segunda-feira, 10 de setembro de 2007

1.842 crianças vivem nas ruas de SP

Segundo pesquisa, 55% estão a trabalho

Em São Paulo, 1.842 crianças e adolescentes trabalham ou vivem nas ruas. Este é o resultado da pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), encomendada pela Prefeitura. O número fica bem abaixo da última estimativa da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), do ano de 2005, que era de 4.030 crianças e adolescentes nessa situação. Porém evidencia que a maior parte deles, 1.040, ainda está na rua para conseguir algum dinheiro. Os outros 802 realmente não têm para onde voltar no final do dia.Esta é a primeira vez que a Prefeitura contrata uma fundação para fazer um censo das crianças com metodologia acadêmica. 'O que tínhamos antes era uma contagem feita por supervisores e o monitoramente de 180 principais cruzamentos da cidade', explicou o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro. A metodologia da Fipe funciona como um retrato da situação.No dia 18 de junho de 2007, às 16h, dezenas de pesquisadores saíram pelas diversas regiões da cidade buscando crianças e adolescentes de rua. O dia foi foi escolhido com calma, de acordo com o secretário, pois houve preocupação com o clima (não poderia estar muito frio) e com o horário de pico de crianças nas ruas, das 16 às 20 horas. 'Foi feito tudo no mesmo dia para não ter o problema de contar a mesma criança duas vezes', explica o secretário.Apenas em quatro das 31 subprefeituras nenhuma criança foi encontrada na rua: Cidade Ademar, Perus e Parelheiros, na Zona Sul, e Cidade Tiradentes, na Leste. A maior concentração, porém, está no Centro - 42% (774) encontram-se nessa região. A Zona Sul é a segunda com maior número de crianças nas ruas. Em Santo Amaro, por exemplo, estão 6,1% das crianças e adolescentes. Em terceiro lugar, está a Leste, com maior concentração no Itaim Paulista (2,5%).As 1.040 crianças e adolescentes que apenas trabalham nas ruas têm como principal fonte de renda a venda de produtos, como balas, chocolates e chicletes - são 55,9% nesse caso. Outras 21,6% prestam algum tipo de serviço, de lavar pára-brisas e engraxar sapatos a malabarismo nos semáforos; 15,6 % pedem esmolas. É justamente nesta categoria que algumas características são determinantes para se obter esmola. Os pesquisadores da Fipe constataram que conforme as crianças crescem, a capacidade de sensibilizar as pessoas é menor. Assim, 70% dos que pedem esmola têm menos de 12 anos de idade.'É disso que as pessoas precisam se conscientizar: não pode dar esmola ou comprar produtos porque elas estão contribuindo para que essa situação se perpetue. Cria-se uma cultura de que realmente não precisa estudar ou trabalhar, porque ali, no cruzamento, ela se sustenta', diz o secretário. 'Quem paga o preço somos todos nós.'A estimativa da secretaria é que o trabalho nas ruas e a esmola movimentam cerca de R$ 25 milhões por ano em São Paulo.

Reportagem de CAMILLA RIGI, camila.rigi@grupoestado.com.br

Conhecer o número de menores e saber que este número é bem menor do que se imaginava, já é um começo de solução, como não são milhões de menores abandonados é possível trabalhar o problema, dar casa, comida, roupa lavada, educação e carinho para esses menores é possível e se é possível podemos começar a trabalhar.
Mãos à obra.

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