segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ver mulher bonita é como usar cocaína, diz Harvard

Estudo mostra que o efeito químico no cérebro masculino causado pela visão de uma beldade é o mesmo da droga



  Getty Images
A modelo Rosie Huntington Whiteley, dona de um rosto que, segundo Harvard, pode provocar o mesmo efeito que cocaína nos homens

Um estudo feito pela universidade de Harvard descobriu que a visão de um rosto de uma mulher atraente ativa os mesmos centros nervosos no cérebro de um homem que a cocaína.

Durante os testes, foram mostradas fotos de mulheres atraentes aos participantes. Imagens do cérebro revelaram que uma área chamada circuito de recompensa – responsável pela coordenação de todas as atividades que envolvem o prazer –disparou quando eles olharam para rostos bonitos.

O efeito causado pela visão das beladades aos homens avaliados é muito similar ao desencadeado pela cocaína no cérebro humano.

Testa com curvatura proeminente, olhos, nariz e boca localizados em posição relativamente baixa, olhos grandes, bochechas redondas e queixo pequeno estavam entre as características que os homens consideraram mais atraentes.

Da Epóca Negócios Online

domingo, 30 de outubro de 2011

Meninas estão batendo em meninos


Elas batem. Eles apanham

O maior levantamento sobre a violência amorosa entre os adolescentes brasileiros revela que as meninas agridem mais que os meninos. Por que elas ficaram assim?

No quarto do namorado da estudante carioca L.M., de 17 anos, há um buraco no armário. É resultado do arremesso de um cinzeiro, lançado por ela. O alvo não era a mobília, mas a cabeça dele. Aconteceu durante uma briga, no fim do ano passado. Eles estavam juntos havia seis meses. O namorado de L.M. implicava quando ela conversava com outros garotos ou passeava sozinha. Na véspera de uma viagem dele, ela comentou que sairia com uma amiga. Ele reclamou. “Tivemos uma discussão e, quando vi, estava atirando o cinzeiro”, diz L.M. Por sorte, a garota não tem boa pontaria. O objeto arranhou o braço do namorado e quebrou o armário. O relacionamento sobreviveu, também com arranhões. O casal ficou um tempo separado e depois reatou, em outras bases. “Ai dele se me estressar de novo”, afirma L.M. A estudante do 2o ano do ensino médio diz que parte de suas amigas tem um comportamento parecido. “Elas são mais ‘macho’ que os namorados. Xingam, empurram. Não dão mole para eles.”


A mensagemPara os pais
Nos namoros, as adolescentes dão sinais da agressividade que pode durar toda a vida
Para a sociedade
Programas de apoio na escola ajudam a reduzir a violência entre as jovens

As cenas violentas do namoro de L.M. se repetem na vida de milhões de brasileiros. É o que revela o mais completo levantamento sobre agressões no namoro, realizado pelo Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves) da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Foram pesquisados 3.200 estudantes de 104 escolas públicas e privadas em dez Estados. A conclusão é chocante. Nove em cada dez adolescentes afirmaram praticar ou sofrer violência no namoro. E quem mais bate são as meninas. Quase 30% delas disseram agredir fisicamente o parceiro. São tapas, puxões de cabelo, empurrões, socos e chutes. Entre os meninos, 17% se disseram agressores. Essa violência não distingue situação social. Metade da amostra é das classes A e B. “As meninas estão reproduzindo um padrão estereotipado do comportamento masculino”, diz uma das coordenadoras da pesquisa, Kathie Njaine, professora do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina. O motivo das agressões é quase sempre o ciúme e a vontade de manter o parceiro sob controle. O estudo está no livro Amor e violência (Editora Fiocruz), lançado em agosto.
G.F., estudante carioca  de 18 anos  (Foto: Guilhermo Giansanti/ÉPOCA) 
 garotos estão apanhando direto. Estão acuados. Como eles são mais fortes, têm medo de revidar e ficam quietos". G.F., estudante carioca de 18 anos (Foto: Guilhermo Giansanti/ÉPOCA)

Os dados do Claves não sugerem que a natureza das meninas seja mais agressiva que a dos meninos. As atitudes denunciam algo mais complexo: relacionamentos violentos, em que a agressão, física ou emocional, é o meio que os parceiros usam para se comunicar. Funciona como uma estratégia de negociação, na falta de outro tipo de diálogo. Elas dizem bater para se defender. Os meninos, para revidar. Na maior parte dos casos, ambos assumem o duplo papel de vítima e agressor. Os dados do Claves revelam essa ambiguidade: 86,8% dos entrevistados se disseram vítimas e 86,9% agressores. As meninas dizem fazer mais ameaças: 33% afirmaram insinuar destruir objetos ou arremessar algo. Entre eles, 27% relataram esse tipo de comportamento. Elas ainda recorrem ao expediente de espalhar boatos contra o parceiro e tentar afastá-lo dos amigos, prática conhecida tecnicamente como “violência relacional”. Cerca de 20% dos rapazes declararam ser vítimas dessa estratégia ardilosa. Entre as meninas, 14% sofreram com a atitude (leia o quadro abaixo).

A violência praticada pelas meninas pode não deixar marcas físicas porque elas têm menos força para machucar. Mas causa danos emocionais. “Os meninos dizem que as agressões não doem fisicamente, mas eles se sentem moralmente agredidos e humilhados”, afirma a psicóloga Queiti Oliveira, uma das autoras do estudo. Quando são eles que batem, triplica a chance de a menina sair ferida. Eles também recorrem com mais frequência à violência sexual – de beijos forçados a relações não consentidas. A sua maneira, as meninas também usam esse tipo de agressão. Quase 33% das adolescentes disseram forçar o namorado a tocá-las ou pressioná-los a transar, colocando em xeque sua virilidade.


A violência no namoro adolescente é um fenômeno internacional. Pesquisas estimam que entre 20% e 60% dos relacionamentos juvenis sejam baseados em agressões. Nos Estados Unidos, um em cada quatro adolescentes diz sofrer abuso físico, emocional ou sexual do parceiro. Lá também parece que as meninas fazem agressões mais frequentes, embora haja discordância sobre quem bate primeiro. “Dada a natureza diferente das agressões praticadas por meninos e meninas, é difícil compará-las para entender quem agride mais”, escrevem os pesquisadores da organização americana Centro Nacional de Recursos contra a Violência Doméstica. Outra dificuldade é estabelecer quando um clima tenso no casal evoluiu para a troca de provocações ou tapas.

Ainda não se sabe se esse tipo de violência sempre existiu ou se está aumentando agora. Há poucos dados sobre o tema de 20 anos para trás. Primeiro, porque esse tipo de pesquisa costuma ser de difícil execução. Em segundo lugar, o conceito de violência é complicado de definir. É possível que o problema sempre tenha estado ali, mas só apareceu quando nossa percepção se tornou mais aguda. A valorização dos direitos humanos e o aumento do nível de educação da população nas últimas décadas deixou as pessoas cada vez mais sensíveis a nuances sutis de agressão. As ofensas verbais, hoje consideradas uma forma de ataque emocional, foram tidas por muito tempo como asperezas naturais dos relacionamentos.

É provável que parte da violência esteja ligada à mudança no papel feminino. Um levantamento com 320 adolescentes entre 10 e 19 anos, feito pelo Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sugere que 22% das meninas atendidas têm comportamento violento contra outras pessoas (sejam meninos, amigas, pais ou professores). Esse padrão só aparece em 12% dos meninos. “Parece que, ano a ano, a agressividade entre as meninas aumenta”, afirma a socióloga Miriam Abramovay.
Quase 30% das meninas dizem agredir fisicamente. Entre os meninos, 17% se dizem agressores
Numa pesquisa em São Paulo, 22% das meninas eram agressivas. Quase o dobro dos meninos
Num estudo coordenado por ela com 13 mil estudantes de cinco capitais brasileiras, 10% das meninas afirmaram já ter batido em alguém na escola. Segundo Miriam, para conseguir o mesmo status de liderança conferido aos homens, as meninas decidiram usar as mesmas táticas: se impor pela força. Inclusive entre elas. “A imagem de feminilidade tradicional não é mais aceita pela sociedade. As meninas competem com os meninos em tudo, no mercado de trabalho, no vestibular, na atenção de outros amigos.”

Tivemos uma discussão e, quando vi, estava atirando o cinzeiro. Ai dele se me estressar de novo
“Os garotos estão apanhando direto. Estão acuados. Como eles são mais fortes, têm medo de revidar e ficam quietos”, diz a jovem G.F., de 18 anos. Há uma semana, ela terminou um relacionamento de três anos com seu primeiro namorado. Não é a primeira vez. O casal, chamado de ioiô pelos amigos, vive rompendo e reatando por causa do temperamento explosivo de G.F. O motivo, dessa vez, foram as agressões contra o rapaz, de 19 anos. “Ele chegou a minha casa tarde depois do futebol com os amigos, sem avisar. Perdi o controle e parti para cima dele. Dei tapa, soquei, arranhei. Também o chamei das piores coisas possíveis”, diz. Segundo ela, o namorado não reagiu, apenas a empurrou para trás para se defender. G.F. diz que sua agressividade é reação ao comportamento da mãe, que, de acordo com ela, é submissa ao padrasto. “Quero tanto ser diferente que acho que meus namorados acabarão sofrendo.” G.F. diz querer evitar a atitude submissa de sua mãe. Mas acaba reproduzindo em seus relacionamentos o inverso do que vê em casa.
L.M., estudante carioca  de 17 anos  (Foto: Guillermo Giansanti)
O exemplo doméstico é considerado uma das principais causas da violência no namoro adolescente. Na pesquisa do Claves, os agressores tinham 2,6 vezes mais chances de viver em ambiente violento. De acordo com o psicólogo canadense Albert Bandura, professor da Universidade Stanford e criador da teoria da aprendizagem social, os seres humanos aprendem pela imitação. Por isso, o adolescente agressor de hoje pode ter assimilado modelos de violência no relacionamento entre os pais. Quando ele se vê em papel semelhante, reproduz o mesmo padrão de comportamento. “A criança passa a confundir violência com cuidado”, diz a psicóloga Vivien Bonafer Ponzoni, coordenadora do Núcleo de Família e Casal da Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama, em São Paulo. A formação da personalidade também é abalada pelas experiências da infância. Isso pode tornar o jovem mais propenso a repetir esse tipo de comportamento. Como as relações familiares influenciam nossa capacidade de regular emoções, as pessoas que viveram em ambientes agressivos tendem a ter dificuldade de controlar impulsos, instabilidade emocional e insegurança nas relações afetivas.


Criei um monstrinho. Minha filha repete meu comportamento violento desde os 13 anos



A professora gaúcha Ana L.F., de 55 anos, diz que sua relação com o marido influenciou sua filha, hoje com 30 anos. “Amo errado desde sempre”, diz Ana. Ela agrediu pela primeira vez um namorado aos 14 anos, quando flagrou uma traição. O comportamento se repetiu durante o namoro, o noivado e o casamento com o ex-marido, pai de seus filhos. “Nossos dois filhos presenciaram vários episódios em que nos xingávamos. Tanto que criei um monstrinho. Minha filha repete meu comportamento violento e ciumento desde os 13 anos”, afirma.
Ana L.F., professora gaúcha  de 55 anos  (Foto: Ricardo Jaeger/ÉPOCA)
Reproduzir modelos domésticos não é regra.“Qualquer jovem vítima de violência no lar pode ser capaz de compreender o mal que isso lhe causa ou causou e criar laços afetivos saudáveis”, diz a socióloga Maria Cecília de Souza Minayo, pesquisadora da Fiocruz e uma das organizadoras da pesquisa do Claves. E mesmo quem sempre viveu em uma família tranquila pode se tornar um agressor. Em alguns casos, a instabilidade emocional causada pela adolescência pode ter uma parcela de culpa. “Os adolescentes passam por uma série de mudanças biológicas, hormonais, emocionais. Mas isso é transitório e tende a atenuar com as experiências de vida”, afirma o psicanalista David Leo Levisky, de São Paulo. A necessidade de parecer independente e mostrar autonomia torna os adolescentes mais suscetíveis a aceitar pressões do grupo – e a sucumbir às atitudes violentas. Uma pesquisa com mais de 1.300 estudantes, conduzida pelo psicólogo espanhol David Moreno Ruiz, pesquisador da Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha, mostra que os jovens em busca de respeito e admiração dentro do grupo são os mais propensos a agressões.


A violência no namoro adolescente tem outras consequências. Pouco importa se é para quem agride ou apanha, já que os papéis mudam a todo momento. Pesquisas revelam que a agressividade gera queda no rendimento escolar, problemas com drogas e uso abusivo de álcool, desordens alimentares e sintomas depressivos. Em um levantamento feito com mais de 5.400 estudantes do ensino médio, realizado em escolas da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, a epidemiologista Ann Coker descobriu que tentativas de suicídio podem ser frequentes. As meninas que relataram ter sido agredidas duas vezes no último ano tinham risco 50% maior de se matar. Entre os meninos agredidos, havia pensamentos suicidas, mas não tentativas.

Poucos jovens procuram ajuda para interromper o ciclo de violência. Apenas 3,5% dos entrevistados pelo Claves afirmaram ter buscado apoio de psicólogos. A principal razão é desprezarem a importância das agressões dentro do namoro. Para eles, violência doméstica é algo de gente adulta e casada. A pedagoga americana Sandra Stith, diretora do Programa de Terapia Familiar e de Casal da Universidade do Estado do Texas, compara o erro de percepção à relação dos adolescentes com a bebida. “Os jovens consideram normal se embebedar. Mas, se veem um adulto bêbado, consideram que ele tem um problema com o álcool”, diz Sandra. Ela está pesquisando os efeitos da violência sofrida pelos meninos. Contribui para isso o fato de os jovens considerarem o principal estopim das brigas – o ciúme – como um sentimento positivo. “No namoro adolescente, a demonstração de ciúme costuma ser vista como sinal de amor. Só que as restrições vão crescendo – de patrulhar o celular do namorado a proibir a saída com os amigos”, diz o psicólogo Carlos Eduardo Zuma, do Instituto Noos, de prevenção à violência doméstica do Rio de Janeiro. “Se você aceita como algo natural, não importa se como vítima ou autor, a tendência é que piore com o tempo.”

O melhor caminho para pacificar essas relações é a educação. A tarefa começa com os pais. “O que pode ou não fazer em um namoro é uma questão moral, e o exemplo vem de casa”, afirma a psicóloga Teresa Helena Schoen, da Unifesp. Parte da responsabilidade é da escola, que deve identificar o problema. O México criou em 2008 um programa de prevenção à violência, aplicado em 500 escolas do ensino médio. O programa, chamado Escolas para a Igualdade, nasceu para combater a violência contra a mulher. Logo no primeiro ano, foi identificado que o abuso sexual e as agressões físicas entre meninas eram comuns. As escolas passaram a abrir aos sábados para atividades educativas e culturais que envolvem pai, mãe, aluno e professor. Também foi criado um canal para ouvir as queixas dos estudantes. Isso ajuda a identificar casos de violência, que ganham acompanhamento psicológico. Cerca de 60% dos jovens que participam do programa dizem que suas relações com pais, professores e colegas melhoraram. E 56% dizem que aprenderam a reconhecer uma situação de violência dentro da escola. Pode parecer um tímido avanço. Mas é o passo fundamental para construir relações mais saudáveis e pacíficas.



Reportagem de NATHALIA ZIEMKIEWICZ, MARTHA MENDONÇA E CAMILA GUIMARÃES na Revista Época.


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Juros 11,5% ao ano

Copom reduz juros para 11,5% ao ano

Esta foi a segunda redução consecutiva dos juros básicos da economia.
Taxa cai ao nível de janeiro de 2011; em termos reais, é mais alta do mundo.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado formado pela diretoria e presidente da autoridade monetária, se reuniu nesta quarta-feira (19) e decidiu baixar os juros básicos da economia brasileira, que recuaram de 12% para 11,50% ao ano.
Trata-se da segunda reunião consecutiva de redução dos juros, que já haviam caído no fim de agosto, pegando parte do mercado financeiro de surpresa. Com a decisão desta quarta, os juros retornam ao menor patamar desde o começo do ano, visto que, em janeiro de 2011, estavam em 11,25% ao ano.


Selic 11,5% - outubro de 2011 (Foto: Editoria de Arte/G1)
Crise financeira
A decisão do Banco Central foi tomada em meio ao agravamento da crise financeira internacional, que começou em setembro de 2009, mas que voltou a piorar há poucos meses - com o rebaixamento da dívida dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard & Poors.

Para o BC, a "transmissão" do cenário de crise externa para a economia brasileira pode acontecer por meio da redução do volume de comércio e do menor aporte de investimentos, além de restrições ao crédito e da "piora" no sentimento de consumidores e empresários. A crise também deve gerar, segundo analistas, redução dos preços dos alimentos - contribuindo para moderar as pressões inflacionárias.
"A situação externa não encontrou, desde a última reunião do Copom [no fim de agosto], definição de melhores alternativas. Houve agravamento e há grande possibilidade de recessão na Europa e Estados Unidos, sendo a queda gradual da atividade da economia chinesa já uma realidade", avaliou o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, que defendia um corte maior dos juros, da ordem de um ponto percentual, para 11% ao ano.
Sinais do BC e previsões do mercado
O novo corte nos juros básicos da economia brasileira foi amplamente sinalizado pelo Banco Central, que já havia comunicado que "ajustes moderados" nos juros seriam compatíveis com a inflação no centro da meta de 4,5% em 2012. Deste modo, a decisão já era esperada pelo mercado financeiro, que projetava justamente uma redução de 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira, para 11,50% ao ano.

Além das indicações do BC, indicadores econômicos divulgados nas últimas semanas confirmaram o cenário de desaceleração da economia brasileira. A prévia do PIB, divulgada pela autoridade monetária, mostrou recuo de 0,53% em agosto, ao mesmo tempo em que a produção industrial, e as vendas do varejo de agosto, também indicaram desaceleração da economia. Dados dos empregos formais, assim como a arrecadação, também mostram sinais de arrefecimento do nível de atividade.
Explicação do BC
Ao fim do encontro do Copom desta quarta-feira, o Copom divulgou o seguinte comunicado: "Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 11,50% a.a., sem viés. O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".

Metas de inflação
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Neste momento, a autoridade monetária já está nivelando a taxa de juros para atingir a meta do próximo ano.

Para 2011 e 2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. O BC busca trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012.
Recentemente, o BC informou, por meio do relatório de inflação do terceiro trimestre deste ano, que prevê um IPCA de 6,4% para este ano, com 45% de chance de "estourar" o teto de 6,50% do sistema de metas, e uma inflação de cerca de 5% para o próximo ano.
Juros reais mais altos do mundo
Em 11,50% ao ano, de acordo com estudo do economista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, em parceria com Thiago Davino, analista de mercado da Weisul Agrícola, a taxa real de juros (após o abatimento da inflação) do Brasil ficou em cerca de 5,5% ao ano, mais do que o dobro do segundo colocado (Hungria, com 2,3% ao ano). A taxa média de juros de 40 países pesquisados está negativa em 0,8% ao ano. Juros altos tendem a atrair capitais para a economia brasileira, pressinando para baixo a cotação do dólar.


Do G1

Comentário: este blog sempre defendeu a redução a juros, chega de bolsa banqueiro. 

domingo, 16 de outubro de 2011

Abaixo a corrupção!

A nova batalha é contra a corrupção, que nunca será extinta, mas pode ser bem menos dramática se cada um fizer a sua parte. Inclusive você.


Má notícia para os descrentes, boa notícia para os milhares que foram às ruas no 12 de outubro protestar contra a corrupção e exigir a constitucionalidade da Ficha Limpa, o fim do voto secreto no Congresso e a abrangência do CNJ: a onda está crescendo.
No Congresso, políticos e assessores já buscam e analisam projetos que estendem a Ficha Limpa, hoje restrita ao Legislativo, para o Executivo e o Judiciário. Assim, o candidato a uma vaga num dos três Poderes só poderá assumir se não tiver sido condenado por um colegiado.
No governo, a Controladoria-Geral da União propõe a introdução, por decreto, de critérios da Lei da Ficha Limpa para ministros e todos os cargos de confiança, que, cá pra nós, não são poucos.
E os Estados começam a se coçar. Em Santa Catarina, um dos que saiu na frente, foi aprovada a extensão da Ficha Limpa para, simplificando, todo mundo. E está sendo cumprida.
Alertado pelo Ministério Público Estadual, o governador Raimundo Colombo teve de trocar o presidente da SCGás (companhia de gás do Estado), Altamir José Paes, e vai ter de afastar o secretário de Agricultura, João Rodrigues. Sem entrar no mérito, o fato é que ambos não são, técnica e legalmente, Ficha Limpa. Logo, não podem ocupar os cargos.
É assim, com as instituições agindo, a lei sendo cumprida e as pessoas exercendo a cidadania, que o Brasil vai caminhando. Aos trancos e barrancos, é verdade, mas em frente.
Saiu de uma ditadura violenta pacificamente, sem derramar uma gota de sangue. Viveu o impeachment do primeiro presidente eleito por voto direto em décadas sem um tiro. Estabilizou a economia e mudou a moeda com brilho. Foi governado por um migrante nordestino que deixou sua marca e encantou o mundo.
A nova batalha é contra a corrupção, que nunca será extinta, mas pode ser bem menos dramática se cada um fizer a sua parte. Inclusive você.


De Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 16/10/2011

A primeira reforma: moral

"Se todos quisermos, podemos fazer deste país uma grande nação", disse há séculos um de nossos mais importantes líderes: Tiradentes. 


Nas últimas semanas, a sociedade brasileira intensificou a discussão sobre as reformas que há anos têm sido postergadas, embora prometidas em cada nova campanha eleitoral.
É gratificante constatar que esse positivo debate público frutifica o inegável aperfeiçoamento da democracia em nosso país. Uma de nossas mais recentes e significativas conquistas foi vencer o preconceito e eleger a primeira mulher presidente do Brasil.
Contudo, se podemos comemorar avanços, cabe lembrar que nos falta ainda um longo caminho a ser percorrido. E nem poderia ser diferente, porque a dinâmica de um país exige permanentes transformações. Pelo que a mídia tem informado, a população elegeu a reforma política como a que deve vir primeiro, acreditando que esta, ao preceder as outras, estabelecerá ambiente ainda mais legítimo para votá-las.
É possível que, com regras políticas melhor definidas, nossos representantes no Congresso tenham melhores condições de promover as reformas tributária, trabalhista, previdenciária e outras. Sempre, assim esperamos, respeitando os interesses do país e a vontade popular.
Não é difícil entender as razões pelas quais a sociedade se posiciona desse modo, afinal a falta das necessárias reformas prejudica os que produzem e trabalham, reduz as possibilidades de crescimento e limita os investimentos e a criação de empregos.
Estamos diante de um desafio importantíssimo para agilizar o desenvolvimento do país, e não devemos mais adiá-lo. Entre as principais teses quanto aos modelos eleitorais que podem ser adotados, estão o voto em lista e o distrital, o financiamento público de campanhas e a fidelidade partidária. Para cada uma dessas propostas, existem bons argumentos contra e a favor.
No meu entender, são bem-vindas todas as propostas que possam fortalecer os partidos -base legítima do processo político.
Mas, ainda que prevaleçam ideias capazes de aprimorar nosso sistema político dentro da realidade do século em que vivemos, é imperioso que exerçamos o poder do voto de maneira responsável, escolhendo os melhores candidatos.
Refiro-me à necessidade de que o processo eleitoral rejeite a imoralidade e a falta de ética. E cabe a nós, cidadãos eleitores, promover a mais importante de todas as reformas: a da moralidade.
"Se todos quisermos, podemos fazer deste país uma grande nação", disse há séculos um de nossos mais importantes líderes: Tiradentes. A reforma moral na política está em nossas mãos e temos a responsabilidade de conduzir o Brasil como nação ética, livre e desenvolvida.


De Josué Gomes da Silva na Folha de São Paulo de 16/10/2011

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Glutamato Monossódico e Aspartame



VOCÊ SOFRE DE:?

- Dor de cabeça
- Dor da cabeça aos pés
- Depressão
- Tonteira
- Dor ou queimação no estomago
- Dor na ATM - Articulação Temporo Mandibular (articulação da boca)
- Tensão nos ombros, ou até em todos os músculos do corpo
- Insônia ou muita moleza
- Você também pode estar inchado, ou sentindo os músculos "moles"
- Sua visão pode estar borrada, turva
- E de repente você pode ter ficado com dificuldades na escola,
- Ou pensa que sua idade está acabando com a sua memória,
- Zumbido, convulsões, taquicardia?
- Está tendo problemas de pressão arterial e não consegue estabilizar.

Você pode estar sofrendo da Doença do Aspartame, ou da Doença do Glutamato Monossódico, ou ate das duas.

Para diabéticos o consumo de Aspartame é ainda pior. Os sintomas são mais graves e ainda dificulta o controle da glicemia.

Até sintomas de Alzheimer, Esclerose Múltipla e Mal de Parkinson estão acontecendo.

Se você está grávida ou pretende engravidar. Se você está amamentando. Por favor, retire imediatamente estas substâncias da sua alimentação.

Seu bebe não dorme, chora muito, é agitado, tem muitos gazes? Procure se você não está usando algumas destas substâncias, mesmo que seja só um pouquinho. Elas passam para o leite.

Já foi a todo tipo de medico,
Já fez todo tipo de exame,
Ninguém descobre o que você tem.

Pode ser até que você esteja tomando remédios neurológicos ou psiquiátricos para pelo menos tentar melhorar os sintomas.

Pode ser que você esteja tomando antiinflamatórios, algumas vezes, corticóides. E você não melhorou, pouco melhorou, ou até piorou.

Ainda que às vezes você tenha sido diagnosticado com"síndrome da fadiga crônica", ou "fibromialgia".

Você pode estar sofrendo da Doença do Aspartame, ou da Doença do Glutamato Monossódico, ou ate das duas. Ou pelo menos tendo seus sintomas piorados.

Leia a matéria completa em
http://amorordemeprogresso.blogspot.com/2009/02/glutamato-monossodico-e-aspartame.html 

Doce veneno - Aspartame 


Três artigos, sobre o Doce Veneno - Aspartame, escritos pela Denise Arcoverde no site Síndrome de Estocolmo

Doce Veneno - Aspartame - Parte 1 - Minha Experiência
http://amorordemeprogresso.blogspot.com/2010/09/doce-veneneno-aspartame.html 

Doce Veneno - Aspartame - Parte 2 - Ciência & Incertezas
http://amorordemeprogresso.blogspot.com/2010/09/doce-veneno-aspartame-parte-2-ciencia.html 

Doce Veneno - Aspartame - Parte 3 - Porque a gente pode engordar consumindo produtos Diet
http://amorordemeprogresso.blogspot.com/2010/09/doce-veneno-aspartame-parte-3-porque.html

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Descaso com Defensoria: o barato sai caro

As defensorias públicas são um importante canal para equilibrar as desigualdades da Justiça, dando voz aos que estão à margem do sistema

A violência policial contra jovens pobres e a superlotação carcerária que conforma as cadeias como depósitos de seres humanos são dois lados da mesma moeda.
O uso desigual dos instrumentos públicos de repressão produz um Estado que criminaliza basicamente a pobreza.
A pedra de toque é o generalizado descaso com as defensorias públicas, porta de acesso da população carente à cidadania.
Por qualquer lado que se analise, o desprezo com a defensoria é o que se costuma chamar de economia porca -o barato que sai caro.
Mês sim, mês não, o Conselho Nacional de Justiça realiza mutirões carcerários pelo país, descortinando situações de injustiça e excessos de pena que se cristalizam, em grande parte, pela ausência de uma defesa em todas as penitenciárias.
Ao final, pagamos mais, muito mais, que o salário dos profissionais que nos recusamos a contratar.
A exclusão e a desesperança têm um alto preço. A situação na Inglaterra expôs o quanto é custoso pagá-lo quando ele se apresenta.
Uma entrevista em vídeo de um telejornal que correu as redes sociais mostrou a revolta de um senhor inglês convidado a criticar a baderna e a desordem de seus vizinhos. "E o fato de que todos os negros são parados e revistados diariamente pela polícia, imprensados na parede, como se fossem criminosos?", indagou.
As defensorias são um importante canal para equilibrar as desigualdades da Justiça, dando voz a quem se encontra à margem do sistema.
Todo o universo legal conspira contra a igualdade, desde as leis que favorecem grandes até o direito penal, que tutela preferencialmente a propriedade. Viver, nestas condições, é mais do que perigoso, como diria Guimarães Rosa. É cruel.
Embora tenhamos mais de 22 anos da Constituição Federal, que determinou a criação das defensorias públicas, ainda há Estados que não a implantaram. Santa Catarina, por exemplo, simplesmente se recusa a criá-la.
Mas, mesmo onde existe, a defensoria recebe um tratamento que não condiz com sua importância.
São Paulo é o maior Estado da Federação e conta com apenas 500 cargos de defensor para uma população carente que deve superar uma dezena de milhões. Não é preciso muita matemática para supor o tamanho da insuficiência.
A defensoria mal chega a 10% das cidades do Estado, e é obrigada a estabelecer convênio para contratar terceirizados.
Mesmo na capital, no próprio fórum criminal, defensores se multiplicam e se substituem para tentar correr atrás do prejuízo, com audiências simultâneas em que não raro reproduzem "escolhas de Sofia", tal qual médicos diante de mais pacientes em corredores de hospitais públicos que conseguem atender.
Leis federais vêm ampliando competência das defensorias e já lhes concederam autonomia administrativa. Mas o número de defensores só pode crescer com a autorização do governador.
Da mesma forma como não adianta cuidar da saúde construindo hospitais sem médicos, um irrisório número de defensores não cumpre a função essencial que a Constituição Federal assinalou.
Manteremos o acesso à Justiça como um tigre de papel ou assumiremos a tarefa de fazê-lo real?
Que não nos arrependamos da decisão futuramente.

Texto de MARCELO SEMER, 45, juiz de direito em São Paulo e escritor. Presidiu a Associação Juízes para a Democracia. 

Da Folha de São Paulo de 13/10/2011 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Publicidade e infantilização da sociedade

Não é possível que o controle do politicamente correto tenha um braço no Estado, exercendo sua autoridade até mesmo em aspectos privados

Nas iniciativas que visam controlar a publicidade, vislumbra-se um excessivo desejo de proteger a sociedade, como se esta fosse completamente vulnerável às mensagens publicitárias.
Longe de ser infantil e hipossuficiente, a sociedade não necessita de proteção a esse ponto, sendo mais razoável que, em situações como essas, o Estado se coloque em posição neutra.
O debate gerado pela recente representação contra o anúncio de lingerie demonstra que a sociedade tem informação e destreza suficientes para lidar com situações sutis. Tanto isso é verdade que diversas manifestações deram conta de defender ou criticar o anúncio, muitas vezes de modo contraditório.
Recentemente, nesta Folha, um procurador de Justiça do Distrito Federal defendeu a proibição com um argumento inédito: o de que o anúncio era ofensivo aos homens!
Outros entenderam que era ofensivo às mulheres, por reduzirem-na à condição de objeto. E muitos viram apenas humor e graça na atuação de Gisele.
A imposição de única interpretação ao anúncio revela-se autoritária por não reconhecer a capacidade dos cidadãos de filtrarem o que há de humor e sugestão na mensagem. Se o Estado se imiscui nessas áreas, toma para si o detestável papel de defensor da moralidade pública.Na semana passada, um exemplo de iniciativa desse excesso de zelo foi rechaçado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
No julgamento de um recurso, foi afastada uma multa no valor atualizado de mais de R$ 700 mil imposta pelo Procon a um anunciante por ter veiculado uma publicidade em que uma idosa encabeçava uma fila diante de um caixa eletrônico.
No caso, o Procon entendeu que a mensagem era preconceituosa, como se não restasse mais nenhuma alternativa de compreensão do anúncio, até mesmo a que nele visse um incentivo aos idosos que se deslocam para cuidar das próprias finanças. Isso mostra que o preconceito está na cabeça do receptor da mensagem, não na do emissor.
Porque se em vez de retratar a idosa na fila tivesse o anunciante retratado uma loira oxigenada, diriam os moralistas que a ofensa era sexista. Se um homossexual estivesse na fila, então o anúncio seria homofóbico, e assim por diante.
Não é possível que o controle do politicamente correto tenha um braço no Estado, exercendo sua autoridade até mesmo sobre aspectos privados. Nos termos do Código de Defesa do Consumidor, a propaganda abusiva é aquela que veicula mensagem opressiva, inescrupulosa e sem ética.
Para ser retirada de circulação por um caráter discriminatório ou preconceituoso, não basta que sinalize um comportamento. Tem que ser forte e pontual o suficiente para incitar um tipo de agressão ou violência, ainda que moral.
Se não ultrapassar esses limites, a publicidade insere-se no contexto da liberdade de expressão, não podendo ser proibida, sob pena de excesso de controle e infantilização da sociedade.
Tentativas de regular os comportamentos sociais são próprias de uma sociedade fascista. Não há no Brasil, em absoluto, uma sociedade fascista, mas os excessos de regulação e intervenção do Estado na esfera particular justificam o receio de que estejamos avançando pelos terrenos anunciados por Orwell.

Texto de TAÍS GASPARIAN, 52, advogada, mestre pela Faculdade de Direito da USP, é sócia do escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de Figueiredo, Gasparian - Advogados.  

Na Folha de São Paulo de 11/10/2011

domingo, 9 de outubro de 2011

O PARAISO NÃO É PERFEITO

Cá, estou eu contando meu dia-a-dia...

Tinha na verdade tudo para ser perfeito...

As montanhas gigantescas salpicadas de Araucárias de tonalidades chegando ao verde musgo sem igual... Riachos que corriam por todos os lados, mais parecendo crianças com seus burburinhos... As estrelas no céu cintilavam participando de uma grande sinfonia silenciosa, fazendo ritmo apenas com o seu cintilar. A lua, bem a lua estava sorridente e iluminada, tive vontade de deitar-me em sua boca e sentir ainda mais o inefável...

Registro minha singela gratidão por tantos e tantos presentes encantadores... Aos vales também meus agradecimentos... Ao fogo da lareira, do fogão à lenha e da fogueira que marcaram presença fiel para restabelecimento de todos que o cercavam...

Foi tudo muito bom...
O cansaço foi cedendo à magia do local e eu fui me entregando ao equilíbrio do verde, a serenidade das águas, a energia da prata e do sorriso celeste, aos banhos quentes, ao bom papo enfrente a lareira, o saborear do vinho...

Oh! Meu Deus o paraíso é quase perfeito...

Bom, mas... Em qualquer lugar que eu estiver carregarei comigo minhas inquietações, minhas angustias, meus limites, meus sonhos e minhas fantasias – meus meios e minhas fugas de sobrevivência... Que se tornam ainda mais claras quando paulatinamente vai acontecendo a desintoxicação do dia-a-dia...
O paraíso não é perfeito...

Oh! Inefável Mistério que sonda minhas entranhas, que baila em minha cabeça, que desnuda minha alma e faz com que eu perca em todos os embates, que me leva a caminhar por caminhos que eu não gostaria de caminhar... e em cada passo vou desvelando-me reconhecendo que embora...

O paraíso não seja perfeito...

Eu quero continuar, pois o mesmo céu, as mesmas estrelas, a mesma lua, as árvores, o fogo continuarão me esperando eternamente...

A todos que compartilham da mesma busca e com a mesma certeza que energias positivas se conversam, estejam comigo enfrente a lareira tomando uma boa taça de vinho...

Pois todos são, amores meu...

Celina/julho/2005.

Entrevista Rose Marie Muraro


A imagem que se tem de Rose Marie Muraro tem tudo para ser a de uma mulher frágil. 
Aos 76 anos, sofre de artrose e se locomove com auxílio de uma cadeira de rodas. Mesmo debilitada por um câncer que estacionou, basta um dedo de prosa para se ter certeza que é uma mulher fascinante, "à frente do seu tempo", como ela mesma costuma dizer.

A lendária feminista brasileira esteve na última sexta-feira na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, durante o seminário "Uma Conquista - Lei Maria da Penha" e lançamento da cartilha sobre a nova lei que combate a violência doméstica.

Rose nasceu no Rio de Janeiro, em 1930 e veio para desafiar o impossível. Nas primeiras horas de vida, as amídalas lhe causaram uma infecção generalizada, que deixaram como seqüelas uma artrite, pouco para lhe conter a vontade de transformar o mundo. 

Mesmo parcialmente cega de nascimento, com visão de apenas 5% em um olho e não enxergando nada com o outro, Rose foi além do que os médicos reservaram para ela. Aprendeu a ler no primeiro dia de aula e nunca mais se separou dos livros.

Membro da família Gebara, uma das mais ricas daquele tempo, conheceu a pobreza e a dor da morte muito cedo. Aos 15 anos, viu o pai morrer na sua frente e presenciou a luta pela herança da família, que deixou sua mãe sem nada. A experiência traumática alertou a consciência social de Rose, que naquele mesmo ano ingressou em um dos grupos de Ação Católica Estudantil de Dom Helder Câmara.
Formada em física e economia, trabalhou nas editoras Vozes e Rosa dos Tempos. Escreveu mais de 30 livros e, nos anos 70, foi uma das primeiras mulheres a abraçar o movimento feminista no Brasil. Ao lado de Leonardo Boff, também lutou pela teologia da libertação. Nos anos 80 foi expulsa da Vozes, depois de publicar "Por uma Erótica Cristã", livro que foi a gota d'água para que o papa João Paulo Segundo pedisse sua cabeça.
Rose enxergou pela primeira vez em 1996, aos 66 anos, depois de uma operação de catarata. Hoje, depois de onze anos, sua visão novamente está afetada. Têm o auxílio dos filhos ou de óculos com graus bastante elevados na hora da leitura e da escrita. Rose não atua mais como editora, mas trabalha na segunda edição do livro "Automação e o Futuro do Homem" proibido pelos militares em 1975 por conter conteúdo erótico, mesmo não citando a palavra mulher e tratando da história da tecnologia.

Em entrevista ao jornal A Notícia, Rose Marie fala de suas memórias, da amiga Clarice Lispector e defende os pensamentos que a tornaram tão marcante e essencial na sociedade brasileira.

A Notícia – Para você tudo está baseado no amor?
Rose Marie Muraro – Mulher é amor...
AN – Só amou de verdade quando acabou seu primeiro casamento?
RM – Ele durou 25, mas com 18 anos eu já corneava meu marido, por causa do meu confessor e do meu analista. Eu era católica praticante e já estava querendo me tornar pós-cristã, meu confessor disse: “Seau casamento é iníquo”. Eu tive cinco filhos, tomava conta da casa, ainda pagava as dívidas dele e eu já tinha perdido o amor por ele desde o começo do casamento, quando eu percebi que ele era um psicopata, um doente. Aí meu confessor disse: “Vai à luta!” E o meu analista também: “Se você não descobrir uma segunda vida e descobrir o que é o prazer você nunca vai largar seu casamento”. Foi o que eu fiz, e acabei me separando dele, me divorciando.
[..]
AN – Você trabalhou como editora na Vozes. Como era esse trabalho?
RM – Ah! É uma maravilha! Quando você tem plena liberdade para fazer o que você quer, você pode mudar a vida um país, que foi o que aconteceu. Eu botei o movimento de mulheres pelas minhas publicações, que era em plena ditadura militar. A teologia da libertação, que veio com o Leonardo Boff, fui eu que ensinei praticamente ele, que eu tinha trabalhado com Dom Helder Câmara. Então, quando ele chegou, eu era editora geral, religiosa e leiga da Vozes, mas quando ele veio eu disse: “Você vai primeiro para favela e depois diz o que você quer traduzir. Ele veio com o livrinho chamado “Jesus Cristo Libertador” e eu vi que o garoto era um gênio. Ele era um grande criador, e foram os pobres que ensinaram a ele. Então hoje o movimento de mulheres é o movimento mais importante do mundo como a teologia da libertação está mudando a América Latina inteira, parte do mundo também.
AN – Foi nessa época que João Paulo 2o pediu sua cabeça.
RM – Eu já sabia que ele ia pedir minha cabeça, mas por causa do “Sexualidade da Mulher Brasileira”. Então como eu sabia que ele ia pedir minha cabeça, dei motivos e escrevi “A Erótica Cristã”, que é fazer um corpo erótico cristão, quer dizer, não usar mais a moralidade e sim a ética. Porque é imoral você estar num casamento que é feito só para o seu sofrimento e sofrimento de todos, e é ético você sair desse casamento para viver uma vida plena e dar aos outros uma vida plena. Foi desafiador.
AN - E o livro que você está escrevendo, previsto para o ano que vem?
RM - É o “Automação e o Futuro do Homem”, que os militares proibiram em 1975, que não tinha a palavra mulher em nenhum tempo, era a história da tecnologia, e proibiram como pornográfico. Ai eu fiquei 35 anos para poder fazer uma segunda edição. Estou quase enlouquecendo. Ele ainda não tem nome, mas eu gostaria de chamar de “O Arrependimento de Deus”, eu estou procurando na Bíblia e todas as vezes que Deus fala que se arrependeu de ter criado o ser humano e dá grandes castigos ao povo de Israel. Depois Ele se arrepende porque quer dar mais uma chance. Quem sabe Ele não está arrependido e quer dar mais uma chance?
AN – Como era a relação com Clarice Lispector?
RM – Eu vivia no meu canto e ela vivia no dela. Ela leu livro “Automação e o Futuro do Homem” e escreveu artigo sobre mim, sobre esse livro, no “Jornal do Brasil” de 1972, se não me engano. E aí ela me telefonou e perguntou: “Como é que você se sente sendo um gênio?” Eu perguntei, “Ô, Clarice, você está falando comigo ou com outra pessoa?” Aí ela me disse, “Não, desculpa, vem aqui na minha casa”.

*
Quando procurei informação na rede sobre Rose Maria Muraro encontrei a quase garantida (na Wikipédia) mais uma quantas fontes na mesma linha autobiográfica, referências pessoais por vezes fortemente críticas por motivos políticos que resolvi deixar de lado, afinal não só não estou dentro das querelas internas das facções partidárias brasileiras, como menos ainda pretendia passar diferenças pessoais de opções ideológicas; pretendia sim trazer RMM enquanto pessoa, mulher, personalidade e percurso de vida e também a parte dela que toca o colectivo pelo activismo em prol da parte feminina no mundo e o seu direito à livre expressão em todos os sentidos. Como bem sabemos, isso não é ainda uma realidade plenamente conseguida.
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Encontrei muitos dos seus livros -mais do que aqui estão em link e várias entrevistas, um material sempre desejável uma vez que coloca a visada a revelar-se em primeira pessoa.
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Por isso mesmo aconselho a leitura integral desta entrevista à qual pertence o texto seguinte
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IHU On-Line - O feminismo tem a ver com a crise do masculino?
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Rose Marie Muraro - Tem. O feminismo não é o que as pessoas pensam. O feminismo é só um movimento organizado das mulheres, mais nada. Não tem nada a ver com o plano pessoal da mulher contra o homem, mas sim, da mulher contra o sistema. Em geral, as mulheres e os homens se dão muito bem. E a mulher já está questionando o machismo do homem no plano pessoal, e isso está caminhando bastante. Então, vejo uma diferença enorme dos anos 1970, quando eu comecei a militar, para cá.
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IHU On-Line - Quais as diferenças entre movimento feminista e movimento de mulheres? Como se caracteriza o movimento de mulheres como movimento social?
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Rose Marie Muraro - Existem vários movimentos de mulheres que não são feministas, que não têm a mulher como foco. Por exemplo, movimento de donas de casa, pelo meio ambiente, pela paz. Existe, inclusive, movimento de mulheres para levar cafezinho para os homens nas reuniões. No entanto, movimentos enfocando a condição da mulher, por definição, são feministas.
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IHU On-Line - Quais os pontos fundamentais na discussão sobre a questão do corpo das mulheres em função dos avanços da ciência e da tecnologia? Quais os impactos disso para a autonomia da mulher como ser social?
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Rose Marie Muraro - A grande autonomia das mulheres veio com a pílula anticoncepcional e a pílula do dia seguinte. Com isso, a mulher, pela primeira vez, em dois mil anos, desliga a sexualidade da maternidade. Este foi o grande avanço que permitiu a autonomia, o estudo e o controle do corpo. O resto é secundário. A fertilização in vitro é algo secundário diante disso. A partir da pílula e dos métodos anticoncepcionais, nos anos 1960, é que aconteceu todo o movimento de autonomização da mulher e o fato de ela se tornar o sujeito maior da história. Produção independente de filhos sempre houve depois dos anos 1960.

O encontro entre a grande dama do feminismo brasileiro Rose Marie Muraro e a profetisa da Economia Sustentável Hazel Henderson aconteceu em São Paulo, em maio de 2005. Para a extasiada platéia ficou no ar a certeza de que os novos saberes podem curar o mundo. Quem não pôde ouvi-las na ocasião vai poder ler agora o livro Diálogos para o Futuro, fruto desse encontro. A obra é resultado da dedicação de outra forte dupla, a futurista Rosa Alegria e a pesquisadora Oriana White, discípulas assumidas de Rose e Hazel.Como passar para o papel a magia de um encontro ao vivo? Isso não foi problema já que a conversa se deu entre mulheres cujas idéias brilham mais que os formatos que ousam contê-las. As organizadoras do livro acertaram escolhendo um estilo sem amarras, sem roteiro, mediadores ou estruturas lineares restritivas. As falas se entrelaçam como se dançassem sob o ritmo próprio das idéias libertárias. Aos poucos a sensação de círculo toma conta do leitor, que se sente parte de uma roda de conversa tipicamente feminina, animada e cheia de energia. Os assuntos tratam da aventura humana e os horizontes que se abrem para a regeneração do mundo a qual elas acreditam ser possível. Luzes e sombras, feridas e possíveis curas, tramas complexas do poder e visões otimistas para o futuro. Um pouco de tudo é simplesmente contemplado. Não por acaso. 

Colaboração Celina Simões Grigoleto

Uma Professora Muito Maluquinha

ENTREVISTA ZIRALDO

Não tem que angustiar a criança com prova na aula


PARA ESCRITOR DE LIVROS INFANTIS, AS FÉRIAS SÃO PARA CURTIR, NÃO PARA TER REFORÇO, E BULLYNG É "INVENÇÃO AMERICANA"


Divulgação
Cena do filme ‘Uma Professora Muito Maluquinha’

MORRIS KACHANI
DE SÃO PAULO

Uma escola em que não há provas, nem deveres de casa. Em que ler gibi é estudar. Onde um tribunal composto pelos próprios alunos julga os mais indisciplinados.
Por trás do filme "Uma Professora Muito Maluquinha", inspirado em livro homônimo de Ziraldo e que estreou na sexta, esconde-se a visão do autor sobre o que seria uma escola mais adequada.
Ziraldo se diz o leigo mais entendido em ensino fundamental no país. Entre "O Menino Maluquinho", "Uma Professora Muito Maluquinha" e "Flicts", vendeu mais de 7 milhões de livros infantis e percorreu escolas dando palestras para professores de norte a sul do país nos últimos 30 anos.
O filme volta à década de 40 no interior de Minas Gerais e é uma espécie de memória da infância de Ziraldo. A professora em questão, interpretada por Paola Oliveira e inspirada em personagem verídica, encanta os alunos e os moços da cidade (e também o padre...) com seu jeito brejeiro e nada convencional de ser.
Ela entra em choque com a direção do colégio e só leciona por um ano, mas os alunos nunca a esquecerão.
Segundo conta Ziraldo, a turma que teve aulas com ela foi a mais brilhante da história de Caratinga, sua cidade natal -dali saíram deputados, advogados, escritores.
"Com ela aprendemos a ler e a escrever e não sabíamos nada além. Mas nisso éramos melhores que os alunos mais velhos. Quando ela saiu, todos tomamos bomba. Foi só no primeiro ano, depois a gente voou, porque tudo era mais fácil para nós."
Nesta entrevista Ziraldo propõe um método de ensino em que a individualidade de cada aluno é estimulada a todo custo. Provoca com a proposta de o Enem avaliar os professores, não os alunos. Diz que bullying é invenção americana.
E para defender suas ideias, cita a própria família. Dois de seus três filhos não concluíram os estudos escolares. Hoje são bilíngues e bem-sucedidos em suas carreiras (Antonio Pinto como compositor de trilhas e Fabrizia como diretora de cinema; a outra filha é a diretora e cenógrafa Daniela Thomas).



Folha - O que acha da situação educacional brasileira?
Ziraldo - O Brasil não tem 10% de analfabetos, tem 90%. Quem não lê jornal é analfabeto funcional, não está interessado em nada, é incapaz de se expressar pela escrita e entender o que está lendo. O pessoal está chegando ao vestibular analfabeto.

E as escolas?
A escola de antigamente não era risonha e franca como se diz por aí, isso é balela. A escola educava para a escola. Agora busca educar para a vida. A gente avançou. Mas há grandes equívocos. A principal prioridade, que é ensinar a ler, a escrever e a contar, foi esquecida.

E os professores?
O que salva é o heroísmo de alguns. Mas uma educação que precisa de heróis está perdida. E não é só salário. A classe é muito mal assistida pelo governo. Não há congresso ou incentivo para reciclar o conhecimento. O Enem deveria avaliar o professor, não o aluno.

E os pais dos alunos?
Para poder fazer uma criança leitora, o lar é muito importante. Os pais têm que encher a casa de livros. E ficarem atentos para não deixar a criança chegar à internet sem passar pelo livro. A internet é a maior dádiva do ser humano, quem sabe mais importante até do que Gutemberg. Mas estimula uma curiosidade mais superficial.

O que propõe?
Eu acho que a lição de casa deveria ser a de escrever um diário. Escrever sobre si, pensar. Este é um projeto meu que será encampado pelas escolas das secretarias estaduais de Educação de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.

Que acha do bullying?
Isso é importação dos americanos. A sociedade brasileira não tem esse tipo de intolerância racial. E você demonizar o cara que fica gozando do outro também não é bom, fica aquele negócio da autoridade defendendo o cagão.
Todas as pessoas que conheci de muito sucesso foram molestadas na escola - Caetano Veloso, Lobão, todo mundo. Você vai arrumar proteção pro cara que se deixa ser sacaneado? Deixa ele se virar!

Como foi a educação de seus filhos?
Os três aprenderam a ler em casa. Era cheia de livros, para todos os lados, e instrumentos musicais. O Antonio era pilhado, não conseguíamos controlar ele e quando decidiu abandonar a escola, deixamos. Foi o mesmo com Fabrizia. Mas eles se viraram, desenvolveram outro tipo de inteligência.

Qual é o legado da professora maluquinha?
Tem que inventar. Quando ela passa o exercício de encontrar um país que não existe, assim os alunos descobrem 500 países. Outra questão que aparece no filme: não tem que angustiar a criança com prova.

Mas como avaliar se aprendeu?
Se não aprender o que deve na escola, o aluno vai ficar emperrado, ele próprio vai criar a condição de se melhorar. Aliás, não pode dar aula de reforço nas férias. As férias são para curtir.




FRASES

"Se não aprender na escola, o aluno fica emperrado, ele vai criar a condição de se melhorar"

"O que salva é o heroísmo de alguns. Mas uma educação que precisa de heróis está perdida. A classe é muito mal assistida pelo governo. O Enem deveria avaliar o professor, não o aluno"

"Para poder fazer uma criança leitora, o lar é muito importante. Os pais têm que encher a casa de livros"
ZIRALDO

Por respeito à vida

Os números mais recentes do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde mostram um triste cenário: 37.594 brasileiros morreram em acidentes no trânsito em 2009.
Nessas estatísticas, em termos mundiais, ocupamos o quinto lugar. Há estimativas de que, além dos que perecem no local do choque, muitos morrem  posteriormente, além de sequelas em 500 mil pessoas, todos os anos.
Outro estudo, o Mapa da Violência no Brasil, divulgado neste ano pelo Ministério da Justiça, revela aumento de 32,4% nas mortes de jovens em acidentes de transporte de 1998 a 2008. O aumento, no total da população, foi de 26,5%.
Os dados evidenciam imensa irresponsabilidade por parte de uma expressiva parcela de motoristas, considerando que a imprudência é a principal causa dessa tragédia diária de nossas ruas e estradas. Sabe-se ainda que essa atitude condenável é provocada, em numerosos casos, pelo uso de álcool e drogas.
É verdade que são bem-intencionadas as campanhas educativas, como a de 22 de setembro último, no Dia Mundial Sem Carro. Contudo tais iniciativas mostram-se insuficientes para mudar a cultura de negligência que contamina parte dos motoristas.
O próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lamentou recentemente o grave impacto dos acidentes de trânsito. Segundo ele, houve uma explosão no número de atendimentos por essa razão. Somente na rede pública foram gastos R$ 185 milhões em 2010, com a hospitalização das vítimas. Sem contar as faltas ao trabalho e outras despesas correlatas.
Os prejuízos não são só financeiros. Os mortos na violência do trânsito, em especial os jovens, interrompem precocemente sua história e carreira por motivo banal e inaceitável.
São muitos talentos para a educação, a ciência, a cultura, os esportes, empreendedores que o país perde nos destroços dos veículos.
Essa é uma preocupação que a sociedade e as famílias devem ter. Um compromisso dos pais ao prepararem seus filhos para a convivência civilizada e lhes incutir a imensa responsabilidade que significa manejar um automóvel. Não se pode dar um carro a um jovem sem antes lhe prover educação para o trânsito, consciência de cidadania.
A sensação de impunidade, é óbvio, contribui para estimular essa violência, considerando que dificilmente alguém vai preso e cumpre pena em tempo justo quando protagoniza horrores e mortes ao volante, mesmo se embriagado ou drogado. Casos como esses têm se multiplicado, principalmente envolvendo jovens com automóveis luxuosos e velozes.
Nada justifica a omissão dos familiares e responsáveis. A educação em casa é decisiva para que a vida, própria e alheia, seja mais respeitada!

Texto de JOSUÉ GOMES DA SILVA na Folha de São Paulo de 09/10/2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dívida pública acaba de alcançar R$ 2,2 trilhões.

Governo não deve passar aviso prévio sobre juros nem sobre câmbio. Mas a presidente Dilma não deixa por menos.

Com crise ou sem crise lá fora, vamos rebaixar os juros aqui dentro, disse ela./

E não é para menos: a dívida pública acaba de alcançar R$ 2,2 trilhões.

É a dívida mais cara do planeta, pagando os juros mais elevados do planeta - juros fixados pelo próprio devedor, o governo.

Neste ano, devemos pagar, só de juros o recorde de R$ 230 bilhões. Um ralo do tamanho de três orçamentos da saúde para o ano que vem.



Do blog do Joelmir Beting em 30/09/2011

Os motoristas assassinos: Polícia prende, Justiça solta

Já está virando uma triste e perigosa rotina em São Paulo. O jovem sai da balada de cara cheia, pega o carrão e voa pela cidade atropelando, matando, batendo no que encontra pela frente. É preso em flagrante. Horas ou dias depois, paga uma fiança e é solto pela Justiça.

Às vezes, nem isso. Na segunda-feira, o Tribunal de Justiça de São Paulo mandou soltar o bibliotecário Marcos Alexandre Martins, de 34 anos, que estava preso na Penitenciária II em Tremembé, depois que atropelou e matou mãe e filha na calçada do Shopping Villa-Lobos, na Marginal do Pinheiros.
Na hora do acidente, o veículo marcava 100 km/h num local em que a velocidade máxima é de 70 km/h. Um bombeiro que atendeu a ocorrência disse que ele aparentava sinais de embriaguez e cheirava a bebida alcoólica. Os médicos do Hospital São Luiz, para onde o motorista assassino foi levado, também informaram que ele aparentava estar embrigado.
Para o juiz Emanuel Brandão Filho, "os elementos da investigação policial não são suficientes para mantê-lo preso". O que será que faltou? Desta forma, Martins nem teve que pagar fiança.
A única "pena" aplicada pelo juiz foi tirar sua carteira de motorista, proibí-lo de frequentar bares com bebidas alcoólicas e pedir que ele se apresente em juízo a cada três meses. Ou seja, matar duas pessoas na calçada saiu quase de graça.
Para o jovem Felipe de Lorena Infanti Arenzon, de 19 anos, que bateu com seu Chevrolet Camaro em seis carros e deixou quatro feridos _ um deles em estado grave, com 90% do corpo queimado _ a liberdade custou apenas R$ 245 mil, valor da fiança fixada pelo juiz Rodrigo de Azevedo Costa, que aceitou o pedido de liberdade provisória feito pelo advogado João César Cáceres.
Preso em flagrante, ele estava na carceragem do 72º DP, na zona norte, desde a sexta-feira, e também foi solto na segunda. Arenzon tinha saído de uma boate e, segundo os policiais que atenderam a o ocorrência, estava embrigado. Depois, tentou fugir a pé.
Como todos os outros jovens presos nas mesmas condições e pelos mesmos motivos nas últimas semanas, ele poderá responder em liberdade aos crimes de tentativa de homicídio doloso, embriaguez ao volante e fuga do local do acidente sem socorrer as vítimas.
Até quando esta rotina se repetirá? Por onde andarão as "blitz" da Lei Seca que tanto sucesso fizeram na imprensa nos primeiros dias? Quando começará para valer uma campanha para colocar na cadeia estes motoristas assassinos soltos por aí com seus carrões abastecidos nas baladas?
Na cidade em que a Lei do Fumo pegou, a bebida e a irresponsabilidade correm soltas sem que nenhum médico se disponha a aparecer na televisão para mostrar os riscos para toda a sociedade, com o aumento do número de acidentes e de mortes violentas provocadas pelo álcool. O motivo pode estar no fato de que a propaganda de cigarros foi proibida, e a de bebidas, não.
Seja como for, a Justiça não contribui para diminuir o número de mortes ao mostrar que os crimes praticados no trânsito continuam impunes. Ou o caro leitor conhece alguém que esteja preso porque dirigiu bêbado e matou um outro alguém?


Do Balaio do Kotscho
http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2011/10/04/os-motoristas-assassinos-policia-prende-justica-solta/

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O aumento do IPI e a política industrial

Quando foi anunciado o aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para o setor automobilístico, choveram previsões de que a medida afastaria novas montadoras do mercado brasileiro.


Nos dias seguintes, montadoras chinesas confirmaram sua intenção de se instalar no país. E na quinta-feira passada o presidente da Renault/Nissan, Carlos Ghosn, anunciou a implantação de duas novas fábricas no país.
***
Ora, o aumento do IPI não foi meramente protecionista.
Nos últimos anos, a terrível política cambial implantada no plano Real, mantida por Lula e, até pouco tempo atrás, por Dilma, provocou um retrocesso na nacionalização do setor, no mesmo momento em que novas políticas de renda e de crédito faziam o mercado interno explodir. Consequência: parcerias cada vez maiores de insumos, autopeças e mesmos automóveis completos ocupando o lugar da produção nacional.
A médio prazo, as consequências são terríveis. Primeiro, o desmanche da cadeia de fornecedores e subfornecedores, médias e pequenas empresas articuladas em torno da fabricação de automóveis, com a respectiva perda de emprego. Depois, a perda da autonomia tecnológica, a mesma que fez com que mesmo filiais de multi, como a Ford e a Fiat, avançassem em pesquisas próprias, em parcerias tecnológicas com institutos brasileiros.
***
O aumento do IPI foi condicionado ao chamado PPB (Processo Produtivo Básico), que avalia o percentual de produção interna de uma fábrica.
Primeiro, listou 11 atividades de uma montadora: montagem, revisão final e ensaios compatíveis; estampagem; soldagem; tratamento anticorrosivo e pintura; injeção de plástico; fabricação de motores; fabricação de transmissões; montagem de sistemas de direção, de suspensão, elétrico e de freio, de eixos, de motor, de caixa de câmbio e de transmissão etc,
Depois, exigiu que pelo menos 6 desses 11 processos fossem desenvolvidos localmente, para a montadora não incorrer no aumento do IPI.
***
Com o tempo, haverá que se avançar mais e se exigir índices de nacionalização também na aquisição de autopeças e insumos em geral.
Nem de longe se aproxima do que é o modelo chinês.
Ambos os países têm mercados internos portentosos – a China, muito mais. Graças ao câmbio desvalorizado, a China teve acesso a um mercado externo imenso. Juntou esses dois mercados e passou a negociar condições draconianas com quem quisesse usufruí-los: transferência de tecnologia, sociedade com empresas chinesas etc. Um processo tão drástico que, em quase todos os setores, permitiu o aparecimento de grandes grupos chineses que hoje disputam os mercados com as multinacionais acolhidas.
***
O IPI maior para importado é até um passo tímido perto de uma política industrial robusta. O sistema de compras públicas – Saúde, Educação, Defesa – começa a se desenrolar para estimular pequenos e médios fornecedores.
Há um longo caminho pela frente, para a consolidação industrial do país no qual o tiro de partida será a mudança do câmbio.
Mas os primeiros movimentos demonstram que a sede das empresas pelo Brasil permitirá avançar mais ainda.


Luis Nassif na Coluna Econômica - 03/10/2011

sábado, 1 de outubro de 2011

A justiça e os bandidos de toga



Justiça sofre com 'bandidos de toga', afirma corregedora

A ministra Eliana Calmon atacou iniciativa de juízes de reduzir poder do conselho que fiscaliza o Judiciário

Advogados pressionam CNJ a adiar julgamento de processos que podem resultar em punição de magistrados suspeitos


A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, fez duros ataques a seus pares ao criticar a iniciativa de uma entidade de juízes de tentar reduzir o poder de investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
"Acho que é o primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos que estão escondidos atrás da toga", declarou em entrevista à APJ (Associação Paulista de Jornais).
O STF (Supremo Tribunal Federal) deve julgar amanhã ação proposta pela AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) restringindo poder de fiscalização do CNJ.
A associação pede que o CNJ só atue depois de esgotados os trabalhos das corregedorias regionais.
Na entrevista, Eliana Calmon criticou a resistência dos tribunais a serem fiscalizados pelo CNJ, citando o Tribunal de Justiça de São Paulo:
"Sabe que dia eu vou inspecionar São Paulo? No dia em que o sargento Garcia prender o Zorro. É um Tribunal de Justiça fechado, refratário a qualquer ação do CNJ", disse a corregedora.
Nos últimos dias, acusados de irregularidades tentaram evitar seus respectivos julgamentos antes de o STF se pronunciar sobre o CNJ.
O conselho, por sua vez, incluiu em sua pauta de discussão 11 processos que podem punir magistrados por conduta irregular.
Se somados, o CNJ terá mais de 20 casos de juízes investigados na pauta de julgamento neste mês.
Este ano, houve uma guerra velada que colocou em lados opostos Eliana Calmon e o presidente do CNJ e do STF, ministro Cezar Peluso.
O conselho começou a funcionar em 2005 e já condenou 49 magistrados. Recentemente, porém, ministros do Supremo concederam liminares suspendendo decisões do CNJ que determinavam o afastamento de magistrados.

ZVEITER
Ontem, o CNJ adiou o julgamento do presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, Luiz Zveiter.
Segundo Eliana Calmon, o adiamento aconteceu a pedido do advogado de Zveiter, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, que está fora do país.
As supostas irregularidades ocorreram no ano passado, quando Zveiter era presidente do Tribunal de Justiça.
O caso foi a plenário em fevereiro, quando três conselheiros foram favoráveis ao afastamento e à abertura de processo disciplinar. Saiu da pauta para análise de suspeição de dois conselheiros.
Segundo a corregedoria, há indícios de que informações prestadas por Zveiter beneficiaram a construtora RJZ Cyrela, cliente do escritório de parentes seus. Zveiter, o escritório e a Cyrela afirmam que o terreno em disputa não tem relação com empreendimentos da construtora.

Da Folha de São Paulo de 27/09/2011


Os dentes do CNJ

Julgamento no Supremo dos limites do Conselho Nacional de Justiça será decisivo para manter avanços na transparência do Judiciário

Está na pauta de hoje do Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade que vai definir o futuro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Na prática, os ministros do Supremo decidirão se o CNJ tem condições de corresponder à expectativa da sociedade e enfrentar os desvios no Judiciário ou se fará apenas um papel decorativo no jogo de poder da Justiça brasileira.
O Conselho Nacional de Justiça foi criado em 2004, na Reforma do Judiciário, em um momento em que o Poder sofria com as revelações de uma CPI e enfrentava escândalos como o do Fórum Trabalhista de São Paulo, que deu projeção nacional -negativa- ao ex-juiz Nicolau dos Santos Neto.
O CNJ teve um importante efeito moralizador. Desde então, buscou combater a morosidade e a ineficiência da Justiça brasileira, com metas quantificáveis para a análise de processos, e puniu juízes acusados de corrupção e outros desvios éticos.
Peça-chave nesse processo foi a Corregedoria do Conselho, que, sobretudo a partir da gestão do ministro Gilson Dipp, assumiu um papel ativo na condução de processos disciplinares contra juízes. Até agora, 49 magistrados já sofreram algum tipo de sanção.
Refletindo a insatisfação claramente corporativista de tribunais estaduais, incomodados com os processos conduzidos pela Corregedoria, a Associação dos Magistrados do Brasil entrou com ação para limitar os poderes do CNJ.
Se o pedido for aceito, a Corregedoria só poderá analisar suspeitas depois que estiverem esgotadas todas as instâncias de recursos dentro dos próprios tribunais.
A medida seria um golpe fatal para a eficácia do CNJ, uma vez que os órgãos de controle estaduais, muito mais sujeitos a pressões políticas, poderão protelar "ad infinitum" investigações contra os integrantes dessas cortes.
É o direito, garantido pela Constituição, de tomar a iniciativa em investigações de corrupção que tem permitido à Corregedoria do CNJ uma ação inovadora e moralizadora num dos setores mais resistentes à prestação de contas.
A decisão do STF definirá se o Judiciário vai seguir o rumo da abertura e da intolerância com a corrupção ou se transformará o CNJ em um leão sem dentes, incapaz de cumprir sua função.

Editorial da Folha de São Paulo de 28/09/2011



Pecadões e pecadilhos

Tentando amaciar a crise no Judiciário, o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello classificou de "pecadilho" o fato de a corregedora do Conselho Nacional de Justiça, Eliana Calmon, dizer que há "bandidos escondidos atrás das togas". Mais diretamente: que há juízes bandidos.
O "pecadilho" aponta para pecadões e para o lado mais dramático de todo esse enredo: o corporativismo do Judiciário, que resiste a conviver com o conselho, criado para investigar a Justiça e os juízes.
Tudo começa com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) da AMB, a Associação dos Magistrados Brasileiros, para que o conselho passe a ser mero ratificador das decisões das corregedorias regionais, onde velhos camaradas se autoinvestigam e o corporativismo pode se embolar com a impunidade.
Assim, a coisa já começou mal e só evolui para pior. Baiana arretada, Eliana Calmon não tem papas na língua e disse o que cidadãos, juízes, ministros do Supremo e principalmente os próprios "escondidos atrás das togas" estão carecas de saber: há juízes bons e juízes ruins. O problema é que a verdade dói.
Doeu nos integrantes do próprio conselho, que classificaram as declarações da  ministra-corregedora de "levianas", capazes de atingir todo o Judiciário e todos  os juízes de Norte a Sul. E doeu no fígado do presidente do Supremo, Cezar Peluso, que comandou a, digamos assim, reação corporativa.
Segundo Calmon, o Tribunal de Justiça de São Paulo só vai se deixar ser investigado "no dia em que o sargento Garcia prender o Zorro". Pois não é que a origem de Peluso é justamente o TJ-SP?
Com todo o respeito, esse tribunal é sabidamente hermético e os números do CNJ estão do lado da ministra: desde 2005, quando criado, o conselho já condenou 49 juízes. Boa coisa certamente não andavam fazendo escondidos atrás das togas.

De Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 29/09/2011



Juízes acima da lei

Tentativas de diminuir o poder de investigação do Conselho Nacional de Justiça conflitam com o espírito que orientou sua criação

Venda de sentenças, atrasos intencionais no andamento de processos, desvio de verbas: casos assim estão longe de constituir a regra geral no Judiciário brasileiro. Seria absurdo, todavia, dizer que inexistem -ou ofender-se, como parece ser a reação de alguns magistrados, quando alguém menciona o que acontece.
Trinta e cinco desembargadores -o cargo mais alto nas magistraturas estaduais- estão sob suspeita de ter cometido irregularidades desse tipo.
Instalado em 2005, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tem tido papel determinante para investigar e coibir tais desvios de conduta. Desde sua criação, 25 já foram punidos.
Como seria de esperar, a atuação do CNJ encontra resistências dentro da própria magistratura. Foi assim que a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) recorreu ao Supremo Tribunal Federal para limitar os poderes do Conselho.
Defende-se que o CNJ só intervenha depois de esgotados os recursos cabíveis nas instâncias fiscalizatórias estaduais. Não é difícil prever que, com isso, as pressões corporativas das cúpulas locais aumentariam o risco da impunidade e da omissão.
O STF encontra-se dividido sobre o tema, que envolve interpretações diversas da Constituição. Pelo texto em vigor, entretanto, parece claro que os poderes do CNJ predominam sobre as instâncias estaduais -e que foi exatamente no espírito de evitar o corporativismo local que o Congresso lhe conferiu tais prerrogativas.
Segundo a Constituição, o CNJ pode receber diretamente denúncias e reclamações "de qualquer interessado". Pode "receber e conhecer" queixas contra membros e órgãos do Poder Judiciário, "sem prejuízo da competência disciplinar e correcional dos tribunais". Pode "avocar", ou seja, reivindicar para seu âmbito, quaisquer processos disciplinares em curso.
O CNJ, vale lembrar, zela apenas pelos processos administrativos. O juiz, como qualquer servidor público, responde por seus atos perante seu empregador, que é o Estado. Pode ser inclusive afastado num processo administrativo, a despeito de ações correlatas que corram no âmbito judicial.
Se há, nos dispositivos que criaram o CNJ, excesso de centralização de poderes, ou qualquer empecilho à atuação de outros órgãos de fiscalização, caberia ao Congresso rever o texto da Constituição.
Mais uma vez, entretanto, a tendência no Supremo é a de sobrepor uma carga interpretativa e regulatória própria ao texto constitucional. Suspensa temporariamente a decisão sobre o recurso da AMB, os ministros procuram chegar a uma solução de compromisso. É de perguntar, entretanto, se há compromisso possível entre as conveniências corporativas dos magistrados, muitas vezes recobertas de suscetibilidades incompatíveis com o ideal de transparência republicana, e as expectativas dos cidadãos -que veem, a despeito dos avanços já conquistados pelo CNJ, ainda muito por ser feito.
Editorial da Folha de São Paulo de 02/10/2011