Danuza Leão escreve: Sobre o abuso sexual
Coisas ruins acontecem, mas devem e podem ser também superadas, e o estupro é uma delas
Ninguém sabe o que se passa na cabeça das pessoas, mas existem -homens, principalmente- as que têm fantasias sexuais com meninas (ou meninos) muito jovens, sobretudo quando são meninas (ou meninos) bonitas; isso desde que o mundo é mundo, e acontece até no seio da Santa Madre Igreja. Esses, ou procuram pensar em outra coisa, ou cometem abusos, o que é crime hediondo.
Mas qual a diferença entre uma menina e uma moça? Já era assim quando as adolescentes usavam saia pregueada e meia curta. Hoje elas imitam, desde bem novinhas, o que veem na televisão: usam sapatos de saltinho, minissaia, batom e pintam as unhas.
Pedófilos sempre existiram, existem e existirão, mais do que se imagina, mais do que se sabe. São pessoas com desordem mental, e quem não ouviu falar que em regiões mais atrasadas pais tiveram relações com uma ou mais filhas, tendo até engravidado algumas, que se tornaram mães de suas próprias irmãs. Isso acontece no Brasil profundo e também em países altamente civilizados; na Espanha, houve um bando de pedófilos que abusava sexualmente de crianças, até mesmo de bebês. A miséria humana não tem limites.
A sexualidade das pessoas é um mistério; existem muitos homens, mais do que se imagina, que se alteram quando veem uma criança bonita. Acariciam uma perna, dizem que ela é linda, mas não vão adiante por saberem que esse desejo é pecado, é crime, é contra as leis da natureza, como preferirem chamar; alguns não passam disso, pois não chegam nem mesmo a terem consciência desse desejo.
Mas as crianças percebem; não sabem o que está acontecendo, mas quando fogem do abraço de algum amigo do pai ou de um tio, é porque perceberam. Até pelo olhar elas sentem, criança não é boba. Intuem que alguma coisa está errada, mas como não compreendem o que está acontecendo, não falam. Só se fala do que se entende, e acusar uma pessoa próxima da família de algo que elas mesmas não sabem o que é está fora de questão. Têm pudor e sabem que podem ser castigadas, por terem a cabeça "suja".
Cabe às mães e aos pais ficarem atentos, não deixarem suas filhas/filhos em situações de risco, olhar atentamente o que se passa, e desconfiar sempre, sem medo de estar pensando em "maldades", sabendo que essas coisas acontecem nas melhores famílias. Não vivemos em um mundo ideal.
O abuso sexual causa efeito devastador nos que o sofrem, e precisam de apoio profissional, apoio esse que deve ser forte e positivo; só o amor de mãe e pai não é suficiente.
Elas devem aprender a levantar a cabeça e olhar a vida de frente, deixando esse triste momento para trás, no lugar de sofrer por toda a existência; passaram por um péssimo momento, como poderiam ter sido atropeladas ou levado uma facada de um assaltante.
Houve gente que perdeu a família inteira na guerra, ou durante o tsunami, ou nas torres gêmeas de Nova York, ou no terremoto de Tóquio, mas conseguiu superar. Coisas ruins acontecem, mas devem e podem ser também superadas, e o estupro é uma delas.
A condição humana é uma miséria.danuza.leao@uol.com.br
De Danuza Leão na Folha de São Paulo de 03/06/2012
Respondendo ao comentário da Nakissa, tenho a dizer a Danuza Leão tenta ajudar, mas sei que as dores de pessoa, não podem ser medidas.
Nakissa acredite: as palavras da Danuza Leão são as mesmas que terapeuta profissional diz ou diria: Coisas ruins acontecem, mas devem e podem ser também superadas, e o estupro é uma delas.
Vou postar abaixo o artigo que me fez virar blogueiro e escrever alguma coisa que possa ajudar as crianças e as vítimas de violência sexual.
Anjos do Sol DANUZA LEÃO FSP 06/08/2006
São levadas para perto de um garimpo, e há um leilão para ver quem serão os primeiros a ir para a cama com elas |
VOCÊ venderia sua filha de 12 anos para que ela fosse viver num fim de mundo, como prostituta (e escrava)? Pois há gente que faz isso, e mais do que se pensa.
Todos nós lemos nos jornais e vemos matérias na televisão sobre prostituição infantil, cenas passadas geralmente em Copacabana ou em praias do Nordeste. Nos horrorizamos, mas logo passamos para outro assunto. Mas outro dia vi um filme -"Anjos do Sol"- que me pegou na veia. Saí do cinema como se tivesse levado um soco na barriga e, não acreditando no que tinha visto, quis saber se o diretor não havia acrescentado um pouco de ficção à realidade. Não, era tudo verdade; o roteiro se baseou em artigos publicados na imprensa, e das fontes consultadas destacou-se a série de reportagens de Gilberto Dimenstein publicadas naFolha, que depois virou o livro "Meninas da Noite". E soube, pelo próprio Gilberto, que a realidade era ainda pior.
"Anjos do Sol" é a história de uma menina de 12 anos, Maria, que vive num vilarejo perdido no interior da Bahia e é vendida por seu pai; aliás, é a segunda filha vendida. Maria faz o que seu pai manda: pega sua trouxa e sai de casa, com a mãe e as irmãs que olham ela indo embora, sem tentar impedir que ela vá; sabem que não adianta, é assim mesmo. Ela vai de canoa, até chegar a uma cidadezinha onde é colocada numa jaula em um caminhão, com mais seis meninas. Elas não se olham e não trocam palavra. São levadas para perto de um garimpo, e no dia em que chegam, há um leilão para ver quem serão os primeiros a ir para a cama com as recém-chegadas -carne nova, como são anunciadas.
No filme inteiro não há um olhar humano. São todos piores do que bichos, e é difícil acreditar que exista gente assim. Mas os créditos finais informam: estima-se que no Brasil existam mais de 100 mil menores prostitutas.
O presidente Lula, que disse uma vez ser o bingo pior do que a prostituição infantil (ah, Lula!), precisava ver esse filme, e não só ele. O problema existe, não podemos fazer nada a respeito, mas mesmo não podendo, temos que saber. Se todos soubermos, talvez um dia isso deixe de acontecer.
O filme não mostra uma só cena chocante, um só seio de fora, uma só transa repulsiva. Faz mais, pois não é preciso imagens para que a gente "veja" o que está acontecendo naqueles cubículos onde os homens entram um depois do outro, sem intervalo, para que o faturamento seja maior.
Durante o filme inteiro eu torci por um final feliz: quando ela tenta fugir, quando ela chega ao Rio. Afinal, alguma coisa de bom tinha que acontecer na vida daquela menina de 12 anos. Mas nada acontece, e nem assim deixei de torcer.
"Anjos do Sol" não é um filme baixo astral; é um filme denúncia, que poderia -e acho que no início era essa a idéia- ter sido um documentário; idéia que se mostrou inviável pois, entre outros problemas, as meninas, todas menores, não poderiam ter seus rostos filmados. Mas é tão verdadeiro como se fosse.
O filme não tem um final feliz, mas termina com um toque de esperança: é quando Maria toma nas mãos as rédeas de sua vida, e quando isso acontece, com qualquer pessoa, passa a haver a possibilidade de um futuro.
"Anjos do Sol" é o "Cidade de Deus" da prostituição infantil; aquela vida que a gente pensa que só existe no jornalismo denúncia, mas que é real. Um belíssimo filme.
Todos nós lemos nos jornais e vemos matérias na televisão sobre prostituição infantil, cenas passadas geralmente em Copacabana ou em praias do Nordeste. Nos horrorizamos, mas logo passamos para outro assunto. Mas outro dia vi um filme -"Anjos do Sol"- que me pegou na veia. Saí do cinema como se tivesse levado um soco na barriga e, não acreditando no que tinha visto, quis saber se o diretor não havia acrescentado um pouco de ficção à realidade. Não, era tudo verdade; o roteiro se baseou em artigos publicados na imprensa, e das fontes consultadas destacou-se a série de reportagens de Gilberto Dimenstein publicadas naFolha, que depois virou o livro "Meninas da Noite". E soube, pelo próprio Gilberto, que a realidade era ainda pior.
"Anjos do Sol" é a história de uma menina de 12 anos, Maria, que vive num vilarejo perdido no interior da Bahia e é vendida por seu pai; aliás, é a segunda filha vendida. Maria faz o que seu pai manda: pega sua trouxa e sai de casa, com a mãe e as irmãs que olham ela indo embora, sem tentar impedir que ela vá; sabem que não adianta, é assim mesmo. Ela vai de canoa, até chegar a uma cidadezinha onde é colocada numa jaula em um caminhão, com mais seis meninas. Elas não se olham e não trocam palavra. São levadas para perto de um garimpo, e no dia em que chegam, há um leilão para ver quem serão os primeiros a ir para a cama com as recém-chegadas -carne nova, como são anunciadas.
No filme inteiro não há um olhar humano. São todos piores do que bichos, e é difícil acreditar que exista gente assim. Mas os créditos finais informam: estima-se que no Brasil existam mais de 100 mil menores prostitutas.
O presidente Lula, que disse uma vez ser o bingo pior do que a prostituição infantil (ah, Lula!), precisava ver esse filme, e não só ele. O problema existe, não podemos fazer nada a respeito, mas mesmo não podendo, temos que saber. Se todos soubermos, talvez um dia isso deixe de acontecer.
O filme não mostra uma só cena chocante, um só seio de fora, uma só transa repulsiva. Faz mais, pois não é preciso imagens para que a gente "veja" o que está acontecendo naqueles cubículos onde os homens entram um depois do outro, sem intervalo, para que o faturamento seja maior.
Durante o filme inteiro eu torci por um final feliz: quando ela tenta fugir, quando ela chega ao Rio. Afinal, alguma coisa de bom tinha que acontecer na vida daquela menina de 12 anos. Mas nada acontece, e nem assim deixei de torcer.
"Anjos do Sol" não é um filme baixo astral; é um filme denúncia, que poderia -e acho que no início era essa a idéia- ter sido um documentário; idéia que se mostrou inviável pois, entre outros problemas, as meninas, todas menores, não poderiam ter seus rostos filmados. Mas é tão verdadeiro como se fosse.
O filme não tem um final feliz, mas termina com um toque de esperança: é quando Maria toma nas mãos as rédeas de sua vida, e quando isso acontece, com qualquer pessoa, passa a haver a possibilidade de um futuro.
"Anjos do Sol" é o "Cidade de Deus" da prostituição infantil; aquela vida que a gente pensa que só existe no jornalismo denúncia, mas que é real. Um belíssimo filme.
danuza.leao@uol.com.br
Engracado como eas pessoas misturam tudo neste pais ,seja danuza leao,seja qualquer ccidado comum,porque ela e um cidao comum,mas veja o exemplo totalmnete fora de uma realidade de uma mulher que nasceu e foi rodidda de gente com poder aquisitivo bem me3lhor do que amaioria das pessaos,,,Danusa guerras sao feitas por uma maquina mortifira chamada EUA que produz arma e faz guerra nao comoare perde um filho que e terrivel co crime de estrupo acho ate que determinadas pessoas nao dveriam ou devriam ir aio forum e conversar com mulheres e criancas que sofreram abuso,agressa,tentavida de homicidio e caracere privado,,nao misture a massa do bolo errado porque certamnete a recieta saira errada.....sua boa vontade e otimo,mas nos nao criamos guerra ,,tivemos uma gueera em nosso peito em nossoso corpos em nossas vidas e acredite levaremos muitos anos p apagar iwsto procure se infromar mas ou sair do seu mundo redondo que naocritico nao,,,,,,,mas nao emita informacoes que vc nem wsabe
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