NATHÁLIA JUST TEIXEIRA, 25
Quero meu pai preso
(...)Isabella Nardoni também tinha cinco anos quando o pai a matou, segundo a Justiça(...)Eu sou uma Isabella que sobreviveu
Leo Caldas/Folhapress |
(...) Depoimento a
FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
Em 1989 eu tinha quase 5 anos e meus pais já estavam divorciados havia dois anos. Ele não se conformava com a separação e, numa noite, foi à casa dos meus avós, em Piedade [um bairro de Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife], e fez o que fez.
Ele matou minha mãe e atirou em mim, no meu irmão -que tinha dois anos- e no meu tio. Levei um tiro que atravessou o meu braço direito. Meu irmão levou um tiro transfixante na cabeça que afetou o lado esquerdo do corpo dele. Meu pai só não matou todos naquele dia porque Deus não deixou.
Passei 48 horas com risco de morrer. Meu irmão ficou 20 dias no hospital. Passamos por várias cirurgias e muita fisioterapia para nos recuperar. Tivemos acompanhamento psicológico até a adolescência -eu, até os 12 anos, e o meu irmão até os 15.
VÊNUS NO CÉU
A família da minha mãe foi quem nos apoiou e nos criou. Cresci com meus avós, e meu irmão, com nossa tia Marcela. Vovó contava que minha mãe tinha virado uma estrelinha. Me mostrava Vênus no céu e dizia: "olha, a sua mãe está lá". Com o tempo, entendi que ela havia morrido e que nunca mais voltaria.
O apoio familiar foi muito importante para eu suprir essa ausência. Eu tive o amor de mãe graças aos meus avós e meus tios, que viveram para nós. Com todo o sacrifício deles, estudamos sempre nas melhores escolas particulares. Nada nos faltou.
Eles nos preservaram e, por isso, tive uma vida feliz, sem tumulto de imprensa, sem advogado, delegacia. Isso não fez parte da minha infância e adolescência nem do início da fase adulta.
Minhas lembranças dessa época são as viagens, os primos. Mas eu não contava para todo mundo o que tinha acontecido. Tinha vergonha.
Às vezes, as pessoas diziam que eu só falava dos meus avós e tios e perguntavam: "cadê a tua mãe, cadê o teu pai?". Eu dizia que eles haviam morrido em um acidente de carro ou em um assalto. Dizia que a pessoa foi presa e encerrava o assunto.
Um dia, discuti na escola, e uma coleguinha disse que meu pai era assassino. Eu saí da sala, chorei muito, e meu avô teve que me buscar.
ESCUDO CAÍDO
Em 2001, saiu nos jornais que o julgamento do meu pai seria naquele ano. Saiu a história toda, o meu nome e o do meu irmão. Então aquele escudo caiu. Escancarou-se ali uma realidade que a gente não gostava de mostrar.
Tive de conviver muito tempo com essa vergonha que não era minha, mas que sentia por conta de o país, o Estado, não ter tomado as providências no caso. Se não houvesse a impunidade, por si só o assunto se encerraria -preso em flagrante, o pai de Nathália ficou um ano preso e depois foi solto.
SOBRENOME
Em fevereiro de 2007, me casei com o Luciano e fomos morar em São Paulo. Me chamava Nathália Just Ramos Lopes, e fiz questão de mudar o sobrenome, porque era uma lembrança a mais. Aprendi a ler tendo que escrever o nome dele [do pai].
Para mim, não ficou aquela lacuna do pai. Se ele perguntar as horas na rua, não sei quem é. Simplesmente ele nunca existiu nem vai existir. Ele morreu ali, no mesmo dia em que ela morreu.
Em março, minha tia Márcia me ligou avisando que o julgamento seria este ano. Assim que a data foi confirmada, decidi botar a boca no trombone e voltei a Pernambuco no dia 4 de abril.
ISABELLA
Hoje, eu tenho 25 anos, a idade que a minha mãe tinha quando morreu, e posso falar. Com 5 anos, não. Por mais que eu falasse, o meu choro ninguém entenderia.
A Isabella Nardoni também tinha cinco anos quando o pai dela a matou, segundo a Justiça. Mas Deus quis que eu vivesse. Eu sou uma Isabella Nardoni que sobreviveu para falar.
Minha esperança é de que a Justiça prevaleça e que o réu pague pelo que fez. Esperamos 21 anos, e agora eu quero um ponto final.
Eu quero que esse livro se feche, porque páginas e páginas já rolaram. Considero esse período uma pausa para o início do fim.
Acusado deve ir a julgamento na terça-feira
DE RECIFE
José Ramos Lopes Neto, acusado de matar sua ex-mulher, Maristela Ferreira Just, e ferir os dois filhos do casal e um ex-cunhado, deverá ser julgado na próxima terça-feira, 21 anos após o crime.
O julgamento será por júri popular e acontecerá no Fórum de Jaboatão dos Guararapes (Grande Recife). A expectativa é que a sentença seja conhecida em três dias.
Maristela foi assassinada com três tiros na noite de 4 de abril de 1989, na casa de seus pais, em Jaboatão dos Guararapes.
O ex-marido, de quem estava separada havia dois anos, foi ao local para tentar uma reconciliação. Ele teria se trancado com a família em um dos quartos e atirado -primeiro na mulher, e, em seguida, em seus próprios filhos.
O irmão de Maristela, Ulisses Ferreira Just, teria sido alvejado ao tentar socorrer os familiares. Ulisses morreu em 1999, mas sua morte não teve relação com o crime.
O acusado foi preso em flagrante e solto cerca de um ano depois, por meio de um habeas corpus. Ele continua aguardando o julgamento em liberdade.
Em 21 anos, diversos artifícios legais foram usados pela defesa para postergar o julgamento. O réu trocou de advogado cinco vezes. Foram protocoladas 36 cartas precatórias para ouvir testemunhas.
Também foram impetrados cinco recursos no Tribunal de Justiça do Estado, outros dois no Superior Tribunal de Justiça e mais um no Supremo Tribunal Federal.
O julgamento estava marcado para 13 de maio passado, mas, na data prevista, o advogado do réu não compareceu ao fórum, o que levou ao adiamento da sessão. Para evitar a repetição do problema, a Justiça nomeou dois defensores públicos.
Pai de réu evita falar sobre o assassinato
DE RECIFE
O advogado Gil Teobaldo de Azevedo, 77, pai de José Ramos Lopes Neto, disse que não comentaria o caso. "Vamos aguardar para dizer alguma coisa. Por hora, é melhor ficar calado", disse.
Em entrevistas dadas anteriormente, ele alegou que o filho matou por ter sido ofendido pela vítima ao tentar a reconciliação. Azevedo concordou com o crime.
"Se não matasse, não comia na minha mesa", disse à imprensa local.
Com relação aos tiros que acabaram atingindo os dois filhos do casal e também o ex-cunhado do acusado, o advogado afirmou que não foram intencionais.
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Da Folha de São Paulo de 30/05/10
COMO ESTE CIDADAO SAI DISTRIBUINDO BALAS DENTRO DE UM QUARTO, DA CASA DA EX-ESPOSA,PERCEBE QUE ATINGIU MORTAL A MAE DOS SEUS FILHOS, PERCEBE QUE ESTAVA ATINGINDO OS FILHOS, FERI OUTRO ELEMENTO DA FAMILIA, PORQUE O MESMO QUIZ PROTEGER,OS FILHOS "DELE". E TEM A OUSADIA DE DIZER QUE NAO FOI INTENCIONAL? QUEM FOI QUE FALOU QUE A VITIMADA MARISTELA HAVIA FALADO OFENSAS A ESTE INDIVIDUO, SE ELA JA ESTAVA MORTA, PARA DECLARAR ISSO? MESMO SE ELA TIVESSE O AGREDIDO COM PALAVRAS, ELE NAO TINHA O DIREITO DE LHE TIRAR A VIDA. E MUITO MENOS MACHUCAR A VIDA DOS SEUS PROPRIOS FILHOS.ESPERAMOS JUSTICA!!! QUE NAO PASSE DE HOJE!! DORALICE/ FLORIDA/USA
ResponderExcluirParabéns a vc e a seu irmão, que tranquilidade, que educação, sua família os educou muito bem. Com certeza a justiça sera feita. Leila RJ
ResponderExcluirEstaremos agora torcendo pela prisão do autor de tal irracionalidade. Peço a Deus que não falte a vcs o apoio e carinho dos amigos e familiares para superar essa tragedia sem maiores traumas.
ResponderExcluirEstou acompanhando o Caso, desejando todo dia vê-lo na prisão! Desejo força a você e Justiça será feita!
ResponderExcluirAssiti o programa super pop ontem dia 07/06/2010 e fiquei perplexo com tamanha barbaridade. Espero de coração que o caso seja solucionado e que este monstro seja preso em breve. Parabéns para você e seu irmão, que Deus os ilumine sempre. Osmar,ES
ResponderExcluirSabe quando assisto o Programa do Marcelo Resende e vejo que a nossa justiça adia os casos por falta disso falta daquilo sinto que estamos a mercê da impunidade...Mas quando vejo que o pai desse individuo fala que "Se não matasse, não comia na minha mesa", me pergunto será um ser humano falando??? E agradeço a Deus por sempre termos a família do "pai" e a família da mãe, imagine se essas crianças na época tivessem só a família do assassino...Que Deus proteja vcs e com certeza a justiça será feita e sua mãe deve ter orgulho de ter uma filha tão guerreira.
ResponderExcluirEle não e esse monstro que vcs falam,ele e uma boa pessoa e se arrepende do que fez,eu conheco ele de perto ele errou muito mas nao e um monstro,e tem uma linda familia.Ninguem e Deus para julgar os outros,e muito facil atirar pedra
ResponderExcluirEssa pessoa pequena agora sim, está trancado e não oferece mais riscos. Agora eu fico pensando como é que uma mulher casa com um assassino desse? será que ela não sabia o que ele fez? Deus me livre desse monstro solto nas ruas. Apodrece na cadeia VAGABUNDO.
ExcluirComo pode esse assassino formar outra família? que mulher teria a coragem de casar com um assassino ? Espero que ele apodreça na cadeia até a morte. E seja abandonado por os outros filhos e a família dela.
ExcluirCadeia para você seu monstro.
Resposta ao Anônimo que fez a postagem em 11 de junho de 2010 21:42
ResponderExcluir.
Concordo que ele tem uma família linda, uma mulher morta, dois filhos com sequelas dos tiros que os atingiram.
Facil e matar e depois correr para Deus que ele perdoa, Dificil e ser criada e bem criada pelo visto sabendo que nao tem mae pois seu pai, aquele que deveria te proteger matou e ainda tentou matar a voce tambem
ResponderExcluirEle hj tem uma familia constituida a 20 anos e com 2 filhos muito bem educados por ele
ResponderExcluirEle é assassino e deveria estar preso cumprindo pena pelos seus erros. Quanto a justiça neste nosso país, acho que juízes e demais atores desse poder tambem são assassinos devido a lentidão "burra" e revoltante que deixa a sensação de impunidade para que outros idiotas como este cometa erros semelhentes...
ResponderExcluiratirar pedra????? Ele atirou bala.....Tenha cuidado. Cesteiro que faz um cesto faz um cento. nunca o contrarie em nada, por favor.
ResponderExcluirOlá Nathália, conheci o réu a tempos atrás, conheci a outra familia que ele formou, frequentei seu estabelecimento, já havia ouvido falar do caso, mas não imaginava estar diante de um assassino. Dificil sequer imaginar a dor de vocês passam até hoje.
ResponderExcluirQuando vi a foto em um onibus, não acreditei, pensei: Meu Deus, eu conheço esse cara.
Espero que a justiça seja feita, não só para ele, mas para o pai dele, pois a alegação que ele fez em defesa do réu foi repugnante.
Como é possivel, em uma sociedade um réu confesso, preso em flagrante, ficar impune tanto tempo.
A fuga desse individuo é uma vergonha para o estado de Pernambuco!
Se um dia eu o ver em algum lugar, tenha certeza que ele só saíra do local com a policia.
o réu foi preso hoje dia 29/10/12
ResponderExcluirNeste caso a justiça demorou muito, mas antes tarde do que nunca!
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