sábado, 11 de abril de 2009

Eleições: contra a corrupção

Eleições: contra a corrupção

Escrito por Antônio Ermírio De Moraes, em 2006



POUCO adianta descobrir se a crise moral por que passamos é maior ou menor do que as do passado. O fato é que ela é gigantesca. A corrupção atingiu os três Poderes do governo: Executivo, Legislativo e Judiciário. É uma crise avassaladora e que não pára de crescer.
O espaço deste artigo seria insuficiente para enumerar todos os órgãos envolvidos em falcatruas com o dinheiro público. A corrupção tornou-se sistêmica e atingiu toda a máquina pública, com honrosas exceções.
Pouco adianta tampouco salientar os prejuízos que isso causa à nação, ao corroer os parcos recursos do governo e comprometer os investimentos mais essenciais. A crise moral extrapolou a dimensão econômica.
O que mais me preocupa nos dias atuais é a deterioração de valores que pode ocorrer em nossa juventude. Sim, porque é ela que vai carregar esta nação amanhã. Nada pior do que destruir o idealismo dos jovens. Uma nação sem jovens é uma nação morta.
Nossos jovens estão sendo submetidos a uma acachapante contradição. Eles vêem uma realidade que não tem nada a ver com os valores que seus pais lhes ensinaram.
Essa contradição se repete a cada dia, com novos personagens que entram em cena com o mesmo pleito de inocência -depois de cometerem as maiores barbaridades.
Logo depois vêm outros, que tiram de cena os primeiros, numa sucessão de corruptos e corruptores que parece não ter mais fim.
Será que, de tanto ver essa tragédia nacional, os jovens de hoje vão ensinar os valores da realidade aos seus filhos? Ou transmitirão a eles os valores que aprenderam de seus pais?
Não podemos brincar com fogo. Estamos submetendo os nossos jovens às mais absurdas frustrações e criando neles a nefasta filosofia do ceticismo, da descrença e da desilusão. Isso os leva ao individualismo extremado, à prática da Lei de Gerson e ao salve-se-quem-puder.
Caro leitor. Temos de reagir. Não podemos apagar a chama da nossa juventude. Vamos fazer uma cruzada em favor da moralização dos costumes, elegendo em outubro próximo apenas os que têm um programa claro de combate à corrupção.
Mais do que isso, vamos nos preparar para cobrar dos eleitos, de todas as formas possíveis, a concretização de seus compromissos de campanha. Democracia é isso: é o melhor regime, mas, também, o mais trabalhoso.
Por isso, caro leitor-eleitor, prepare-se para votar bem e, sobretudo, para enviar cartas, fax, e-mails aos eleitos. O tempo todo. Durante quatro anos. Até que limpemos este país dessa gangue de destruidores de valores e de jovens.

Folha de São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006



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