de varandas em apartamentos. Isso mudou quando ele decidiu abrir empresas e utilizar-se da influência de seu tio, à época presidente da República, para fechar contratos no exterior.
A vida modesta que levava – vivia em uma casa com quarto e sala e um carro velho na garagem – mudou. Fechou contratos no exterior e passou a ostentar viagens em várias capitais do mundo, viver em uma cobertura duplex em Santos e andar de Land Rover, um veículo avaliado em mais de 200 mil reais.
A reviravolta na vida de Taiguara ficou mais fácil de ser entendida a partir de delação de Marcelo Odebrecht à Lava Jato. Foi revelado que Lula pediu que a empreiteira contratasse a empresa de Taiguara para obras realizadas na Angola.
A criação da empresa nada mais foi que um meio de usufruir da influência de seu tio, Lula. Taiguara chegou a levar para reuniões fotos autografadas por Lula para facilitar negociação de contratos.
O valor recebido pela empresa entre 2009 e 2015 foi de R$ 20 milhões.Esses contratos envolviam ainda financiamento do BNDES, isto é, você pagou por eles. O caso é mais um em que o ex-presidente é réu e responde por tráfico de influência.

Texto de Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal na Gazeta do Povo 
https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/9-exemplos-de-como-e-bom-ser-proximo-lula

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Privatizar é solução para crescimento de 5%

Carlos da Costa, ex-diretor do BNDES e integrante da equipe da transição de Bolsonaro, afirmou que as privatizações tendem a aumentar o PIB potencial do país. Aliado a outras medidas que ampliem a eficiência da economia, o país poderia crescer 5% em 2020, em sua previsão.Resultado de imagem para bolsonaro e paulo guedes
“Estatais reduzem a produtividade dos países, com decisões que não necessariamente estão em linha com os consumidores, acionistas, com a sociedade como um todo. Então é natural que privatizações aumentem nosso PIB potencial, um dos principais objetivos do nosso governo”, afirmou.

Segundo ele, uma das equipes do grupo de transição está avaliando quais ativos devem ser privatizados.

“Isso gera emprego, prosperidade, riqueza que o Brasil merece depois de tantos anos de recessão”, afirmou.

Reportagem de Laís Alegretti na FSP de 21/11/2018

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/11/governo-bolsonaro-vai-criar-secretaria-de-privatizacoes.shtml

domingo, 4 de novembro de 2018

Hora de reformar o RH do Estado

Texto de Ana Carla Abrão Costa, Armínio Fraga e Carlos Ari Sunfeld escrevem
É preciso avaliar o desempenho dos servidores, cobrar resultados concretos, dispensar quem não cumpre as obrigações de forma satisfatória e investir em capacitação
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Um complexo sistema deu margem para que privilégios se tornassem regra 
Já passou da hora de promover a reforma da administração pública brasileira. Desde 2013, a população clama por mais eficiência dessa máquina e por mais qualidade em seus serviços. Dentre as demandas legítimas, incluem-se melhorias em educação, saúde e segurança, cruciais em um país tão desigual. O Brasil ostenta a terceira pior distribuição de renda do mundo. Mais da metade da população depende do Estado para acessar condições melhores de vida. Só a educação de qualidade pode permitir que os filhos de famílias pobres atinjam níveis de renda superiores aos dos seus pais. Só o atendimento de saúde gratuito e adequado garantirá dignidade aos cidadãos que não possam pagar por planos privados de saúde. São também os mais pobres que dependem de um sistema eficiente de segurança pública, para evitar que os filhos sejam cooptados, ou mortos, pelo crime.

Afora motivações de caráter distributivo, a reforma da máquina pública se justifica pela urgência em melhorar a produtividade da economia, estagnada há 20 anos, tendo inclusive caído recentemente. Não haverá como o Brasil crescer e gerar empregos sem elevar a produtividade do próprio setor público. As oportunidades nessa área são enormes e evidentes. A máquina, inchada e cara, falha em entregar serviços adequados em áreas cruciais como educação básica, SUS (apesar do avanço que representou), logística, mobilidade urbana e segurança. De acordo com a OCDE, os índices de satisfação com serviços públicos no Brasil situam-se entre os mais baixos do mundo, principalmente em educação e saúde, onde vêm declinando de forma contínua.
Na tentativa de enfrentar as deficiências, são constantes em todas essas áreas as demandas por mais recursos. Isso se reflete em gastos públicos crescentes há décadas (como proporção do PIB). Os dados são surpreendentes e sugerem uma elevada ineficiência. As despesas com pessoal do Estado brasileiro (em todas as esferas) é alta na comparação com nossos pares na América Latina. De acordo com a OCDE, essas despesas, incluindo benefícios, atingem cerca de 13,3% do PIB (2% mais do que há 10 anos). Na Colômbia e no Chile, estão na faixa de 8,5%, no México, em 9%. Países avançados gastam em média 10,4%. A falta de recursos não parece ser, portanto, nosso maior problema.

Mas chegamos ao limite. O colapso fiscal que vivemos impede que se mantenha a trajetória de crescimento de gastos. A racionalização das despesas é necessária, em especial as obrigatórias, que hoje chegam a 98% do orçamento.

O Estado brasileiro tem sido incapaz de justificar suas políticas públicas e de avaliar seus resultados. No âmbito da gestão de recursos humanos, cabe destacar que muitas categorias de servidores públicos ganham mais do que seus equivalentes na iniciativa privada. Faltam avaliações adequadas de desempenho desses servidores e também investimentos em capacitação, duas ferramentas básicas para valorizar quem presta bons serviços. E falta cobrar resultados concretos e dispensar quem, por anos seguidos, não tem desempenho satisfatório.

Sem projeto.
O Estado abre vagas sem planejamento e seleciona sem testar competências adequadas à função. Depois promove por critérios formais, de forma automática, e remunera sem vínculo com a produtividade. Em muitos casos, as condições de trabalho são péssimas. Com tudo isso, não há incentivos à oferta de serviços de qualidade. Ou seja, o atual modelo de funcionamento da máquina pública colapsou pelo elevado custo, pela ineficiência e, acima de tudo, pela incapacidade de garantir uma boa gestão de pessoas, principal requisito para a prestação de melhores serviços.

Uma parte dos problemas está na Constituição de 1988, que adotou o regime estatutário como base do serviço público, fazendo com que a estabilidade nos cargos se tornasse a regra. Mas não é só. A competência legislativa em matéria funcional ficou pulverizada no Brasil pelos três níveis da federação. Assim, milhares de leis federais, estaduais e municipais foram multiplicando os problemas. Esse complexo sistema infraconstitucional, incontrolável, deu margem a que, ao longo do tempo, privilégios, proteções e garantias se tornassem regra. Essas leis – mais até do que a garantia constitucional de estabilidade – são responsáveis por boa parte dos atuais problemas e distorções.

Tal sistema vem comprometendo os resultados, reduzindo a produtividade e influenciando no crescimento desordenado e vegetativo dos gastos com pessoal. Esse conjunto de leis – piorado pela captura corporativista dos processos internos – fez com que, na prática, o regime dos servidores conferisse proteção e benefícios em excesso, impedindo o uso efetivo de ferramentas de gestão de pessoas. Só no executivo federal, são 309 carreiras distintas, representadas por 267 associações. Em cada Estado esse número ultrapassa uma centena. Basta multiplicar por 27 e somar as carreiras dos 5.570 municípios para se compreender o tamanho do desafio.

A revisão desse conjunto pulverizado de leis tem de ser, portanto, a chave de uma ampla reforma administrativa brasileira. Sem mexer nisso, será inútil mudar mais uma vez as regras constitucionais da estabilidade, o que já foi feito em 1998, sem resultado prático.

Dada a autonomia federativa constitucional, essa revisão tem de ser feita nos três níveis da federação. Uma proposta objetiva seria começar pelo governo federal, tendo como primeiro pilar um projeto de lei complementar que estabeleça como regras gerais: 1) a exigência de planejamento global, formal e consistente da força de trabalho como condição para novos concursos públicos e novas admissões; 2) a obrigação de avaliação no mínimo anual do desempenho absoluto e relativo de todos os servidores públicos; 3) a proibição das promoções e progressões automáticas; 4) promoções vinculadas exclusivamente ao desempenho e no interesse do serviço público; 5) promoções condicionadas à existência de vagas no nível superior, as quais têm de ser em número muito limitado.

Adicionalmente, como segundo pilar, há que se reduzir a complexidade e corrigir de forma definitiva os vícios e a excessiva pulverização de carreiras. Para isso, propõe-se criar nova carreira, de caráter generalista, no serviço público federal, nos moldes de estudos elaborados no Ministério do Planejamento.

Todas as novas contratações deveriam se dar nessa nova carreira, que paulatinamente assumiria as funções das atuais carreiras, terminando por substituí-las. Isso é capaz de corrigir as distorções de remuneração no setor público, alinhando os salários iniciais aos do setor privado e ampliando as distâncias entre estes e os vencimentos finais da carreira. O caráter generalista da nova carreira impediria que argumentos de desvio de função limitassem, como ocorre hoje, a mobilidade dos servidores entre diferentes órgãos ou funções. Nessa nova carreira, também não podem existir progressões e promoções automáticas.

O terceiro pilar da proposta seria a extensão das soluções acima para os Estados e municípios, que são os principais provedores de serviços básicos e onde os potenciais ganhos de eficiência são ainda mais relevantes. Este é um capítulo bastante desafiador, dada a autonomia desses entes federativos. Essas reformas poderiam ser estimuladas por uma revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Esta lei precisa de urgente ajuste quanto aos conceitos de despesa de pessoal, de forma a incorporar rubricas atualmente ignoradas nos cálculos. Um efeito imediato desse ajuste será tornar clara a realidade: a grande maioria dos entes subnacionais já não cumpre os limites previstos pela LRF.

Nesse contexto seria razoável a criação de disposição transitória que autorize um período de reenquadramento de 10 anos, autorização essa que poderia ser condicionada à adesão à reforma da função pública segundo os pilares referidos. Como no caso federal, as inúmeras leis estatuais e municipais sobre a função pública teriam de incorporar a avaliação de desempenho, os impedimentos a promoções e progressões automáticas e a sua vinculação ao desempenho, além da obrigatoriedade de estudos de planejamento da força de trabalho como condição da abertura de novas vagas. Da mesma forma, também nesses Estados e municípios, as diversas carreiras seriam substituídas por carreira única, segundo os conceitos expostos acima.

Finalmente, como quarto pilar, propõe-se uma ampla revisão e fortalecimento dos processos internos de gestão de pessoas, em particular quanto à instauração de processos administrativos disciplinares que, juntamente com as avaliações de performance, deveriam seguir modelos, critérios e obedecer a prazos que garantiriam a efetiva implantação das novas exigências legais. Além disso, dever-se-ia promover ampla transparência para que os resultados pudessem ser acompanhados e também avaliados.

Esforço inicial.Essas são as bases de uma reforma administrativa que poderia alterar de forma estrutural o funcionamento do Estado no Brasil. Embora complexa, dadas a amplitude e a pulverização das leis que ela visa a atingir, a reforma pode ser iniciada antes de qualquer alteração constitucional. De qualquer modo, ela exigirá do governo federal grande esforço de coordenação, sem o que sua implantação no nível subnacional, onde é mais necessária, jamais ocorrerá.

Se o governo eleito não for capaz de, com clareza e consistência, iniciar a reforma do regime da gestão pública, estará comprometendo o possível sucesso de outras reformas, também urgentes, de que o país precisa para encontrar um caminho sustentável para o desenvolvimento social e econômico.

Texto de Ana Carla Abrão Costa*, Armínio Fraga** e Carlos Ari Sunfeld***
n'O Estado de S.Paulo de 04/11/2018

*ECONOMISTA, SÓCIA DA OLIVER WYMAN CONSULTORIA

**ECONOMISTA, SÓCIO DA GÁVEA INVESTIMENTOS

***ADVOGADO, PROFESSOR TITULAR DA FGV DIREITO SP

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,hora-de-reformar-o-rh-do-estado,70002583603

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Capitão ameaçou explodir bomba

RECORDAR É VIVER
Na sua entrevista ao Roda Viva, o deputado Jair Bolsonaro disse o seguinte: "Fui acusado por uma jornalista de ter um plano de botar bombas na Vila Militar. O Superior Tribunal Militar arquivou o processo."

Não foi bem assim. Em 1986, numa entrevista a uma repórter da revista Veja, Bolsonaro e outro oficial falaram em explodir uma bomba na adutora do Guandu, que abastece o Rio de Janeiro. Seriam apenas palavras, mas durante o encontro Bolsonaro fez um desenho primitivo, mostrando um trecho da adutora, o local da bomba, o percurso da fiação e a localização do detonador, com um reloginho.
Bolsonaro defendeu-se apresentando dois exames grafotécnicos inconclusivos. Dois outros, um deles da Polícia Federal, concluíram que a caligrafia era dele. O Conselho de Justificação informou que ele "mentiu durante todo o processo" e considerou-o culpado.

O processo foi ao Superior Tribunal Militar. Em 1988, o empate ocorrido nas perícias deu-lhe o benefício da dúvida, e ele foi absolvido por 8 votos contra 4. O capitão Bolsonaro deixou a tropa e foi para a reserva.

Esta reportagem está em vários órgãos de mídia e fui relembrada pelo Elio Gaspari em 05/08/2018
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2018/08/fux-matou-no-peito-e-fez-gol-contra.shtml

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Cidadãos no lugar de sindicalistas de toga e beca

Em vez da inspiração em cangaceiros, há que ponderar a experiência de países civilizados

É velha de mais de 500 anos a desconfiança contra os cidadãos brasileiros. No sistema de Justiça, converter a aplicação da lei em algo sempre especializado, só compreensível pelos bacharéis, com fórmulas misteriosas e formulários labirínticos, é um dos grandes estratagemas do patrimonialismo rentável.

O populismo autoritário latino-americano sempre seguiu a mesma linha. Para fazer valer a desconfiança contra os cidadãos, mas manter as aparências, a clava do controle social do Judiciário - e da imprensa, outra inimiga gramsciana. Todo poder às milícias vestidas de movimento social. Os conselhos populares de justiça dos militantes, não dos cidadãos.

No Brasil, a reforma do Judiciário de 2004 foi a aliança parlamentar inaugural entre o patrimonialismo e o populismo autoritário. A definição dos Poderes de Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário -, núcleo central da vida em sociedade, é motivo de discordâncias inconciliáveis, em todos os tempos, em todos os países. Por aqui houve unanimidade entre situação e oposição na aprovação da reforma do Judiciário. Hoje as páginas policiais registram que a explicação pode estar no comércio ecumênico de algumas lideranças parlamentares da situação e da oposição.

Antes de chegar a essa reforma, a primeira do governo Lula, contra o último Poder de Estado ainda livre - isso diz muito sobre o desejo desmedido de “tomada do poder” -, alguns movimentos importantes foram feitos no sistema de Justiça. O governo do presidente Lula criou a Secretaria de Reforma do Judiciário dentro do Poder Executivo, órgão inconstitucional de intervenção desabrida de um Poder de Estado sobre outro.

A investida veio com o famoso discurso presidencial de abril de 2003, de denúncia da caixa-preta do Judiciário, com a citação inspiradora de um cangaceiro: “Como dizia Lampião em 1927, neste país quem tiver 30 contos de réis não vai para a cadeia. Ainda em muitos casos prevalece exatamente isso”.

Ao lado da criação inconstitucional da Secretaria da Reforma do Judiciário, outro movimento importante foi inocular o assembleísmo corporativo-sindical não apenas na Procuradoria-Geral da República, mas também nos cargos estratégicos do Ministério Público Federal, em todo Brasil. Os cargos de liderança pública da Nação - presidente da República, ministros do Supremo Tribunal Federal e procurador-geral da República, entre outros - são submetidos a requisitos estritos, segundo a liturgia cerrada da democracia.

No dia da eleição, o cidadão não pode escrever no voto que seu candidato a presidente da República, para a escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal, deverá exigir condições estranhas ao ritual da Constituição. Muito menos poderá fazê-lo o próprio presidente da República. Trata-se, é elementar, de questão indisponível.

Não obstante, uma entidade de classe privada, a Associação Nacional dos Procuradores da República, resolveu fazer lista tríplice censitária por meio da qual apresentaria três “eleitos” só por seus associados. Em junho de 2003 o presidente lula nomeou procurador-geral da República o “mais votado” na lista tríplice inconstitucional. Em setembro de 2003 o procurador-geral da República baixou uma portaria para regulamentar a “eleição” para os cargos estratégicos da instituição em todo Brasil.

Nos Estados, em sistema de chapas, como nos sindicatos, o procurador-chefe, o procurador eleitoral e o procurador dos Direitos do Cidadão passaram a ser eleitos sem nenhum critério. São três posições estratégicas. A primeira tem o poder administrativo organizacional. A segunda, atribuição sobre a classe política. E a terceira torna viáveis ações relevantes contra o poder econômico.

Assim foi feita a verticalização nacional do poder no Ministério Público Federal, da cúpula, em Brasília, até os cargos estratégicos nos Estados. Contra a Constituição. Contra a lei. Por uma portaria.

Quebrado o cristal da institucionalidade, com a conivência ou o adesismo das lideranças do sistema de Justiça, veio a reforma do Judiciário. Nela, o cidadão foi lembrado para pagar a conta de quatro conselhos de Justiça - o Brasil é o único país do mundo a sustentar tal estrutura.

A expansão de cargos públicos, porém, não ficou restrita a isso. O orçamento do Poder Judiciário foi direcionado para sustentar a nova elite sindical judiciária. É oportuno lembrar que o Judiciário brasileiro é um dos mais caros do mundo.

A estrutura gigantesca e dispendiosa serve ao conforto da nova elite sindical surgida com a reforma do Judiciário, mas a magistratura séria e trabalhadora continua a enfrentar o trabalho pesado, em condições adversas, sob intimidação difusa.

A sociedade precisa jogar as luzes da democracia sobre a reforma do Judiciário do patrimonialismo com o populismo autoritário. A Secretaria da Reforma do Judiciário já foi extinta, no curso da agonia do governo Dilma Rousseff.

A Procuradoria-Geral da República deve ser direcionada aos procuradores fiéis à República, não ao corporativismo sindical. Desfazer o grave prejuízo nos cargos estratégicos do Ministério Público Federal é imprescindível.

Uma emenda constitucional deve iniciar a reforma cidadã da administração da Justiça. Além de resgatar a magistratura séria e trabalhadora e acabar com o sindicalismo judiciário, o Congresso Nacional precisa dar voto de confiança ao cidadão e ampliar a instituição do júri, para matéria cível inclusive.

Em vez de buscar a inspiração em cangaceiros, devemos ponderar a experiência de outros países civilizados, onde prevaleceu a compreensão de que o júri de cidadãos é poderosa escola de civismo e instrumento de diminuição dos custos do sistema de Justiça.

O sujeito central do sistema de Justiça deve ser o cidadão, não os sindicalistas de toga e de beca.

Texto de Fávio Prieto de Souza, desembargador federal (TRF-3), diretor conselheiro internacional da
Internacional Association of Tax Judges, n'O Estado de São Paulo de 26/10/2018

https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4036561524199564942#editor/target=post;postID=7161094888654345538
A Erika Gorga escreveu a respeito deste texto 
SOBRE O SINDICALISMO DO PODER JUDICIÁRIO SEGUNDO O DES. FÁBIO PRIETO DE SOUZA
O Desembargador Fábio Prieto critica, no Estado de S. Paulo de hoje, o Judiciário:
1) Critica a eleição da lista tríplice do Ministério Público para Procurador Geral da República. Diz que a eleição está ocorrendo SEM CRITÉRIOS TÉCNICOS e aclamando os procuradores que ocuparam a máquina do Ministério Público, com a mesma perversão dos sindicatos. Diz que a eleição é contra a Constituição e contra a Lei.
2) Diz que o Judiciário brasileiro é um dos mais caros do mundo e diz que "o orçamento do Poder Judiciário foi direcionado para sustentar A NOVA ELITE SINDICAL JUDICIÁRIA."
3) Diz que magistratura séria e trabalhadora está refém da elite sindical judiciária e do corporativismo sindical.
4) Defende a expansão do sistema de júri em varas cíveis (prática do direito americano, ou seja de "common law") para religar a magistratura ao cidadão comum.



HADDAD E O KIT GAY

Durante os 25 anos em que tive atuação partidária, colaborei ou coordenei diversos planos de governo para eleições estaduais gaúchas e pleitos municipais de Porto Alegre. Conheço bem o volume de trabalho exigido e a seriedade com que se executam as muitas consultas, se organizam os grupos técnicos, se desenvolvem as rodadas de reunião e são elaborados os documentos finais.

O plano de governo do PT para esta eleição presidencial foi coordenado por Fernando Haddad a pedido de Lula. À época, este tentava fazer com que sua impossível candidatura descesse pelo esôfago do ordenamento jurídico e das instituições da República. Não passou. Assim, o plano que fora feito para Lula acabou sendo usado pelo seu autor, que o formalizou junto ao TSE. De Haddad para Haddad.

O atual candidato, dito “o Poste”, tem em seu currículo, além de alguns livros de cunho esquerdista sobre socialismo, marxismo, regime soviético e teoria da linguagem, uma gestão desastrosa no Ministério da Educação, marcada pelo aparelhamento de sua burocracia e das universidades federais. Poucos titulares do MEC dispuseram de tanto tempo no comando da pasta. Foram sete longos anos! E a decadência da educação brasileira é de conhecimento geral. Os subsequentes quatro anos de Haddad como prefeito de São Paulo lhe conferiram troféus de demérito, entre eles o de péssimo prefeito, certificado pelo abandono do eleitorado na tentativa de reeleição.

Devo à presidente Dilma a melhor lembrança que guardo da passagem de Haddad pelo Ministério de Educação. Foi quando ela mandou o órgão arquivar o projeto do kit gay, inteiramente desenvolvido na gestão do ministro petista. A tarefa de comandá-lo foi atribuída à sua Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC (creia, isso ainda existe!).

Com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação e uma faina produtiva que se prolongou durante quatro anos, ao custo de R$1,9 milhão, foram elaboradas as peças que integravam o kit. Quando chegaram ao conhecimento público (há um vídeo explicativo aqui), constatou-se que seu intuito era fazer nas salas de aula o que as novelas da Globo introduzem, diariamente, em tantos lares brasileiros: promoção do homossexualismo. Isso, claro, nada tem a ver com a necessária prevenção da discriminação.

Pois o assunto votou à tela no plano de governo do ex-ministro. Ali estava com todas as letras, num eufemismo tipicamente petista, o compromisso do candidato com “políticas de promoção da orientação sexual e identidade de gênero”. Nenhum veículo da grande imprensa – ocupada em desancar o incômodo Bolsonaro – deu qualquer destaque aos vários pontos do programa de Haddad que o próprio candidato, quando tornados públicos pelas redes sociais, se apressou a modificar junto ao TSE! Entre eles, esse. Flagrado pelos leitores, Haddad correu para alterar o teor de seu compromisso e passou a falar em “políticas de combate à discriminação em função da orientação sexual e identidade de gênero”.

Mas todo mundo sabe o que o PT realmente sempre quis e continua querendo, não é mesmo?

Texto de Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

Copiado do blog Diário do Poder
https://diariodopoder.com.br/haddad-e-o-kit-gay/

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Minas e o Brasil merecem o Novo

O 'café com leite estragado' PT-PSDB precisa acabar
As urnas no primeiro turno mostraram que os brasileiros e nós, mineiros, queremos mudanças radicais na política. Se a reforma política não foi feita adequadamente no Congresso, no voto dos parlamentares, a população brasileira mostrou que quer o novo, com suas escolhas nesta eleição.

A lógica fisiológica aproximou o PSDB do PT, dois partidos que se alternaram no poder tanto em Minas como no Brasil, se aliando às outras siglas que giram em torno desse sistema em que quem paga mais leva o apoio político. O resultado dessa política do "café com leite estragado" está aí: desemprego de milhões de pessoas.

Hoje, não só a população mineira, como a de outros estados, quer novos ares na política. Todos estão fartos das mordomias dos políticos, da insegurança pública, da deterioração dos serviços de saúde e educação e da redução do poder de compra da população. Sem contar a alta carga tributária, cuja maior parte está jogada nas costas dos empreendedores e do setor produtivo, que pagam a conta da velha política.

É urgente uma nova e eficiente forma de gestão pública, que priorize o equilíbrio das contas. É fundamental reduzir gastos com responsabilidade e austeridade, cortar com rigor cargos de indicação política e otimizar a estrutura administrativa com uma reforma que enxugue o tamanho da máquina pública, sem, no entanto, reduzir o atendimento às demandas da sociedade.

Temos presenciado em Minas muitas notícias falsas sobre nossa proposta de governo. Ao contrário do que estão dizendo, nunca afirmamos que passaríamos o monopólio estatal para o privado.

Nossa proposta é estabelecer parcerias público-privadas, pois o Estado sozinho, que está quebrado, não tem como arcar com todos os investimentos que são necessários. Vamos enfrentar velhos problemas com novas soluções!

A verdade é que, antes de falarmos de privatizações, concessões e outras parcerias público-privadas, precisamos resgatar a valorização do nosso Estado. Isso começa pela recuperação desse cenário de calamidade financeira e desrespeito com o funcionalismo, que vem recebendo salários parcelados.

Precisamos renegociar a dívida de Minas Gerais com a União, e acredito que a renovação também no governo federal vá permitir que Minas --assim como outros estados em situação de falência-- tenha condições de renegociar suas dívidas em âmbito federal.

O momento exige um jeito diferente de fazer política e somente pessoas com ideias novas têm condições de fazê-lo, sem o toma lá dá cá da velha política.

Os políticos de sempre --alguns, inclusive, "demitidos" nas urnas pelos eleitores no último dia 7-- não resolverão os problemas que eles mesmos criaram. Eles são o próprio significado do problema: corrupção, ineficiência, apadrinhamento.

Somos do Novo, mas não somos novatos em gestão. Queremos um governo que jogue no time do cidadão e não contra ele. Tenho 30 anos de experiência como gestor, com formação pela Fundação Getulio Vargas.

Eu me formei numa sexta-feira e, na segunda, já estava trabalhando.

Na minha trajetória, fui cobrador, frentista, balconista, estoquista, caixa, comprador, vendedor, analista de marketing, analista comercial, gerente. Nossa equipe transformou quatro lojas em mais de 450 lojas, gerando emprego e renda para mais de 5.000 pessoas.

Temos de inovar o jeito de governar. Por isso, o Brasil e Minas merecem o Novo. Acredito que a meritocracia e a eficiência de gestão no poder público sairão vencedores nas urnas neste domingo (28). Vamos retomar o orgulho de sermos mineiros.

Texto de Romeu Zema, candidato ao governo de Minas pelo Novo; empresário, formado em administração de empresas (FGV) na Folha de São Paulo de 24/10/2018

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/10/minas-e-o-brasil-merecem-o-novo.shtml

domingo, 21 de outubro de 2018

Controles internos na Petrobras? Existiam e foram desmontados pelo PT

Controles internos?
Eles existiam e foram deliberadamente desmontados pelas lideranças da Petrobrás

Acho que como muitos brasileiros posso ser desculpado por estar irritado com a política. O período eleitoral parece ter sido desenhado para ser um desfile de platitudes, promessas e inconsistências. Mesmo consciente desse cenário, minha irritação atingiu o ápice ao ler declarações de um candidato de que nossas empresas estatais tiveram problemas porque “faltou controle interno”.
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Tive o privilégio de servir no Conselho de Administração da Petrobrás entre 2013 e 2015. Quando assumi o cargo ainda não havia sido deflagrada a Operação Lava Jato e quando saí a empresa reconhecia perdas de mais que R$ 50 bilhões em seu balanço - que nem assim contou com meu voto favorável.

Ao assumir, a primeira coisa que chamou a minha atenção foi a pletora de políticas e controles internos na companhia. Não havia uma só atividade citada nos manuais de boas práticas de governança que não estivesse documentada e controlada. Se há alguma coisa que não faltava na Petrobrás era controle interno. Mas a Petrobrás só tinha boa governança para inglês ver. A partir da gestão de José Sergio Gabrielli teve início um processo de desmonte deliberado dos gatilhos de governança, na prática tornando inócuos os controles existentes.

A companhia tinha um conselho de administração bovino. Todos os membros indicados pelo governo votavam em uníssono a favor das propostas do controlador. O comitê de auditoria, quando começou a fazer perguntas incômodas, foi obliterado para ser mais cordial, eliminando os independentes.

O modelo da diretoria executiva colegiada foi concebido na gestão Reichstul, com o objetivo de impedir a criação de feudos na companhia. Numa empresa de complexidade crescente, a instrução das matérias era de extrema importância. Para tanto existiam os chamados comitês de negócios, compostos por gerentes executivos de todas as diretorias relevantes. Assim, se eu sou o diretor da área A, posso votar o assunto da área B porque ele terá sido examinado por um grupo de executivos experientes, inclusive da minha área.

Um dos primeiros passos da destruição da governança da Petrobrás foi a eliminação prática desses comitês. Como consequência, os diretores começaram a aprovar as matérias dos seus colegas na base da confiança, criando de fato os feudos que o desenho da governança tentava impedir.

Quando entendi o sistema indaguei a um diretor como ele aprovava matérias dos seus colegas em valores bilionários sem se aprofundar nos temas. Ele respondeu: “Conselheiro, esta empresa investe 300 milhões de dólares por dia… Se formos olhar cada matéria em detalhe, vamos paralisar a companhia”. Paralisado fiquei eu. As atas da diretoria eram desprovidas de registros úteis para evidenciar qualquer debate relevante.

Outra ação proposital dizia respeito à política de alçadas. O estatuto da Petrobrás estabelecia que os limites de alçada deveriam ser determinados anualmente pelo conselho. Logo ao assumir verifiquei que a última deliberação a respeito havia sido dez anos antes!

O estatuto mandava determinar anualmente os valores dos incisos relevantes, “especialmente” cinco deles . Não constava na lista do “especialmente” o inciso que tratava de transações com partes relacionadas. E a administração considerava que, como não estavam na lista do “especialmente”, não havia necessidade de determinar limites! Em outras palavras, para incorporar uma subsidiária inoperante (e, portanto, imaterial), convocava-se o conselho. Mas para o leilão de Libra, que envolvia investimentos de bilhões, o conselho não era chamado.

No desenho da política de alçadas, estabeleceram valores para quase todas as linhas, exceto aquelas incluídas no Plano de Negócios e Gestão (PNG). Esse plano era apresentado anualmente ao conselho, após um belo PowerPoint. Como resultado, aprovava-se um plano de investimentos de US$ 50 bilhões por ano. E a diretoria ainda tinha o poder de remanejar verbas. Isto é, tratava-se de um cheque em branco de US$ 50 bilhões para a diretoria - e a partir desse momento o conselho não tinha mais ingerência alguma sobre a alocação de capital.

Tampouco era possível ao conselho enxergar os desastres que se avizinhavam nos grandes investimentos. Não havia reportes do seu andamento ao conselho. Apenas no final de 2014, depois de muito esforço, o conselho recebeu pela primeira vez um book sobre o andamento físico-financeiro dos investimentos. Mas aí já era tarde demais...

A lista de problemas continua, e seguramente não caberia neste espaço. Sempre com a mesma temática: controles formalmente existentes, mas operados de maneira proposital para não serem eficientes. Um líder sindical comandando a área de recursos humanos, desenhando acordos que produziam perdas bilionárias na justiça. Um ouvidor-geral que fora assessor de um importante ministro (hoje condenado pela Justiça), assegurando que nenhum funcionário teria coragem de utilizar o canal para fazer uma denúncia sobre corrupção. Relatórios internos que demonstravam a inviabilidade de alguns investimentos, ignorados. Demonstrações contábeis mentirosas feitas com a cumplicidade de quem deveria zelar por sua integridade. Cegueira deliberada em todas as áreas.

Fiz menção a esses problemas em depoimento à CPI da Petrobrás, em 2015. Alguns dos assuntos dormitam nos procedimentos internos do Tribunal de Contas da União e da Comissão de Valores Mobiliários, sem que tenha havido responsabilização adequada até hoje.

Por tudo isso, sr. candidato, é importante que se diga que não faltaram controles internos à Petrobrás. Eles existiam e foram deliberadamente desmontados pelas lideranças de então. Ignorar esse fato é má-fé - ou praticamente confessar que, na hipótese de retorno daquelas lideranças, o pesadelo voltará.

Texto de Mauro Rodrigues da Cunha, que foi membro do Conselho de Administração da Petrobras de Abril de 2013 a Abril de 2015 n'O Estado de São Paulo de de 20/09/2018
https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,controles-internos,70002555116

Estamos ainda distantes do Brasil que queremos

Voto contra o PT, mas não em algo em que acredito
A disputa eleitoral chega ao fim no próximo domingo.


O Estado brasileiro, ao longo dos anos, foi aparelhado para atender aos interesses da classe política, e o cidadão, que paga as contas, ficou em segundo plano. Ao mesmo tempo que cresceu em gastos, na arrecadação de impostos e na interferência na vida das pessoas, o Estado apresentou um desempenho medíocre na prestação dos serviços essenciais. Nesse quadro disfuncional, a eleição do próximo presidente da República é de extrema importância para todos.

Infelizmente, o Partido dos Trabalhadores, que deveria ter seu registro no mínimo questionado, conseguiu novamente pautar o debate eleitoral. Utilizou a estratégia de sempre: dividir a sociedade brasileira para se fortalecer.

Assim, mesmo em um cenário adverso, obteve resultados importantes: manteve a maior bancada na Câmara, com 56 deputados, apresentou a menor queda na representatividade entre os seis maiores partidos e levou ao segundo turno um candidato que, há dois anos, como prefeito de São Paulo, não conseguiu esse feito nas eleições municipais. O PT se prepara, assim, para ser a principal força opositora ao provável governo de Jair Bolsonaro.

A grande maioria dos eleitores caiu na armadilha petista de polarizar a disputa eleitoral antes do tempo e discutir apenas o "Ele não" X "PT não". O resultado não poderia ser bom. Caminhamos para ter um governo cujos planos e capacidade de execução desconhecemos, mas com a sensação equivocada de que valeu a pena, pois o "PT foi derrotado".

Nossas elites, com raras exceções, junto com a mídia tradicional, mais uma vez falharam. Não assumiram qualquer protagonismo na defesa de um projeto de longo prazo para o país. Prevaleceu a postura imediatista, omissa e muitas vezes oportunista. Essa conduta explica em boa parte a situação em que nos encontramos hoje, apesar de todo o potencial que temos como nação.

O roteiro para a construção de um país próspero e sustentável, tendo como exemplo nações desenvolvidas, deve ser outro.

Obviamente, ninguém que tenha um mínimo de informação e coerência pode aceitar a existência de um partido como o PT. Uma organização que saqueou os cofres públicos, com esquemas gigantescos de corrupção, que aparelhou o Estado para sua perpetuação no poder e que, com medidas econômicas totalmente equivocadas, causou a pior recessão da nossa história. E ainda, apesar de inúmeros e relevantes membros condenados pela Justiça, se recusa a admitir os seus erros, deixando claro que estaria disposta a fazer tudo novamente.

Entretanto, a saída do PT do poder de forma consistente só acontecerá com a nossa evolução como sociedade. Para isso, é fundamental o surgimento de novas lideranças que pensem nos seus filhos e netos morando no Brasil, que assumam responsabilidades e desejem deixar um legado para o país.

Precisamos também mudar o eixo das discussões de pessoas para ideias. Deveríamos ter discutido: "socialismo não X capitalismo sim", "privilégios para políticos e partidos não X ajuda a quem mais precisa sim", "empresas e monopólios estatais não X livre mercado e concorrência sim", "intervenção estatal não X segurança do indivíduo e da sua propriedade sim". Enfim, um modelo de Estado em que o cidadão seja protagonista, que garanta educação e liberdade a todos os brasileiros para que possam trabalhar, empreender e desenvolver seu potencial.

Neste processo eleitoral, fomos, mais uma vez, guiados pelo medo em busca de um salvador da pátria. Aprendemos pouco com nossos erros e, assim, ficamos mais distantes do Brasil que queremos.

Domingo voto mais uma vez contra o PT, mas, como das vezes anteriores, não é em um projeto em que acredito e que, portanto, defenda ou apoie. Continuarei trabalhando para ajudar na construção de um país admirado, de uma sociedade sem divisões, com oportunidades para todos e onde possamos depender menos da política. Foi para isso que entrei na política.

Texto de João Amoêdo, engenheiro e administrador de empresas; um dos fundadores do partido Novo e candidato à Presidência da República pela legenda em 2018 na Folha de São Paulo de 21/10/2018

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/10/estamos-ainda-distantes-do-brasil-que-queremos.shtml