O aquecimento global está acontecendo mais rápido do que o previsto pelos piores prognósticos do painel científico da ONU que recebeu o Nobel da Paz, advertiu o ex-vice-presidente americano Al Gore no Fórum Econômico de Davos.
"Evidências recentes mostram que a crise do clima é significativamente pior e está se desenvolvendo mais rápido do que nos haviam advertido as projeções mais pessimistas do IPCC", disse Gore, um dos líderes da luta contra o aquecimento do planeta.
De acordo com Gore, existem previsões de que as camadas de gelo do Pólo Norte poderiam desaparecer por completo nos meses de verão dentro de cinco anos.
"Esta é uma emergência planetária. Nunca houve, nem remotamente, uma coisa assim em toda a história da civilização humana. Estamos colocando em risco toda a civilização", acrescentou.
Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou um grande relatório sobre a realidade e os riscos do aquecimento do planeta.
Em outubro do ano passado, Gore e o IPCC, integrado por 3.000 cientistas, ganharam de maneira conjunta o prêmio Nobel da Paz por seu papel em destacar os riscos de mudança climática.
Gore disse, no entanto, que a conferência sobre o clima realizada em dezembro em Bali, Indonésia, obteve algum progresso.
Porém, destacou que existe uma "mancha branca grande" no que foi discutido em Bali, a respeito da política ambiental dos Estados Unidos até a eleição do novo presidente em novembro, que só tomará posse em janeiro.
De acordo com Gore, a política mais importante que pode ser implementada é um imposto sobre as emissões de gases que provocam o efeito estufa em todo o mundo, "para que aqueles que não pagam pelo preço do carbono não tenham uma vantagem sobre os que pagam".
Ao lado do ex-vice-presidente americano, o cantor Bono, que lidera um movimento pelo perdão da dívida dos países pobres, brincou a respeito do que representa estar ao lado de Al Gore.
Quando o líder da luta contra o aquecimento do planeta te visita em sua casa, isso equivale a uma experiência de culpa e autoflagelação, confessou nesta quinta-feira o vocalista do U2.
O roqueiro irlandês dividiu as atenções com o ex-vice-presidente americano na reunião anual dos mais ricos e poderosos do mundo na estação de esqui de Davos, e brincou ao dizer que sua amizade é uma fonte constante de pressões domésticas.
"Gore esteve em minha casa e é como (...) bom, aqui chegou o reciclador Al, já sabem (...) Tenho um carro luxuoso, mas funciona a etanol, Al", disse Bono.
Bono admitiu que uma carreira no rock nem sempre é compatível com um estilo de vida ecológico, e comparou uma conversa com Gore a uma confissão.
"É como estar com um padre irlandês. Você começa a confessar seus pecados", afirmou. "Padre Al, não sou apenas um poluidor sonoro, sou um poluidor sonoro, uma estrela do rock ensopada de diesel que viaja em jato particular", acrescentou.
"Vou abandonar este mau costume. Estou sofrendo com o padre Al, mas o petróleo foi muito bom para mim, esses comboios de caminhões, produtos petroquímicos, gel para o cabelo", afirmou.
Bono e Gore viajaram para Davos para promover suas respectivas campanhas de combate à pobreza e pela redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa.
Yahoo! Notícias de DAVOS, Suíça (AFP) - Qui, 24 Jan, 10h28
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