Você não sabe me amar?
* Por Emília L. Goulart
* Por Emília L. Goulart
Não, crianças, não sabemos mais.
Substituímos o verbo amar por dar.Pobres crianças acusadas de anjos rebeldes, o mundo está insensível aos seus apelos, ninguém parece entender suas necessidades, pais e mestres foram amordaçados por um estatuto que os desprotege. Enquanto isso, as crianças, senhoras de si, pensam que mandam, perdem a infância e se perdem nos vícios.Impor limites parece-nos ridículo? Afinal, o mundo mudou… Sim, mudou.
Os abismos ficaram mais próximos e mais profundos.Cegos, acomodados e covardes. Belos exemplos!Se tudo nos parece normal, para que chorar depois?Descuidando da infância, a erotização precoce, a vaidade e a mentira nos surpreenderão, pois é bem mais fácil cuidar de uma criança que reconduzir um adolescente. Por que não lhes mostramos os valores morais nos lugares de etiquetas de grifes? Parece-nos tempo perdido sentarmo-nos à mesa e fazermos as refeições com os filhos, e talvez seja mesmo, dependendo dos exemplos.Preocupam-me os anjos rebeldes das ruas, mas hoje minha preocupação é com o anjo bem acolhido da sociedade. Por que o jovem que nunca passou fome, que sempre teve tudo, também segue caminhos tortos? Não podemos aceitar essa autodestruição de braços cruzados, e, ainda pior, compactuarmos com ela. Não adianta matricular nossos filhos numa escola pública ou particular, sem que a família esteja atenta. Cabe aos pais “fiscalizar”, pois esse termo tão em desuso e autoritário pode salvar um jovem. Quem são os responsáveis por manter a ordem dentro de uma escola? Há estragos que não têm preço, há oportunidades que não se reproduzem e há também maus comportamentos que se agregam
Demonstremos que nossas preocupações são mais importantes do que aquele tênis que a mídia mostra e o garotão viu no pé do amigo.Eles fingem ser adultos, mas sabem que não são. Não façamos tantos sacrifícios, demo-lhes amor, é de graça. Eles não pedem isso, porque a mídia não vende. Amemos as crianças com todos os erros que podem ser corrigidos agora, para não ter que suportá-los depois..Os anjos estão carentes de amor, por isso nos desafiam. Limite é forma de amar, mas como impor limites se não os temos? Ocupamos as horas com absurdos deveres: os amigos, cabeleireiros, manicuras, o jogo, a televisão, o filme e até com uma exaustiva religiosidade. Onde está o limite?.Educar é amar, não é intercalar, no corre-corre diário, o fruto que nós plantamos..Afinal, fizemo-los às pressas?
Agora é a hora de “curtir”, não de relaxar. Não nos surpreendamos se ouvirmos a pergunta que deu origem a este texto: “Você não sabe me amar?”
..
Emília L. Goulart já publicou livros e é membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras
.
**Parabéns a Diga Não,que sempre ensina,educa,denuncia,e faz mais que sua parte para melhorar nossa sociedade e nossa vida.Obrigada Ana pelas postagens!** =]
**foto ->minha mão e do Cauã ** =]
Nenhum comentário:
Postar um comentário