quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O BC é o único certo no mundo?

 Todo mundo reduz os juros, só o BC brasileiro acerta ao mantê-los?


Relatório recente do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) usou, pela primeira vez que eu tenha notado, a palavra "recessão" para falar da economia brasileira -aquela que estava "blindada" contra a crise externa, lembra-se?
Diz o Iedi: "Tão acentuados têm sido os efeitos internos e externos sobre o crédito aos agentes produtivos, que não se deve descartar a hipótese de a economia brasileira proximamente entrar em uma recessão. Como cabe observar, se o crédito não era o único mecanismo indutor do crescimento do consumo e do investimento na economia brasileira, era, certamente, o mais importante".
Se há esse baita problema de crédito, deve-se fazer o diabo para injetar dinheiro na economia. O governo até vem fazendo um bocado nessa área, mas o Banco Central resolveu ontem andar na contramão de todos os BCs do planeta, ao manter os juros no obsceno patamar em que se encontram.
Não dá para entender. Basta ler a nota com a qual o Fed, o BC norte-americano, explicou a decisão de reduzir os juros de 1,5% para 1% ao ano. Praticamente tudo o que está nela vale também para o Brasil, guardadas as proporções: "O ritmo da atividade econômica parece ter se desacelerado marcadamente, em grande medida devido a um declínio nos gastos do consumidor. (...) A desaceleração da atividade econômica em muitas economias externas está prejudicando as perspectivas para as exportações dos EUA. Além disso, a intensificação da turbulência no mercado financeiro provavelmente representará um constrangimento adicional sobre o gasto, em parte por reduzir ainda mais a capacidade de pessoas e negócios de obter crédito".
Se, nessas circunstâncias, comuns ao planeta, todo mundo reduz os juros, só o BC brasileiro acerta ao mantê-los?

Texto de CLÓVIS ROSSI na Folha de São Paulo de 30/10/08

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Serra arrastou as fichas

O governador paulista ganhou na política, mas seu cacife está numa economia em tempo de crise

A TENACIDADE e o sangue-frio de José Serra fizeram dele o maior vencedor da eleição de domingo. Aliou-se ao PMDB, elegeu seu poste, derrotou os adversários internos e, num lance de sorte cronológica, habilitou-se para uma liderança política qualificada para tratar com os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira.
O governador de São Paulo lutou para obter o êxito político e os maus ventos da fortuna determinaram o fracasso das ortodoxias financeiras que beneficiaram (em todos os sentidos) aquele tipo de político e empresário que "tem medo do Serra".
A facção papeleira do PSDB tornou-se um ingrediente tóxico. No início de outubro, quando Serra criticou o Banco Central ("esses caras estão destruindo o país com essa política monetária"), alguns tucanos quiseram baixar-lhe o sarrafo do centralismo democrático. Depois do mea-culpa de Alan Greenspan, o "maestro" da farra americana e da corrida da banca às burras de todas as Viúvas do mundo, o discurso conservador tornou-se uma peça de antiquário. Surgirá outro, mas ainda precisa ser formulado.
Há três meses, era possível um cenário no qual Geraldo Alckmin chegaria ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Se perdesse, a culpa seria de Serra. Se vencesse, a vitória seria dele e de seus aliados. Nesse caso, uma vitória de Aécio Neves em Belo Horizonte transformaria a candidatura de Serra à Presidência num fundo de derivativos apodrecidos.
Aconteceu o contrário. Aécio não tropeçou porque seu candidato teve que lutar pela vida em Belo Horizonte, mas porque contrariou a prudência da política mineira e se meteu na disputa de São Paulo, apoiando Alckmin. Nisso, teve o discreto apoio de Tasso Jereissati, batido em Fortaleza pela petista Luizianne Lins.
O governo está capturado numa armadilha de juros altos e câmbio volátil. O Banco Central já dispôs de US$ 25 bilhões para impedir que a moeda americana vá sabe-se lá para onde. Seus gênios sabem que qualquer cotação do dólar acima de R$ 2 significa uma dolorida pressão inflacionária que obrigará Nosso Guia a rever sua teoria da marola. Além disso, estão sobre a mesa os sinais de que o comissariado petista pretende abrir os cofres do Banco do Brasil e da Caixa para investir em empresas estratégicas. Olhada de longe, essa iniciativa bem intencionada ecoa os antecedentes de crises mundiais passadas. Olhada de perto, pode significar uma aventura do governo, beneficiando um pedaço do empresariado, tornando-o eternamente grato pelo favor. É a velha e boa "nova classe", com a qual os grão-petistas tanto sonham, desde que seu gênio contábil Delúbio Soares revelou-se um biscateiro.
Nos últimos 30 anos, deram-se duas tentativas de transformação da economia nacional num regime de capitanias. A primeira, ocorrida em 1976, não passou de uma formulação do velho BNDE. A segunda, vitoriosa durante o tucanato, foi a privataria.
O resultado político da eleição municipal balançou o navio, mas a posição do barco será determinada pela economia. Nela, infelizmente, não há urnas eletrônicas.
Como Serra administrará o capital adquirido, não se sabe. Sabe-se menos ainda como seus adversários administrarão o quadro que o fortaleceu.

Texto de Elio Gaspari na Folha de São Paulo de 29/10/08
 

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Vanessa Lima Vidal, Miss Ceará

 Atenção, Itamarati 

27/10/08 12:06 

Por paulo frança

Nassif, isso é sério, grave e urgente e o Itamaraty tem de intervir.

"Saibam, que nesse momento, Vanessa Lima Vidal, Miss Ceará, segunda colocada no concurso de Miss Brasil, é surda e se encontra no Japão, sem intérprete da língua dos sinais, precisando ir para Macau disputar o Miss Beleza Internacional. E nos faz um apelo, desesperado, através de e-mail, para que a ajudemos. Estamos tentando contato com a Embaixada Brasileira, para ver se resolvemos esse problema"

Por Virgulino

A moça é lindissima. É a protagonista de um caso bastante estranho que em qualquer outro lugar do planeta teria imensa repercussão. Inteligentissima, desembaraçada, impecável no desfile, em tudo melhor e mais bela que a vencedora, o correto teria sido ela ser assumida pela organização do concurso e enviada com a sua deficiência para que fosse avaliada em escala global. Em vez disso, na noite do concurso era notório o constrangimento que causava nos patrocinadores. Ficou evidente que não ganhava porque os cabeças de cabiçulinha do concurso achavam que ela não teria condições de cumprir os compromissos derivados da vitória.

Talvez fosse isto: ela necessitaria de atenção especial que não constava da formatação financeira. E agora, moça de origem humilde que é, deve estar sofrendo com o desdém de quem só se interessa pela grana que ela pode proporcionar. A imprensa falou alguma coisa sobre isto, debateu algum aspecto disso? Não, talvez tenha valido o espírito de corpo com a emissora patrocinadora. Estes concursos não são para tratar as vencedoras como rainhas, mas como escravas a serem sugadas até a ultima gota de sangue.

Nassif, estou recebendo por e-mail direto do Ceará e não dá para postar na íntegra. O caso é sério e está causando danos à imagem do Brasil no exterior. Segue mensagem:

Por paulo frança

A situação é a seguinte: Vanessa Vidal, miss Ceará, foi ao Japão para concorrer ao Miss beleza internacional (em Novembro). Primeiro, uma interprete cearense (da Associação de interpretes do Ceará) era quem ia com ela ao Japão, essa interprete é fluente em LIBRAS e em INGLES. MAS, por falta de contato por parte da organização do MISS BRASIL, essa interprete desistiu. Ela mandou curriculo meses antes, e a coordenação do concurso NUNCA entrou em contato com ela, um descaso total... A interprete ficou preocupada como iria se deslocar para outro país sem contrato, de última hora... desistiu e avisou a VAnessa Vidal que não iria mais com ela, isso foi no mês de Agosto.

A Miss Vanessa comunicou a coordenação do concurso que precisavam procurar outro profissional, pois a interprete do Ceará não ia mais... Desde então, inicioiu-se uma busca a uma profissional interprete, foi solicitado ao presidente da Federação de interpretes de LIBRAS uma profissional com esse perfil (Fluente em libras e Ingles). O presidente da Federação de interpretes, Ricardo Sander, entrou em contato com interpretes de todo o Brasil e uma interprete chamada M ª Cristina Pereira de Florianopolis (Fluente em LIBRAS e INGLES) mostrou interesse e mandou um email para a organização do concurso, mas novamente eles NUNCA retornaram ao email dela.

O contato que tenho no Ceará é de Andrea Michillis. Segue outra mensagem dela, que não está conseguindo acessar o blog, por isso minha intermediação.

O e-mail dela é o andmichiles@hotmail.com

"Sou interprete de LIBRAS (aqui no Ceará) e vice-presidente da Associação de interpretes da Libras do Ceará. Conheço a Vanessa há muitos anos e sou professora-tutora dela no curso de Letras/Libras (UFSC/UFC).

abs,Andrea.

As três ondas da crise

O mundo passará por três grandes ondas no mercado financeiro, antes de assentar e começar a analisar as conequências sobre a economia real:

1. A crise bancária provocada pelo subprime. Bancos Centrais do mundo inteiro já encetaram ofensivas para contê-la.

2. Crise dos “hedge funds”, os fundos especulativos. A extraordinária desalavancagem (venda de ativos para resgate) ocorrida globalmente é a principal razão para essas quedas expressivas das bolsas, para as violentas oscilações cambiais (que não poupou nem o yen do Japão). É processo ainda em curso.

3. O default de países. Essa será a terceira onda. Na América Latina, são candidatos a Argentina (pelo conjunto da obra), Venezuela e Bolívia (pela queda do petróleo e pela falta de previsão quando os ventos iam a favor), e Chile (dependente do cobre).

Depois é que a recessão mundial entrará definitivamente nas análises.

Repare que, por conta do nervosismo atual, até notícias sem nenhuma novidade (como dados de recessão em países europeus ou nos EUA) caem como uma bomba sobre os mercados. Mas tudo por conta dos nervos expostos por essas ondas iniciais.

Do blog do Luis Nassif 28/10/08 09:30 
http://www.projetobr.com.br/web/blog/5

Eleições e bolsa família: Acenderam a luz vermelha

O Bolsa Família se tornou um instrumento de petrificação política, impedindo a alternância no poder municipal


O GOVERNO federal tem uma idéia fixa: vencer a eleição presidencial de 2010. Todas as ações político-administrativas estarão voltadas para esse objetivo. E, se necessário, vencer a qualquer preço.
Mas os resultados surpreendentes (para o governo) das eleições municipais acenderam a luz vermelha. Desapareceu do espectro político a possibilidade de o próximo presidente da República ser escolhido por um só eleitor, e 125 milhões de cidadãos simplesmente referendarem o desejo imperial.
As análises que davam como certa uma onda vermelha fracassaram, assim como aquelas que imputavam ao presidente Lula uma espécie de varinha de condão para escolher os prefeitos. Sua popularidade era tal, diziam, que bastaria indicar o candidato a ser votado. Seu prestígio era tão grande, afirmavam, que o povo, obedientemente, seguiria a determinação do condutor.
Se Lula e seus apoiadores acreditavam nessa falácia, não cabe crítica. O estranho foi a oposição ter imaginado que esse delírio era real.
Como esperado, nos pequenos municípios, o índice de reeleição dos prefeitos foi o maior da história. O uso político do programa Bolsa Família -o cadastramento é controlado pelos prefeitos- fez com que a reeleição se transformasse em favas contadas: quando não foi o próprio prefeito, o candidato vencedor foi alguém do seu grupo político.
Assim, o Bolsa Família se transformou em um instrumento de petrificação política, de permanência das oligarquias, impedindo a alternância no poder municipal.
Pior: o governo Lula, que já conta com 11 milhões de famílias beneficiárias, ameaça incluir mais 4 milhões que já estão cadastradas no programa. Em outras palavras, o programa Bolsa Família será um dos instrumentos usados em 2010 para ganhar de qualquer jeito as eleições.
O final do ano será marcado por um cenário político confuso. Surpreendido pelo resultado das eleições municipais, ao governo interessa colocar vários obstáculos no caminho até chegar a 2010.
Vai lançar diversos balões de ensaio: transformar o Congresso em Assembléia Constituinte, voltar a insinuar o desejo de apresentar a proposta do terceiro mandato, falar em extinção da reeleição, defender um mandato presidencial de cinco anos -mas, no fundo, sabe que nada disso pode ser aprovado.

A maioria congressual que o governo Lula teve nos seis anos de mandato vai diminuir paulatinamente. E minguará na relação inversa do tamanho da crise econômica internacional.
O governo continuará tentando dividir a oposição, buscando aqueles mais propensos à composição política em troca de algumas migalhas. Deverá explorar vaidades e esperanças frustradas.
Não faltarão adesistas. Estes, claro, vão se justificar argumentando que estão defendendo os interesses dos seus Estados. Vimos na campanha municipal que poucos candidatos tiveram a altivez de não se prostrarem frente ao presidente, como se o gestor municipal (ou estadual) tivesse de ter uma relação de subserviência em relação ao governo da União.
Até o momento, a oposição não esteve à altura das necessidades do país: teve receio de se contrapor, de remar contra a corrente, de enfrentar o governo no terreno da política; como se o índice de popularidade de Lula -que não será eterno- fosse um escudo que impedisse a construção de um outro projeto de país.
Mas os eleitores dos principais colégios eleitorais deram um recado: querem ter uma alternativa, não aceitam o voto de cabresto, não votarão em um poste na eleição de 2010, mesmo que indicado e apoiado ostensivamente por Lula.
O bloco anti-histórico que está no poder -o sindicalismo amarelo associado ao atraso oligárquico e aos interesses do grande capital financeiro- não cederá o governo facilmente. Vai lutar com todas as armas.
Teremos a eleição mais violenta da nossa história, com o uso da máquina administrativa e dos programas assistencialistas, com acusações e ameaças, dossiês à vontade, para todos os gostos, e, provavelmente, em um cenário econômico desfavorável.
Tivemos uma pequena mostra agora. Se o presidente foi tão agressivo na eleição de Natal, imagine quando estiver em jogo o Palácio do Planalto: o figurino "Lulinha paz e amor" será jogado no lixo.
O exército de aloprados prepara-se para o combate. Eles sabem que não podem perder o acesso privilegiado ao poder. Não mais sobrevivem distante dele. E farão de tudo para continuar mais quatro anos (oito seria melhor) usando e abusando das benesses produzidas em Brasília.

Texto de MARCO ANTONIO VILLA, 52, historiador, é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). É autor, entre outros livros, de "Jango, um Perfil".

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A vulnerabilidade da economia brasileira

A falta de um plano para a nação fez com que aproveitássemos pouco o período de prosperidade da economia mundial

















HÁ POUCO , a euforia com o surto de crescimento da economia brasileira somado ao descobrimento dos campos de petróleo fazia acreditar que o Brasil estava blindado contra as mazelas que se revelavam na economia mundial. Chegou-se a pensar que seríamos de novo uma ilha de prosperidade num mundo em recessão, o que, de fato, havia acontecido por breve período no "milagre econômico brasileiro" dos anos 1970, quando a economia do país crescia mais do que a chinesa atual.
Havia muito para o Brasil celebrar.
A demanda chinesa fez com que nossa dívida externa fosse quase toda paga e nossas reservas em divisas atingissem a marca de US$ 200 bilhões. A transferência de renda aumentou a inclusão social, e os investimentos decorrentes do aquecimento econômico fizeram crescer a nossa classe média.
Atingimos o grau de investimento e ainda fomos abençoados com o bônus da descoberta de reservas gigantescas de petróleo no pré-sal. A liberação generosa de créditos agrícolas promoveram a ampliação das áreas plantadas, e a demanda de um mundo carente de alimentos contribuiria ainda mais para as reservas do país.
Todavia, a falta de um plano para a nação, bem como de um planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo, aliada a uma necessária reestruturação da nossa economia, fez com que aproveitássemos pouco -e mal- o período de prosperidade da economia mundial.
Não há como criar uma nação prospera e moderna sem plano e sem planejamento. Deixamos passar a fase de bonança mundial para criar as defesas que poderiam proteger nosso país da crise financeira que se alastra e se aprofunda a cada dia.
Sem um rumo definido, fomos beneficiados pela economia mundial em ascensão. Agora, estamos esperando que se revele o destino para onde as ondas negativas nos levarão. O pouco que nosso país tem crescido se deve mais à teimosia do povo empreendedor que a influências do Estado, que consome 40% da riqueza nacional.
Acordamos para a realidade com a velocidade com que vimos se evaporar a nossa poupança em ações e a acelerada desvalorização da moeda.
Enquanto nações como EUA, China e outras agressivamente adotavam políticas de estímulo econômico com juros baixos e câmbio favorável para fazer frente à recessão mundial, nosso otimismo fez com que agíssemos na contramão do bom senso econômico.
À frente a uma das mais severas recessões mundiais, aumentamos a taxa de juros e mantivemos nosso cambio em situação desfavorável até que a as circunstâncias forçaram a desvalorização do real.
Com a nossa desorganização econômica, as reservas de petróleo serão insuficientes para desenvolver a nação. Convém lembrar que países como Venezuela e Irã continuam em situação de subdesenvolvimento, apesar das grandes reservas de petróleo. Da mesma forma, vimos nações enriquecerem em curto prazo sem grandes riquezas naturais, como China, Japão e demais tigres asiáticos.
Nada substitui a organização econômica de um país. Mercantilismo, o caminho da riqueza dos tigres asiáticos e da China, deverá ser o modelo adaptado para o Brasil.
O atual processo de recessão, com a crise sistêmica do setor bancário e da economia global, tem tudo para se transformar em uma profunda e prolongada depressão mundial. E já estamos vendo essa queda contagiar nossas commodities, cuja exportação tanto nos rendeu nesses últimos anos e que iria blindar o Brasil.
O sistema do "laissez-faire", de Adam Smith, pregado para o mundo como fórmula sagrada para a prosperidade, ora revela suas limitações. A socialização dos prejuízos de Wall Street e a estatização total ou parcial de quase todas as entidades financeiras chocaram a opinião pública norte-americana. A intervenção de governos na economia, mais chegada às teorias de Keynes e que se aproxima da direção planejada dos tigres asiáticos e da China, deve ora ser vista pelo mundo sob nova ótica. O capitalismo, da forma praticada, deixará de existir.
Agora temos que nos livrar do modelo econômico de pobreza, que sempre abafou nosso crescimento com taxas de juros exorbitantes. O câmbio desfavorável, o sistema de entraves, a velha legislação trabalhista e a falta de plano e planejamento fazem parte do nosso modelo de pobreza.
Enquanto a China conseguiu promover a inclusão econômica e social de 480 milhões de habitantes em 25 anos, nossos bolsões de miséria se mantêm. E a moeda chinesa, que flutua de acordo com uma cesta de moedas, se manteve estável nesta crise.



Texto de CHARLES A. TANG membro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e membro fundador do Ipede (Instituto de Pesquisa e Estudos de Desenvolvimento Econômico), é presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.

Na Folha de São Paulo de 27/10/08

Não é amor

É o momento de o movimento feminista recrudescer em outro patamar, para unir homens e mulheres que reconhecem na cultura da posse uma redução de seu potencial humano e, na desigualdade de direitos, grave ofensa ao direito de ser feliz num mundo mais ameno.


ATREVO-ME A alguns comentários leigos sobre os casos, em grande evidência, de seqüestro e assassinato de mulheres muito jovens por seus companheiros, namorados ou maridos também muito jovens. Limito-me a manifestar um terrível mal-estar, que é, ao mesmo tempo, tentativa de entender.
O caso da adolescente Eloá, de Santo André, parece ter provocado um surto. De Goiás, da Bahia, a notícia traz nomes e situações diferentes, mas, no fundo, é a mesma: após décadas de conquistas femininas e da queda de tantos tabus, a relação homem-mulher ainda é presa de uma cultura doente de posse e anulação do outro.
Em plena vigência da maior liberdade sexual já vivida na sociedade ocidental, grande parte dos homens comporta-se com perverso desejo de fusão com quem dizem amar, a ponto de colocar sua integridade em risco. A mulher que eles ameaçam em nossa frente, no horário nobre, não é nossa filha.
Mas, de certa forma, é. Não é nossa irmã. Mas, de certa forma, é. Não somos nós. Mas estamos todos reféns da perplexidade e da carência de sentido de tudo isso.
O que faz alguém imaginar ser dono do outro ou senhor do sofrimento alheio, inclusive da família, dos amigos, da comunidade e, com o auxílio da mídia, do país inteiro?
Esses episódios chamam a atenção para um fosso que torna incompletas as conquistas femininas, se as tomarmos sobretudo em seus aspectos relacionados a questões legais e materiais. No plano emocional, o pensar masculino parece ter sido insuficientemente afetado pelas mudanças nas leis, nos costumes, na realidade social. Ainda está perdido, talvez mais do que o universo feminino, na armadilha da possessão, confundindo-a com amor.
Antes era brandida a honra para justificar a violência. Hoje, entregues à razão narcísica contra quem não aceitou a fusão absoluta, decretam: ou assimilo o outro, ou ele não pode mais existir.
E, no entanto, há quantos anos as leis e as convicções repelem esse domínio? Talvez tenha chegado o momento de o movimento feminista recrudescer em outro patamar, para unir homens e mulheres que reconhecem na cultura da posse uma redução de seu potencial humano e, na desigualdade de direitos, grave ofensa ao direito de ser feliz num mundo mais ameno.
Não se pode imaginar que um homem que oprime ou tortura mulheres, por quaisquer meios, ou lhes tira até mesmo a vida tenha alguma satisfação genuína ou auto-estima. O grande desafio é que, enquanto essa legião de órfãos da felicidade não encontrar o rumo de casa, ou seja, da parte sensível e acolhedora de sua condição humana, estará faltando algo essencial aos direitos das mulheres.

Texto de MARINA SILVA, senadora e ex-ministra do meio-ambiente
Da Folha de São Paulo de 27/10/08

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Falcatrua à vista: ou simplesmente roubalheira à vista

Traços familiares, por Jânio de Freitas


É interminável a grande dinastia das medidas do governo que nascem com endereço determinado e corrupção também


A MEDIDA provisória que libera a Caixa para associar-se a construtoras/empreiteiras, assim como o Banco do Brasil a comprar parte ou o todo de empresas, tem os traços próprios das providências governamentais que devem ser recebidas com muitas reservas. Aí estão certos traços fisionômicos que sugerem algum parentesco, por exemplo, com as artimanhas para tornar a Oi/Telemar dona da Brasil Telecom, criando situação monopolista na telefonia fixa, com dinheiro do BNDES e do Banco do Brasil. É interminável a grande dinastia das medidas que nascem com endereço determinado.
A necessidade das construtoras/ empreiteiras não figurou nas notícias de setores já tocados por incipientes reflexos da crise. Muito pelo contrário, os negócios imobiliários foram objeto de recente noticiário, inclusive documental em TV, de que o interesse dos pretendentes a aquisoções não se mostrou abalado. O que é até lógico, porque a insegurança de aplicações mais propagandeadas, como Bolsa e fundos, aumenta a atração pela solidez dos imóveis.
De repente, o governo lança umas referências imprecisas sobre associação com construtoras, citando a Caixa Econômica e o BNDES, e em pouco mais de 24 lança a MP, na qual o Banco do Brasil substitui o outro banco, que já está metido em mais comprometimentos financeiros do que lhe convinha. Claro que a providência estava encaminhada antes da primeira e mal definida referência: para a reunião que a originou, no Planalto e com Lula, já foram chamados os presidentes do BB e da Caixa.
Rapidez e precaução podem indicar eficiência administrativa. Não, porém, quando essas duas qualidades deixam rombos sugestivos. Quem vai indicar os beneficiários dos capitais da Caixa e do BB? E por que critérios? Como se comprovará o estado empresarial de necessidade do favorecimento? E, acima de tudo: quem e como serão fixados o montante do aporte e O VALOR de cada ação?
Convém lembrar logo que empresa carente de auxílio extremo tem suas ações depreciadas.
E não será demais observar que as indagações acima, formas do interesse público tanto quanto do dever governamental, referem-se a esclarecimentos também públicos para a regra geral e para cada caso do favorecimento.
A espera de tal clareza do governo fica por conta do otimismo de cada leitor.

Da Folha de São Paulo de 23/10/08

Meu comentário: Tomara que as apreensões do Jânio de Freitas e as minhas desconfianças não se concretizem, mas tudo leva a crer que teremos mais um amontoado de corrupção.

O Pró-Tudo de Lula x Proer

O Pró-Tudo de Lula

Governo vai criar braço da Caixa a fim de socorrer bancos e empresas; Pró-Tudo de Lula é menos claro que Proer de FHC


O GOVERNO baixou ontem uma medida provisória que autoriza um banco estritamente estatal, a Caixa, a comprar qualquer empresa. Medida preventiva, pois, como disse o ministro Guido Mantega, "nenhum banco está quebrando"? Pode ser, embora seu anúncio tenha sido um tanto assustador, para dizer o menos. Mas o essencial é: não há mecanismos mais transparente de evitar "riscos sistêmicos"?
Tanto Banco do Brasil (BB) como Caixa (CEF) e suas subsidiárias podem fazer feira de instituições financeiras em estado pré-falimentar.
BB e CEF foram autorizados a comprar seguradora, empresa de previdência privada (que tomaram tombos feios com a crise no mercado) etc. Mas o BB pelo menos tem ações na praça. Seus acionistas minoritários podem chiar, embora os governos tenham o costume de cobrir rombos do bancão federal.
Mas a CEF, além de ser todinha da União, ainda foi autorizada a criar um banco de investimentos, que pode comprar "participações" (parte ou o controle de empresas), entre outras operações típicas do setor. Se não for inócua, a CEF-Par" tem toda a cara de que será o bancão sombra da crise brasileira, o que vai engolir companhias podres, mas sem prestar contas claras (é um banco) e tendo o dinheiro público como o garantidor último de negócios ruins ou de negócios com amigos quebrados.
Em suma, se a CEF fizer mau negócio, a conta cai no Tesouro Nacional.
O Banco do Brasil recebeu ajuda em 1996 e em 2001, no governo FHC. A CEF, o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia entraram também no pacotão de 2001. O colunista não conseguiu fechar as contas precisas dos dois pacotões mas, em valores de hoje, começaram custando R$ 38 bilhões. A conta é difícil porque, além de dinheiro vivo e compra de ações pelo Tesouro, a União agasalhou créditos podres desses bancos (como dívida agrícola, dívida de financiamento imobiliário etc.). Aliás, em geral, os bancos fazem tais negócios ruins porque lobbies pedem, e o governo cede.
Há dois problemas graves e essenciais no Pró-Tudo de Lula. Primeiro é o público simplesmente não vir a saber que risco estará correndo, pois as operações do banco de investimento da CEF não vão aparecer no sistema de contabilidade pública.
Ou melhor, podem aparecer: quando a conta do negócio ruim chegar.
Ou ainda antes: ou a CEF não tem dinheiro para bancar a feira de empresa ruim (e a medida é inócua) ou vai acumular passivos obscuros e/ou receber aporte de recursos do Tesouro desde já. Será essa a próxima medida provisória?
Segundo problema maior: o privilégio. Considere-se que uma empresa ou banco fez negócio ruim e está para quebrar. A CEF então dá uma mãozinha, compra "participação".
Os acionistas ou donos das firmas que fizeram maus negócios ficam com a empresa e com o subsídio público. Impedir que a empresa quebre é bom para os funcionários e para o país? Ok. Mas por que é preciso haver subsídio para o proprietário?
O PT fez aquela chacrinha com o Proer, o programa federal de cobertura de rombos dos bancos privados, criado no governo FHC. Mas o Proer, ainda com algumas obscuridades, parece muito mais claro do que o Pró-Tudo de Lula.

Texto de VINICIUS TORRES FREIRE na Folha de São Paulo de 23/10/08

Kassab: "Ele é casado? Tem filhos?" "O que mais ele esconde?"

Conservadores e conservadores, por Eugênio Bucci

Marta foi além da linha que separa o legítimo do intolerável

Nesta eleição municipal, Gilberto Kassab carrega consigo as forças mais conservadoras do Brasil. Mais ainda, é carregado por elas. Não apóio sua candidatura, caudatária da tradição ancestral de recusar e, na medida do possível, impedir a força renovadora dos movimentos sociais. Numa sociedade tão desigual como a nossa, não há perspectivas de democracia e de justiça que não inclua a organização livre dos mais pobres e a afirmação material dos seus direitos. A autoria dos processos políticos não pode mais se restringir àqueles que sempre mandaram. O jogo do poder requer novos atores, deve ser compartilhado com aqueles que, até há pouco, não tinham vez. A ilusão conservadora reside justamente aí, na suposição autoritária de que pactos entre velhas oligarquias dão conta de superar os impasses atuais. No caso brasileiro, as respostas não estão mais no passado. Reinventar a política e promover lugar, voz e influência para os novos atores se tornaram para nós imperativos inescapáveis.

O dado chocante na eleição paulistana é que o argumento mais conservador que apareceu na arena até agora foi lançado exatamente pela candidatura que ainda procura falar em nome da renovação, a de Marta Suplicy. Quando decidiu pôr em debate aspectos da vida privada do atual prefeito, por meio de duas perguntas insidiosas - "Ele é casado? Tem filhos?" -, a campanha do PT e de seus partidos coligados reafirmou, ainda que de modo enviesado, os preconceitos mais sombrios da nossa cultura, aqueles que atam a noção de virtude pública ao tradicionalismo no modo de vida. Ao tradicionalismo sexual. Embora faça tudo para ostentar uma plataforma aparentemente inclusiva e igualitária, a candidatura da ex-prefeita demonstrou, com esse movimento, que não hesita em se aliar ao que pode haver de pior no discurso obscurantista.

Agora, cabe perguntar: de que lado, verdadeiramente, está o conservadorismo? Ele está no pacto que apóia Kassab, que pelo menos nesta campanha não agrediu a intimidade de ninguém - e o respeito às privacidades é uma exigência da renovação política -, ou está na propaganda de Marta Suplicy, que, embora tente se alicerçar nas periferias geográficas e políticas desta metrópole, reproduz e revigora valores atrasados, deseducando o eleitorado e exumando padrões comportamentais anacrônicos? Qual dos dois lados se mostra mais preparado para renovar a cultura política?

Para muitos, e muitos de boa-fé, a quem respeito, a pergunta é absurda. Alegam que o pólo dito "de esquerda" é o único pelo qual pode passar a superação dos nossos déficits democráticos municipais e nacionais. Tomam isso como uma verdade imutável e, em nome dela, negligenciam o resto. Emudecem sobre o que chamam de pecados menores à luz da grande responsabilidade histórica que recairia sobre os ombros dessa esquerda e apenas dela. Recusam-se a debater em público os erros de conduta de seus correligionários, como se o público fosse um campo minado. Qualquer exposição, qualquer reflexão aberta sobre o tema recebe logo o carimbo condenatório de um ato que dá munição ao inimigo - inimigo "nosso" e, portanto, inimigo do povo e do futuro. Assim, deixam de ver no público a instância máxima da democracia e consideram que os deslizes éticos, mesmo quando encerram podridões, devem ser dirimidos antes no interior do aparelho e só depois chegar à opinião pública. Se é que devem chegar aí.

É com tristeza que afirmo que a distância entre essa postura e o vale-tudo, tão próprio do conservadorismo pátrio, é mínima. Quando surge um caso de corrupção, o silêncio obsequioso se escuda numa espécie de rouba-mas-faz-obra-social. Agora, temos uma variante da mesma postura: a-campanha-é-preconceituosa-mas-pelo-menos-é-"popular". Ora, até onde vamos?

O proselitismo do "É casado? Tem filhos?" não é um episódio menor. Ele denota que, do ponto de vista desses estrategistas, qualquer cartada pode valer para derrotar o inimigo - inimigo mesmo, não adversário. Nesse sentido, é quase uma confissão. Mais que a privacidade de Gilberto Kassab, expõe uma tibieza de princípios na candidatura de Marta Suplicy. Que é ainda mais preocupante quando se leva em conta o destaque que as bandeiras comportamentais sempre tiveram na trajetória da candidata, cuja história foi abertamente traída pelas duas perguntas fatídicas.

Há muito já sabemos que, na política contemporânea, os fins não justificam os meios. Ao contrário, os meios determinam os fins. Jogar suspeitas sobre a intimidade de quem quer que seja não é um método aceitável para se conquistar um lugar neutro chamado poder. Esse lugar não é neutro, ele é necessariamente moldado pelas práticas adotadas para viabilizá-lo; os métodos que têm lugar no poder não têm como ser diferentes daqueles que foram empregados em sua conquista. A nossa história recente é pródiga em (maus) exemplos. Por isso, é preciso cuidado. Muitas vezes são os pequenos gestos que revelam o caráter de uma candidatura - e aqui estamos diante de um desses pequenos gestos. Ele indica que, para essa candidatura, a vitória eleitoral parece valer mais que a coerência em torno de bons princípios. Se é assim agora, o que mais não vem pela frente?

A ética lida com limites e os limites nem sempre são trágicos, espetaculares, grandiosos. Às vezes, eles são sutis. A linha que separa o legítimo do intolerável pode ser muito fina, quase imperceptível. Mesmo assim, ou melhor, por isso mesmo, não se pode desprezá-la. Há um ponto além do qual não se pode ir. Lamentavelmente, a campanha de Marta Suplicy foi além. Aí, não tenho como acompanhá-la. Desta vez, ela não terá meu voto.
Do Estadão de 23/10/2008
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081023/not_imp264774,0.php

Quem é:
Eugênio Bucci, de janeiro de 2003 a abril de 2007 dirigiu a Radiobrás (Empresa Brasileira de Comunicação S.A), comandando o processo de revitalização e reposicionamento da empresa estatal de comunicação. Seu trabalho foi elogiado pelos principais veículos de comunicação do país e por diversos políticos e intelectuais, acumulando prêmios e reconhecimento nacional e internacional.De janeiro de 2003 a abril de 2007 dirigiu a Radiobrás (Empresa Brasileira de Comunicação S.A), comandando o processo de revitalização e reposicionamento da empresa estatal de comunicação. Seu trabalho foi elogiado pelos principais veículos de comunicação do país e por diversos políticos e intelectuais, acumulando prêmios e reconhecimento nacional e internacional.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O governo e o cachoro correndo atás do próprio rabo

Medidas tópicas que só adiarão o dia da queda da equipe econômica, tomara que tropecem e caiam logo!


O governo acaba de autorizar o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal a comprarem bancos e construtoras em dificuldades financeiras.
Isto é ótimo, é sinal que o governo está alerta e tomará todas as medidas possíveis para evitar que o Brasil no buraco.
Não, isto é péssimo, é sinal que o governo vem mentindo nos últimos meses e que a marola que o presidente falou, pode ser um tsunami!
Em 2003 o governo federal encontrou uma grave crise financeira provocada pelo desconhecimento do novo presidente, mas em compensação o governo tinha um instrumento muito poderoso para sair da crise que era a maxi-desvalorização do dólar que estava na casa dos R$ 4,00.
Com o real desvalorizado seria fácil aumentar as exportações e provocar um enorme superávit comercial que pagaria nossa dívida externa em poucos anos.
O governo, no entanto foi favorecido pela procura mundial por comodities e as exportações de produtos primários aumentaram tanto em quantidades exportadas quanto em valores no mercado internacional.
O governo então utilizou o dólar como âncora contra a inflação e permitiu sua desvalorização, este movimento de baixa, inicialmente fez os exportadores anteciparem as receitas de exportações e provocar mais baixa do dólar, ao mesmo tempo da âncora contra a inflação o governo precisava financiar seu enorme déficit público e permitiu que os juros continuassem com taxas elevadíssimas, refletidas na taxa SELIC.
Como os juros internos eram e continuam sendo muito elevado, o maior do mundo, os especuladores internacionais resolveram trazer mais dólares para a especulação e por conseqüência o dólar se desvalorizava ainda mais e assim passamos 6 anos, acumulando lucros dos especuladores e escorchando o contribuinte brasileiro.
Durante estes 6 anos o governo deu e permitiu aumentos estratosféricos para os funcionários federais dos três poderes. A lista de desperdício é enorme, ainda na semana passada, houve mais um bonde da alegria, carregado de aumento para os funcionários, numa prova evidente que este governo sindicalista pretende perpetuar-se no poder, às custas do contribuinte brasileiro.
Agora a conta da bebedeira foi apresentada.
O Banco Central já gastou uns 25 bilhões de dólares para saciar a sede dos especuladores e tudo indica que vai gastar muito mais.
Depois de negar a crise, depois de dizer que não haverá corte em políticas sociais, depois do ministro da agricultura dizer que a agricultura não será afetada, como assim não será afetada, se as cotações despencaram?
Depois de dizer que as verbas do PAC não serão afetadas, depois de negar, depois de marolar, depois de enrolar, o governo a cada dia tenta apagar o incêndio que ele, GOVERNO, não sabe o tamanho, pois nunca quis ouvir os setores responsáveis da sociedade.
Agora deputados governistas imploram ao presidente do Banco Central, preposto dos financistas, que pare de aumentar os juros e o presidente do Banco Central, fiel aos compromissos assumidos junto aos seus patrões, os já referidos financistas, não quer atender ao mínimo que seria não aumentar os juros, pois o correto seria reduzir drasticamente a taxa da SELIC para que a sociedade possa respirar.
Assim ficamos vendo o governo tal qual o cachorro que corre atrás do próprio rabo, ou seja rodando sobre si mesmo, pois a sociedade implora a baixa dos juros e o governo responde com medidas paliativas, medidas tópicas que só adiarão o dia da queda da equipe econômica, tomara que tropecem e caiam logo!

José Geraldo da Silva
23/10/08
Segundo Paulo Nogueira Batista Júnior, diretor-executivo do FMI para o Brasil, petista de carteirinha, nossa política monetária deve ser revista e o BC terá de rever a política de alta nos juros no País por causa da crise internacional
Ouça esta sonora da rádio Bandeirantes

Doce Veneno - Aspartame



Três artigos, sobre o Doce Veneno - Aspartame, escritos pela Denise Arcoverde no site Síndrome de Estocolmo

Doce Veneno - Aspartame - Parte 1 - Minha Experiência

Doce Veneno - Aspartame - Parte 2 - Ciência & Incertezas

Doce Veneno - Aspartame - Parte 3 - Porque a gente pode engordar consumindo produtos Diet


Parte 1 - Minha Experiência

Publicado na Quarta-feira, 21 Junho 2006 por Denise Arcoverde
aaspartame1.jpg
Quando mudei pros EUA, achei que tinha chegado ao paraíso das comidinhas diet. Até comentei com amigas, que era uma delícia! não precisava mais me preocupar com isso. Há uns 15 anos não sei nem o que é açúcar, tudo era aspartame. Depois que Bia cresceu, até ela entrou nessa, afinal, não custava nada evitar o maldito açucar.
Aqui, o refrigerante é indecentemente barato. Muitas vezes, comprei no Giant, supermercado local, refrigerante em promoção, por 7 dólares, 3 caixas com 12 latas cada, o que dá 19 centavos cada lata!
Em Costco, quando ia às compras, pagava 55 centavos por quanto refigerante pudesse tomar, eles dão o copo e você vai colocando mais. Tudo diet, claro. Houve dias em que eu percebi que tomava muito maisCoca Diet que água.
Cinco, seis latinhas, estupidamente geladas, por dia. E estava virando um vício, já acordava precisando daquela sensação do refrigerante (que também podia ser Sunkist Diet, que eu amo), descendo pelo estômago, logo cedo… (as latinhas até viraram post sobre manias)
Além disso, tem tudo diet. Chocolates, barrinhas de cereais, gelatina, sorvetes, picolé, sucos, bolinhos e até cheesecake. Quase tudo com aspartame, lógico, e a um preço super convidativo.
Paralelamente, desde que mudei pra cá, tenho me sentido estranha. Primeiro, que minha dor de cabeça (que sempre tive, igual a minha mãe), piorou muito. Vivia com dor de cabeça. Também uma “moleza” enorme, falta de disposição, parecendo uma depressão. E muita dor muscular, dores que começaram a pipocar por todo lado.
Eu adorei a mudança pra cá. Apesar de gostar muito de Estocolmo, sabia que a vida aqui seria bem mais fácil, principalmente pra Bia, como realmente foi. Ela tá ótima. Eu já falava bem inglês e adoro Washington. Estive aqui, em 1998, com Bia, e lembro de pensar que essa seria uma excelente cidade pra se viver.
Concretamente, eu não tinha do que reclamar, super feliz com Ted e Bia se adaptando bem. Mas cada vez eu piorava mais. Era um sensação de desânimo. Aí eu comecei a observar minha alimentação, tentar comer coisas mais saudáveis e… cortar tudo que tivesse aspartame.
Mais do que todos os muitos artigos que eu li, posteriormente, contra esse produto, a minha experiência pessoal é de se arrepiar. Eu cortei o aspartame após ter ido parar no hospital pela terceira vez, com dores. Algumas semanas depois, eu me sentia uma outra pessoa. Ainda um pouco cansada, ainda com pequenas dores, mas sem nenhum traço de depressão (e sem usar nenhum anti-depressivo!).
Aí, como estava absolutamente viciada em refigerante diet, comecei a falar que era coincidência, que não tinha nada a ver e que provavelmente eu estaria melhorando mesmo, com ou sem aspartame… e voltei a tomar as latinhas.
Gente, voltou tudo. Toda a sensação de mal-estar, de depressão, as dores aumentaram. Aí, obviamente, eu entendi a gravidade da coisa, comecei a ler tudo que, até aquele momento eu sempre jurei que era “hoax”, era lenda urbana e agora ninguém me faria colocar uma miligrama de aspartame na boca.
images.jpgEu nunca fui “natureba”. Na verdade, até ficava deslumbrada com os avanços da “tecnologia da alimentação” comentava com Ted como era fantástico poder tomar quantas Diet Coke queria, sem me sentir “culpada”. Sempre achei que, os que detestam comidinhas diet, congelados etc. estavam vivendo em outro mundo… achava que era puro preconceito…
Hoje, depois de tudo que eu li (artigos científicos, de jornais médicos confiáveis) e por tudo que passei e estou passando, me arrependo profundamente por não ter sido uma “natureba”, a minha vida toda. Li, em um artigo, que a gente só devia consumir coisas que as nossas tataravós reconhecessem como comida. Muito interessante e é o que estou tentando seguir, agora.
Não estou dizendo que o aspartame causa a fibromialgia, mas que pode ser um poderoso catalizador da síndrome (ou doença, como preferirem). Quando fui ao meu médico reumatologista, que tem 40 anos de experiência, e falei do aspartame ele ficou irritadíssimo (e feliz por eu já ter parado de consumir).
Disse que para eles, médicos experientes, que tratam fibromialgia, lúpus e outras doenças que atingem o sistema imunológico, isso não é nenhuma novidade. Eles atendem milhares de pacientes por ano reclamando desse “envenenamento pelo aspartame” (palavras dele). E o pior é que as indústrias de alimentos (basta dizer que o aspartame foi produzido, pela primeira vez, pela criminosa Monsanto) têm poder demais e eles não podem fazer nada.
E ele não é um médico jovem, cheio de “idéias alternativas”, não. É um senhor perto de se aposentar, bem tradicional (tem o nome dele em revistas, como dos melhores médicos de Washington), mas ele viu, na sua experiência própria, o efeito do aspartame e repete que é um “veneno”.
Hoje em dia, confesso que fico ansiosa ao ver alguém consumindo aspartame, ainda mais se for alguém que tem fibromialgia, porque a relação entre os dois é tão garantida e comprovada. E eu senti na pele.
Mesmo se você for perfeitamente saudável, não vale a pena arriscar, porque ninguém sabe quem tem predisposição à fibromialgia ou lúpus (pessoas negras têm maior probabilizade de desenvolver a doença). Tenho visto depoimentos, no blog Vivendo com Fibromialgia, de meninas que descobriram a doença aos 18 anos. Também vi vários homens sofrendo com isso.
Eu melhorei muito, depois que parei de usar o aspartame - além da minha postura positiva em relação à doença, credito a isso boa parte do meu bem estar e poucas dores. Mas, a fibromialgia estará sempre comigo, ainda que diminuam as dores, não tem um dia que eu não perceba que elas estão por aqui.
É uma pontada no pé, no pulso, na mão, um cansaço extremo na hora de acordar. Estou muito bem, não é nada insuportável, mas além de ser desagradável, eu sei que a qualquer momento, uma crise maior vai aparecer. Porque, uma vez estabelecida, a fibromialgia não tem cura.
Portanto, não vale a pena arriscar, de jeito nenhum. Esse é o primeiro post de uma série que vou fazer sobre o aspartame. Mas, se fosse você, ia na cozinha e jogava fora já, tudo que tiver com esse produto, eu, meu médico e muitos estudos sérios estamos garantindo que é um veneno.
stevia.jpgObs.: uma questão prática… como substituir o aspartame? eu evito, hoje, qualquer adoçante dietético. Se for mesmo obrigada, por total falta de opções e tiver Splenda, ainda uso, mas sei que também tem contra-indicações. O açúcar, como bem lembrou a Juliana, também faz mal, especialmente refinado. Eu acho que a melhor opção ainda é astevia, que é o produto mais saudável. Estou curiosa pra ver se suspender os adoçantes diet vai aumentar meu peso. Desconfio que não.
No próximo post, escreverei sobre as últimas pesquisas sobre o tema e no seguinte, sobre porque é que, mesmo tomando tanto aspartame, todo mundo continua gordo.
Observações importantes:




  • Tomar um adoçante diferente e Coca Light, não adianta de nada. É importante saber a quantidade total de aspartame que se consome por dia, pra isso é importante olhar todos os rótulos, de gelatina, yogurte, refigerantes etc. Tudo isso pode ter aspartame. O pior é o excessivo uso de Coca (ou Pepsi, ou Sprite etc.) Diet, que a gente consome, ai é onde eu acredito que se consome mais aspartame.












  • Quanto às informações contraditórias na Internet, é fundamental saber a fonte. Mesmo pesquisas feitas por profissionais de saúde podem não ser confiáveis, porque as indústrias, como a Monsanto, pagam fortunas por resultados tendenciosos. Basta mudar uma variável, e o resultado é o que eles querem. É uma máfia. Tem um site, por exemplo, http://www.aspartame.org, que parece ser bem profissional, mas é todo financiado pelas indústrias que produzem aspartame.












  • Eu também achava que era “hoax”, até experimentar e sentir os efeitos na pele. Ainda tinha dúvidas até conversar com meu médico, que não acredita nem em suplemento ortomolecular, por exemplo, mas garante que o aspartame é um dos pricnipais detonadores da fibromialgia.












  • Gente, eu era MUITO cética. Hoje, tenho pena, porque sei que tudo que escrever não adianta muito, porque a maioria vai achar que é “lenda urbana”, mas infelizmente, é uma verdade escondida pelo poder econômico dessas empresas. A história de como conseguiram liberar o aspartame nos EUA é de arrepiar. Vou traduzir isso pra vocês também.












  • Serbon informou que nenhum refrigerante diet, no Brasill, usa aspartame (aqui são quase todos adoçados com esse produto), menos mal. Vale dar uma olhada nos rótulos.
    Imagem: Organic Consumers Association.
    Do blog Síndrome de Estocolmo
    http://sindromedeestocolmo.com/archives/2006/06/doce_veneno_asp.html/





  • Doce Veneno - Aspartame - Parte 2 - Ciência & Incertezas


    Doce Veneno - Aspartame - Parte 2 - Ciência & Incertezas

    Publicado na Quarta-feira, 05 Julho 2006, por Denise Arcoverde
    skull_aspartame.jpg
    Eu juro que fiz um esforço enorme, no meu último post sobre o assunto, pra não parecer alarmista. Sei que o exagero é o maior inimigo de qualquer “ativista” e tenho consciência de que é por isso que as informações sobre o aspartame são tão desconsideradas e vistas como “lenda urbana”, ainda que estejam respaldadas por referências científicas. Mas não resisto à imagem acima.
    É que sou passional e não conseguiria falar sobre um assunto que me choca tanto, com imparcialidade. Sendo assim, tentei, nesse post juntar minha paixão pelo assunto, com uma pesquisa feita apenas em artigos de instituições científicas e que tenham credibilidade. Existem dezenas de sites ativistas que contam os horrores do aspartame, basta escrever a palavra no Google. Mas, para evitar críticas, vou deixar esses sites de lado, por enquanto.
    Lembrando que, no meu post anterior, deixei bem claro que estava falando apenas daminha experiência e nele eu já dizia que num post futuro falaria mais sobre as pesquisas existentes sobre o assunto, não tinha a pretensão de oferecer nenhuma informação científica. Se vocês lerem bem, não fazia nenhuma afirmação do tipo “o aspartame causa câncer” ou “aspartame causa fibromialgia”. Falei da experiência que eu tive e da opinião do meu médico, apenas.
    Mas, e dá pra confiar, tão cegamente, na Ciência?
    Desde que comecei a pesquisar sobre aspartame e fibromialgia, tenho todo cuidado em avaliar bem as minhas fontes. Mas isso também não significa que confio piamente em tudo que é publicado nos famosos jornais médicos.
    Ano passado, o British Medical Journal, conceituadíssimo, publicou um editorialdefendendo a segurança do uso do aspartame. Interessante é que eu percebi que a sua primeira referência é do Aspartame Information Center, site do “The Calorie Control Council”, associação internacional que representa a indústria de bebidas e alimentos diet e de baixa caloria.
    Não parece que existe aí um imenso “conflito de interesses”? desde quando a indústria tem credibilidade para ser citada num editorial que defende produtos produzidos por ela?
    Em carta, também publicada no British Medical Journal com o título de Aspartame e seus efeitos na saúde - Estudos financiados independentemente encontraram potenciais efeitos adversos , o Dr. John Briffa critica o editorial do BMJ:
    “Essa revisão é particularmente preocupante porque mostra que, enquanto 100% dos estudos financiados pelas indústrias (integral ou parcialmente) concluiram que o aspartame é seguro, 92% dos estudos financiados independentemente encontraram potenciais efeitos adversos”, afirma Dr. John Briffa. Antes que digam que esse médico não é respeitável, vale informar que ele tem artigos publicados pelo próprio BMJ, adorado pelos defensores da “Ciência acima de tudo”.
    Eu não sou a única que questiona a “verdade definitiva” das pesquisas cientificas. Uma revisão feita pelo epidemiologista John Ioannidisa, em 49 estudos altamente citados (portanto considerados excelentes referências), resultou que 14 deles foram contraditos ou relativizados por pesquisas posteriores, como divulgado na revista Discover.
    Como os pacientes podem lidar com essa confusão? “Nós deveriamos mudar nosso modo de pensar sobre resultados significantes estatisticamente, para o que eu chamaria de um resultado com credibilidade,” disse Ioannidis“Não há nada demais em afirmar que as pesquisas publicadas nos jornais médicos não são 100% corretas. Não existe pesquisa perfeita.”
    Ioannidis orienta seus pacientes a protegerem-se mantendo uma postura crítica em relação aos conselhos dados por seu/sua médico(a). “Pergunte não apenas ‘isso é bom pra mim?’ mas ‘qual a certeza disso’?”
    Quase todo mundo sabe sobre o desastre que foi o uso da talidomida. Recentemente, oVioxx foi recolhido. O Ambien, um tranquilizante extremamente usado, por aqui, pode fazer as pessoas virarem sonâmbulas, ao ponto de entrar no carro e dirigir. Todos esses medicamentos, em certo ponto, tiveram pesquisas cientificas, garantindo sua segurança, por isso foram liberadas. Assim como o aspartame, atualmente.
    Não estou dizendo que não se pode confiar na ciência, senão voltaríamos aos tempos de Galileu. Mas apenas lembrando que devemos sempre ser críticos em relação a qualquer afirmação que vá interferir tão gravemente em nossas vidas, mesmo quando vinda das fontes mais seguras.
    É onde entra o bom senso em relação ao “custo benefício”. Eu não posso garantir que o aspartame foi o agente catalizador da minha fibromialgia. Mas, considerando que existe uma possibilidade e que, eu não acordo uma único dia sem sentir alguma dor em algum lugar do corpo… se pudesse voltar no tempo, eu jamais arriscaria. Por isso, me interesso tanto em divulgar esse tema e até criei mais um blog, apenas para divulgar artigos sobre aspartame.
    Claro que, se você tem diabete e precisa de um adoçante, essa pode ser sua única opção. Não sei, e esse é outro universo enorme a ser pesquisado, não teria tempo para isso. Mas, mesmo sabendo que todos adoçantes têm contra-indicações, eu conversaria com meu/minha médico(a) sobre a possibilidade de usar outro produto.
    Mas, o que é o aspartame?
    aspartame_molecula.jpg
    O aspartame é uma neurotoxina, ou seja, uma droga que ataca o sistema nervoso. Sua molécula é dividida em três componentes: ácido aspártico, fenilalanina e metanol.
    Sabe-se que o ácido aspártico, em grande quantidade, pode causar lesões cerebrais, segundo experiências feitas com animais.
    fenilalanina, existente no aspartame, também é neurotóxica, quando isolada dos outros aminoácidos das proteínas. Bloqueia a produção de serotonina, que é uma das substâncias, no cérebro, responsáveis por regular o sono. Quando a gente tem baixos níveis de serotonina, pode ter insônia, depressão, angústia, mau humor e até sintomas de paranóia. Uma das características comuns aos pacientes com fibromialgia (que não é uma doença apenas psicossomática), são os baixos índices de serotonina, como afirma o site fibromialgia.com.br, apoiado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Pura coincidência?!
    Finalmente, o metanol converte-se, depois de ingerido, em formaldeído ácido fórmico(principal componente do veneno da picada das formigas) e é conhecida como uma substancia cancerígena.
    Quem consome a quantidade certa?
    Aparentemente, essas substâncias, nas quantidades máximas indicadas, não fazem mal. Acontece que, com o uso do aspartame em mais de 3.000 produtos, se a gente passa a usar tudo “diet”, é difícil saber a quantidade ingerida diariamente.
    Isso se essa informação fosse disponível, né? há poucos dias, o IDEC divulgou umestudo que alerta para consumo excessivo produtos diet e light. Analisando amostras de 24 adoçantes, 25 bebidas dietéticas e quatro sucos em pó, o IDEC descobriu que nenhum deles informa o limite máximo de consumo por dia, chamado de Ingestão Diária Aceitável (IDA).
    Outra questão a se considerar é a interação entre vários produtos. Alguns cientistasacreditam que o aspartame, sozinho, pode não ser tóxico, mas ele é sempre usado com uma grande quantidade de outros aditivos e aí, quem conhece os efeitos dessas interações?
    Portanto, é fácil dizer que o aspartame isolado e nas quantidades ideais é seguro, ainda mais quando a indústria financia a maioria das pesquisas… dá pra arriscar?
    Algumas pesquisas sobre aspartame
    Não é por causa delas que eu parei de consumir esse produto, mas pela minha experiência própria. Por ter observado uma grande piora nos meus sintomas de fibromialgia, quando consumia esses produtos e por ter sido advertida pelo meu médico (que atua na área há 40 anos), que o aspartame pode desencadear crises de fibromialgia, sim.
    Mas, não custa nada mostrar que, ao contrário do que se afirma, também existem pesquisas que mostram riscos do consumo desse produto.
    • Aspartame induces lymphomas and leukaemias in rats (Centro de Pesquisas sobre o Câncer, Fundação Européia de Oncologia e Ciências Ambientais, Bolonha, Itália)Esse estudo causou uma enorme reação por parte da indústria de adoçantes e por causa dele, foi escrito o editorial do BMJ (sobre o qual falei acima), defendendo o produto.
      Depois de estudar 1,8 mil ratos, durante oito anos, a equipe de pesquisadores italianos concluiu que o aspartame pode ter efeitos cancerígenos. O estudo foi anunciado em julho do ano passado e publicado em março de 2006, na revistaPerspectivas de Saúde Ambiental do Departamento de Saúde dos Estados Unidos.
      Veja a entrevista “O aspartame é cancerígeno, sim”, em português, com o cientista responsável por esse estudo, na revista Terramerica, apoiada peloPrograma das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
    • Aspartame ingestion and headaches: a randomized crossover trial (Estudo do Departmento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública e Medicina Comunitária da Universidade de Washington, Seattle e publicado pela Academia Americana de Neurologia)Esse experimento eferece evidências de que algumas pessoas são particularmente suscetíveis a dores de cabeça causadas por aspartame e deveriam limitar o seu consumo.
    • Aspartame as a dietary trigger of headache (Publicado no “Jornal de Dores de Cabeça e Face”)Numa avaliação de 171 pacientes, 49.7% creditam sua dor de cabeça a uso de álcool, 8.2% ao consumo de aspartame e 2.3% a carboidratos. Os pesquisadores concluiram que “o aspartame pode ser um importante ativador dietético de dor de cabeça em algumas pessoas”.
    • The Effect of Aspartame on Migraine Headache (Publicado no “Jornal de Dores de Cabeça e Face”)Esse estudo controlado, onde foi oferecido placebo e aspartame, encontrou um “significante aumento na frequência da enxaqueca”, naqueles que consumiram aspartame.
    • Synergistic interactions between commonly used food additives in a developmental neurotoxicity test (Departamento de Anatomia Humana & Biologia celular e Departamento da Terapia e Farmacologia da Universidade de Liverpool, Inglaterra)A exposição a aditivos em alimentos não nutritivos durante momentos críticos do desenvolvimento tem sido considerado como fator de indução e agravamento de desordens de comportamento como transtorno de atenção e hiperatividade. Ainda que se acredite que o uso de um único aditivo ailmentar nas concentrações regulamentadas seja relativamente seguro, em termos de desenvolvimento neurológico, o efeito das suas combinações continua desconhecido. Nesse estudo, percebeu-se que a interação de aditivos químicos, entre eles o aspartame, pode ter efeitos neurotóxicos.
    • The effect of aspartame metabolites on human erythrocyte membrane acetylcholinesterase activity (Departamento de Fisiologia Experimental, Escola Médica da Universidade de Atenas, Grécia.)Concluiu-se que o consumo de produtos com baixas concentrações de aspartame pode ser seguro, mas sintomas neurológicos, inclusive de aprendizagem e memória podem estar relacionados a concentrações altas ou tóxicas de adoçantes artificiais.
    Atualização: Que liberdade a ignorância traz??
    ignorance_freedom.jpg
    Meu desejo de divulgar as informações a que tenho acesso sobre o aspartame não tem nada a ver com “paranóia” e nem sou nem um pouquinho menos “feliz” por me preocupar com as consequências do que estou ingerindo, pra minha saúde. Muito pelo contrário. Tomar um pouco mais de controle do meu corpo é empoderador.
    Isso se chama consciência. Ainda que nem sempre consiga, estou tentando evitar enlatados, comer o máximo de orgânicos, cortar os adoçantes. Tudo sem estresse. Mas sem ignorância também. Descobri que não adianta brincar de “faz de conta que não faz mal”.
    Do blog Síndrome de Estocolmo 
    http://sindromedeestocolmo.com/archives/2006/07/doce_veneno_asp.html/

    Doce Veneno - Aspartame - Parte 3

    Porque a gente pode engordar consumindo produtos Diet


    Publicado na Segunda-feira, 17 Julho 2006, por Denise Arcoverde

    O caso dos refrigerantes diet e o chapeleiro maluco de Alice

    alice_tea.jpg

    “- Tome mais um pouco de chá”, ofereceu a Lebre de Março para Alice, com um ar sério.
    ” - Mas eu ainda não tomei nada”, replicou Alice em um tom ofendido, “portanto eu não posso tomar mais”.
    ” - Você quer dizer que não pode tomar menos”, disse o chapeleiro, “é mais fácil tomar mais que nada”.

    Alice no País das Maravilhas

    Mês passado, oito anos de dados coletados foram apresentados pela Sharon P. Fowler, MPH, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas no encontro anual daAssociação Americana de Diabetes. Segundo o estudo, paradoxalmente, quanto mais refrigerante diet a pessoa consome, maior o seu risco de ter sobrepeso ou se tornar obesa.

    A Dra. Sharon Fowler lembra que teve um “insight” quando viu essa cena da Alice no País das Maravilhas, porque o chapeleiro lhe oferece chá, mas não dá nenhum. Então, Alice acaba servindo-se sozinha.

    Segundo a Dra. Fowler, Isso deve ser o que acontece em nossos corpos, quando nós “oferecemos” o gosto doce dos refrigerantes diet, mas não damos nenhuma caloria.

    “Se você oferece, ao seu corpo, alguma coisa que tem um gosto como algo cheio de calorias, mas elas não estão ali, seu corpo será alertado para a possibilidade de que alguma coisa está ali e ele vai procurar pelas calorias prometidas, mas não entregues,”diz Fowler. “talvez nossos corpos sejam mais espertos do que nós pensamos”.

    “As pessoas pensam que podem enganar o corpo. Mas, talvez, o corpo não esteja sendo enganado,” ela disse. “se você não está dando ao seu corpo essas calorias que prometeu, talvez seu corpo irá retaliar buscando mais calorias. Algums estudos feitos com refrigerantes diet sugerem que eles estimulam o apetite.”

    Segundo ela, para cada lata de refrigerante diet consumido por dia, a pessoa teria um aumento de 41% no risco de obesidade.

    Os professores Terry Davidson e Susan Swithers, ambos do Departamento de Ciências da Psicologia, da Purdue University descobriram que essa habilidade do corpo para contar calorias baseado na “doçura” dos alimentos pode estar sendo danificada pelo uso dos adoçantes e isso pode explicar o aumento enorme de pessoas obesas nos EUA.

    O estudo, A Pavlovian approach to the problem of obesity, publicado no International Journal of Obesity, foi feito oferecendo açúcar e adoçantes artificiais aos ratos. Aqueles que receberam adoçantes, buscaram muito mais produtos calóricos que os que receberam açucar.

    No fundo, a gente já sabia disso. Já é até piada @s gordinh@s, que se entopem de produto diet. Aqui nos EUA, a gente vê pessoas com mais de 200 quilos e o carrinho cheio de produtos diet (claro que nenhuma fruta, vegetal, legumes).

    Como não poderia deixar de ser, cada vez mais está sendo feita essa relação, aqui nos EUA, entre o consumo de adoçante e o aumento de peso da população. Na revista dosVigilantes do Peso, dessa semana, saiu uma matéria sobre isso.

    Mas essa dúvida é antiga, já em 86, foi feita uma pesquisa que avalia a mudança de peso, durante um ano, em 78.694 mulheres entre 50 e 69 anos que faziam parte de um estudo sobre mortalidade. Aquelas que usavam aspartame ganharam mais peso que as que não usavam o produto, independente do peso inicial. Segundo o pesquisador,“os dados não apóiam a hipótese de que o consumo de adoçantes artificiais a longo prazo ajudem a perder peso ou previnam o ganho de peso”.

    diet_fat.jpg

    Aparentemente, em sua ação sobre o cérebro, o aspartame faz com que a pessoa sinta mais desejo de comer carboidratos — farinhas, açúcares, amido — e, assim, acaba engordando.

    Forma-se um círculo vicioso: a pessoa toma aspartame para emagrecer; mas passa a ingerir mais carboidratos, e aí engorda; logo, adota ainda mais alimentos com aspartame e fica presa neste círculo vicioso, cada vez mais vulnerável aos efeitos da droga.

    Segundo o psicólogo Daniel C. Stettner, existe uma outra forma de engordar por causa do consumo de produtos diet. “A indústria de alimentos joga com o açúcar, a gordura e o sal,” diz ele, “é como um jogo de esconde-esconde.”

    Stettner diz que, quando os industriais diminuem a quantidade de açúcar nos alimentos, geralmente aumentam a gordura ou sal, para compensar a falta de gosto. Por exemplo, os sorvetes “sugar-free” são feitos com altos índices de gordura.

    “Alimentos livres de açúcar podem ainda ser altamente calóricos, e isso pode causar o aumento de peso” diz o Dr. Daniel C. Stettner, especialista em questões de peso no Centro de Saúde Northpointe em Berkley, Michigan.

    Outra forma, mais indireta, de sabotagem da dieta, com o uso do aspartame pode ser que se consome muito mais calorias, ao se considerar que o uso do aspartame está aliviando a “culpa”. Se usamos aspartame (ou outro adoçante), sempre achamos que estamos liberadas pra comer um pouco mais…

    Eu mesma, cansei de comer uma torta de chocolate maravilhosa, com Diet Coke e vi muitas amigas fazendo o mesmo. Minha mãe tem sempre chocolate no quarto, mas coloca adoçante no café.

    Enfim, o fato é que, com a quantidade astronômica de aspartame consumido nesse país, deveríamos ter menos obesidade, mas, como eu mostrei na semana passada, nos últimos 20 anos, esse índice só aumentou…

    Dá o que pensar, não é não?

    Eu parei de consumir produtos diet há mais de um mês. Agora como o que não comia antes, mas moderando um pouco em tudo. Não emagreci, mas também não aumentei nem uma grama. Desconfio que perdi boa parte dos prazeres da vida, nos últimos 20 anos, sem que isso tivesse ajudado em nada. Muito pelo contrário.

    Do blog Sindrome de Estocolmo

    http://sindromedeestocolmo.com/archives/2006/07/doce_veneno_asp.html/

    terça-feira, 21 de outubro de 2008

    Aprovação automática é 'barbaridade', diz Lula

    "Quando se decidiu que uma criança não precisaria fazer prova, que seria aprovado, estudasse ou não, cometemos uma barbaridade, com o aluno e o professor"

    Lula classifica aprovação automática como 'barbaridade'

    O presidente defendeu a qualificação dos professores.

    Ele também criticou greves no setor de educação.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira (21) o sistema de aprovação automática - pelo qual os estudantes não repetem o ano e são retidos somente ao final de ciclos - como uma "barbaridade".

    "Quando nesse país se tomou a decisão de universalizar o ensino fundamental sem levar em conta a qualidade, demos um passo para frente e dois para trás. Quando se decidiu que uma criança na escola não precisaria fazer prova, que seria aprovado, estudasse ou não, cometemos a segunda barbaridade, com o aluno e com o professor", disse Lula, durante cerimônia de comemoração aos 60 anos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

    O presidente Lula defendeu também a qualificação dos professores: "Se o professor der uma aula e o aluno não entender, o aluno precisa estudar mais. Se der duas aulas, o aluno não entender... Na terceira, o professor tem de voltar para escola."

    Lula estava acompanhado do ministro da Educação, Fernando Haddad. Em discurso, o ministro informou que o Sistema Nacional Público de Formação de Professores, que pretende garantir um padrão de qualidade para os cursos de formação de docentes, está em fase de consulta pública para se tornar um decreto presidencial.

    "Esse decreto e o planejamento dele decorrente (...) vai dar conta da melhoria da educação básica", disse Haddad.

    Greve

    No evento na SBPC, Lula criticou ainda greves no setor de educação. "Eu sempre tive discordância com greve de professor no ensino fundamental. Acho que greve de 80 dias, 90 dias, era desastre. O desgaste maior para um governador não é parar [as aulas]. O desgaste é a aula ser melhor a cada dia e o aluno levar uma cartinha para o pai dizendo que o professor está trabalhando muito, mas o governador não paga o suficiente."

    Do G1
    http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL830650-5604,00-LULA+CLASSIFICA+APROVACAO+AUTOMATICA+COMO+BARBARIDADE.html

    segunda-feira, 20 de outubro de 2008

    Caso Eloá e a síndrome Adriana Caringi

    O caso Eloá Cristina Pimentel e a síndrome de Adriana Caringi

    Este triste caso que vitimou a menina Eloá precisa servir para alguma coisa, nós sociedade brasileira, precisamos doar nossos orgãos para transplante, que nossos orgãos sejam transplantados para uma nova sociedade, onde a hipocrisia e o partidarismo sejam esquecidos em horas de aflição, que nosso cérebro funcione a favor do bem da coletividade, que nossa polícia e nossa justiça esteja a favor das vítimas e que os bandidos, com ou sem antecedentes criminais registrados, sejam punidos e que os inocentes sejam poupados.

    Eu não lamento morte de bandido, para quem não conhece minha opinião vou transcrever aqui o ínicio e o fim de um tópico que eu escrevi no Orkut em 01/08/08
    Início - Garota é mantida refém por viciado no Guaruja
    Fim - Vitima é libertada FELIZMENTE TUDO ACABOU BEM!

    Leia abaixo os textos que transcrevi aqui no blog e ouça a sonora da Bandeirantes

    - O fracasso da polícia é dos políticos
    - Rodrigo Pimentel, especialista, elogia Gate no caso Eloá
    - Síndrome de Adriana Caringi
    - A barbárie nossa de cada dia
    - Mídia exagerou e fez com que criminoso se visse como um herói

    O fracasso da polícia é dos políticos

    Texto de JOSÉ PADILHA e RODRIGO PIMENTEL

    No fim, são os políticos os principais responsáveis pela repetição de tragédias como a do ônibus 174 e do seqüestro em Santo André

    NÃO SÃO apenas as ocorrências mal administradas, cheias de erros primários e ilegalidades que demonstram a necessidade de uma reforma da segurança pública no Brasil. Os dados indicam essa necessidade faz tempo. E os nossos políticos, apesar de conhecerem os dados, têm se mostrado incapazes de realizar tal reforma. São eles, no final das contas, os principais responsáveis pela repetição cotidiana de tragédias como a ocorrida no evento do ônibus 174 e do seqüestro em Santo André.
    Em conversa informal com agentes do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), descobrimos que eles estão desolados com o desfecho da ocorrência, que custou a vida de uma pessoa e feriu outra, e revoltados com os políticos, devido ao descaso que têm com a unidade, exposta ao ridículo com o fracasso da operação.
    Afinal, se o Gate dispusesse do equipamento necessário para administrar uma ocorrência desse tipo, como uma microcâmera de fibra ótica, saberia que o seqüestrador tinha encostado um armário de TV e uma estante na porta de entrada do apartamento. Saberia que seqüestrador e reféns não estavam na sala, mas no quarto. Saberia que uma invasão pela porta da frente daria tempo para o seqüestrador atirar nas reféns. Mas o Gate não sabia de nada disso e perdeu preciosos segundos abrindo a porta.
    Se o Gate dispusesse de escada com alcance para que um policial pudesse entrar no apartamento pela janela, poderia ter evitado a tragédia. Mas a escada do Gate, como atestam as filmagens, era curta demais.
    Se os policiais do Gate fossem bem treinados, não teriam deixado que uma menina de 15 anos, libertada pelo seqüestrador, voltasse a ser prisioneira. Não teriam demonstrado tamanha incompetência e desconhecimento legal. Mas os policiais do Gate, como os do Bope e do resto do país, não recebem treinamento adequado.
    Quando trabalhamos no documentário "Ônibus 174", sentimos a mesma revolta por parte dos policiais do Bope, que, em sua maioria, odeiam os políticos a quem servem.
    André Batista, colaborador em "Tropa de Elite" e negociador do Bope na malfadada ocorrência, deu o seguinte depoimento para o documentário: "Naquele momento, a gente viu que faltava muita coisa. As coisas que a gente vivia pedindo, os equipamentos, os cursos, parece que, naquele momento, tudo desabou." Ouvimos, virtualmente, a mesma coisa do Gate.
    Chegamos, assim, a uma conclusão absurda. Concluímos, parafraseando Nietzsche, que é preciso defender os nossos policiais dos nossos políticos! Afinal, quem são os nossos policiais? E o que o Estado, administrado pelos políticos eleitos, fornece a eles?
    Tomemos como exemplo um policial carioca. É um sujeito mal remunerado, mal treinado, que trabalha em uma corporação corrompida por dentro. Isso é o que o Estado lhe dá. E o que pede em troca? Que mantenha a lei. Em outras palavras, que entre em conflito com os membros corrompidos da sua corporação e com os bandidos fortemente armados da cidade.
    Ora, não é à toa que o capitão Nascimento, refletindo um sentimento comum entre os policiais do Bope, tenha dito que "quem quer ser policial no Rio de Janeiro têm que escolher. Ou se corrompe, ou se omite, ou vai pra guerra." Em São Paulo, não parece ser muito diferente.
    Não esqueçamos, pois, o ano de 2003, quando o então secretário nacional de Segurança Pública, o sociólogo Luiz Eduardo Soares, estava prestes a conseguir a reforma que nossos policiais sérios tanto pedem.
    Ele tinha participado da elaboração de um plano de segurança pública que previa um piso nacional decente para o salário dos policiais, a integração da formação e das plataformas de informação das polícias estaduais, o repasse de recursos federais para os Estados condicionado à reforma de gestão e ao controle externo e a desconstitucionalização da segurança pública, dando autonomia para que os Estados reformassem as polícias de acordo com as realidades locais.
    Apresentou o plano ao governo federal com a assinatura de todos os governadores. E o que fez o governo? Desistiu. Nem sequer apresentou o plano ao Congresso. Não o reformulou, optou pela passividade. Segundo nos disse o sociólogo, por considerar que a reforma demoraria a dar resultado e que a opinião pública poderia responsabilizar o governo federal, e não os Estados, se eventuais tragédias ocorressem durante a implantação.
    Evidentemente, não estamos culpando os atuais governos federal e estadual pelo desfecho do seqüestro em Santo André. Afinal, governos anteriores poderiam ter tentado reformar a segurança. O governo FHC, por exemplo, prometeu um plano nacional depois do ônibus 174.
    Estamos culpando os verdadeiros responsáveis: os nossos políticos como um todo, que há muito tempo sabem que precisam reformar a segurança pública para salvar a vida de milhares de brasileiros e que há muito tempo fracassam ao não levar essa tarefa a cabo. Um fracasso ainda mais vergonhoso do que o dos policiais do Bope e do Gate.

    JOSÉ PADILHA, cineasta, é diretor de "Ônibus 174", "Tropa de Elite" e "Garapa", entre outros filmes. RODRIGO PIMENTEL, sociólogo, é ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) do Rio de Janeiro, um dos roteiristas de "Tropa de Elite" e co-produtor de "Ônibus 174".
    Da Folha de São Paulo de 20/08/08

    Rodrigo Pimentel, especialista, elogia Gate no caso Eloá
    Na avaliação é do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar e especialista em segurança Rodrigo Pimentel, o Gate fez o melhor trabalho que poderia com a tecnologia e o treinamento que tem disponível.

    Ouça esta entrevista ao Milton Parron na rádio Bandeirantes
    http://radiobandeirantes.terra.com.br/audios/pgm2010rpimentel.mp3



    Pimentel: mídia "foi criminosa e irresponsável"

    Texto de Diego Salmen

    A cobertura feita pela Rede Record, RedeTV! e Rede Globo prejudicou as negociações com Lindemberg Alves, na avaliação do ex-comandante do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e sociólogo Rodrigo Pimentel. Para ele, a postura das emissoras foi "irreponsável e criminosa".
    - O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam, através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram, poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam.

    Lindemberg Alves, 22, manteve a ex-namorada Eloá e a amiga Nayara, ambas de 15 anos, como reféns por cinco dias em um apartamento na cidade de Santo André, em São Paulo. Na última sexta-feira, 17, o Gate (Grupo de Operações Taticas Especiais) invadiu o local. O incidente culminou na morte de Eloá.

    Co-autor do livro "Elite da Tropa" e roteirista do filme "Tropa de Elite", Pimentel faz uma crítica ainda mais incisiva à inteferência da apresentadora Sonia Abrão, da RedeTV!, nas negociações. Ela entrevistou Lindemberg ao vivo na última quarta-feira, 15.

    - Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência.

    Leia a seguir a entrevista com Rodrigo Pimentel:

    Terra Magazine - Qual a responsabilidade objetiva dos governantes em incidentes como esse?
    Rodrigo Pimentel - O chefe da polícia estadual é o governador do estado. Quem define as políticas de segurança pública e suas prioridades é o governador, através do secretário de segurança pública. É lógico que ele não pode ser responsabilizado de forma isolada pelo que aconteceu. Não é a primeira vez que uma ocorrência com reféns termina em tragédia no país. Nem será a última. Se você fizer uma análise histórica dos casos com reféns aqui, o normal é que eles tenham sido conduzidos com pouca qualidade técnica, muito amadorismo. Há precedentes emblemáticos, como o caso do arcebispo mantido refém num presídio em Fortaleza, quando o governador Ciro Gomes determinou que se dessem armas e coletes aos seqüestradores, tudo foi feito ao contrário do que determinam as normas.

    Que normas são essas?
    Veja bem: são normas rígidas? Não. São protocolos internacionais que podem ser adaptados de acordo com a necessidade, mas que se baseiam em dados históricos coletados ao longo dos anos. (...) Nós sabemos, por exemplo, que a presença de familiares em 80% dos casos deixa o seqüestrador mais nervoso e arredio, menos propenso à negociação. O jornalista, por exemplo, é bom ou ruim? Eu diria que na maioria das vezes é ruim. Porém, em algumas ocasiões, não muito raras, a presença do jornalista ajuda o tomador do refém a se entregar. Ele percebe que o jornalista no local garante a preservação da sua vida. Então tudo exige um conjunto de avaliações momentâneas.

    Como o senhor escreveu em artigo na Folha de S.Paulo, a responsabilidade está na medida em que há falta de investimentos, como por exemplo a falta de câmeras...
    Nenhuma unidade tática no Brasil dispõe desse equipamento. São equipamentos baratíssimos, custam menos que uma viatura policial. E são muito necessários. Se o Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais) tivesse esse equipamento, não teria feito a opção pela invasão. Porque ia perceber que a porta tinha obstáculos. E aqueles 14 segundos que a equipe policial perdeu na porta foi o tempo para acontecer a tragédia, foi o tempo que o Lindemberg precisou para alvejar as meninas.

    Foi o erro crucial?
    É, exatamente. Mas o erro mais fácil de ser sinalizado foi a reintrodução da menina Nayara. Você não tem precedente disso na história moderna da negociação. Tem um caso em que o refém voltou ao cativeiro em Nova Iorque, no ano de 1972, que até gerou o filme Um dia de cão, com o Al Pacino. Mas veja bem: foi há quase 40 anos, não havia uma técnica desenvolvida (para lidar com esse tipo de situação). E esse fato foi transformador da doutrina da polícia de Nova Iorque. O filme é maravilhoso: retrata marginais mentalmente perturbados e economicamente motivados; eles queriam assaltar um banco. Foi uma ocorrência dramática em que aconteceu algo igual ao que resultou na morte da Eloá. Jornalistas ligavam para os seqüestradores o tempo todo...

    Como o senhor avalia a cobertura da mídia?
    A Sonia Abrão, da RedeTV!, a Record e a Globo foram irresponsáveis e criminosas. O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam, através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram; poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam... O telefone do Lindemberg estava sempre ocupado, e o capitão Adriano Giovaninni (NR: negociador da Polícia Militar) não conseguia falar com ele porque a Sonia Abrão queria entrevistá-lo. Então essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência.
    O Ministério Público de São Paulo deveria, inclusive, chamar à responsabilidade, essas emissoras de TV. A Record se orgulha de ter ligado 5 vezes para o Lindemberg. Ele ficou visivelmente nervoso quando a Sonia Abrão ligou, e ela colocou isso no ar. Impressionante! O Lindemberg ficou: "quem são vocês, quem colocou isso no ar, como conseguiram meu telefone?". Olha que loucura! Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos hoje, jamais. Aconteceu há quase 40 anos, mas jamais aconteceria nos dias de hoje. Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Eu lamento não ter falado isso na frente dela. Eu gostaria de ter falado isso para ela e para os telespectadores da Record e da RedeTV!.
    O que ela fez foi sem a menor avaliação. Tanto que, num primeiro momento, ele (o repórter Luiz Guerra) tentou enganar o Lindemberg, dizendo-se amigo da família. E depois ele tentou ser negociador, convencer ele a se entregar sem conhecer os argumentos técnicos usados para isso. O que o capitão Giovaninni falava para o Lindemberg a todo momento é que, até aquele momento, o crime que ele havia praticado era muito pequeno. Esse é o argumento técnico, funciona quase sempre. "Olha meu amigo, até agora você não matou ninguém, até agora só colocou essas pessoas sobre constrangimento, sua pena vai ser muito pequena...". Isso funciona mesmo. E a Sonia Abrão não tem esse argumento, a Record também não.

    Podemos esperar mais casos com esse tipo de desfecho?
    Outras virão, não vai ser a primeira nem a última vez. O que aconteceu ali, apesar de ser uma ocorrência com refém, é algo comum no Brasil. Ex-noivos, ex-maridos e ex-namorados matando suas ex-companheiras ou suas companheiras atuais. Nós temos Estados no Brasil, como Pernambuco, onde cerca de 20% dos homicídios são dessa natureza, praticados por companheiros. Uma mulher morre por dia em Pernambuco vítima do seu companheiro. Essa é outra questão para a gente refletir. Apesar de ser uma ocorrência com refém, o que chama a atenção é a morte de uma ex-namorada, o que é absurdamente comum no Brasil. Homens no Brasil matam suas companheiras com uma freqüência muito grande.
    Do Terra Magazine
    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3270057-EI6578,00-Pimentel+midia+foi+criminosa+e+irresponsavel.html


    Síndrome de Adriana Caringi

    Texto de Afanázio Jazadji

    Adriana, de 23 anos, morava com a família numa casa da Rua Tucuna, na zona oeste da cidade, invadida pelo assaltante Gilberto Palhares e sua cúmplice Regiane Maria dos Santos. Avisada por um amigo da família, a polícia cercou o local. Armado com um revólver, Palhares levou Adriana para a janela do andar de cima da casa. O ladrão quebrou o vidro da janela e passou a fazer exigências, como a de receber um carro blindado para a fuga.
    Agachado junto a um poste, com um fuzil Belga nas mãos, Furlan estudou a cena por 20 minutos antes de atirar. A bala percorreu 30 metros em diagonal e explodiu a cabeça de Palhares. Adriana, porém, também caiu, morrendo nos braços da mãe, Anna. A terceira vítima da operação foi Regiane, executada por PMs.
    Condenado em 1994 a 2 anos de prisão, Furlan teve a pena atenuada para 1 ano e 2 meses pela Justiça Militar, que mais tarde permitiu ao policial permanecer em liberdade. A família de Adriana ganhou na justiça a indenização de US$ 60 mil do governo do Estado.

    Oportunidade perdida

    Afinal, para que servem os atiradores de elite da Polícia? Não só as pessoas comuns, como eu próprio, atuando há 40 anos em coberturas de ocorrências policiais, estou perplexo com certas omissões, verdadeiros descalabros, em que o chamado “procedimento padrão policial” exige, porém nossos atiradores de elite nunca aparecem.
    Seria, ainda, a triste síndrome de Adriana Caringi, aquela bela estudante que, há mais de 10 anos, foi também atingida por um “snipper” do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar), no bairro paulistano das Perdizes? Pode ser...
    O caso Caringi desenrolou-se numa tarde-noite, quando um assaltante foi surpreendido no sobradinho da família e, no andar de cima, agarrou a jovem como refém, transformando-a em escudo humano. O quarteirão todo foi cercado, coalhado de policiais, repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e curiosos.
    Em dado momento, a 150 metros de distância, posicionado atrás de uma árvore, um cabo PM do Gate, atirador de elite, fez a visada, acertou a pontaria e, devidamente autorizado pelo comandante da operação, acionou o fuzil 7,62 mm. O projétil, de tão potente, atingiu o bandido, transfixou seu corpo e, infelizmente, vitimou também a jovem estudante, que morreu a caminho do pronto-socorro.
    A partir de então, todo o procedimento policial para casos com reféns mudou. Ao invés da triste ocorrência com Adriana Caringi servir para aprimorar as técnicas das nossas polícias Civil e Militar, constata-se que ela simplesmente inibiu a ação dos pretensos defensores da segurança pública. Veja-se, por exemplo, o que aconteceu terça-feira passada, em Limeira, onde um frio latrocida executou um pai de família na rua, homiziou-se na casa de um casal de 79 anos, esfacelou a cabeça do homem com coronhadas e, tudo isso, assistido por policiais civis e militares, tentando “negociar” sua rendição. Foi vexatório para a Polícia, desesperador para a população e sumamente preocupante daqui para a frente. Cadê o “atirador de elite”, em que momento deve agir, afinal, o especialista em tirar a vida de um matador comprovado ou em potencial? Em Limeira, frise-se, dois bandidos resolveram atacar a agência do Banco Itaú, antes do início do expediente. Logo às 8h30 dominaram o vigilante Juarez Rafael dos Santos (39 anos) e esperaram a chegada do gerente Nivaldo Peres (28), que foi rendido perto da agência. A caminho do banco, porém, Nivaldo começou a passar mal a ponto de desmaiar na rua.
    Foi o suficiente para que um dos ladrões, Adriano Leonino Bispo dos Santos (22 anos), encostassem o revólver em seu peito, já no chão, e atirasse várias vezes. Correria na rua, os bandidos fugiram tomando rumos diferentes e Adriano, procurado por homicídio cometido em Pindamonhangaba, acabou invadindo a residência dos aposentados Libertino e Beatriz Pizani, ambos de 79 anos.
    A caminho da Santa Casa de Limeira, o gerente do banco Nivaldo Peres morreu. Acionada, a polícia cercou a casa dos aposentados tentando a captura do latrocida Adriano. Ao se ver encurralado na residência do casal de idosos, o bandido passou a machucar Libertino com coronhadas na cabeça. E a polícia a tudo assistia, temendo que ele repetisse o gesto tresloucado quando atirou no bancário indefeso.
    A situação foi se agravando e mais policiais chegavam. Grupos especiais, com roupas esquisitas camufladas, armas potentes, capuzes ninja, enfim, um desfile de siglas, uniformes e poderio bélico... para a imprensa documentar. Adriano comandou a operação, exigindo e obtendo o que queria, desde advogado a parentes, para garantir seu bem-estar.
    Assassino procurado, matador frio do gerente de banco, agressor impiedoso do quase octogenário em sua casa, policiais estrategicamente postados e ... nada. Se atirador de elite não funciona, para que existir?
    Texto de
    http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20061112190219AAPkIE8

    PS: eu não conhecia este texto do Afanázio Jazadji e a expressão síndrome de Adriana Caringi, mas sempre tive compaixão pelo cabo que cometeu este erro, infelizmente por causa deste erro, nossa sociedade fica inerte, paralizada diante de facínoras.


    A barbárie nossa de cada dia

    Texto de Clóvis Rossi

    Francho Barón, repórter do jornal espanhol "El País", acompanhou, na semana passada, uma incursão de um grupo especial da polícia carioca pela favela do Rebu.
    Voltou horrorizado. Mas, por mim, o horror maior é que o horror "faz tempo que deixou de ser notícia", como escreveu Barón.
    Posto de outra forma: os brasileiros nos acostumamos à barbárie cotidiana. Só nos agitamos quando a barbárie sai da rotina diária, como nos casos do conflito entre as polícias de São Paulo e do assassinato da menina em Santo André pelo seu seqüestrador.
    Sobre este segundo episódio, recebo e-mail desesperado de um policial de Santo André, 50 anos, que não identifico porque não pedi a devida autorização. "Estou abalado.
    Não durmo há três dias. Não consigo tirar o evento da cabeça. Tenho duas filhas da mesma idade da Eloá e da Nayara. Lido com a violência, mas não posso admitir hipocrisia, fraqueza e o despreparo", diz.
    A carta chegou domingo, antes, portanto, do artigo do cineasta José Padilha ("Tropa de Elite") e do sociólogo Rodrigo Pimentel na Folha de ontem, em que culpam "os nossos políticos como um todo, que há muito tempo sabem que precisam reformar a segurança pública para salvar a vida de milhares de brasileiros e que há muito tempo fracassam ao não levar essa tarefa a cabo".
    O policial de Santo André escreveu a mesma coisa ao atacar "governos fracos, hipócritas, medíocres, que desdenham da questão da segurança pública".
    Fecha o e-mail com um apelo: "Estão destruindo as polícias. Ajudem-nos a salvá-las!".
    Posso estar muito enganado, mas tanto o diagnóstico de Padilha/Pimentel como o grito de socorro do policial cairão no vazio, como tantos outros, assim que a barbárie voltar a ser a usual, sem um pico como os da semana passada.
    Da Folha de São Paulo de 21/10/08


    Mídia exagerou e fez com que criminoso se visse como um herói, afirma professor

    Texto de VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO

    Passado o cárcere privado, uma pergunta se volta aos próprios meios de comunicação: até que ponto a veiculação de entrevistas ao vivo com o criminoso contribuiu para o desfecho trágico do caso? Para o professor da pós-graduação da PUC-SP Norval Baitello Jr, doutor em distúrbios da imagem e estudioso do assunto há 20 anos, a mídia "exacerbou a psicopatia que estava em jogo" e fez com que o captor se visse como herói. Leia abaixo trechos da entrevista.

    FOLHA - Como o senhor analisa o papel desempenhado pela mídia no cárcere privado de Santo André?
    NORVAL BAITELLO JR - Acho que foi bastante equivocado, desde o começo. Mas isso talvez se deva a um equívoco básico, que é o de que a mídia tem de informar a qualquer custo. E esse fetiche da informação coloca qualquer notícia no mesmo patamar.

    FOLHA - Até que ponto a veiculação de entrevistas ao vivo e declarações do seqüestrador contribuíram para o desfecho trágico do caso?
    BAITELLO JR- Acredito que esse fetiche da informação a qualquer custo não passa de espetacularização. Se confunde espetacularização com informação porque a espetacularização vende mais do que a notícia.

    FOLHA - A mídia realçou os traços emocionais da tragédia?
    BAITELLO JR - A mídia exacerbou a megalomania, a psicopatia e a loucura que estava ali em jogo.

    FOLHA - Os repórteres e apresentadores não saíram do seu papel, que é informar, ao negociar e falar diretamente com o criminoso?
    BAITELLO JR - Todo mundo colocou os pés pelas mãos.

    FOLHA - Qual o limite para a cobertura dos meios de comunicação?
    BAITELLO JR - Não existe um limite. Os meios de comunicação têm de cuidar também da sua própria imagem. Esse caso foi péssimo para a sustentabilidade dos próprios veículos.

    FOLHA - As TVs e os jornais não fizeram uma glamourização da atividade criminosa?
    BAITELLO JR - Uma vez que ele aparece na televisão, passa a se ver como um herói.

    FOLHA - A mídia não aprende com seus próprios erros?
    BAITELLO JR- Falta um acordo tácito da própria mídia. À medida em que há uma escalada, em que o concorrente mostra cenas fortes, o jornal é coagido. É preciso estabelecer limites.

    FOLHA - Isso parece ser o modelo americano de cobertura.
    BAITELLO JR - O modelo europeu tem sido muito mais cuidadoso. Isso é totalmente americano. Por isso se vê lá uma escalada da violência.
    Da Folha de São Paulo de 21/10/08