domingo, 23 de dezembro de 2007

Haiti, Pará e Baurú

Uma delegada com a aprovação de uma juiza entrega uma garota de 15 anos a 20 homens para ser estuprada e um garoto de 15 anos morre torturado por policiais com choques elétricos no saco e no resto do corpo.

Esse país se chama Haití ou se chama Brasil?

Porque a coincidência de usarem orgão genitais para humilhar, torturar e matar.
O garoto está morto fisicamente e a garota tem uma morte mais lenta: a morte da alma.

A coincidência é que:
são quase todos pretos
Ou quase pretos
Ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres
E todos sabem como se tratam os pretos



Esse país se chama Haití ou se chama Brasil?

Nos tempos em que militava na oposição o hoje ministro fez uma canção que protestava contra o Haití que havia no Brasil, hoje no conforto dos palácios não quer brigar com ninguém nem perder a "mordomia, certamente sua voz estremeceria os porões das celas e traria à luz esta podridão que é a segurança pública brasileira em que apenas os 3 Ps são punidos, os pretos, os pobres e as prostitutas.


Veja no YouTube http://www.youtube.com/watch?v=oQPsmnW2z-o


Haiti - Letra: Caetano Veloso/ Música: Gilberto

Quando você for convidado pra subir no adro da Fundação Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos
E outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque, um batuque com a pureza de meninos uniformizados
De escola secundária em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada
Nem o traço do sobrado, nem a lente do Fantástico
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém
Ninguém é cidadão
Se você for ver a festa do Pelô
E se você não for
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti

O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui

E na TV se você vir um deputado em pânico
Mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo
Qualquer qualquer
Plano de educação
Que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização do ensino de primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina

111 presos indefesos
Mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos
Ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres
E todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti

O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui

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