AGORA É OFICIAL. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, convocou rede nacional de rádio e TV para anunciar que o Brasil vive uma epidemia de dengue. De janeiro a setembro, registraram-se 481.316 casos da moléstia, contra 321.368 em igual período do ano passado. É um aumento de 50%.
O que mais preocupa é a questão da dengue hemorrágica (DH). Por razões não de todo conhecidas, certos indivíduos infectados por algum dos quatro sorotipos do vírus DEN desenvolvem a forma hemorrágica da doença, que pode ser fatal. Até setembro, 1.076 pacientes haviam evoluído para esse quadro, dos quais 121 (11%) morreram.
É uma taxa muito elevada. Para a Organização Mundial da Saúde, com condutas médicas adequadas é possível manter a mortalidade da DH abaixo de 1%. O sistema público de saúde não está sendo capaz de diagnosticar e tratar os pacientes a tempo. É preciso oferecer uma rápida reciclagem aos médicos. O período de chuvas no Sudeste está para começar, e o número de casos tende a aumentar.
Há evidências de que pessoas que sofram uma segunda infecção por um sorotipo diferente do da contaminação original têm maior predisposição para a DH. Assim, a cada epidemia aumenta o contingente populacional em maior risco de contrair a forma hemorrágica. Não por acaso, a grande epidemia de 2002 (794 mil casos) coincidiu com a chegada do sorotipo DEN-3 ao Brasil. Por aqui já circulavam as cepas DEN-1 e DEN-2. A quarta espécie, o DEN-4, ainda não apareceu, mas já está à espreita em outros países da América do Sul.
Nos próximos anos, a dengue deverá tornar-se um problema cada vez mais ameaçador. Além de aparelhar o sistema de saúde, é necessário manter os focos do mosquito Aedes aegypti -vetor da moléstia- sob controle.
Editorial da Folha de São Paulo de 18/10/07
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