Falta pouco para a formatura da primeira turma de administração da Unipalmares, criada em 2003. São 160 alunos, 140 dos quais negros. Em março realizarão seu baile de formatura, com traje a rigor, no Jóquei Clube de São Paulo. É uma história de sucesso na qual não entrou dinheiro da Viúva, da igreja ou dos sindicatos.
Desde sua fundação, pela ONG Afrobrás, ela se dispõe a ter 50% de alunos negros. (Contra 1,3% em São Paulo e 2,3% no Brasil.) Todos os seus vestibulares têm cerca de 80% de candidatos negros, com três inscritos para cada vaga. Hoje a Unipalmares tem 2.000 alunos, mais uma faculdade de Direito. (São Paulo tem 368 desembargadores, nenhum negro.) A mensalidade custa R$ 260, e a instituição mantém um inédito programa de emprego. Oito em cada dez alunos estão no mercado de trabalho, a maioria deles nos grandes bancos, que adotam salas de aula, oferecem bolsas, estágios e posições. Fora do mercado financeiro, só a Camisaria Colombo, onde funciona um sistema que dá 20% dos postos de trabalho a afrodescendentes. As aulas de inglês da universidade são dadas pelo curso Alumni.
Para que não se pense que essa experiência é uma iniciativa destinada a passar pó de arroz em jovens negros, o nome completo da escola é Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares.
Texto de Elio Gaspari na Folha de São Paulo de 30/09/07
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