quarta-feira, 27 de março de 2019

Veja como ajudar as vítimas do ciclone que atingiu Moçambique, Zimbábue e Maláui

Unicef, agência da ONU para a infância
MSF Médicos sem Fronteiras
ActionAid
Junta de Missões Mundiais
Central de Apoio 


Fortes ventos e tempestades afetaram quase 2 milhões de pessoas na África
A passagem de um ciclone, seguida de fortes tempestades que duraram dias, deixou mais de 600 mortos em Moçambique, Zimbábue e Maláui, três países do oeste da África.

Segundo a ONU, cerca de 1,85 milhão de pessoas foram afetadas nas últimas semanas. A força dos ventos e das inundações destruiu casas, plantações e estradas. Com isso, falta água potável, comida, remédios e abrigo. Muitas pessoas ficaram isoladas por dias sem ter o que comer nem onde se proteger das chuvas.

A ONU estima que serão necessários ao menos US$ 337 milhões para custear os três primeiros meses de ajuda humanitária aos países. Até esta terça (26), apenas 2% desse total havia sido obtido.

Organizações humanitárias brasileiras e internacionais estão atuando nestes países para ajudar as vítimas. Abaixo, uma lista de como fazer doações para as entidades:

A Central de Apoio, criada por entidades de Moçambique, aceita doações via transferência internacional e presencialmente, em alguns endereços do país, além de fornecer ajuda para encontrar pessoas desaparecidas na tragédia. Mais informações neste site
https://anjemoza.wixsite.com/central-de-apoio/contato

A Junta de Missões Mundiais, ligada à Convenção Batista Brasileira, que conta com uma equipe atuando na região, aceita doações em dinheiro, em reais, pelo seu site
https://vocacionados.jmm.org.br/doeesperanca/index

O Unicef, agência da ONU para a infância, ajuda algumas das 600 mil crianças desabrigadas pela passagem do ciclone. Informações neste site
https://secure.unicef.org.br/Default.aspx?origem=emergencia


A organização Médicos sem Fronteiras, que cuida da saúde da população em situações de crise humanitária, recebe doações para situações emergenciais como essa. Informações neste site
https://www.msf.org.br/fundo-emergencia-6


A entidade internacional ActionAid leva suprimentos para os sobreviventes do desastre. Informações sobre como doar neste site
https://seguro.actionaid.org.br/Emergencia_Ciclone/single_step

terça-feira, 26 de março de 2019

9 alimentos processados que você nunca mais deve comprar

1. Molho de tomate pronto
Diz aí: você já comeu um molho enlatado que fosse realmente gostoso? Nem o mais caro chega perto de um refogadinho caseiro de tomate. Largue de preguiça e faça o próprio molho. Sem receita? Cabô desculpa: tome uma fácil e deliciosa aqui. E, na boa, basta você ferver uma lata de tomates italianos com um pouco de azeite e sal – isso já fica melhor do que o melhor dos molhos prontos.

2. Cubo de caldo
Cubos de caldo são feito com o resto do rebotalho das sobras da indústria. Vegetais meio estragados e carcaças de animais de onde já foi tirada quase toda a carne. Mas isso é o de menos. Ruim mesmo é a quantidade de sódio e de outras substâncias que eles põem nos cubos para disfarçar o gosto ruim.
Se você não tiver paciência de preparar o próprio caldo de legumes, frango ou carne, use água.

3. Suco de caixinha
Sim, eu concordo: é muito chato espremer laranjas. Elas ocupam um espação e a função faz a maior sujeira na cozinha. Mas nem por isso você deve apelar para os sucos em caixa de papelão.
Onde você lê “sem adição de açúcar”, entenda: com adição de suco de maçã tão concentrado que vira… açúcar. “Néctar” disso ou daquilo tem pouco suco e toneladas de açúcar.
No balcão refrigerado há sucos de verdade, sem aditivos (a pasteurização altera um pouco o gosto, mas dá para encarar). E o suco de uva engarrafado também é legal… caro, porém legal.

4. Mistura para bolo
Basta ler o verso da embalagem. Modo de fazer: “Misture leite, ovos, manteiga…” Mas… peraí. Não era para ser uma mistura pronta para bolo? Calma, continue a ler. Ingredientes: “Açúcar, farinha…”. O primeiro ingrediente é sempre aquele que aparece em maior quantidade no produto. Ou seja: a mistura para bolo tem mais açúcar do que qualquer outra coisa. Mais açúcar do que farinha. Gente, deixa disso. Pega uma receitinha da vovó e faz um bolo bacana.

5. Hambúrguer congelado
Na melhor das hipóteses, é apenas carne moída moldada na forma de um disco e vendida pelo dobro do preço ou mais. Na pior, tem proteína de soja, aparas de frango e peru e outras tranqueiras diversas.
Você é capaz de pegar um montinho de carne moída e moldar um hambúrguer, não é? Se não for, lamento dizer que ligar a chama do fogão é uma tarefa perigosa demais para você. Chame um adulto.

6. Margarina
A margarina sempre pode ser substituída por manteiga, óleo e/ou banha de porco. Ela é, basicamente, gordura vegetal hidrogenada e aromatizada com alguma coisa sintética que tenta imitar manteiga. É asqueroso. E a ciência já derrubou o mito de que a margarina é uma gordura saudável.

7. Carnes temperadas
Cortes de porco, frango e peru que já vêm temperados de fábrica contêm mais sódio do que a maioria das pessoas colocaria num tempero caseiro. Têm também nitratos e nitritos. Essas substâncias servem para conservar o alimento, prolongando sua validade. Mas fazem um mal danado à saúde. Temperar a própria comida, além de ser fácil, garante que você vai comer o que você quer do jeito que você gosta.

8. Pão de forma branco
Segue a lista dos ingredientes da marca mais popular:
“Farinha de trigo fortificada com ferro e ácido fólico, açúcar, gordura vegetal, sal, fosfatos monocálcio e tricálcico, vitaminas PP, B6, B1 e B12, emulsificantes estearoil-2-lactil, lactato de sódio, polisorbato 80 e monoglicerídeos de ácido graxos, conservador propionato de cálcio.”
Gente: um pão só precisa de farinha, fermento, água e um pouco de sal. Esse pão de forma é feito para ficar um século na gôndola do mercado sem mofar.
Fuja dele.

9. Queijo ralado
Quando você quebra um alimento em pedaços menores, você multiplica a área em contato com o ar. Isso é péssimo para o queijo, pois o oxigênio do ar causa uma série de reações químicas. Entre outras coisas, a oxidação das gorduras resulta naquilo que a gente conhece como ranço. Queijo ralado de saquinho é queijo rançoso. Sem mencionar o fato de que o material ralado é basicamente casca de queijo e pedaços que já ficaram velhos e duros.

Texto de Marcos Nogueira blog Cozinha Bruta

https://cozinhabruta.blogfolha.uol.com.br/2019/03/26/9-alimentos-processados-que-voce-nunca-mais-deve-comprar/

terça-feira, 19 de março de 2019

Momo, o terror da internet, só é real para quem ajuda a espalhar o boato

Obra de ficção coletiva gera pânico nos pais que não acompanham os vídeos que seus filhos veem

O terceiro filme da série americana, “O Chamado 3” (2017), foi um sucesso comercial moderado, mas tremendamente desancado pela crítica. A franquia parece estar em modo pause por enquanto.

Oficialmente, pelo menos. Desde o ano passado, e mais ainda em fevereiro deste ano, os americanos de idade própria para terem assistido a “O Chamado” estão fascinados por mais uma menina demoníaca de cabelos desgrenhados e que ameaça as crianças: Momo. Como Samara, Momo seria capaz de possuir crianças e adolescentes por meio de telas.

ilustração da personagem "momo", que tem olhos esbugalhados, cabelo preto longo, ralo e liso, nariz alongado e uma boca com sorriso sem lábios nem dentes

Em uma versão de sua história, ela fascina as crianças com seu rosto chocante e então passa a lhes transmitir instruções cada vez mais mórbidas, culminando em suicídio. Versões posteriores da história avisam que ela aparece no meio de vídeos infantis, incentivando as crianças a se automutilarem. Há adaptações menores que descrevem Momo iniciando o primeiro contato ou rogando sua primeira praga através de mensagens particulares em aplicativos diversos ou chats de voz em games.

Nos últimos meses Momo foi tema de inúmeras reportagens de jornais locais, recebeu cobertura nacional alarmada com o tema de “jogos de suicídio” que viralizaram e chegou a penetrar a consciência de Kim Kardashian West, que aconselhou seus seguidores: “Monitorem o que seus filhos andam assistindo!”

Não há relatos dignos de crédito de crianças que tenham sido realmente influenciadas por qualquer pessoa que as tenha convencido a participar de um “Desafio de Momo” ou levadas a cometer suicídio pela imagem de Momo que se manifestou no meio de um vídeo de Peppa Pig.

Isso não impediu departamentos policiais, administradores escolares e veículos de mídia locais e nacionais pelo mundo afora de divulgar o fenômeno como sendo uma ameaça verificada e iminente, com base em relatos de segunda ou terceira mão de crianças aflitas, relatos esses transmitidos pelos pais das crianças. Também não está claro que qualquer dos alvos imaginados de Momo acredite que ela seja “de verdade”.

Esse pânico foi seguido por uma onda de cobertura em tom mais sério caracterizando Momo e o desafio como um “embuste”, avisando adultos crédulos que eles estavam abrindo a porta a trolls que poderiam chegar a representar elementos do mito só para assustar as pessoas, e que eles próprios estavam expondo crianças a conceitos violentos, desnecessariamente, pelo fato de estarem dando ouvidos à história.

Uma coisa é certa: o “Desafio de Momo” é um pânico moral que está se espalhando por canais novos e poderosos. Também é verdade que Momo é capaz de chamar a atenção das pessoas quase instantaneamente, aparecendo de modo assustador no meio da mídia delas. E, embora Momo realmente esteja perseguindo alguém mais ou menos das maneiras descritas, não está perseguindo as crianças, mas os pais delas.
MEDO, VINGANÇA E VIRALIDADE

O medo de Momo é intenso há anos, mas agora ela tem nome e rosto. Podemos aprender muito sobre Momo rastreando as maneiras como seu mito foi reescrito para adequar-se à sociedade em que se alastra. Um post deixado em setembro pela procuradoria geral do estado de Tabasco, no México, avisou que pessoas estavam entrando em contato com crianças no Facebook e dizendo ser “El Momo”.

Na Argentina e Índia, onde se alastraram relatos não confirmados e de origem pouco substanciada sugerindo que Momo teria levado a suicídios reais no ano passado, o “jogo” teria se proliferado no WhatsApp, aplicativo que é amplamente usado por crianças e adultos nesses países e que, na Índia, foi vinculado de maneira verossímil a assassinatos cometidos por máfias e inspirados por acusações e desinformações que viralizaram.

Consta que a Momo que melhor captou a imaginação do mundo anglófono aparece no meio de vídeos do YouTube, ou mesmo, como avisou Kim Kardashian West em seu post, no subsite para crianças YouTube Kids. Esses sites têm sido temas de reportagens crescentes e dignas de crédito sobre conteúdos violentos e perturbadores que chegariam a crianças e adultos predatórios que utilizam a plataforma.

De fato, desde que viralizou, Momo virou presença constante no YouTube, como objeto de análises, como brincadeira e como troll. Na sexta-feira (15) o YouTube anunciou que está “desmonetizando” (tirando anúncios de) todos os vídeos que contêm Momo, sugerindo que a atenção crescente anda tornando especialmente lucrativos os vídeos postados sobre ela.

E não é apenas o YouTube. Há uma Momo que supostamente assombra o Snapchat. Outra Momo invade vídeos no “Fortnite”, um game altamente popular entre crianças menores. Momo vai encontrar as crianças onde elas estão —ou, pelo menos, onde os pais delas pensam que elas estão.

Crianças e adolescentes vêm escrevendo histórias de terror há anos em vários espaços online, às vezes assinando com pseudônimos ou às vezes em um processo iterativo de grupo. Esses contos são conhecidos coloquialmente como “Creepypasta”, uma iteração do termo “copypasta”, que indica trechos ou blocos de texto ou histórias do tipo “corrente”, frequentemente copiadas e coladas em uma comunidade online dada. Os autores desses posts transmitem essas histórias para assustar uns aos outros, e, como bônus ocasional, às vezes suas histórias viralizam. (O personagem Slender Man —Homem Esguio—, que inspirou muitos games e um longa-metragem, “Slender Man: O Homem Sem Rosto”, foi popularizado por copypasta. A viralidade de Momo certamente se deve em parte a um caso de 2014 em que uma menina foi apunhalada por duas de suas amigas, que disseram mais tarde ter sido influenciadas por Slender Man.)

Momo é o que acontece quando adultos começam a escrever seus próprios textos de copypasta sobre seus próprios maiores medos: o que seus filhos estão fazendo na internet e o que a internet está fazendo a seus filhos.
VOCÊ SABE ONDE ANDAM SEUS FILHOS?

Os espaços onde se acredita que Momo se manifesta mais frequentemente já têm algo em comum: sua tendência a deixar pais ansiosos de qualquer maneira. São 22h –ou, digamos, 7h ou 17h—e os pais sabem, sim, onde estão seus filhos: com a atenção fixa sobre seus celulares ou tablets, fascinados por uma corrente de vídeos do YouTube interminavelmente recomendados, criados por desconhecidos cuja motivação é ganhar dólares com anúncios.

As crianças mais velhas estão batendo papo com seus amigos, ou pessoas que se dizem suas amigas, e passando horas incontáveis conversando entre elas em linguagem que, para seus pais, é praticamente codificada, em um game que parece se constituir em um universo social próprio. É comum que o tempo passado pelas crianças diante de telas seja contrastado com o tempo que elas passam ao ar livre ou praticando alguma outra atividade supostamente mais instrutiva ou enriquecedora. Mas o pânico em torno de Momo é inspirado por ideias muito mais antigas sobre o perigo representado por desconhecidos.

Esse pânico também tem algo em comum com os temores hoje antiquados sobre supostas mensagens satânicas secretamente embutidas em canções de rock, fenômeno esse que também só virou mais comum depois de a cultura mais ampla começar a ter medo dele. O pânico da música satânica é entendido por críticos moralizadores e pais preocupados como sendo algo que corrompe crianças e que é motivado tanto por interesses comerciais quanto por má vontade ou pelo mal propriamente dito.

Hoje, em 2019, o YouTube é visto como onipresente, poderoso e não sujeito a restrições. É um negócio que aparentemente não consegue, por exemplo, combater um problema nazista altamente visível. Vídeos horríveis já penetraram muitas vezes no YouTube Kids. A empresa acaba de anunciar que desabilitou “comentários de dezenas de milhões de vídeos que podem ser sujeitos a comportamento predatório” – ou seja, essencialmente, vídeos que mostram crianças.

Uma ONG pró-vacinas comentou que desistiu há muito tempo de usar o YouTube porque os vídeos do site estão cheios de conteúdos e recomendações contrários à vacinação. Para um pai ou mãe, o fato de o YouTube ao mesmo tempo ser uma das maiores e mais acessíveis centrais de entretenimento para crianças é no mínimo desconcertante.

O YouTube é um raro espaço em que as crianças podem passear livremente em 2019. Também é um espaço totalmente comercializado, e, pela ótica de pais, que é estocado quase exclusivamente com imagens genericamente alarmantes. Um clipe que deixa as crianças em transe e parece programá-las para fazer ou dizer certas coisas? Não é um clipe no meio de um vídeo de Peppa Pig –é o próprio vídeo de Peppa Pig. Um terceiro instruindo um espectador de olhos arregalados sobre como fazer alguma coisa no mundo real? Não é um assassino fazendo-se passar por Momo. É assim que a publicidade funciona no YouTube.

Na semana passada o YouTube disse a jornalistas: “Contrariando notícias publicadas na imprensa, não recebemos qualquer evidência recente de vídeos que transmitam ou promovam o desafio de Momo no YouTube”.

Mas o YouTube não deixa a desejar como fonte de horror psicológico. Telas e tempo passado diante delas são uma fonte de culpa e frustração intermináveis entre pais hoje em dia, e faz sentido que exista a necessidade de transferir esses sentimentos para um rosto, um personagem, alguém ou alguma coisa que tenha motivações fantasticamente perversas, em vez de para os serviços que estão, de fato, espionando para seus próprios fins o que as crianças estão fazendo. É no YouTube que as crianças podem estar assistindo sem supervisão e de repente verem um bando de crianças cantando “baby shark” repetidas vezes, amaldiçoando a elas e seus pais com uma música do tipo que não sai de sua cabeça e que, depois de sete dias, pode levar os pais a até desejar que um tubarão saltasse da tela para devorar a todos.

Uma ex-colega, mãe de uma criança pequena, me disse, falando metade brincando, metade a sério, que Momo é “o rosto de uma mãe que não dorme nem toma banho” há um tempão porque não tem tempo de se afastar de seu filho por um instante. Como todos nós, essa ex-colega não sabe nem consegue entender exatamente o que um serviço como o YouTube –ou o WhatsApp ou o “Fortnite”—quer de nós ou está fazendo a nós ou a qualquer pessoa, muito menos às crianças pequenas, mas não está preparada ou é incapaz de eliminar o YouTube inteiramente de sua vida.

O Desafio de Momo pode não ser real, mas Momo é mais do que apenas um embuste ou um pânico. Ela é uma obra bastante inteligente de ficção coletiva escrita sob o domínio de um pânico bastante estúpido, avatar de um espírito coletivo que não é tanto vingativo quanto cheio de sentimento de culpa, ansioso e impotentemente enfurecido. Ela estará conosco por um bom tempo, ou pelo menos sua franquia estará.

Reportagem THE NEW YORK TIMES na Folha de São Paulo de 19/03/2019
Tradução de Clara Allain

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/03/momo-o-terror-da-internet-so-e-real-para-quem-ajuda-a-espalhar-o-boato.shtml

sábado, 2 de março de 2019

Fim do fundão da vergonha

Major Olimpio escreve:

Instituído em 2017 por meio da lei nº 13.487, o fundo especial de financiamento de campanha (FEFC) teria como objetivo principal, nos termos da justificação do projeto que deu origem a ele, “encontrar uma fonte de financiamento que viabilize as campanhas, de preferência sem impor custos adicionais ao erário, na situação de crise econômica que o país atravessa”.

Ou seja, o objetivo principal seria o financiamento de campanhas políticas no país. Porém, o que se percebe é que, com a proibição da doação privada de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais, se procurou suprir tal vácuo com a utilização de dinheiro público, o que vai de encontro ao anseio da população brasileira.

Isso porque, em que pese em um primeiro momento ter sido previsto que o FEFC não imporia nenhum custo adicional ao erário, o que ocorre na prática é a transferência das verbas que seriam destinadas às emendas parlamentares para o financiamento de campanhas.

Ora, não me parece razoável nem moral que as verbas que seriam objetos de emendas, que iriam ter como destinação à educação, à segurança pública e à saúde, sejam utilizadas para o financiamento de campanhas.

Apenas para exemplificar, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o valor do FEFC para a eleição geral do ano passado foi de R$ 1.716.209.431.

Precisamos nos questionar qual é a prioridade do Congresso Nacional: o custeio de campanhas eleitorais com dinheiro público ou o bem-estar de nossa sociedade, a exemplo da construção de escolas e hospitais?

Segundo o inciso II, do art. 16-C, da lei nº 9.504/97, os recursos para abastecimento do fundo são providos com 30% das programações decorrentes de emendas de bancada estadual de execução obrigatória. Ou seja, os recursos destinados pelos parlamentares federais para seus respectivos estados que são destinados à saúde, à educação, à segurança e à infraestrutura são desvirtuados para viabilizar campanhas.

Em um momento de crise como o que passamos, em que se discutem diversas reformas, nós legisladores não podemos passar o péssimo exemplo de permitir a utilização de tal fundo para o financiamento de campanhas, enquanto nossa população carece de atendimento básico em hospitais, de segurança, de escolas e de creches, que não dispõem de estrutura básica para a educação de nossas crianças, entre outras necessidades basilares em todos os estados.

Ainda é importante relembrar que a administração pública tem como um de seus princípios a moralidade de seus atos e, com toda vênia possível, não nos parece que o fundo especial atenda à moralidade pública consagrada no art. 37 de nossa Constituição Federal, sendo a vigência do FEFC uma violação a um princípio constitucional e a sua existência uma flagrante inconstitucionalidade.

Estamos vivendo um grande momento de renovação no cenário político, e isso foi demonstrado diante das urnas na última eleição, com uma renovação significativa tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal. A mensagem foi de mudança. E ela deve caminhar com a transparência e o bom uso do dinheiro público.

Isto posto, desde a época que foi aprovado este “fundo da vergonha”, posicionei-me contra ele. Quando deputado, dei meu voto contrário a essa matéria e não utilizei esse recurso em campanha. Hoje, na posição de senador da República, materializei, há poucos dias, um projeto de lei (555/2019) pedindo o fim dessa vergonha que afronta a moralidade e os anseios da população brasileira, que tanto carece de dias melhores.

Texto de Major Olimpio
Senador (PSL-SP), ex-deputado federal (2015-2019) e estadual (2007-2015), bacharel em direito e policial militar reformado
Na Folha de São Paulo de 02/03/2019

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/03/o-fundo-especial-para-financiamento-de-campanhas-deve-ser-extinto-sim.shtml