Ela tem 16 anos. Está grávida. O filho nasce daqui a dois meses. Até duas semanas atrás, ela fumava crack com outros meninos e meninas no Jacarezinho. Há 15 dias, ela vive no abrigo da prefeitura. “Eu não sentia fome enquanto estava na onda. Depois que passava, eu sentia todo dia a mesma coisa: um ódio”, recorda ela.
Desde os 7 anos de idade a menina vivia na rua. “Às vezes, eu nem conseguia tomar o café da manhã. Eu pensava: ‘Se não conseguir tomar o café, vou ter que almoçar, pelo menos.’ Então, pedia um pouquinho de comida para um, para outro”, conta a jovem.
- » Autoridades querem criar local para atender jovens viciados em crack
- » Luta contra o crack vai ganhar plano de combate
- » Crack causa dependência muito mais rápido do que outras drogas
- » Vidas sem rumo: jovens se prostituem para comprar crack
- » Combate ao crack no Rio pode seguir exemplo de campanha contra dengue
Ela andava com grupos de outros menores. Com eles usou vários tipos de droga. Conheceu o crack. “Da primeira vez que você fuma crack, você não vai fumar só aquele, mesmo que seu organismo não esteja acostumado. O primeiro faz você fumar outros, e outros, e outros”, afirma ela.
A necessidade do crack tornou-se cada vez maior. A prostituição pagava o vício. “Às vezes, eles me davam R$ 10, R$ 15, R$ 20, R$ 30”, lembra a jovem.
O pai do Jorge, filho dela, pode ter sido uma dessas pessoas? “Ah, tio... Vamos pular essa parte”, pede a futura mãe.
O local onde ela se drogava foi destruído. Os menores foram levados para abrigos. Vários fugiram. Ela ficou: quer se salvar. “Agora, eu posso levantar mais a minha cabeça”, acredita a jovem.
“Hoje, esta menina está fazendo um pré-natal, está falando em vida, está buscando a vida. O filho dela já tem um nome. Isso, para nós, é uma vitória, uma grande vitória”, ressaltou o secretário municipal de Assistência Social, Fernando Willian.
A menina, que só chegou até a Terceira Série, quer estudar e aprender uma profissão. Sonha em dar uma vida melhor para o filho. “Vou querer construir minha casa e ter meu emprego. Vou querer dar para o meu filho escola e casa, senão ele vai passar pelas mesmas coisas que eu passei, ou até pior”, concluiu ela.
Segundo a prefeitura, a adolescente deve ficar no abrigo até completar 18 anos.
Do RJTV 2ª Edição > 08/05/2009
http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL1114678-9099,00-A+LUTA+DE+UMA+JOVEM+MAE+RETIRADA+DAS+RUAS+PARA+LARGAR+O+CRACK.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário