sábado, 12 de julho de 2008

Condições da pista levaram ao acidente em Congonhas

Condições da pista levaram ao acidente em Congonhas, diz promotor

Piloto pode ter mudado operação devido à pista escorregadia e reverso inoperante.

IC descarta falha mecânica; sete pessoas devem responder por homicídio culposo.

O Delegado Antonio Carlos Barbosa checa o inquérito de cerca de 13 mil páginas que apura acidente da TAM (Foto: Silvia Ribeiro/G1)Um ano após o acidente da aeronave da TAM próximo ao Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital, que matou 199 pessoas, os relatórios da Aeronáutica e do Instituto de Criminalística (IC), que apuram as causas da tragédia, ainda não ficaram prontos. Entretanto, investigações acompanhadas pelo Ministério Público de São Paulo apontam que a pista escorregadia do aeroporto e o pouso com um dos reversos (freio aerodinâmico do motor) inoperante podem ter levado o piloto a cometer um equívoco na hora da aterrissagem.

“Dentre os vários fatores que contribuíram (para o acidente), um deles seria o equívoco do posicionamento do manete de aceleração, levando em consideração o sistema inseguro que naquela oportunidade se apresentava”, diz o promotor criminal Mário Luiz Sarrubbo, que vê indício de culpa grave em “sete a dez pessoas”.

O grupo, composto por servidores federais da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Infraero (estatal que administra aeroportos), além de funcionários da TAM, pode ser denunciado à Justiça por homicídio culposo (sem intenção), combinado ao crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo, cuja pena varia de um ano e meio a quatro anos de prisão.

A liberação da pista sem o chamado grooving (ranhuras na pista que aumentam a aderência) para aterrissagens em dias chuvosos – à época, pilotos chamavam a pista de “sabonete” – e o pouso do Airbus A320 com um dos reversos inoperante podem ter contribuído para a tragédia, segundo Antônio Nogueira, perito criminal. “Um fator externo ou vários fatores fizeram ele tomar uma decisão errada”, afirma.

Responsável pelo laudo, o engenheiro mecânico descarta a possibilidade de falha mecânica no sistema de manetes. Segundo ele, gráficos elaborados a partir da caixa-preta de dados da aeronave mostram que, no momento do pouso, o manete direito permaneceu acelerando, enquanto o esquerdo passou da posição “idle” (espécie de ponto-morto) e depois para “reverso” (desaceleração).

Denúncia

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticas (Cenipa), da Aeronáutica, estima concluir seu relatório no segundo semestre. A coleta de dados já foi encerrada e o Cenipa agora trabalha nas hipóteses do acidente.

O laudo do IC, cujas conclusões também estão sendo elaboradas, deve ser concluído em meados de setembro, segundo estima o perito Antônio Nogueira. A Polícia Civil de São Paulo aguarda a conclusão desse laudo para encerrar o inquérito e remetê-lo ao Ministério Público, o que o delegado Antonio Carlos Barbosa, do 14º Distrito de Polícia, crê que deve ocorrer em outubro próximo.

O inquérito soma cerca de 13 mil páginas. Foram ouvidas até agora 309 pessoas, dentre elas 37 pilotos. “Há indícios de negligência e imprudência”, diz o delegado. O depoimento de Denise Abreu, ex-diretora da Anac, colhido em Brasília por meio de carta precatória, ainda não chegou à polícia. Também deve ser ouvido fora de São Paulo o ex-diretor-presidente da agência Milton Zuanazzi.

A denúncia à Justiça deve ser apresentada só após a apresentação do relatório da Aeronáutica, segundo o promotor Mário Luiz Sarrubbo. Se aceito, o processo poderá correr na Justiça Federal, porque servidores federais devem ser denunciados.

O acidente

O avião da TAM com 187 pessoas a bordo não conseguiu pousar na pista de Congonhas, atravessou a Avenida Washington Luís e bateu no prédio da TAM Express, onde trabalhavam entre 50 e 60 pessoas no momento da colisão.

Além dos ocupantes do avião, outras 12 pessoas que não estavam no avião morreram, elevando para 199 o número de mortos. A aeronave, um Airbus A 320, vôo JJ 3054, partiu de Porto Alegre às 17h16 de terça-feira (17) e chegou a São Paulo às 18h50.

Silvia Ribeiro do G1


Republico abaixo minha crônica publicada em em meu blog em 20/07/2007

Mortos no quintal

A velocidade das informações nos impinge tomar café da manhã diante de tanques esmagando estudantes em Pequim, almoçar vendo prédios recheados de pessoas serem implodidos em Nova York, tomar o café da tarde vendo pedaços de corpos voarem em Bagdá ou na Palestina e nos acostumamos a jantar vendo a morte de milhares de africanos, vítimas de guerra ou de fome.

“Moro num país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza e as cenas descritas acontecem em outros mundos”

Esta visão alienista está vez mais alienada.

Nós brasileiros, de uns tempos para cá temos convivido com cenas e tragédias semelhantes.

A cidade de São Paulo foi atacada por uma força inimiga causando dezenas de mortos; a cidade do Rio de Janeiro suporta constante batalha de tomada e retomada de territórios por facções inimigas entre si e inimigas da população em geral e as forças oficiais de segurança não conseguem retomar tais territórios, e nestas batalhas milhares de cadáveres amontoam-se em nossa sala de jantar.

Nesta terça-feira, às 18h50, as autoridades
incomPeTentes
assassinaram mais duzentas pessoas no meu quintal e jogaram seus corpos na minha sala de jantar.

Um comentário:

  1. Moro num país tropical.
    Não mais abençoado por Deus!

    Moro num país tropical
    Onde cães ladram como homens
    E dilaceram suas mulheres

    Moro num país tropical
    Onde as cores,
    incendeiam as paixões
    E escurecem a razão.

    Moro num país tropical
    Onde a beleza é deturpada
    E os sentidos primatas imperam

    Moro num país tropical
    Onde se matam bebês
    E abusam de crianças

    Moro num país tropical
    Sem lei
    Sem ordem
    Sem direitos
    Sem cor

    Moro numa tropicália
    Fantasiada de fome
    Calada na dor
    Cega as impunidades
    Surda aos brados dos aflitos
    Faminta de decência

    Moro num país tropical
    Amaldiçoado por Deus
    Vermelho Sangue

    Ana Maria C. Bruni

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