Todo mundo reduz os juros, só o BC brasileiro acerta ao mantê-los?
Diz o Iedi: "Tão acentuados têm sido os efeitos internos e externos sobre o crédito aos agentes produtivos, que não se deve descartar a hipótese de a economia brasileira proximamente entrar em uma recessão. Como cabe observar, se o crédito não era o único mecanismo indutor do crescimento do consumo e do investimento na economia brasileira, era, certamente, o mais importante".
Se há esse baita problema de crédito, deve-se fazer o diabo para injetar dinheiro na economia. O governo até vem fazendo um bocado nessa área, mas o Banco Central resolveu ontem andar na contramão de todos os BCs do planeta, ao manter os juros no obsceno patamar em que se encontram.
Não dá para entender. Basta ler a nota com a qual o Fed, o BC norte-americano, explicou a decisão de reduzir os juros de 1,5% para 1% ao ano. Praticamente tudo o que está nela vale também para o Brasil, guardadas as proporções: "O ritmo da atividade econômica parece ter se desacelerado marcadamente, em grande medida devido a um declínio nos gastos do consumidor. (...) A desaceleração da atividade econômica em muitas economias externas está prejudicando as perspectivas para as exportações dos EUA. Além disso, a intensificação da turbulência no mercado financeiro provavelmente representará um constrangimento adicional sobre o gasto, em parte por reduzir ainda mais a capacidade de pessoas e negócios de obter crédito".
Se, nessas circunstâncias, comuns ao planeta, todo mundo reduz os juros, só o BC brasileiro acerta ao mantê-los?
Texto de CLÓVIS ROSSI na Folha de São Paulo de 30/10/08
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