domingo, 5 de julho de 2009

Sarney, PMDB e déficit: Lula 2010

Sarney, PMDB e déficit: Lula 2010


Na mesma semana, Lula paga apoio do PMDB com vexame extra do PT e diz que vai elevar dívida pública; tudo por 2010
Lula fez o PT dizer "sim" a vários sinhôs


ALIANÇAS com o PMDB são conquistadas no varejo, nas feitorias regionais do partido. Mesmo levando um José Sarney, não há garantia de que venha um Renan Calheiros de brinde. Também não é possível fazer pacotes de PMDB. Em geral, numa baciada de senadores não cabe uma penca de deputados, pois as duas "Casas" peemedebistas não se bicam.
Mas Lula, que conhece os efeitos das febres políticas, como a da gripe porcina do mensalão, fez o PT empenhar o resto de sua alma já muito pequena a fim de manter as graças de Sarney e Calheiros até pelo menos 2010. De resto, procura assim evitar sururu adicional no Congresso. Ninguém sabe o que pode acontecer quando parlamentares desembestam a puxar as capivaras alheias.
Nessa mesma semana em que Lula fez o PT dizer "sim" a vários sinhôs, o governo anunciou uma expansão adicional da dívida pública. Era previsível, mas foi sintomático que o relaxamento extra do déficit tenha ocorrido no fim de outra semana de ruína moral do PT. Ao aumento do déficit de vergonha na cara se soma um pouco mais de déficit público. Tudo por 2010.
Coube ao senador Aloizio Mercadante, com cara de coveiro em tempo de epidemia, anunciar que o PT fará qualquer negócio para manter a "governabilidade" (adesão a Sarney e cia.). Mercadante, desse mesmo PT que fizera tanta chacrinha quando o PSDB se amasiou ao coronelato do PFL-DEM e que agora perde a chance de cavoucar as profundezas da aliança de José Serra com Orestes Quércia, do mesmo PMDB.
Aos ministros da economia luliana coube dizer que estão mantidos os aumentos de gastos com servidores e de outras despesas correntes e a redução da poupança de impostos (o superávit primário). É o programa Dívida Família. De passagem, por falar em falta de vergonha na cara, observe-se que o DEM logo criticou Lula por não cortar tais despesas, as quais, no entanto, tiveram o apoio oportunista do DEM no Congresso.
Nada disso, senadores zumbis do PMDB ou a fatia de déficit extra, é assim essencial para a vitória em 2010, mas Lula se tornou adepto do perfeccionismo eleitoreiro. Porém, faltando 15 meses para a eleição, tais preliminares são agourentas. Até Dilma Rousseff, no antigo papel de militante disciplinada, fez charme para Sarney. Dilma, aliás, anda tomando muito Gim, o Argello, notório por ter sido um quase cassado antes de ser senador e pela carreira esmerada: saiu da órbita de Plutão, das cercanias do fugitivo Joaquim Roriz, para a de Renan Calheiros.
O lulismo precisava desses excessos? Lula merece o crédito de ter evitado crise pior na economia. Juntando o útil ao agradável, agradou à classe média, que pode renovar a frota e a cozinha. Já angariou muito apoio de recipientes de benefícios sociais e servidores, metade do país. Arrebanhou o empresariado com subsídios, vários via BNDES. Tem apaziguado até a coalizão ruralista. Afagou prefeitos e governadores com créditos e repasses de verbas. Lula não quer deixar ninguém para trás. Ficou fominha. Fome de 2010.

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