Saiba como proteger os jovens de quadrilha que incentiva suicídio
Grupo preso acendeu o alerta para a proteção de adolescentes vulneráveis
A prisão de quatro pessoas nesta quarta-feira acusadas de instigarem jovens por meio de redes sociais a cometerem o suicídio acendeu o alerta para a proteção de adolescentes vulneráveis. Na avaliação de Talitha Nobre, psicóloga do Grupo Prontobaby, as famílias precisam estar atentas.– Esses criminosos normalmente acabam indo atrás justamente dos grupos mais vulneráveis, pessoas que já estão em sofrimento psíquico. Então, é importante, antes de qualquer coisa, a percepção dos pais, da família e da rede de apoio que aquela pessoa tem à sua volta. Porque é muito difícil para quem está em sofrimento perceber a condição em que está – disse Nobre.
De acordo com a psicóloga, é importante identificar os sinais de que aquela pessoa não está bem, garantir que ela tenha acompanhamento psicológico e ficar atento ao que aquele jovem tem visto na internet.
— Em casos como esses, os jovens não agem de forma consciente. Estão em sofrimento e acabam persuadidos por pessoas mal intencionadas que se aproximam, criam laços e usam-se disso para persuadi-los a fazer algo que, talvez, não fariam — afirmou a especialista.
Talitha Nobre também afirma que os jovens também precisam entender que, apesar de a internet ter se tornado nosso elo de aproximação durante a pandemia, é preciso ficar atento com quem a gente conversa e não se abrir a quem não conhece.
A operação da Polícia Civil do Distrito Federal que prendeu as quatro pessoas teve mandados de busca e apreensão cumpridos em três estados — Goiás (três endereços), São Paulo (três endereços) e Rio de Janeiro (um endereço) —, além do DF. Um suspeito ainda está foragido.
De acordo com o delegado-chefe da 6ª DP, Ricardo Viana, que está à frente das investigações, a apuração sobre o grupo começou há sete meses, após a polícia ser comunicada a respeito de duas mortes:
— Uma vítima de 21 aos faleceu na região do Paranoá (no DF). Essa vítima ingeriu uma substância que lhe causou a morte. Um mês depois, a amiga dessa vítima também faleceu ao se suicidar ingerindo a mesma substância. Após chegada do laudo pericial dos computadores e do aparelho celular apreendido na residência da primeira vítima, nós chegamos à conclusão que elas faziam parte de um grupo de WhatsApp chamado CTBus. As investigações demonstraram que CTBus faz referência ao termo catch the bus, em inglês temática que faz referência ao suicídio. Nós conseguimos mapear o núcleo desse grupo de WhatsApp e chegamos aos quatro indivíduos.
O policial detalhou como agiam os suspeitos.
— Primeiramente, eles recebiam os novos integrantes, os deixavam bem confortáveis. Falavam que entendiam a sua dor, no intuito de tentar ceifar as suas próprias vidas e, após uma breve ambientação, eles começaram a instigar e auxiliar essas pessoas a se suicidarem — disse ele.
Reportagem de Arthur Leal n'O Globo de 30/09/2021
https://oglobo.globo.com/brasil/seguranca-publica/saiba-como-proteger-os-jovens-de-quadrilha-que-incentiva-suicidio-25218575
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