Omissão é deixar de manifestar-se, de fazer algo. É desvincular-se de um problema. Omissão é descaso, o que não deixa de ser um tipo de violência.
Muitas vezes encontramos, passamos por pessoas com dificuldades. Pessoas muitas vezes dignas, que a vida colocou numa situação difícil. E o que acontece é que transitamos por elas ou, simplesmente, damos alguma ajuda material. É lógico que eles precisam dessa ajuda, mas mais do que isso, precisam de consideração, de um sorriso. Quantas vezes paramos para conversar com elas, dar alguma atenção? Quase nunca! Escondemos-nos por trás de várias desculpas, por trás da pressa. E esquecemos que essas pessoas já tiveram uma vida, uma fam[ilia, um emprego...
Numa rua de São Paulo havia uma mulher que ficava sentada sempre perto de um viaduto. E estava sempre com um caderno, escrevendo. Uma vez por mês eu fazia um trabalho voluntário, ajudando pessoas carentes no Parque Dom Pedro, inclusive distribuindo marmitas. Houve uma vez que sobraram várias marmitas e pediram que eu levasse duas. Na volta para casa, lá estava ela escrevendo e com vários livros ao lado. Parei para oferecer-lhe uma marmita, que ela aceitou de bom grado. Foi quando reparei que os livros eram de filosofia. Começamos a conversar e ela contou que era bacharel em Filosofia, mas a bebida estragou tudo. Foi expulsa de casa, do emprego e vivia na rua. E escrevia. Pois o sonho dela era voltar para a faculdade e os escritos serviriam para uma futura tese de mestrado.
Ao me despedir, ela presenteou-me com um belo sorriso. E agradeceu. Não pela comida, mas pela conversa. Desde então, ao ajudar alguém, sempre dou um sorriso e, por dentro, faço uma breve oração. Acredito que assim evito a omissão e o sorriso que recebo de volta é um bálsamo para minha alma.
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