Crianças que jantam com pais têm notas melhores, diz estudo
Pesquisa do governo britânico relaciona convívio familiar com desempenho escolar.
Um estudo britânico afirma que crianças inglesas que sentam à mesa junto com os pais todas as noites para jantar obtêm notas melhores na escola do que as demais.
O levantamento intitulado As atividades e experiências das crianças de 16 anos na Inglaterra em 2007, publicado nesta quinta-feira pelo departamento de Crianças, Escolas e Família do governo britânico, foi feito com 20 mil alunos ingleses.
"Há uma forte relação entre refeições regulares à noite com a família e o desempenho no GCSE (os exames escolares feitos por todos os secundaristas na Grã-Bretanha)", afirma o relatório.
"Metade dos que quase sempre têm uma refeição com a família à noite obtiveram nota 8 ou superior no GCSE, comparado com quase um terço das crianças que quase nunca têm (refeições com a família à noite)."
As estatísticas indicaram que uma boa relação dos filhos com os pais tem resultado direto no desempenho escolar.
A pesquisa sugere ainda que as crianças que têm limite de horário para sair à noite têm desempenho melhor na escola.
Segundo os dados, 60% das crianças com notas altas tem hora determinada pelos pais para voltar para casa.
A pesquisa também traz dados sobre um problema que preocupa muitos pais na Inglaterra e nas demais nações da Grã-Bretanha - a intimidação das crianças por demais colegas.
"Em média, aqueles que disseram ter sido intimidados foram substancialmente pior nos seus testes de GSCE do que aqueles que não foram (intimidados)", afirma o relatório.
"Aqueles que disseram ter sido intimidados têm o dobro da probabilidade de não estar empregado, estudando ou em treinamento aos 16 anos."
Texto da BBC no G1
Ouça, também, este comentário de Ethevaldo Siqueria na rádio CBN
Distrações digitais emburrecem a juventude, diz professor americano
http://cbn.globoradio.globo.com/cbn/wma/player_gradio.asp?audio=2008%2Fcolunas%2Fdigital%5F080627%2Ewma&OAS%5Fsitepage=sgr%2Fsgr%2Fradioclick%2Fradiosam%2Fcbn%2Fethevaldo1
domingo, 29 de junho de 2008
Marisa Letícia fratura clavícula ao cair da cama
A primeira-dama, Marisa Letícia, caiu da cama na madrugada da última quinta-feira e fraturou a clavícula, segundo informações do Palácio do Planalto. O médico da Presidência, Cleber Ferreira, foi chamado para atendê-la, e ela passa bem.Na quarta-feira, Marisa Letícia havia participado da cerimônia do Centenário da Imigração Japonesa, no Palácio do Planalto, com um curativo nas costas. A assessoria não informou o motivo do curativo.
Folha de São Paulo de 24/06/08
BRAÇO
Para se recuperar da queda que teve num dos quartos do Palácio da Alvorada, em que quebrou a clavícula, a primeira-dama Marisa Letícia teve que usar uma tipóia.
Da Coluna da Mônica Bergamo na Folha de São Paulo de 24/06/08
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
E a dona Marisa caiu da cama! E faturou a cravícula! Ela não caiu, ela fugiu da cama. Porque o duro não é dormir com o Lula, o duro é acordar com o Lula! Ele que bebe e ela que cai da cama? E um leitor me disse que agora a dona Marisa tá igual ao governo Lula: com a asa baleada. Mas eu tenho duas sugestões: cama de bebê com gradinha. Ou então ela bota mais botox. Pra amortecer a queda! Rarará! Dona Marisa fratura o botox!
José Simão na Folha de São Paulo de 29/06/08
A primeira-dama, Marisa Letícia, caiu da cama na madrugada da última quinta-feira e fraturou a clavícula, segundo informações do Palácio do Planalto. O médico da Presidência, Cleber Ferreira, foi chamado para atendê-la, e ela passa bem.Na quarta-feira, Marisa Letícia havia participado da cerimônia do Centenário da Imigração Japonesa, no Palácio do Planalto, com um curativo nas costas. A assessoria não informou o motivo do curativo.
Folha de São Paulo de 24/06/08
BRAÇO
Para se recuperar da queda que teve num dos quartos do Palácio da Alvorada, em que quebrou a clavícula, a primeira-dama Marisa Letícia teve que usar uma tipóia.
Da Coluna da Mônica Bergamo na Folha de São Paulo de 24/06/08
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
E a dona Marisa caiu da cama! E faturou a cravícula! Ela não caiu, ela fugiu da cama. Porque o duro não é dormir com o Lula, o duro é acordar com o Lula! Ele que bebe e ela que cai da cama? E um leitor me disse que agora a dona Marisa tá igual ao governo Lula: com a asa baleada. Mas eu tenho duas sugestões: cama de bebê com gradinha. Ou então ela bota mais botox. Pra amortecer a queda! Rarará! Dona Marisa fratura o botox!
José Simão na Folha de São Paulo de 29/06/08
Filme com fome
Garapa: a fome, segundo José Padilha
José Padilha, diretor de "Tropa de Elite", conclui "Garapa", documentário em que retrata a luta de três famílias do Ceará contra a miséria
Alexandre Lima/Divulgação
"Em um país que é conduzido pelos princípios da razão, a miséria é motivo de vergonha. Em um país que não é conduzido pelos princípios da razão, a riqueza é motivo de vergonha."
Foi como se a frase no livro "Desobediência Civil" (Henry David Thoreau) saltasse da página, quando José Padilha a leu.
A citação de Thoreau soou ao diretor de "Tropa de Elite" -fenômeno popular no Brasil e vencedor do Festival de Berlim deste ano- como uma síntese do entorno moral de seu novo filme, "Garapa".
De volta ao documentário, gênero que o projetou no cinema, a partir de "Ônibus 174" (2002), sobre um sobrevivente da chacina da Candelária convertido em criminoso, Padilha desta vez registra a situação de quem passa fome no Brasil.
No lugar do leite
O título do filme remete à principal "refeição" servida às crianças de duas das três famílias cearenses sujeitas à fome, cuja rotina o diretor acompanhou durante 30 dias.
À falta de leite, as mamadeiras enchem-se de água com açúcar na casa de Robertina (11 filhos) e na de Rosa (três filhos), que vivem, respectivamente, nas cercanias da cidade de Choró e na zona rural em torno da Vila Olho d'Água.
No barraco de Lúcia (três filhas), na periferia de Fortaleza, a garapa não é comum, mas a situação não é em nada melhor.
São das crianças as primeiras imagens do filme, rodado em preto-e-branco. No chão de terra, dois irmãos correm nus. Eles brincam, enquanto sua mãe caminha mais de 12 km para buscar leite. Em vão.
Não se notam sinais de folia em Vila Olho d'Água, mas é Carnaval, e "a pessoa que entrega o leite não estava disponível", diz a funcionária do posto da prefeitura, onde pende um cartaz do partido à frente da gestão. Rosa faz meia-volta, e a câmera a segue, de longe.
"Minha idéia era fazer um filme que fosse cru, o mais básico possível em termos de cinema; um filme com fome, tão próximo do cinema verdade quanto eu conseguisse", diz Padilha.
É norma da corrente do cinema verdade que o diretor não interfira na realidade filmada. Isso Padilha não conseguiu. Numa cena do filme, Ronaldo, 4, chora, com dor de dentes, efeito do consumo de açúcar da garapa. Sem dinheiro, dentista nem remédio ao alcance, os pais nada podem fazer.
O espectador descobre que Padilha deu remédio ao garoto, quando o pai da criança menciona o fato, em cena seguinte.
"Algumas coisas não dava para não fazer. Não dava! Era impossível não dar um remédio para uma criança sofrendo. Eu dei. Tentei interferir o mínimo possível, mas às vezes era impossível. Deixei uma das minhas interferências no filme, para mostrar que é difícil ficar indiferente a isso", diz Padilha.
A reação que o diretor espera do espectador é que este abandone a indiferença em relação ao problema da fome no Brasil.
Citando o zoólogo inglês Desmond Morris, Padilha diz que "uma relação despersonalizada não é uma relação biologicamente humana. A maioria das pessoas não sente empatia, não se move emocionalmente para ajudar quem desconhece".
"Garapa" ambiciona, segundo Padilha, "resgatar a individualidade dessas pessoas que muitas vezes são olhadas só pela perspectiva macroscópica".
Nessa escala, "que também deve existir", o diretor estima que seus personagens vivam na mesma condição de, "no mínimo, 11 milhões de brasileiros".
Fundo do poço
A cifra é deduzida de recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) com os usuários do programa Bolsa Família -11,1 milhões de famílias cadastradas, nas quais o Ibase estima 51 milhões de indivíduos.
"A pesquisa pega famílias em situações diferenciadas de pobreza, desde gente que não tem renda e apresenta outra série de vulnerabilidades até os que se enquadram no programa, mas têm uma certa renda regular. "Garapa" fala das famílias que estão no fundo do poço", diz Francisco Menezes, diretor do Ibase. Lá estão 11 milhões, segundo a pesquisa.
No filme de Padilha, eles se encarnam na família de Rosa, cadastrada no Bolsa Família, sua única fonte de renda.
Mas há famintos brasileiros que não aparecem nas estatísticas, como a Lúcia de "Garapa". Ela não possui documento de identidade, essencial ao cadastramento no Bolsa Família. Logo, Lúcia não entra na conta.
Padilha encontrou-a numa ONG suíça que se ocupa de crianças desnutridas em Fortaleza. Pediu autorização para filmá-la, e ela concedeu à câmera o testemunho de sua miséria financeira e emocional. Ela recebe esmolas de vizinhos e insultos recorrentes do marido.
No país em que os rótulos "estética da fome" e "cosmética da fome" são grudados por críticos de cinema, em sinal de aprovação ou desprezo, aos filmes em torno dos miseráveis, Padilha tratou Lúcia e os demais personagens de com um respeito sem comiseração.
"É um filme com uma visão de constatação. Não toca a tecla emocional. É mais racional, não no sentido de frio e distanciado, mas no que leva a pensar uma solução, ainda que o cinema não seja um instrumento de mobilização social", afirma o montador Felipe Lacerda.
Qualquer que seja a solução proposta para erradicar a fome no Brasil, Padilha tem seu axioma: "É eticamente inadmissível que alguém, no grupo dos beneficiados históricos deste país, olhe para os miseráveis que não têm o que comer e diga que os R$ 58 que o governo dá a ele são uma política errada".
"Garapa" atesta, porém, que o auxílio do Bolsa Família é insuficiente aos que o recebem, além de inacessível aos miseráveis sem documentados.
Em suma, o diretor de "Tropa de Elite" fez outro retrato de um país onde "o Estado é globalmente ineficiente -na segurança pública, na Justiça, na educação e também nos programas sociais", como ele diz.
Texto de Silvana Arantes na Folha de São Paulo de 29/06/08
José Padilha, diretor de "Tropa de Elite", conclui "Garapa", documentário em que retrata a luta de três famílias do Ceará contra a miséria
Alexandre Lima/Divulgação
Alessandra, 6,
mama garapa,
mistura de água
com açúcar
"Em um país que é conduzido pelos princípios da razão, a miséria é motivo de vergonha. Em um país que não é conduzido pelos princípios da razão, a riqueza é motivo de vergonha."
Foi como se a frase no livro "Desobediência Civil" (Henry David Thoreau) saltasse da página, quando José Padilha a leu.
A citação de Thoreau soou ao diretor de "Tropa de Elite" -fenômeno popular no Brasil e vencedor do Festival de Berlim deste ano- como uma síntese do entorno moral de seu novo filme, "Garapa".
De volta ao documentário, gênero que o projetou no cinema, a partir de "Ônibus 174" (2002), sobre um sobrevivente da chacina da Candelária convertido em criminoso, Padilha desta vez registra a situação de quem passa fome no Brasil.
No lugar do leite
O título do filme remete à principal "refeição" servida às crianças de duas das três famílias cearenses sujeitas à fome, cuja rotina o diretor acompanhou durante 30 dias.
À falta de leite, as mamadeiras enchem-se de água com açúcar na casa de Robertina (11 filhos) e na de Rosa (três filhos), que vivem, respectivamente, nas cercanias da cidade de Choró e na zona rural em torno da Vila Olho d'Água.
No barraco de Lúcia (três filhas), na periferia de Fortaleza, a garapa não é comum, mas a situação não é em nada melhor.
São das crianças as primeiras imagens do filme, rodado em preto-e-branco. No chão de terra, dois irmãos correm nus. Eles brincam, enquanto sua mãe caminha mais de 12 km para buscar leite. Em vão.
Não se notam sinais de folia em Vila Olho d'Água, mas é Carnaval, e "a pessoa que entrega o leite não estava disponível", diz a funcionária do posto da prefeitura, onde pende um cartaz do partido à frente da gestão. Rosa faz meia-volta, e a câmera a segue, de longe.
"Minha idéia era fazer um filme que fosse cru, o mais básico possível em termos de cinema; um filme com fome, tão próximo do cinema verdade quanto eu conseguisse", diz Padilha.
É norma da corrente do cinema verdade que o diretor não interfira na realidade filmada. Isso Padilha não conseguiu. Numa cena do filme, Ronaldo, 4, chora, com dor de dentes, efeito do consumo de açúcar da garapa. Sem dinheiro, dentista nem remédio ao alcance, os pais nada podem fazer.
O espectador descobre que Padilha deu remédio ao garoto, quando o pai da criança menciona o fato, em cena seguinte.
"Algumas coisas não dava para não fazer. Não dava! Era impossível não dar um remédio para uma criança sofrendo. Eu dei. Tentei interferir o mínimo possível, mas às vezes era impossível. Deixei uma das minhas interferências no filme, para mostrar que é difícil ficar indiferente a isso", diz Padilha.
A reação que o diretor espera do espectador é que este abandone a indiferença em relação ao problema da fome no Brasil.
Citando o zoólogo inglês Desmond Morris, Padilha diz que "uma relação despersonalizada não é uma relação biologicamente humana. A maioria das pessoas não sente empatia, não se move emocionalmente para ajudar quem desconhece".
"Garapa" ambiciona, segundo Padilha, "resgatar a individualidade dessas pessoas que muitas vezes são olhadas só pela perspectiva macroscópica".
Nessa escala, "que também deve existir", o diretor estima que seus personagens vivam na mesma condição de, "no mínimo, 11 milhões de brasileiros".
Fundo do poço
A cifra é deduzida de recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) com os usuários do programa Bolsa Família -11,1 milhões de famílias cadastradas, nas quais o Ibase estima 51 milhões de indivíduos.
"A pesquisa pega famílias em situações diferenciadas de pobreza, desde gente que não tem renda e apresenta outra série de vulnerabilidades até os que se enquadram no programa, mas têm uma certa renda regular. "Garapa" fala das famílias que estão no fundo do poço", diz Francisco Menezes, diretor do Ibase. Lá estão 11 milhões, segundo a pesquisa.
No filme de Padilha, eles se encarnam na família de Rosa, cadastrada no Bolsa Família, sua única fonte de renda.
Mas há famintos brasileiros que não aparecem nas estatísticas, como a Lúcia de "Garapa". Ela não possui documento de identidade, essencial ao cadastramento no Bolsa Família. Logo, Lúcia não entra na conta.
Padilha encontrou-a numa ONG suíça que se ocupa de crianças desnutridas em Fortaleza. Pediu autorização para filmá-la, e ela concedeu à câmera o testemunho de sua miséria financeira e emocional. Ela recebe esmolas de vizinhos e insultos recorrentes do marido.
No país em que os rótulos "estética da fome" e "cosmética da fome" são grudados por críticos de cinema, em sinal de aprovação ou desprezo, aos filmes em torno dos miseráveis, Padilha tratou Lúcia e os demais personagens de com um respeito sem comiseração.
"É um filme com uma visão de constatação. Não toca a tecla emocional. É mais racional, não no sentido de frio e distanciado, mas no que leva a pensar uma solução, ainda que o cinema não seja um instrumento de mobilização social", afirma o montador Felipe Lacerda.
Qualquer que seja a solução proposta para erradicar a fome no Brasil, Padilha tem seu axioma: "É eticamente inadmissível que alguém, no grupo dos beneficiados históricos deste país, olhe para os miseráveis que não têm o que comer e diga que os R$ 58 que o governo dá a ele são uma política errada".
"Garapa" atesta, porém, que o auxílio do Bolsa Família é insuficiente aos que o recebem, além de inacessível aos miseráveis sem documentados.
Em suma, o diretor de "Tropa de Elite" fez outro retrato de um país onde "o Estado é globalmente ineficiente -na segurança pública, na Justiça, na educação e também nos programas sociais", como ele diz.
Texto de Silvana Arantes na Folha de São Paulo de 29/06/08
O LERO-LERO DE LULA
O LERO-LERO DE LULA
LERO-LERO
Lula voltou a defender a reforma política. Ele faz isso sempre que não quer falar de coisa séria, nem se meter na campanha eleitoral ou, melhor dizendo, meter as mãos na campanha. Quando acontece a mesma coisa com a economia, Nosso Guia relança o tema da reforma tributária.
De Hélio Gaspari na Folha de São de 29/06/08
LERO-LERO
Lula voltou a defender a reforma política. Ele faz isso sempre que não quer falar de coisa séria, nem se meter na campanha eleitoral ou, melhor dizendo, meter as mãos na campanha. Quando acontece a mesma coisa com a economia, Nosso Guia relança o tema da reforma tributária.
De Hélio Gaspari na Folha de São de 29/06/08
sábado, 28 de junho de 2008
Amazônia: depredação ou exploração racional
De Hélio Jaguaribe - Amazônia: depredação ou exploração racional
É preciso constituir uma grande empresa pública, a Amazoniabras, para garantir a intervenção do Estado na floresta e seu uso racional
A AMAZÔNIA é uma região abandonada, entregue a um predatório e primitivo extrativismo da floresta tropical. Gera menos de 10% do PIB anual, quando representa cerca de 60% de nosso território. Sua população (cerca de 23 milhões) constitui menos de 13% da população brasileira. Trata-se, por outro lado, de uma imensa parcela do território nacional, em que operam, sem nenhum controle, inúmeras ONGs estrangeiras, quase todas a serviço de objetivos pouco compatíveis com os interesses nacionais.
A atual situação da Amazônia exige, imperativa e urgentemente, uma ativa intervenção do Estado. O que está em jogo não é apenas a necessidade de dar um tratamento racional à exploração de seus recursos, mas, com não menor relevância, a necessidade de preservar os interesses nacionais naquela imensa região.
A primitiva economia extrativa da Amazônia consiste em ciclos de grande expansão, decorrente da depredação de uma determinada área florestal, a que se segue a estagnação da região desmatada. Dentro de um par de decênios, continuando as coisas como estão, a Amazônia será reduzida a uma rala savana e a um semideserto ou será submetida ao controle de empreendimentos estrangeiros.
Uma região da imensidão amazônica, com sua igualmente imensa floresta tropical, não pode ser entregue a formas predatórias e primitivas de exploração, nem sujeita a descontrolada presença estrangeira, mas tampouco pode ser conservada -o que não tenderá a ocorrer- como um inalterável santuário ecológico.
A Amazônia requer uma ativa interveniência do Estado. Não apenas, nem principalmente, por meio de normas regulatórias que, ademais de não serem produtivas, são completamente ineficazes, pela incapacidade de seu consistente monitoramento. A indispensável e urgente intervenção do Estado na Amazônia deve ter caráter operacional.
Trata-se, em primeiro lugar, de complementar os dados já disponíveis com um completo levantamento geoeconômico da região. E trata-se, adicional e principalmente, de constituir uma grande empresa pública, a Empresa Brasileira da Amazônia -Amazoniabras-, para promover a exploração racional, eqüitativa e ecologicamente responsável desse grande tesouro vegetal e mineral. Algo à semelhança do que foi -e continua sendo- a Petrobras para o petróleo.
Dadas a variedade e a complexidade das questões em jogo, a Amazoniabras não deve, nem poderia, ter caráter monopolista. É preciso ter uma grande companhia pública, com recursos proporcionais à tarefa que lhe deve incumbir, que empreenda, em ampla escala, a utilização racional da floresta, preservando apropriadas áreas da mata e empreendendo, em outras, um conveniente reflorestamento. Uma empresa que otimize o uso racional e sustentável dos recursos da região.
Importa, a partir de um amplo esforço de prospeção, proceder a uma moderna exploração dos minerais da região e implantar, em locais apropriados, indústrias para a racional exploração dessas riquezas.
Em não mais de um decênio se multiplicaria, por um altíssimo coeficiente, o PIB amazônico, em condições não mais predatórias, e sim em termos de uma utilização sustentável de seus recursos.
A atuação de uma Amazoniabras, ademais da riqueza que diretamente produza -que tenderá a ser significativa-, conduzirá, concomitantemente, à preservação ecológica daquela região e à atração de uma iniciativa privada complementar operando, monitoradamente, em termos de sustentabilidade.
O dilema com que o Brasil se defronta na Amazônia é extremamente claro: continuada devastação predatória da floresta e sua degradação, além de perigosa intervenção estrangeira completamente fora de controle, ou utilização racional da riqueza vegetal e mineral da região, mediante a atuação, não monopolística, de uma grande empresa pública.
HELIO JAGUARIBE, 85, sociólogo, é decano emérito do Instituto de Estudos Políticos e Sociais (RJ), membro da Academia Brasileira de Letras e autor de, entre outras obras, "Um Estudo Crítico da História".
É preciso constituir uma grande empresa pública, a Amazoniabras, para garantir a intervenção do Estado na floresta e seu uso racional
A AMAZÔNIA é uma região abandonada, entregue a um predatório e primitivo extrativismo da floresta tropical. Gera menos de 10% do PIB anual, quando representa cerca de 60% de nosso território. Sua população (cerca de 23 milhões) constitui menos de 13% da população brasileira. Trata-se, por outro lado, de uma imensa parcela do território nacional, em que operam, sem nenhum controle, inúmeras ONGs estrangeiras, quase todas a serviço de objetivos pouco compatíveis com os interesses nacionais.
A atual situação da Amazônia exige, imperativa e urgentemente, uma ativa intervenção do Estado. O que está em jogo não é apenas a necessidade de dar um tratamento racional à exploração de seus recursos, mas, com não menor relevância, a necessidade de preservar os interesses nacionais naquela imensa região.
A primitiva economia extrativa da Amazônia consiste em ciclos de grande expansão, decorrente da depredação de uma determinada área florestal, a que se segue a estagnação da região desmatada. Dentro de um par de decênios, continuando as coisas como estão, a Amazônia será reduzida a uma rala savana e a um semideserto ou será submetida ao controle de empreendimentos estrangeiros.
Uma região da imensidão amazônica, com sua igualmente imensa floresta tropical, não pode ser entregue a formas predatórias e primitivas de exploração, nem sujeita a descontrolada presença estrangeira, mas tampouco pode ser conservada -o que não tenderá a ocorrer- como um inalterável santuário ecológico.
A Amazônia requer uma ativa interveniência do Estado. Não apenas, nem principalmente, por meio de normas regulatórias que, ademais de não serem produtivas, são completamente ineficazes, pela incapacidade de seu consistente monitoramento. A indispensável e urgente intervenção do Estado na Amazônia deve ter caráter operacional.
Trata-se, em primeiro lugar, de complementar os dados já disponíveis com um completo levantamento geoeconômico da região. E trata-se, adicional e principalmente, de constituir uma grande empresa pública, a Empresa Brasileira da Amazônia -Amazoniabras-, para promover a exploração racional, eqüitativa e ecologicamente responsável desse grande tesouro vegetal e mineral. Algo à semelhança do que foi -e continua sendo- a Petrobras para o petróleo.
Dadas a variedade e a complexidade das questões em jogo, a Amazoniabras não deve, nem poderia, ter caráter monopolista. É preciso ter uma grande companhia pública, com recursos proporcionais à tarefa que lhe deve incumbir, que empreenda, em ampla escala, a utilização racional da floresta, preservando apropriadas áreas da mata e empreendendo, em outras, um conveniente reflorestamento. Uma empresa que otimize o uso racional e sustentável dos recursos da região.
Importa, a partir de um amplo esforço de prospeção, proceder a uma moderna exploração dos minerais da região e implantar, em locais apropriados, indústrias para a racional exploração dessas riquezas.
Em não mais de um decênio se multiplicaria, por um altíssimo coeficiente, o PIB amazônico, em condições não mais predatórias, e sim em termos de uma utilização sustentável de seus recursos.
A atuação de uma Amazoniabras, ademais da riqueza que diretamente produza -que tenderá a ser significativa-, conduzirá, concomitantemente, à preservação ecológica daquela região e à atração de uma iniciativa privada complementar operando, monitoradamente, em termos de sustentabilidade.
O dilema com que o Brasil se defronta na Amazônia é extremamente claro: continuada devastação predatória da floresta e sua degradação, além de perigosa intervenção estrangeira completamente fora de controle, ou utilização racional da riqueza vegetal e mineral da região, mediante a atuação, não monopolística, de uma grande empresa pública.
HELIO JAGUARIBE, 85, sociólogo, é decano emérito do Instituto de Estudos Políticos e Sociais (RJ), membro da Academia Brasileira de Letras e autor de, entre outras obras, "Um Estudo Crítico da História".
terça-feira, 24 de junho de 2008
Mulheres experimentam sexualidade sem rótulo
Mulheres experimentam sexualidade sem rótulo
Para psiquiatra, elas não limitam seus desejos necessariamente ao sexo do parceiro.
Decepção com ideal de romantismo pode explicar tendência comportamental.
A sexualidade da mulher, desde a simbólica queima de sutiãs pelas feministas em maio de 1968, sempre foi um assunto polêmico. O inegável, no entanto, é que, com o passar dos anos, a mulher tem se permitido experimentar. Por conta disso, segundo o psiquiatra Jairo Bouer, é difícil identificar padrões ou tendências comportamentais do sexo feminino. Bouer é formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP.
Ao longo de sua carreira, Bouer se especializou em comportamento e sexualidade. Segundo ele, não é possível definir com exatidão se a mulher está mais aberta a novas experiências ou se sua “liberação” está apenas mais aparente. “Uma pesquisa realizada recentemente nos Estados Unidos, pelo Centro Nacional de Estatísticas em Saúde (NCHS, na sigla em inglês), mostra que 15% das universitárias, entre 19 e 24 anos, já tiveram relação homossexual. O interessante, porém, é que a maioria delas não se declara homossexual ou bissexual”, afirma.
De acordo com a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, além de homossexuais e heterossexuais podem existir diversas opções sexuais intermediárias. “Essa situação de experimento é muito mais antiga do que se pensa. O que mudou foi a forma de a sociedade enxergar essa diversidade, com menos preconceito”, diz. Ainda segundo Carmita, a orientação sexual não é uma escolha, mas um fator biopsicossocial, influenciado pela hereditariedade e pelas experiências de vida de cada um.
Sociedade moldada
Para Bouer, a flexibilidade de escolhas propiciada pelos novos moldes da sociedade tem feito com que a mulher não limite seus desejos necessariamente ao sexo do parceiro. "Conheço casos de mulheres que foram casadas por anos com homens e depois de uma decepção, por exemplo, se apaixonaram por uma mulher. Depois do relacionamento homossexual pode acontecer de ela voltar a se relacionar com um homem”, diz Bouer.
Um dos motivos que pode levar mulheres a ingressarem em uma relação afetiva e de prazer com outras mulheres, sem considerar-se predominantemente homossexual, pode ser o romantismo característico do sexo feminino. “Muitas vezes a mulher se cansa do espírito masculino e consegue lidar melhor com suas inibições sexuais se estiver se relacionando com outra mulher”, afirma Bouer.
A cantora Preta Gil concorda. “Eu acho que a mulher está se permitindo experimentar e isso talvez aconteça por causa da decepção com o ideal de homem e de romantismo”, diz. Preta afirma, porém, que essas mudanças de comportamento podem ter aspectos negativos e positivos. “É bom porque a mulher passa a se conhecer melhor e pode ser ruim se for encarado apenas como um modismo”, diz ao G1.
Sexualidade contínua
Para Bouer, a tendência ao experimento não tem idade. “Tenho visto casos com mulheres de 14 a 50 anos. Entre as adolescentes é um pouco mais comum do que era há alguns anos, mas pode ser por conta de um menor preconceito, ou até por um certo modismo”, diz.
“Isso reforça aquela história de que a sexualidade é contínua. Não existe apenas o ser heterossexual, homossexual ou bissexual. É possível não gostar igualmente da mesma coisa em todas as fases da vida. E vale lembrar que nem toda mulher está aberta a experimentar, e é exatamente essa liberdade de poder ou não querer algo que faz a diferença”, diz.
Do G1
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL608848-5598,00-MULHERES+EXPERIMENTAM+SEXUALIDADE+SEM+ROTULO.html
A sexualidade da mulher, desde a simbólica queima de sutiãs pelas feministas em maio de 1968, sempre foi um assunto polêmico. O inegável, no entanto, é que, com o passar dos anos, a mulher tem se permitido experimentar. Por conta disso, segundo o psiquiatra Jairo Bouer, é difícil identificar padrões ou tendências comportamentais do sexo feminino. Bouer é formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP.
Ao longo de sua carreira, Bouer se especializou em comportamento e sexualidade. Segundo ele, não é possível definir com exatidão se a mulher está mais aberta a novas experiências ou se sua “liberação” está apenas mais aparente. “Uma pesquisa realizada recentemente nos Estados Unidos, pelo Centro Nacional de Estatísticas em Saúde (NCHS, na sigla em inglês), mostra que 15% das universitárias, entre 19 e 24 anos, já tiveram relação homossexual. O interessante, porém, é que a maioria delas não se declara homossexual ou bissexual”, afirma.
De acordo com a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, além de homossexuais e heterossexuais podem existir diversas opções sexuais intermediárias. “Essa situação de experimento é muito mais antiga do que se pensa. O que mudou foi a forma de a sociedade enxergar essa diversidade, com menos preconceito”, diz. Ainda segundo Carmita, a orientação sexual não é uma escolha, mas um fator biopsicossocial, influenciado pela hereditariedade e pelas experiências de vida de cada um.
Sociedade moldada
Para Bouer, a flexibilidade de escolhas propiciada pelos novos moldes da sociedade tem feito com que a mulher não limite seus desejos necessariamente ao sexo do parceiro. "Conheço casos de mulheres que foram casadas por anos com homens e depois de uma decepção, por exemplo, se apaixonaram por uma mulher. Depois do relacionamento homossexual pode acontecer de ela voltar a se relacionar com um homem”, diz Bouer.
Um dos motivos que pode levar mulheres a ingressarem em uma relação afetiva e de prazer com outras mulheres, sem considerar-se predominantemente homossexual, pode ser o romantismo característico do sexo feminino. “Muitas vezes a mulher se cansa do espírito masculino e consegue lidar melhor com suas inibições sexuais se estiver se relacionando com outra mulher”, afirma Bouer.
A cantora Preta Gil concorda. “Eu acho que a mulher está se permitindo experimentar e isso talvez aconteça por causa da decepção com o ideal de homem e de romantismo”, diz. Preta afirma, porém, que essas mudanças de comportamento podem ter aspectos negativos e positivos. “É bom porque a mulher passa a se conhecer melhor e pode ser ruim se for encarado apenas como um modismo”, diz ao G1.
Sexualidade contínua
Para Bouer, a tendência ao experimento não tem idade. “Tenho visto casos com mulheres de 14 a 50 anos. Entre as adolescentes é um pouco mais comum do que era há alguns anos, mas pode ser por conta de um menor preconceito, ou até por um certo modismo”, diz.
“Isso reforça aquela história de que a sexualidade é contínua. Não existe apenas o ser heterossexual, homossexual ou bissexual. É possível não gostar igualmente da mesma coisa em todas as fases da vida. E vale lembrar que nem toda mulher está aberta a experimentar, e é exatamente essa liberdade de poder ou não querer algo que faz a diferença”, diz.
Do G1
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL608848-5598,00-MULHERES+EXPERIMENTAM+SEXUALIDADE+SEM+ROTULO.html
domingo, 22 de junho de 2008
O braço armado da obra do senador Marcelo Crivella
O braço armado da obra
Durante o regime militar, setores da esquerda acusavam as Forças Armadas de serem "a guarda pretoriana da burguesia" (ou da oligarquia, ao gosto do freguês). Diga-se, aliás, que essa acusação era generalizada na América Latina, quase toda ela tomada por governos militares.
É chocante que, na democracia, a frase (ou ao menos uma adaptação dela) perca o seu caráter de propaganda ideológica para se converter em mera descrição de um fato real.
O Exército, ainda por cima com aval da Justiça, transformou-se em guarda pretoriana de uma obra, no Rio de Janeiro, de indiscutível cunho eleitoral e partidário (em benefício do senador Marcelo Crivella, candidato à Prefeitura do Rio).
Duplamente chocante, aliás. Primeiro, há o fato de que o poder público assume explicitamente que é incapaz de realizar uma obra em um ponto central da cidade-vitrina do Brasil sem precisar recorrer a uma força armada que, ademais, não é a força armada que constitucionalmente responde pela segurança dos cidadão.
Entre parêntesis: se a entrevista de Marta Suplicy à Folha foi considerada pelos procuradores uma violação da "igualdade de oportunidades" que deveria primar em campanhas eleitorais, por que outros procuradores não representam contra o Exército por violar idêntica norma, ao proteger obras de um único candidato?
Fecha parêntesis para passar ao segundo aspecto chocante: a entrada do Exército como protetor de uma obra se dá em um governo, o de Luiz Inácio Lula da Silva, no qual abundam ex-esquerdistas, muitos dos quais abusavam da frase citada no primeiro parágrafo.
Alguma surpresa, ante a metamorfose ambulante dessa gente, que o noticiário político tenha virado noticiário policial, envolvendo quase sempre partidos da base aliada ao governo, como, de resto, no caso da obra no Rio?
Texto de Clóvis Rossi na Folha de São Paulo de 22/06/08
Co-autor sem autor
Uma velha brincadeira ilustra bem o, digamos, espírito do jornalismo: quando um cachorro morde um homem, não é notícia; mas, quando um homem morde um cachorro, dá primeira página!
Atualizando: quando traficantes dos morros se matam uns aos outros, isso é rotina, não comove ninguém. Mas, quando 11 militares do Exército entregam jovens desarmados para serem trucidados por marginais, vira manchete.
O governo acredita que houve um "crime premeditado". Antes de "desovar" os jovens vivos nas mãos de assassinos do morro da Mineira, o tenente Vinícius Ghidetti consultou um soldado que mora por ali para saber onde estavam os maiores inimigos deles no pedaço. Ou seja: onde os três seriam estraçalhados com mais volúpia.
Dos 11 militares, 4 já estão com prisão preventiva decretada por 30 dias e deverão ser julgados como "co-autores" de assassinato. Isso, porém, cria uma situação inusitada: será um crime com "co-autores", mas sem "autores"?
Porque todos -Exército, delegado, movimentos de direitos humanos, opinião pública e imprensa- só se preocupam e investigam o passo a passo dos 11 militares até os três corpos aparecerem num lixão. Mas ninguém fala, e aparentemente não investiga, quem apertou o gatilho e disparou os 46 tiros.
Discutem-se a psicologia do tenente, a formação de oficiais, o projeto político Cimento Social num ano de eleições e o uso das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem. Mas não se debate o chamado "cerne da questão": a guerra urbana que se alastra pelo país.
O fato novo (o homem que morde o cão) foi o envolvimento da farda, com militares se igualando a bandidos e negociando chacinas com eles. Mas o fato velho (pitbulls e rottweilers mordendo homens, mulheres e crianças) é tão crônico nas favelas e periferias que não emociona mais. Caiu na vala comum. E parece não ter solução.
De Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 22/06/08
Durante o regime militar, setores da esquerda acusavam as Forças Armadas de serem "a guarda pretoriana da burguesia" (ou da oligarquia, ao gosto do freguês). Diga-se, aliás, que essa acusação era generalizada na América Latina, quase toda ela tomada por governos militares.
É chocante que, na democracia, a frase (ou ao menos uma adaptação dela) perca o seu caráter de propaganda ideológica para se converter em mera descrição de um fato real.
O Exército, ainda por cima com aval da Justiça, transformou-se em guarda pretoriana de uma obra, no Rio de Janeiro, de indiscutível cunho eleitoral e partidário (em benefício do senador Marcelo Crivella, candidato à Prefeitura do Rio).
Duplamente chocante, aliás. Primeiro, há o fato de que o poder público assume explicitamente que é incapaz de realizar uma obra em um ponto central da cidade-vitrina do Brasil sem precisar recorrer a uma força armada que, ademais, não é a força armada que constitucionalmente responde pela segurança dos cidadão.
Entre parêntesis: se a entrevista de Marta Suplicy à Folha foi considerada pelos procuradores uma violação da "igualdade de oportunidades" que deveria primar em campanhas eleitorais, por que outros procuradores não representam contra o Exército por violar idêntica norma, ao proteger obras de um único candidato?
Fecha parêntesis para passar ao segundo aspecto chocante: a entrada do Exército como protetor de uma obra se dá em um governo, o de Luiz Inácio Lula da Silva, no qual abundam ex-esquerdistas, muitos dos quais abusavam da frase citada no primeiro parágrafo.
Alguma surpresa, ante a metamorfose ambulante dessa gente, que o noticiário político tenha virado noticiário policial, envolvendo quase sempre partidos da base aliada ao governo, como, de resto, no caso da obra no Rio?
Texto de Clóvis Rossi na Folha de São Paulo de 22/06/08
Co-autor sem autor
Uma velha brincadeira ilustra bem o, digamos, espírito do jornalismo: quando um cachorro morde um homem, não é notícia; mas, quando um homem morde um cachorro, dá primeira página!
Atualizando: quando traficantes dos morros se matam uns aos outros, isso é rotina, não comove ninguém. Mas, quando 11 militares do Exército entregam jovens desarmados para serem trucidados por marginais, vira manchete.
O governo acredita que houve um "crime premeditado". Antes de "desovar" os jovens vivos nas mãos de assassinos do morro da Mineira, o tenente Vinícius Ghidetti consultou um soldado que mora por ali para saber onde estavam os maiores inimigos deles no pedaço. Ou seja: onde os três seriam estraçalhados com mais volúpia.
Dos 11 militares, 4 já estão com prisão preventiva decretada por 30 dias e deverão ser julgados como "co-autores" de assassinato. Isso, porém, cria uma situação inusitada: será um crime com "co-autores", mas sem "autores"?
Porque todos -Exército, delegado, movimentos de direitos humanos, opinião pública e imprensa- só se preocupam e investigam o passo a passo dos 11 militares até os três corpos aparecerem num lixão. Mas ninguém fala, e aparentemente não investiga, quem apertou o gatilho e disparou os 46 tiros.
Discutem-se a psicologia do tenente, a formação de oficiais, o projeto político Cimento Social num ano de eleições e o uso das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem. Mas não se debate o chamado "cerne da questão": a guerra urbana que se alastra pelo país.
O fato novo (o homem que morde o cão) foi o envolvimento da farda, com militares se igualando a bandidos e negociando chacinas com eles. Mas o fato velho (pitbulls e rottweilers mordendo homens, mulheres e crianças) é tão crônico nas favelas e periferias que não emociona mais. Caiu na vala comum. E parece não ter solução.
De Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 22/06/08
domingo, 15 de junho de 2008
Lulla e o Varig-Logro
De Neil, eu só queria entender, Ferreira
Mora na filosofia: lulla sobe nas pesquisas depois do Varig-Logro de 670 milhões de reais.
O Varig-Logro tem um fato indiscutido, não-ideológico: os 670 milhões paus. Acabou-se, e pronto. Ponto.
Há mais mistérios (ministérios?) entre os cofres públicos e o bolso do lullismo do que suspeita a nossa vã filosofia. Shakespeare escreveu isso há uns 500 anos encontra-se na sua obra pelo menos uma frase adequada a qualquer situação contemporânea. Esse trambique do Varig-Logro está numa fala da peça Hamlet ("Há algo de podre no Reino de Louis 51"); que fique claro, peguei na obra do Bardo - não me cobrem, sou inocente, nego tudo.
A nossa vã filosofia precisa de um cursinho intensivo de Filosofia Vã para entender porque afirmo com tanta segurança que lulla sobe (no presente) em vez de subirá (no futuro). As pesquisa serão feitas agora porque lulla já subiu. Nenhuma delas é otária de começar sem a certeza de saber o resultado de antemão; se até eu que sou o maior mané já sei, imagine elas, que são super do ramo.
Numa discussão quente e amigável, num debate, ou numa pesquisa, nunca faça uma pergunta cuja resposta você não conheça. Filosofia, o amor pela sabedoria, experimentado apenas pelo ser humano consciente da sua própria ignorância (Houaiss); Vã, vazia, oca, fútil, frívola, e um monte de significados (Houaiss). Na aparência, esses dois conceitos, Filosofia Vã, não convivem, formam uma contradição. Arrá! Contradição nada, é contradição só para quem não mora na filosofia. Vem comigo fazer uma residenciazinha.
O Varig-Logro tem um fato indiscutido, não-ideológico. Os 670 milhões de paus. Acabou-se e pronto. Ponto.
A denise Charuta, que dedurou a façanha, sujou a dirma, mãe do PAC e tia do já esquecido dossiê (ou "banco de dados") de despesas do FHC e dona Rute, em que os escandalosos cartões corporativos secretos do lullismo foram transformados por passo de mágica. O mesmo passe de mágica nos fará acreditar que a cumpanhera é preferida do lulla para candidata a presidenta, embora até os garanhões de Garanhuns saibam que o candidato do lulla é o lulla mesmo, mas vamos fingir que acreditamos nessa treta para ver onde vai parar.
A Charuta estudou com dirceu na PUC, que a levou para a Casa Civil e depositou-a na ANAC durante o seu mandarinato. É cabra de dirceu, apois. Ao disparar seu míssil nas fuças da mãe do PAC, ela podia saber ou não que era uma mulher-bomba (de fumaça), eu não sabia. Como todo mundo, eu estava crente de que a Charuta detonava a guerrilheira estela por conta e obra do guerrilheiro daniel, aliados como sempre foram.
O que aconteceu foi uma fumaceira que tentou esconder o efeito colateral da encrenca, o pacotão de 670 milhões de catataus que levantou vôo pela Varig, namorou a TAM, passarinhou no colo da Gol e - Varig, Varig, Varig - pousou Varig-Logro nos bolos do PC (qualquer semelhança com pcfarias é proposital). PC é Premero Cumpadi; não vou dizer o nome e nem cumpadi de quem elle é porque você está careca de saber. Da minha parte, reafirmo que quem tem..., tem medo. Eu tenho.
Agora vem você, cheio (a) de veneno circulando nas veias e o coração pleno de maldade, aos berros Pega corrupa de 670 milhas, pega! Como sempre, acusa com pressa e sem provas. Filosofemos, então.
Abro com a chauí, para deixá-lo (a) em xeque no primeiro lance. Contra a chauí não há argumentos, ela escreveu um livro sobre Spinoza de 3 mil páginas e só as notas de pé de página demandaram um volume anexo de 200 páginas extras. Ela cunhou a reza braba "Quando lulla fala, o país se ilumina" e criou a pedra filosofal da Corrupção Virtuosa, a Corrupção do Bem. Um dogma, como os da Igreja; tem que engolir sem discutir, senão vai pro inferno.
No FHC, a corrupa era do mal e enchia o bolso da zelite. Não mais. Agora, num só varig-logrinho modesto cataram 670 milhas de Corrupa Virtuosa par encher a barriga da pobreza. É o que dizem e não mentiriam, santos que são. Quem duvida que lulla já subiu, levanta a mão... Santa corrupção!
Neil Ferreira é publicitárioneilferrei@gmail.com
http://net.dcomercio.com.br/WebSearch/v.asp?TxtId=224124&SessionID=736588672&id=1&q=(neil)
Mora na filosofia: lulla sobe nas pesquisas depois do Varig-Logro de 670 milhões de reais.
O Varig-Logro tem um fato indiscutido, não-ideológico: os 670 milhões paus. Acabou-se, e pronto. Ponto.
Há mais mistérios (ministérios?) entre os cofres públicos e o bolso do lullismo do que suspeita a nossa vã filosofia. Shakespeare escreveu isso há uns 500 anos encontra-se na sua obra pelo menos uma frase adequada a qualquer situação contemporânea. Esse trambique do Varig-Logro está numa fala da peça Hamlet ("Há algo de podre no Reino de Louis 51"); que fique claro, peguei na obra do Bardo - não me cobrem, sou inocente, nego tudo.
A nossa vã filosofia precisa de um cursinho intensivo de Filosofia Vã para entender porque afirmo com tanta segurança que lulla sobe (no presente) em vez de subirá (no futuro). As pesquisa serão feitas agora porque lulla já subiu. Nenhuma delas é otária de começar sem a certeza de saber o resultado de antemão; se até eu que sou o maior mané já sei, imagine elas, que são super do ramo.
Numa discussão quente e amigável, num debate, ou numa pesquisa, nunca faça uma pergunta cuja resposta você não conheça. Filosofia, o amor pela sabedoria, experimentado apenas pelo ser humano consciente da sua própria ignorância (Houaiss); Vã, vazia, oca, fútil, frívola, e um monte de significados (Houaiss). Na aparência, esses dois conceitos, Filosofia Vã, não convivem, formam uma contradição. Arrá! Contradição nada, é contradição só para quem não mora na filosofia. Vem comigo fazer uma residenciazinha.
O Varig-Logro tem um fato indiscutido, não-ideológico. Os 670 milhões de paus. Acabou-se e pronto. Ponto.
A denise Charuta, que dedurou a façanha, sujou a dirma, mãe do PAC e tia do já esquecido dossiê (ou "banco de dados") de despesas do FHC e dona Rute, em que os escandalosos cartões corporativos secretos do lullismo foram transformados por passo de mágica. O mesmo passe de mágica nos fará acreditar que a cumpanhera é preferida do lulla para candidata a presidenta, embora até os garanhões de Garanhuns saibam que o candidato do lulla é o lulla mesmo, mas vamos fingir que acreditamos nessa treta para ver onde vai parar.
A Charuta estudou com dirceu na PUC, que a levou para a Casa Civil e depositou-a na ANAC durante o seu mandarinato. É cabra de dirceu, apois. Ao disparar seu míssil nas fuças da mãe do PAC, ela podia saber ou não que era uma mulher-bomba (de fumaça), eu não sabia. Como todo mundo, eu estava crente de que a Charuta detonava a guerrilheira estela por conta e obra do guerrilheiro daniel, aliados como sempre foram.
O que aconteceu foi uma fumaceira que tentou esconder o efeito colateral da encrenca, o pacotão de 670 milhões de catataus que levantou vôo pela Varig, namorou a TAM, passarinhou no colo da Gol e - Varig, Varig, Varig - pousou Varig-Logro nos bolos do PC (qualquer semelhança com pcfarias é proposital). PC é Premero Cumpadi; não vou dizer o nome e nem cumpadi de quem elle é porque você está careca de saber. Da minha parte, reafirmo que quem tem..., tem medo. Eu tenho.
Agora vem você, cheio (a) de veneno circulando nas veias e o coração pleno de maldade, aos berros Pega corrupa de 670 milhas, pega! Como sempre, acusa com pressa e sem provas. Filosofemos, então.
Abro com a chauí, para deixá-lo (a) em xeque no primeiro lance. Contra a chauí não há argumentos, ela escreveu um livro sobre Spinoza de 3 mil páginas e só as notas de pé de página demandaram um volume anexo de 200 páginas extras. Ela cunhou a reza braba "Quando lulla fala, o país se ilumina" e criou a pedra filosofal da Corrupção Virtuosa, a Corrupção do Bem. Um dogma, como os da Igreja; tem que engolir sem discutir, senão vai pro inferno.
No FHC, a corrupa era do mal e enchia o bolso da zelite. Não mais. Agora, num só varig-logrinho modesto cataram 670 milhas de Corrupa Virtuosa par encher a barriga da pobreza. É o que dizem e não mentiriam, santos que são. Quem duvida que lulla já subiu, levanta a mão... Santa corrupção!
Neil Ferreira é publicitárioneilferrei@gmail.com
http://net.dcomercio.com.br/WebSearch/v.asp?TxtId=224124&SessionID=736588672&id=1&q=(neil)
LuLLinha da Oi/Telemar compra a Brasil Telecom
LuLLinha da Oi/Telemar compra a Brasil Telecom
A norma da transgressão
O mais acintoso dos negócios inescrupulosos, a compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar só depende agora dos tribunais
O mais acintoso dos negócios inescrupulosos entre governo e interesses particulares só depende agora dos altos tribunais, onde as maiores probabilidades indicam que desembocarão as artimanhas, regidas pela Presidência da República, para violação das normas legais e oficialização da compra da Brasil Telecom pela Oi/ Telemar.
O acordo formalizado na quinta-feira entre os quatro conselheiros da Agência Nacional de Telecomunicações -Ronaldo Sardenberg, Pedro Jaime Ziller, Pedro Aguiar Jr. e Antonio Bedran- chancelaram-na, para todos os efeitos, como face oficial de maquinação jurídica com origem privada. A (i)legalidade do seu papel na trama sujeita-se à decisão judicial sobre seu poder, e direito, de subverter as normas nacionais da telefonia para dar legalidade a um negócio privado feito antes. E, além de antes, em transgressão e desafio ostensivos (públicos mesmo) à legislação vigente.
No mínimo, para ficar no mínimo, todo leigo pode indagar o que foi ou será feito do preceito básico de que novas normas jurídicas não têm efeito retroativo, como é dado agora em benefício de um negócio fechado e comunicado de público, com pagamento consolidável posteriormente, comum nas compras da ordem dos bilhões. No caso, de R$ 5,5 bilhões.
Outro aspecto para a esperada apreciação do Judiciário são as negociações consolidadas entre o BNDES e a Oi/Telemar, em plena vigência da proibição legal do negócio, para que o banco cumpra aí duas funções: proporcione recursos aos compradores (Oi/Telemar= grupos Andrade Gutierrez, sócio financiador de um filho de Lula, e Carlos Jereissati); e, como reforço complementar, a eles associe o subsidiário Banespar.
Os quatro conselheiros mostraram-se tão bem entendidos para a alteração unânime imposta ao Plano Geral de Outorgas, que sua entrevista televisada exibiu tropeções cômicos na justificação da manobra. Para o relator Pedro Jaime Ziller, por exemplo, ao possibilitar o negócio das telefônicas, a Anatel quis seguir "a tendência mundial das fusões". Para Ronaldo Sardenberg, a Anatel, da qual é o presidente, agiu "para promover a concorrência". Com a compra da Brasil Telecom, nenhum disfarce poderá contrariar a evidência de que a Oi/Telemar deterá o monopólio da telefonia fixa em todo o Brasil, excetuada uma parte de São Paulo. Segundo Sardenberg, portanto, fundem-se duas empresas para estimular a concorrência da nova com ela mesma.
Em tempo: o renovável mandato de Ronaldo Sardenberg como presidente da Anatel termina no fim deste mês. O de Pedro Jaime Ziller termina em novembro. Ambos já fizeram por merecer a renovação, mas, com as capacidades que demonstraram, por certo não lhes faltam perspectivas até melhores.
Texto de Janio de Freita na Folha de São de Paulo de 15/06/08
Roberto Teixeira advoga para filho de Lula
Acusado por ex-diretora da Anac no caso Varig, compadre do presidente defende Lulinha em processo contra revista
Na ação, Lulinha pede R$ 10 mil de indenização por causa de reportagem; procurados, ele e Teixeira não se manifestaram
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado Roberto Teixeira tem laços com a família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais amplos do que a amizade. Estendem-se também ao lado profissional. Compadre de Lula, Teixeira advoga para Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do segundo casamento do presidente.
Teixeira defende Lulinha num processo, por danos morais, movido contra a revista "Veja" e o lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS. Na edição de 25/10/ 2006, "Veja" publicou reportagem sobre como Lulinha teria praticado tráfico de influência a partir do escritório de APS, em Brasília.
No começo deste mês, a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu afirmou que a Casa Civil a pressionou em benefício da VarigLog, cliente de Teixeira. O advogado, então, negou que sua relação com o presidente tenha tido qualquer tipo de influência na transação. Disse que não misturava os negócios com sua amizade com Lula.
"Mas isso não significa que a gente confunda a posição dele como presidente da República, que eu respeito, com a amizade que se tem. Ele representa a República do Brasil, ele tem que cuidar da República como um todo. E me mantenho à distância que liturgicamente é necessária", disse Teixeira, em entrevista à Folha na ocasião.
A reportagem o questionou, por meio de sua assessoria, como seria o pagamento por seus honorários na defesa de Lulinha. Teixeira não respondeu até o fechamento desta edição. A Folha encaminhou as mesmas perguntas a Lulinha, que não quis comentar o caso.
De acordo com "Veja", Lulinha e seu sócio Kalil Bittar teriam consultado, no começo de 2005, o então secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, sobre a obstrução legal para que a Telemar comprasse a concorrente Brasil Telecom.
Lulinha e Kalil são sócios da Gamecorp, empresa de jogos eletrônicos na qual a Oi (ex-Telemar) já investiu mais de R$ 10 milhões. Antes de receber o aporte da concessionária de telefonia, o capital social da Gamecorp era de R$ 100 mil.
Segundo a revista, o filho do presidente e seu sócio estariam na época fazendo lobby em favor da Telemar. O Plano Geral de Outorgas proíbe que uma empresa de telefonia fixa compre outra fora de sua região.
Mesmo assim, a aquisição da BrT pela Telemar foi anunciada no começo deste ano, contando com o apoio e o estímulo do governo do presidente Lula, que deverá baixar um decreto mudando a legislação (leia mais na pág. B7).
Após a publicação da primeira reportagem de "Veja", APS negou ter mantido contato com Lulinha, confirmando a utilização de seu escritório apenas por Kalil. Ne edição de 1º/11/2006, contudo, "Veja" revelou que o próprio APS havia confirmado anteriormente à reportagem que Lulinha despachava de uma sala de 40 metros quadrados na casa em que ele montou seu escritório.
Pouco tempos depois, Lulinha entrou com ação na Justiça de São Paulo contra a editora Abril, que edita "Veja", e APS. Teixeira é o advogado principal de Lulinha na ação. É ele quem assina uma série de documentos relacionados ao caso. Lulinha pede R$ 10 mil de indenização.
No começo deste mês, APS entrou com reclamação no Supremo Tribunal Federal, pleiteando suspensão do processo com base na decisão do STF que revogou parte da Lei de Imprensa. Por fax, Teixeira solicitou credenciamento de estagiário para tirar cópia do processo no Supremo.
No último dia 9, o ministro do STF Menezes Direito negou o pedido de APS. Ou seja, o processo continua em curso.
Texto de LEONARDO SOUZA na Folha de São Paulo de 18/06/2008
A norma da transgressão
O mais acintoso dos negócios inescrupulosos, a compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar só depende agora dos tribunais
O mais acintoso dos negócios inescrupulosos entre governo e interesses particulares só depende agora dos altos tribunais, onde as maiores probabilidades indicam que desembocarão as artimanhas, regidas pela Presidência da República, para violação das normas legais e oficialização da compra da Brasil Telecom pela Oi/ Telemar.
O acordo formalizado na quinta-feira entre os quatro conselheiros da Agência Nacional de Telecomunicações -Ronaldo Sardenberg, Pedro Jaime Ziller, Pedro Aguiar Jr. e Antonio Bedran- chancelaram-na, para todos os efeitos, como face oficial de maquinação jurídica com origem privada. A (i)legalidade do seu papel na trama sujeita-se à decisão judicial sobre seu poder, e direito, de subverter as normas nacionais da telefonia para dar legalidade a um negócio privado feito antes. E, além de antes, em transgressão e desafio ostensivos (públicos mesmo) à legislação vigente.
No mínimo, para ficar no mínimo, todo leigo pode indagar o que foi ou será feito do preceito básico de que novas normas jurídicas não têm efeito retroativo, como é dado agora em benefício de um negócio fechado e comunicado de público, com pagamento consolidável posteriormente, comum nas compras da ordem dos bilhões. No caso, de R$ 5,5 bilhões.
Outro aspecto para a esperada apreciação do Judiciário são as negociações consolidadas entre o BNDES e a Oi/Telemar, em plena vigência da proibição legal do negócio, para que o banco cumpra aí duas funções: proporcione recursos aos compradores (Oi/Telemar= grupos Andrade Gutierrez, sócio financiador de um filho de Lula, e Carlos Jereissati); e, como reforço complementar, a eles associe o subsidiário Banespar.
Os quatro conselheiros mostraram-se tão bem entendidos para a alteração unânime imposta ao Plano Geral de Outorgas, que sua entrevista televisada exibiu tropeções cômicos na justificação da manobra. Para o relator Pedro Jaime Ziller, por exemplo, ao possibilitar o negócio das telefônicas, a Anatel quis seguir "a tendência mundial das fusões". Para Ronaldo Sardenberg, a Anatel, da qual é o presidente, agiu "para promover a concorrência". Com a compra da Brasil Telecom, nenhum disfarce poderá contrariar a evidência de que a Oi/Telemar deterá o monopólio da telefonia fixa em todo o Brasil, excetuada uma parte de São Paulo. Segundo Sardenberg, portanto, fundem-se duas empresas para estimular a concorrência da nova com ela mesma.
Em tempo: o renovável mandato de Ronaldo Sardenberg como presidente da Anatel termina no fim deste mês. O de Pedro Jaime Ziller termina em novembro. Ambos já fizeram por merecer a renovação, mas, com as capacidades que demonstraram, por certo não lhes faltam perspectivas até melhores.
Texto de Janio de Freita na Folha de São de Paulo de 15/06/08
Roberto Teixeira advoga para filho de Lula
Acusado por ex-diretora da Anac no caso Varig, compadre do presidente defende Lulinha em processo contra revista
Na ação, Lulinha pede R$ 10 mil de indenização por causa de reportagem; procurados, ele e Teixeira não se manifestaram
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado Roberto Teixeira tem laços com a família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais amplos do que a amizade. Estendem-se também ao lado profissional. Compadre de Lula, Teixeira advoga para Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do segundo casamento do presidente.
Teixeira defende Lulinha num processo, por danos morais, movido contra a revista "Veja" e o lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como APS. Na edição de 25/10/ 2006, "Veja" publicou reportagem sobre como Lulinha teria praticado tráfico de influência a partir do escritório de APS, em Brasília.
No começo deste mês, a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu afirmou que a Casa Civil a pressionou em benefício da VarigLog, cliente de Teixeira. O advogado, então, negou que sua relação com o presidente tenha tido qualquer tipo de influência na transação. Disse que não misturava os negócios com sua amizade com Lula.
"Mas isso não significa que a gente confunda a posição dele como presidente da República, que eu respeito, com a amizade que se tem. Ele representa a República do Brasil, ele tem que cuidar da República como um todo. E me mantenho à distância que liturgicamente é necessária", disse Teixeira, em entrevista à Folha na ocasião.
A reportagem o questionou, por meio de sua assessoria, como seria o pagamento por seus honorários na defesa de Lulinha. Teixeira não respondeu até o fechamento desta edição. A Folha encaminhou as mesmas perguntas a Lulinha, que não quis comentar o caso.
De acordo com "Veja", Lulinha e seu sócio Kalil Bittar teriam consultado, no começo de 2005, o então secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, sobre a obstrução legal para que a Telemar comprasse a concorrente Brasil Telecom.
Lulinha e Kalil são sócios da Gamecorp, empresa de jogos eletrônicos na qual a Oi (ex-Telemar) já investiu mais de R$ 10 milhões. Antes de receber o aporte da concessionária de telefonia, o capital social da Gamecorp era de R$ 100 mil.
Segundo a revista, o filho do presidente e seu sócio estariam na época fazendo lobby em favor da Telemar. O Plano Geral de Outorgas proíbe que uma empresa de telefonia fixa compre outra fora de sua região.
Mesmo assim, a aquisição da BrT pela Telemar foi anunciada no começo deste ano, contando com o apoio e o estímulo do governo do presidente Lula, que deverá baixar um decreto mudando a legislação (leia mais na pág. B7).
Após a publicação da primeira reportagem de "Veja", APS negou ter mantido contato com Lulinha, confirmando a utilização de seu escritório apenas por Kalil. Ne edição de 1º/11/2006, contudo, "Veja" revelou que o próprio APS havia confirmado anteriormente à reportagem que Lulinha despachava de uma sala de 40 metros quadrados na casa em que ele montou seu escritório.
Pouco tempos depois, Lulinha entrou com ação na Justiça de São Paulo contra a editora Abril, que edita "Veja", e APS. Teixeira é o advogado principal de Lulinha na ação. É ele quem assina uma série de documentos relacionados ao caso. Lulinha pede R$ 10 mil de indenização.
No começo deste mês, APS entrou com reclamação no Supremo Tribunal Federal, pleiteando suspensão do processo com base na decisão do STF que revogou parte da Lei de Imprensa. Por fax, Teixeira solicitou credenciamento de estagiário para tirar cópia do processo no Supremo.
No último dia 9, o ministro do STF Menezes Direito negou o pedido de APS. Ou seja, o processo continua em curso.
Texto de LEONARDO SOUZA na Folha de São Paulo de 18/06/2008
Mortos Insepultos
Quase dois anos após a tragédia de 2 grandes acidentes aeronáuticos, que ceifaram a vida de 400 pessoas, nada se fez e nada se faz para punir o (i)responsáveis pelos acidentes.
Nenhuma providência para melhorar e a infra-estrutura aeroportuária.
Logo após o segundo grande acidente de nossa aviação, instalou-se o clima de terror entre os usuários do transporte aéreo e os trabalhadores aeroviário.
Para se livrar do tiroteio o presidente da república nomeou um político com ficha recheada de bons serviços prestados ao governo anterior e o atual, como político do poder legislativo, ou como integrante da mais alta corte de justiça de nosso país.
Como ministro com “carta branca” para falar besteiras, o ministro prendeu e arrebentou, mas nada aconteceu e nada acontece.
De tanto falar uma mentira ela se torna verdade, esta foi a máxima do ministro encarregado de organizar o caos aéreo.
As “otoridades” prometeram várias obras que resolveriam definitivamente o caos aéreo, as principais cito a seguir.
Construir uma pista adicional em Cumbica.
Aparelhar e ampliar Viracopos para que ele se torne um aeroporto internacional de passageiros além de receptor de cargas.
Aparelhar e ampliar a base aérea de Santos, que fica no Guarujá, criando o Aeroporto Regional da Baixada Santista.
Cogitou-se também em utilizar o aeroporto de São José dos Campos como terceiro aeroporto metropolitano paulistano.
A ministra candidata a presidente falou em construir um novo aeroporto na região metropolitana.
Quanto ao fatídico e congestionado aeroporto de Congonhas cogitou-se em ampliar as duas pistas existentes, através de desapropriações e demolições dos imóveis vizinhos.
Passado o tiroteio, mil bravatas depois, as autoridades seguem o conselho da ministra candidata a prefeita:
“Relaxa e goza” e estão todos gozando [b]na[/b] e da nossa cara.
Porém os mortos continuam a atormentar seus carrascos: esta semana que passou foi pródiga em fatos sobre as falcatruas do setor aéreo, os mortos estão a cobrar seu preço.
De José
Nenhuma providência para melhorar e a infra-estrutura aeroportuária.
Logo após o segundo grande acidente de nossa aviação, instalou-se o clima de terror entre os usuários do transporte aéreo e os trabalhadores aeroviário.
Para se livrar do tiroteio o presidente da república nomeou um político com ficha recheada de bons serviços prestados ao governo anterior e o atual, como político do poder legislativo, ou como integrante da mais alta corte de justiça de nosso país.
Como ministro com “carta branca” para falar besteiras, o ministro prendeu e arrebentou, mas nada aconteceu e nada acontece.
De tanto falar uma mentira ela se torna verdade, esta foi a máxima do ministro encarregado de organizar o caos aéreo.
As “otoridades” prometeram várias obras que resolveriam definitivamente o caos aéreo, as principais cito a seguir.
Construir uma pista adicional em Cumbica.
Aparelhar e ampliar Viracopos para que ele se torne um aeroporto internacional de passageiros além de receptor de cargas.
Aparelhar e ampliar a base aérea de Santos, que fica no Guarujá, criando o Aeroporto Regional da Baixada Santista.
Cogitou-se também em utilizar o aeroporto de São José dos Campos como terceiro aeroporto metropolitano paulistano.
A ministra candidata a presidente falou em construir um novo aeroporto na região metropolitana.
Quanto ao fatídico e congestionado aeroporto de Congonhas cogitou-se em ampliar as duas pistas existentes, através de desapropriações e demolições dos imóveis vizinhos.
Passado o tiroteio, mil bravatas depois, as autoridades seguem o conselho da ministra candidata a prefeita:
“Relaxa e goza” e estão todos gozando [b]na[/b] e da nossa cara.
Porém os mortos continuam a atormentar seus carrascos: esta semana que passou foi pródiga em fatos sobre as falcatruas do setor aéreo, os mortos estão a cobrar seu preço.
De José
Bacharelado, licenciatura, tecnologia e seqüenciais, qual a diferença?
Conheça os diferentes tipos de ensino superior
Existem cursos de bacharelado, licenciatura, tecnologia e seqüenciais.
Entenda as características, vantagens e desvantagens de cada um.
Você concluiu o ensino médio e pensa que agora é só fazer uma faculdade e pronto? Não é bem assim: no país existem quatro tipos diferentes de cursos, que oferecem perspectivas profissionais diversas. São os bacharelados, licenciaturas, cursos de tecnologia e seqüenciais.
Se, por exemplo, seu objetivo for se tornar um médico, engenheiro ou advogado não há muita escapatória. O caminho a seguir é o bacharelado. Mas e se a intenção é estudar gestão ambiental? Há pelo menos dois tipos de cursos disponíveis nas faculdades públicas e particulares do Brasil, os bacharelados e os de tecnologia.
Confira as diferenças segundo a Diretoria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC).
Vantagens e desvantagens
O bacharelado é o curso que busca a formação de profissionais como médicos, engenheiros, cientistas sociais, físicos, estatísticos, jornalistas, biólogos. Conforme a profissão, pode existir um conselho regional regulador. No caso do direito há a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Alguns cursos que podem ser bacharelado ou licenciatura. É o caso de física, biologia ou matemática, por exemplo. A diferença entre os dois é que o bacharel é formado para a atuação na pesquisa, na universidade ou no mercado. O licenciado tem habilitação para lecionar no ensino fundamental, médio ou no ensino técnico de nível médio.
Algumas faculdades permitem até que o estudante saia com os dois títulos. Por isso, na hora de escolher o vestibular, vale ficar atento ao que a instituição oferece.
Tecnólogo
Os cursos de tecnologia costumam ser mais curtos do que os bacharelados e oferecem uma formação voltada para a prática. Quem precisa tirar um diploma para, por exemplo, crescer na carreira, pode procurar um processo seletivo para tecnólogo. Mas vale ficar atento: conforme a região e o tipo de emprego, pode ser mais valorizado o bacharel ou o tecnólogo.
Os cursos de tecnologia oferecem formações nas seguintes áreas: ambiente, saúde e segurança; controle e processos industriais; gestão e negócios; hospitalidade e lazer; informação e comunicação; infra-estrutura; produção alimentícia; produção cultural e design; produção industrial; recursos naturais.
Seqüencial ou tecnólogo?
Os cursos seqüenciais, assim como os de tecnologia, têm duração mais curta que os bacharelados. Existem dois tipos de seqüencial, os de formação específica, que fornece diploma, e os de complementação de estudos, que fornecem certificados. Ambos se destinam a quem já concluiu o ensino médio.
Os seqüenciais de complementação de estudos são livres e costumam ser criados a partir de vagas ociosas em disciplinas já oferecidas em outros cursos de graduação. Já os de formação específica necessitam de projeto pedagógico e de reconhecimento.
Normalmente, os créditos ou disciplinas cursadas em seqüenciais podem ser aproveitadas para obter um diploma de bacharel, licenciado ou tecnólogo. Daí, algumas vezes o seqüencial pode ser uma alternativa para ingressar no mercado de trabalho específico e, para, depois dar continuidade aos estudos.
Bacharelados, licenciaturas e cursos de tecnologia dão direito a fazer qualquer tipo de pós-graduação – desde as profissionais, chamadas lato sensu, até os mestrados e doutorados. Já os cursos seqüenciais só possibilitam a pós-graduação profissional.
Tecnólogos lutam para serem aceitos em concursos no setor público
Índice de empregabilidade na iniciativa privada gira em torno de 90%.
Mas concursos como o da Petrobras recusam inscrições dos profissionais.
Os cursos superiores de tecnologia, que formam os chamados tecnólogos, têm crescido ano a ano no país, assim como o número de matrículas de alunos. O mercado de trabalho também tem absorvido essa mão-de-obra – o índice de empregabilidade na iniciativa privada gira em torno de 90%.
No entanto, órgãos públicos ainda resistem em aceitar candidatos com essa formação – muitos editais não prevêem vagas para os profissionais.
Outros, como os da Petrobras, especificam que não aceitam inscrições de tecnólogos. Para o sindicato da categoria, trata-se de preconceito
Quem se forma como tecnólogo recebe diploma de curso superior, mas não tem título de bacharel. A duração do curso é menor que a do bacharelado – de dois a três anos. O curso é direcionado para o mercado de trabalho e o tecnólogo sai do curso sabendo em que segmento irá atuar.
Petrobras
A Petrobras trouxe em seu último edital do concurso que oferece 2.611 vagas em 60 cargos a seguinte regra: “Para todos os cargos, não serão aceitos cursos de Tecnólogo ou Licenciatura, com exceção do cargo Profissional de Ciências Humanas e Sociais Júnior – Pedagogia, onde é prevista a formação em Licenciatura Plena”. Subsidiárias como a BR Distribuidora e a Transpetro seguem a mesma política da Petrobras.
A empresa justificou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “avalia que os profissionais com título de bacharel, por possuírem uma formação mais completa, são aqueles que atendem plenamente às exigências inerentes às atividades da Petrobras. O plano de cargos da Petrobras prevê a contratação de profissionais de nível médio e nível superior para preenchimento dos cargos, não inclui tecnólogos”.
Desconhecimento
De acordo com Andréa de Faria Barros Andrade, diretora de regulação e supervisão de educação profissional e tecnológica do Ministério da Educação, a iniciativa privada requer muito esses profissionais, mas o movimento é contrário nos concursos públicos. “Muitos são empregados (na iniciativa privada) antes mesmo de terminar o curso”, diz.
Ela atribui a falta de inclusão em concursos ao desconhecimento por parte de quem elabora os editais, à dificuldade dos órgãos em enquadrar esses novos profissionais e ao preconceito do setor público.
Opinião semelhante tem Décio Moreira, presidente do Sindicato dos Tecnólogos de São Paulo. “Uns não colocam os cursos de tecnologia por desconhecimento, outros por preconceito e para descredenciar a formação”.
Segundo ele, muitas vezes nos editais a descrição das atividades de certos cargos contempla que tecnólogos podem concorrer. “Dependendo do cargo ele é tão apto quanto uma pessoa com bacharelado.”
O presidente do sindicato, que também é tecnólogo e professor da Faculdade de Tecnologia, em São Paulo, acha que com o crescimento dos cursos e da formação dos profissionais, a situação deve ser revertida.
“Ainda predomina a cultura corporativista das profissões tradicionais em termos de ocupação de empregos. É uma questão de quebra de paradigma. Os tecnólogos não querem tomar o lugar de ninguém. Eles podem ser menos acadêmicos, mas não são menos teóricos”, defende.
Metrô de SP
Moreira conta que o sindicato intercedeu junto ao Metrô de São Paulo e conseguiu mudar os requisitos para o cargo de supervisor de linha operacional, cujo concurso foi realizado no ano passado.
Antes o edital exigia certificado de conclusão de curso superior completo com bacharelado, e foi depois mudado para certificado de conclusão de curso superior completo para aceitar as inscrições de tecnólogos. “A descrição da função era compatível com a formação em cursos de tecnologia”, diz.
Segundo ele, ao colocar a palavra bacharelado, a companhia não queria aceitar formados em cursos seqüenciais, que duram em média dois anos, mas não são de graduação.
Em relação à Petrobras, o professor da Fatec disse que já foram feitas reuniões com representantes para tentar fazer com que a empresa passe a aceitar inscrições de tecnólogos em seus concursos.
Ele informou que a Associação Nacional dos Tecnólogos, entidade que abrange os sindicatos da categoria nos estados, irá entrar com uma ação civil pública contra o último concurso da Petrobras.
Edital
Décio Moreira diz que o sindicato intercede junto aos órgãos e empresas quando os candidatos se sentem prejudicados por não poderem prestar concurso público. A entidade fica na Praça Coronel Fernando Prestes, 30, Bom Retiro, São Paulo.
Os candidatos podem entrar em contato pelo telefone (11) 3315-8972 ou pelo e-mail tecnologo@tecnologo.org.br. No site www.tecnologo.org.br é possível encontrar informações sobre cursos, legislação do MEC, endereços de outros sindicatos no país, entre outras informações. Os candidatos também podem acessar o site da Associação Nacional dos Tecnólogos (www.ant.org.br).
Segundo ele, quando o edital traz entre os requisitos formação superior em qualquer área ou que englobe os cursos realizados pelos estudantes os tecnólogos podem se inscrever. Mas se o regulamento especificar que não aceita inscrição de tecnólogos ou colocar a palavra bacharelado fica mais difícil reverter a situação.
Andréa lembra que alguns editais pedem nos requisitos a carga horária mínima dos cursos, e isso pode beneficiar os tecnólogos. Os cursos de tecnologia têm carga horária total de 1.600 a 2.400 horas. Já os de bacharelado vão de 2.400 a 7.200 horas.
“Se o curso que o candidato fez tem 2.400 horas e o edital pedir graduação com duração de 2.100 horas, por exemplo, o tecnólogo pode se candidatar”. Para ela, a discussão deve ser feita em cima da qualidade dos cursos, e não da duração.
Aumenta exigência de nível superior em concursos públicos
Cargos que antes exigiam escolaridade de nível médio passaram a exigir formação superior.Órgãos públicos justificam que, ao elevar o nível de exigência, melhora-se a qualificação.
Essa tendência também se verifica nos concursos públicos - cargos que antes exigiam escolaridade de nível médio (antigo segundo grau), como técnico da Receita e agente da Polícia Federal, passaram a exigir formação superior.
A tendência beneficia quem tem condições de fazer um curso de graduação, mas discrimina quem tem nível médio de escolaridade.
Especialistas ouvidos pelo G1 dizem que, além do afunilamento para cargos de nível superior, a mudança na exigência pode também causar desmotivação em selecionados com bacharelado se eles desempenharem funções que seriam mais adequadas para candidatos de escolaridade mais baixa.
Os órgãos públicos justificam que, ao elevar o nível de exigência, melhora-se a qualificação dos funcionários e, conseqüentemente, os serviços prestados à sociedade. Já os funcionários que assumiram o cargo quando a exigência era de nível médio acabam beneficiados com todos os aumentos e gratificações que a mudança de escolaridade traz às carreiras.
Discriminação e desmotivação
Mas Wilson Granjeiro, professor de direito administrativo e diretor financeiro-pedagógico do curso preparatório Obcursos, salienta que essa tendência pode causar o efeito contrário. “Quem tem nível superior vai se sentir desmotivado para exercer funções abaixo da sua capacidade, não vai se ajustar e poderá deixar o cargo rapidamente”, comenta.
Para ele, a medida discrimina pessoas de nível médio que têm talento para o cargo e desmotiva bacharéis que têm vocação para exercer funções que exigem maior conhecimento intelectual.
Ele considera um exagero, por exemplo, exigir nível superior para o cargo de policial militar no Distrito Federal. “Está previsto um concurso para este ano e já virá com a exigência”, afirmou.
Segundo Granjeiro, a tendência em mudar o nível de escolaridade está levando mais alunos com nível superior ou ainda na universidade para os cursinhos preparatórios. Nas unidades do Obcursos, atualmente, 60% dos alunos estão estudando ou já concluíram a graduação. Há dez anos, o número era de 20%, e os de nível médio eram 60%. “Houve uma inversão”, diz.
Jorge Pinho, professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), acha que a tendência é decorrência da oferta cada vez maior de mão-de-obra em detrimento da pouca oferta de emprego.
“Se você eleva os requisitos de seleção coloca um funcionário melhor qualificado. Mas uma pessoa com nível superior, ao exercer função de nível médio, pode se sentir pouco prestigiada pelas tarefas que exerce porque ela tem um status intelectual que quer colocar em prática”, diz.
Ele aponta que muitos candidatos de nível superior preferem disputar cargos de nível médio por acharem que as chances de serem aprovados são maiores. “Mas os cargos de nível médio são muito mais concorridos”, afirma. “É o mesmo risco que se corre ao exigir nível superior para funções que não precisam dessa formação”.
Para Pinho, o nível médio é encarado atualmente apenas como caminho para chegar à universidade. Com a exigência cada vez mais específica para os cargos, a tendência é que os concursos passem a colocar vagas para candidatos com cursos técnicos e com nível superior, abolindo o chamado nível médio universal. “O Programa de Aceleração do Crescimento é uma amostra disso. Muitos cargos serão criados, até 2010, de nível técnico e superior”.
Sindicato
O presidente da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil, João Domingos Gomes dos Santos, diz que o sindicato é favorável à tendência de exigir cada vez mais qualificação dos candidatos a cargos no setor público.
“Somos a favor porque busca-se o serviço público de qualidade, e a qualificação profissional já começa pela formação didática. Para isso, é necessária a elevação do nível profissional a partir do nível de escolaridade.”
Ele ressalta, no entanto, que, além do diploma, o candidato deve ter treinamento técnico profissional específico para exercer o cargo e atender às exigências do serviço público.
Polícia Federal
Na Polícia Federal, os cargos de agente, escrivão e papiloscopista exigem nível superior de escolaridade desde 1997. A lei é de 1996. Com a mudança de escolaridade, o salário para os cargos quase dobrou – a assessoria ressalta que nesse aumento foi incluído um reajuste dado pelo governo na época. Atualmente o salário dos três cargos é de R$ 7.514,00. O órgão justifica a mudança como necessária para aprimorar e qualificar a mão-de-obra.
Oficial de Justiça
O cargo de oficial de Justiça exige nível médio de escolaridade, mas pode passar a exigir nível superior ainda este ano. O projeto de lei 107/07, do deputado federal Cezar Silvestri (PPS-PR), que tramita no Senado, propõe alteração nas leis 5.869/1973 (Código de Processo Civil) e 3.689/1941 (Código de Processo Penal), e exige graduação em direito para o cargo.
O projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em fevereiro, mas ainda precisa passar pelo Plenário.
Em dezembro de 2007, o Conselho Nacional de Justiça já tinha aprovado resolução recomendando o ensino superior para o cargo, preferencialmente graduação em direito, concedendo prazo de 60 dias para os tribunais se manifestarem a respeito. Um dos argumentos na resolução é a necessidade de conhecimentos técnico-jurídicos diante de ocorrência de situações imprevistas.
Se a proposta for aprovada, tribunais de Justiça de todo o país deverão adotar essa escolaridade em seus próximos concursos.
Ainda pela proposta, quem já ocupa o cargo terá asseguradas a remuneração e vantagens que deverão ser estabelecidas, mesmo que não tenham bacharelado em direito.
Ao apresentar seu projeto, Silvestri argumentou que a medida atende ao princípio da eficiência dos serviços públicos. O deputado lembrou que os oficiais de Justiça são responsáveis por cumprir todas as decisões da Justiça brasileira.
Entre as atribuições do oficial de Justiça estão, por exemplo, fazer buscas e apreensões, prisões, intimações, citações e penhoras. O deputado observa que o conjunto de atividades desempenhadas por eles demanda conhecimento aprofundado em diversas áreas de direito.
Receita e PRF
Desde 1999, o cargo de técnico da Receita Federal também passou a exigir nível superior. Com a entrada em vigor da chamada Super-Receita (unificação da Receita Federal e da Receita Previdenciária), passou a ser denominado analista tributário.
O cargo de policial rodoviário federal quase teve a escolaridade mudada de nível médio para superior. A própria Polícia Rodoviária Federal chegou a informar que o Ministério do Planejamento havia confirmado a mudança para as 3 mil vagas autorizadas para este ano.
Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de medida provisória publicada no Diário Oficial da União do último dia 14, manteve a exigência de nível médio. Para a PRF, o salário, atualmente de R$ 5.084, está dentro da faixa de remunerações de nível superior.
A mudança de nível de escolaridade é uma reivindicação antiga da própria PRF. Para o órgão, quanto melhor a qualificação e a remuneração, melhor o serviço prestado à sociedade.
Do G1
http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL601077-5604,00.html
Existem cursos de bacharelado, licenciatura, tecnologia e seqüenciais.
Entenda as características, vantagens e desvantagens de cada um.
Você concluiu o ensino médio e pensa que agora é só fazer uma faculdade e pronto? Não é bem assim: no país existem quatro tipos diferentes de cursos, que oferecem perspectivas profissionais diversas. São os bacharelados, licenciaturas, cursos de tecnologia e seqüenciais.
Se, por exemplo, seu objetivo for se tornar um médico, engenheiro ou advogado não há muita escapatória. O caminho a seguir é o bacharelado. Mas e se a intenção é estudar gestão ambiental? Há pelo menos dois tipos de cursos disponíveis nas faculdades públicas e particulares do Brasil, os bacharelados e os de tecnologia.
Confira as diferenças segundo a Diretoria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC).
Vantagens e desvantagens
O bacharelado é o curso que busca a formação de profissionais como médicos, engenheiros, cientistas sociais, físicos, estatísticos, jornalistas, biólogos. Conforme a profissão, pode existir um conselho regional regulador. No caso do direito há a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Alguns cursos que podem ser bacharelado ou licenciatura. É o caso de física, biologia ou matemática, por exemplo. A diferença entre os dois é que o bacharel é formado para a atuação na pesquisa, na universidade ou no mercado. O licenciado tem habilitação para lecionar no ensino fundamental, médio ou no ensino técnico de nível médio.
Algumas faculdades permitem até que o estudante saia com os dois títulos. Por isso, na hora de escolher o vestibular, vale ficar atento ao que a instituição oferece.
Tecnólogo
Os cursos de tecnologia costumam ser mais curtos do que os bacharelados e oferecem uma formação voltada para a prática. Quem precisa tirar um diploma para, por exemplo, crescer na carreira, pode procurar um processo seletivo para tecnólogo. Mas vale ficar atento: conforme a região e o tipo de emprego, pode ser mais valorizado o bacharel ou o tecnólogo.
Os cursos de tecnologia oferecem formações nas seguintes áreas: ambiente, saúde e segurança; controle e processos industriais; gestão e negócios; hospitalidade e lazer; informação e comunicação; infra-estrutura; produção alimentícia; produção cultural e design; produção industrial; recursos naturais.
Seqüencial ou tecnólogo?
Os cursos seqüenciais, assim como os de tecnologia, têm duração mais curta que os bacharelados. Existem dois tipos de seqüencial, os de formação específica, que fornece diploma, e os de complementação de estudos, que fornecem certificados. Ambos se destinam a quem já concluiu o ensino médio.
Os seqüenciais de complementação de estudos são livres e costumam ser criados a partir de vagas ociosas em disciplinas já oferecidas em outros cursos de graduação. Já os de formação específica necessitam de projeto pedagógico e de reconhecimento.
Normalmente, os créditos ou disciplinas cursadas em seqüenciais podem ser aproveitadas para obter um diploma de bacharel, licenciado ou tecnólogo. Daí, algumas vezes o seqüencial pode ser uma alternativa para ingressar no mercado de trabalho específico e, para, depois dar continuidade aos estudos.
Bacharelados, licenciaturas e cursos de tecnologia dão direito a fazer qualquer tipo de pós-graduação – desde as profissionais, chamadas lato sensu, até os mestrados e doutorados. Já os cursos seqüenciais só possibilitam a pós-graduação profissional.
Tecnólogos lutam para serem aceitos em concursos no setor público
Índice de empregabilidade na iniciativa privada gira em torno de 90%.
Mas concursos como o da Petrobras recusam inscrições dos profissionais.
Os cursos superiores de tecnologia, que formam os chamados tecnólogos, têm crescido ano a ano no país, assim como o número de matrículas de alunos. O mercado de trabalho também tem absorvido essa mão-de-obra – o índice de empregabilidade na iniciativa privada gira em torno de 90%.
No entanto, órgãos públicos ainda resistem em aceitar candidatos com essa formação – muitos editais não prevêem vagas para os profissionais.
Outros, como os da Petrobras, especificam que não aceitam inscrições de tecnólogos. Para o sindicato da categoria, trata-se de preconceito
Quem se forma como tecnólogo recebe diploma de curso superior, mas não tem título de bacharel. A duração do curso é menor que a do bacharelado – de dois a três anos. O curso é direcionado para o mercado de trabalho e o tecnólogo sai do curso sabendo em que segmento irá atuar.
Petrobras
A Petrobras trouxe em seu último edital do concurso que oferece 2.611 vagas em 60 cargos a seguinte regra: “Para todos os cargos, não serão aceitos cursos de Tecnólogo ou Licenciatura, com exceção do cargo Profissional de Ciências Humanas e Sociais Júnior – Pedagogia, onde é prevista a formação em Licenciatura Plena”. Subsidiárias como a BR Distribuidora e a Transpetro seguem a mesma política da Petrobras.
A empresa justificou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “avalia que os profissionais com título de bacharel, por possuírem uma formação mais completa, são aqueles que atendem plenamente às exigências inerentes às atividades da Petrobras. O plano de cargos da Petrobras prevê a contratação de profissionais de nível médio e nível superior para preenchimento dos cargos, não inclui tecnólogos”.
Desconhecimento
De acordo com Andréa de Faria Barros Andrade, diretora de regulação e supervisão de educação profissional e tecnológica do Ministério da Educação, a iniciativa privada requer muito esses profissionais, mas o movimento é contrário nos concursos públicos. “Muitos são empregados (na iniciativa privada) antes mesmo de terminar o curso”, diz.
Ela atribui a falta de inclusão em concursos ao desconhecimento por parte de quem elabora os editais, à dificuldade dos órgãos em enquadrar esses novos profissionais e ao preconceito do setor público.
Opinião semelhante tem Décio Moreira, presidente do Sindicato dos Tecnólogos de São Paulo. “Uns não colocam os cursos de tecnologia por desconhecimento, outros por preconceito e para descredenciar a formação”.
Segundo ele, muitas vezes nos editais a descrição das atividades de certos cargos contempla que tecnólogos podem concorrer. “Dependendo do cargo ele é tão apto quanto uma pessoa com bacharelado.”
O presidente do sindicato, que também é tecnólogo e professor da Faculdade de Tecnologia, em São Paulo, acha que com o crescimento dos cursos e da formação dos profissionais, a situação deve ser revertida.
“Ainda predomina a cultura corporativista das profissões tradicionais em termos de ocupação de empregos. É uma questão de quebra de paradigma. Os tecnólogos não querem tomar o lugar de ninguém. Eles podem ser menos acadêmicos, mas não são menos teóricos”, defende.
Metrô de SP
Moreira conta que o sindicato intercedeu junto ao Metrô de São Paulo e conseguiu mudar os requisitos para o cargo de supervisor de linha operacional, cujo concurso foi realizado no ano passado.
Antes o edital exigia certificado de conclusão de curso superior completo com bacharelado, e foi depois mudado para certificado de conclusão de curso superior completo para aceitar as inscrições de tecnólogos. “A descrição da função era compatível com a formação em cursos de tecnologia”, diz.
Segundo ele, ao colocar a palavra bacharelado, a companhia não queria aceitar formados em cursos seqüenciais, que duram em média dois anos, mas não são de graduação.
Em relação à Petrobras, o professor da Fatec disse que já foram feitas reuniões com representantes para tentar fazer com que a empresa passe a aceitar inscrições de tecnólogos em seus concursos.
Ele informou que a Associação Nacional dos Tecnólogos, entidade que abrange os sindicatos da categoria nos estados, irá entrar com uma ação civil pública contra o último concurso da Petrobras.
Edital
Décio Moreira diz que o sindicato intercede junto aos órgãos e empresas quando os candidatos se sentem prejudicados por não poderem prestar concurso público. A entidade fica na Praça Coronel Fernando Prestes, 30, Bom Retiro, São Paulo.
Os candidatos podem entrar em contato pelo telefone (11) 3315-8972 ou pelo e-mail tecnologo@tecnologo.org.br. No site www.tecnologo.org.br é possível encontrar informações sobre cursos, legislação do MEC, endereços de outros sindicatos no país, entre outras informações. Os candidatos também podem acessar o site da Associação Nacional dos Tecnólogos (www.ant.org.br).
Segundo ele, quando o edital traz entre os requisitos formação superior em qualquer área ou que englobe os cursos realizados pelos estudantes os tecnólogos podem se inscrever. Mas se o regulamento especificar que não aceita inscrição de tecnólogos ou colocar a palavra bacharelado fica mais difícil reverter a situação.
Andréa lembra que alguns editais pedem nos requisitos a carga horária mínima dos cursos, e isso pode beneficiar os tecnólogos. Os cursos de tecnologia têm carga horária total de 1.600 a 2.400 horas. Já os de bacharelado vão de 2.400 a 7.200 horas.
“Se o curso que o candidato fez tem 2.400 horas e o edital pedir graduação com duração de 2.100 horas, por exemplo, o tecnólogo pode se candidatar”. Para ela, a discussão deve ser feita em cima da qualidade dos cursos, e não da duração.
Aumenta exigência de nível superior em concursos públicos
Cargos que antes exigiam escolaridade de nível médio passaram a exigir formação superior.Órgãos públicos justificam que, ao elevar o nível de exigência, melhora-se a qualificação.
Essa tendência também se verifica nos concursos públicos - cargos que antes exigiam escolaridade de nível médio (antigo segundo grau), como técnico da Receita e agente da Polícia Federal, passaram a exigir formação superior.
A tendência beneficia quem tem condições de fazer um curso de graduação, mas discrimina quem tem nível médio de escolaridade.
Especialistas ouvidos pelo G1 dizem que, além do afunilamento para cargos de nível superior, a mudança na exigência pode também causar desmotivação em selecionados com bacharelado se eles desempenharem funções que seriam mais adequadas para candidatos de escolaridade mais baixa.
Os órgãos públicos justificam que, ao elevar o nível de exigência, melhora-se a qualificação dos funcionários e, conseqüentemente, os serviços prestados à sociedade. Já os funcionários que assumiram o cargo quando a exigência era de nível médio acabam beneficiados com todos os aumentos e gratificações que a mudança de escolaridade traz às carreiras.
Discriminação e desmotivação
Mas Wilson Granjeiro, professor de direito administrativo e diretor financeiro-pedagógico do curso preparatório Obcursos, salienta que essa tendência pode causar o efeito contrário. “Quem tem nível superior vai se sentir desmotivado para exercer funções abaixo da sua capacidade, não vai se ajustar e poderá deixar o cargo rapidamente”, comenta.
Para ele, a medida discrimina pessoas de nível médio que têm talento para o cargo e desmotiva bacharéis que têm vocação para exercer funções que exigem maior conhecimento intelectual.
Ele considera um exagero, por exemplo, exigir nível superior para o cargo de policial militar no Distrito Federal. “Está previsto um concurso para este ano e já virá com a exigência”, afirmou.
Segundo Granjeiro, a tendência em mudar o nível de escolaridade está levando mais alunos com nível superior ou ainda na universidade para os cursinhos preparatórios. Nas unidades do Obcursos, atualmente, 60% dos alunos estão estudando ou já concluíram a graduação. Há dez anos, o número era de 20%, e os de nível médio eram 60%. “Houve uma inversão”, diz.
Jorge Pinho, professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), acha que a tendência é decorrência da oferta cada vez maior de mão-de-obra em detrimento da pouca oferta de emprego.
“Se você eleva os requisitos de seleção coloca um funcionário melhor qualificado. Mas uma pessoa com nível superior, ao exercer função de nível médio, pode se sentir pouco prestigiada pelas tarefas que exerce porque ela tem um status intelectual que quer colocar em prática”, diz.
Ele aponta que muitos candidatos de nível superior preferem disputar cargos de nível médio por acharem que as chances de serem aprovados são maiores. “Mas os cargos de nível médio são muito mais concorridos”, afirma. “É o mesmo risco que se corre ao exigir nível superior para funções que não precisam dessa formação”.
Para Pinho, o nível médio é encarado atualmente apenas como caminho para chegar à universidade. Com a exigência cada vez mais específica para os cargos, a tendência é que os concursos passem a colocar vagas para candidatos com cursos técnicos e com nível superior, abolindo o chamado nível médio universal. “O Programa de Aceleração do Crescimento é uma amostra disso. Muitos cargos serão criados, até 2010, de nível técnico e superior”.
Sindicato
O presidente da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil, João Domingos Gomes dos Santos, diz que o sindicato é favorável à tendência de exigir cada vez mais qualificação dos candidatos a cargos no setor público.
“Somos a favor porque busca-se o serviço público de qualidade, e a qualificação profissional já começa pela formação didática. Para isso, é necessária a elevação do nível profissional a partir do nível de escolaridade.”
Ele ressalta, no entanto, que, além do diploma, o candidato deve ter treinamento técnico profissional específico para exercer o cargo e atender às exigências do serviço público.
Polícia Federal
Na Polícia Federal, os cargos de agente, escrivão e papiloscopista exigem nível superior de escolaridade desde 1997. A lei é de 1996. Com a mudança de escolaridade, o salário para os cargos quase dobrou – a assessoria ressalta que nesse aumento foi incluído um reajuste dado pelo governo na época. Atualmente o salário dos três cargos é de R$ 7.514,00. O órgão justifica a mudança como necessária para aprimorar e qualificar a mão-de-obra.
Oficial de Justiça
O cargo de oficial de Justiça exige nível médio de escolaridade, mas pode passar a exigir nível superior ainda este ano. O projeto de lei 107/07, do deputado federal Cezar Silvestri (PPS-PR), que tramita no Senado, propõe alteração nas leis 5.869/1973 (Código de Processo Civil) e 3.689/1941 (Código de Processo Penal), e exige graduação em direito para o cargo.
O projeto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em fevereiro, mas ainda precisa passar pelo Plenário.
Em dezembro de 2007, o Conselho Nacional de Justiça já tinha aprovado resolução recomendando o ensino superior para o cargo, preferencialmente graduação em direito, concedendo prazo de 60 dias para os tribunais se manifestarem a respeito. Um dos argumentos na resolução é a necessidade de conhecimentos técnico-jurídicos diante de ocorrência de situações imprevistas.
Se a proposta for aprovada, tribunais de Justiça de todo o país deverão adotar essa escolaridade em seus próximos concursos.
Ainda pela proposta, quem já ocupa o cargo terá asseguradas a remuneração e vantagens que deverão ser estabelecidas, mesmo que não tenham bacharelado em direito.
Ao apresentar seu projeto, Silvestri argumentou que a medida atende ao princípio da eficiência dos serviços públicos. O deputado lembrou que os oficiais de Justiça são responsáveis por cumprir todas as decisões da Justiça brasileira.
Entre as atribuições do oficial de Justiça estão, por exemplo, fazer buscas e apreensões, prisões, intimações, citações e penhoras. O deputado observa que o conjunto de atividades desempenhadas por eles demanda conhecimento aprofundado em diversas áreas de direito.
Receita e PRF
Desde 1999, o cargo de técnico da Receita Federal também passou a exigir nível superior. Com a entrada em vigor da chamada Super-Receita (unificação da Receita Federal e da Receita Previdenciária), passou a ser denominado analista tributário.
O cargo de policial rodoviário federal quase teve a escolaridade mudada de nível médio para superior. A própria Polícia Rodoviária Federal chegou a informar que o Ministério do Planejamento havia confirmado a mudança para as 3 mil vagas autorizadas para este ano.
Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de medida provisória publicada no Diário Oficial da União do último dia 14, manteve a exigência de nível médio. Para a PRF, o salário, atualmente de R$ 5.084, está dentro da faixa de remunerações de nível superior.
A mudança de nível de escolaridade é uma reivindicação antiga da própria PRF. Para o órgão, quanto melhor a qualificação e a remuneração, melhor o serviço prestado à sociedade.
Do G1
http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL601077-5604,00.html
Elas no poder
Eliane Cantanhêde escreve sobre "Elas"
As mulheres no poder estão destroçando a percepção popular de que podem ser mais responsáveis e confiáveis. Uma pena.
Em 2002, as pesquisas políticas indicavam que as mulheres eram consideradas mais responsáveis, confiáveis e principalmente honestas. O céu era o limite para as candidaturas femininas e veio a de Roseana Sarney, embalada por uma bonita campanha publicitária, cabelos ao vento. Mas o vôo foi meteórico, derrubado pelo mal explicado caso Lunus. Roseana (MA) foi a primeira mulher eleita (e reeleita) para um governo de Estado, assim como Maria Luiza Fontenelle, de Fortaleza, foi para uma prefeitura da capital, e Luiza Erundina, para São Paulo.
Agora, as mulheres estão em todas. Rosinha Garotinho (RJ) governou um dos principais Estados, Wilma de Faria (RN) é veterana, Ana Júlia Carepa (PA) e Yeda Crusius (RS) eram promissoras. Marta Suplicy foi prefeita de São Paulo e é candidata a voltar, há três jovens guerreiras disputando em Porto Alegre, e Heloísa Helena (AL) foi candidata à Presidência. Um avanço enorme em duas décadas. E o que acontece? O filho de Wilma de Faria está preso, Rosinha é fonte de escândalos, uma fita gravada desintegra o governo de Yeda, e Ana Júlia, em outra escala, vive pisando na bola. É constrangedor.
Nesse ambiente, Dilma Rousseff surge como candidata de um presidente fortíssimo, alçada pela fama de competente e enérgica. Mas também capaz de conviver com dossiês contra adversários políticos, desprezar as leis para salvar empresa falida e de ter como braço-direito Erenice Guerra, a dos fins que justificam os meios. As mulheres no poder (não todas, claro) estão destroçando a percepção popular de que podem ser mais responsáveis e confiáveis. Uma pena.
O Brasil foi dos militares para os civis de direita, adernou para o centro, chegou à esquerda e testa as mulheres, com sucessivas decepções. O tão politizado e rico Rio Grande do Sul é um bom exemplo. E está como está.
Depois das mulheres, o que falta tentar?
Texto de Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 15/07/08
Formatado por José
As mulheres no poder estão destroçando a percepção popular de que podem ser mais responsáveis e confiáveis. Uma pena.
Em 2002, as pesquisas políticas indicavam que as mulheres eram consideradas mais responsáveis, confiáveis e principalmente honestas. O céu era o limite para as candidaturas femininas e veio a de Roseana Sarney, embalada por uma bonita campanha publicitária, cabelos ao vento. Mas o vôo foi meteórico, derrubado pelo mal explicado caso Lunus. Roseana (MA) foi a primeira mulher eleita (e reeleita) para um governo de Estado, assim como Maria Luiza Fontenelle, de Fortaleza, foi para uma prefeitura da capital, e Luiza Erundina, para São Paulo.
Agora, as mulheres estão em todas. Rosinha Garotinho (RJ) governou um dos principais Estados, Wilma de Faria (RN) é veterana, Ana Júlia Carepa (PA) e Yeda Crusius (RS) eram promissoras. Marta Suplicy foi prefeita de São Paulo e é candidata a voltar, há três jovens guerreiras disputando em Porto Alegre, e Heloísa Helena (AL) foi candidata à Presidência. Um avanço enorme em duas décadas. E o que acontece? O filho de Wilma de Faria está preso, Rosinha é fonte de escândalos, uma fita gravada desintegra o governo de Yeda, e Ana Júlia, em outra escala, vive pisando na bola. É constrangedor.
Nesse ambiente, Dilma Rousseff surge como candidata de um presidente fortíssimo, alçada pela fama de competente e enérgica. Mas também capaz de conviver com dossiês contra adversários políticos, desprezar as leis para salvar empresa falida e de ter como braço-direito Erenice Guerra, a dos fins que justificam os meios. As mulheres no poder (não todas, claro) estão destroçando a percepção popular de que podem ser mais responsáveis e confiáveis. Uma pena.
O Brasil foi dos militares para os civis de direita, adernou para o centro, chegou à esquerda e testa as mulheres, com sucessivas decepções. O tão politizado e rico Rio Grande do Sul é um bom exemplo. E está como está.
Depois das mulheres, o que falta tentar?
Texto de Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 15/07/08
Formatado por José
sábado, 14 de junho de 2008
Assim como nossos pais - FHC e LULA
Haverá uma luta encarniçada entre o candidato da oposição e o de Lula. Qualquer bobagem, agora, virará denúncia com potencial explosivo.
Observando a fogueira, FHC e Lula, esperando a situação piorar para serem chamados para mediadores do desastre que construíram.
O país está avançando. Como em 1998. Minha visita em Brasília permitiu surpresas agradabilíssimas – sobre as quais escreverei nos próximos dias. A maior delas, o grande avanço que está se dando no âmbito dos Tribunais de Contas.
É um baile animadíssimo. Sem argumentos, a oposição vai de Arthur Virgílio, dos factóides da mídia. E a situação – outrora carbonária – rebate com maturidade, permitindo à nave continua seu caminho.
Mas o iceberg caminha.
Antes de ontem, no seminário da ANBID (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), o JPMorgan previu, para 2010, uma necessidade de financiamento externo de mais de US$ 40 bi. Ontem mesmo, um alerta do Banco Mundial especificamente para Hungria e Brasil: não contem com financiamento externo elevado para fechar suas contas; a crise internacional irá reduzir substancialmente o fluxo de recursos.
FHC foi eleito em 1998 por ampla maioria. Durante quatro anos tirou de letras todas as denúncias. Em 1998 parecia que o governo estava tomando rumo, aprendia a governar, avançava.
Em fevereiro de 1999 era a pessoa mais odiada do país. A razão é óbvia: a crise cambial que ele teimou em postergar por motivos eleitorais e ideológicos.
O que será o Brasil pós-Lula, com nova crise cambial? Dançarão as milhares de empresas que, nos últimos anos passaram a depender fortemente de insumos importados. Haverá uma semi-paralisação da economia afetando a receita fiscal – e colocando em risco os programas sociais. A inflação será mais perigosa do que em 1999 e 2002, porque o percentual de componentes importados aumentou substantivamente.
O enorme capital financeiro acumulado nesses anos todos de lambança sairá rapidamente do país. Depois de passado o terremoto, voltará de novo para comprar as empresas quebradas na bacia das almas.
Os bancos simplesmente mudarão de posição no câmbio. Capitalizados por anos e anos de situação favorável, se limitarão a administrar a inadimplência.
A classe média não se conformará com a perda da estabilidade recém-conquistada, com a melhoria de emprego que durou tão pouco tempo. As classes populares sentirão na pele a perda de renda com a volta da inflação.
A oposição virá babando em cima, os jornais com mais razão ainda em virtude das perdas que sofrerão com a desvalorização do câmbio – em contraposição à piscina olímpica na qual estão nadando nesses tempos de dólar baixo. Os adeptos de Lula radicalizarão a resistência.
Haverá uma luta encarniçada entre o candidato da oposição e o de Lula. Qualquer bobagem, agora, virará denúncia com potencial explosivo.
Observando a fogueira, FHC e Lula, esperando a situação piorar para serem chamados para mediadores do desastre que construíram.
Depois, o câmbio se ajeitará no novo patamar. Haverá mais um furacão de reestruturações empresariais no pais ampliando a concentração. Os campos da Petrobrás começarão a jorrar petróleo, os biocombustíveis entrarão em ação. E se fechará um ciclo – 1994-2010 – no qual o pais jogou fora a maior oportunidade da sua história.
Catastrofismo? Não. Apenas repetição de um velho filme. E o que acontece em Brasília? Nada muda.
Transforma-se um programa necessário – a tal política industrial – naquele que irá salvar o pais da apreciação cambial. Factóide! Anuncia-se aumento do superávit fiscal que permitirá reduzir a vulnerabilidade fiscal e cambial. Factóide!
Assim como FHC, Lula não quer perder seu grande momento de glória passageira. Mas não foi assim nos últimos 500 anos?
Texto de Luis Nassif em 12/06/08 07:31
Observando a fogueira, FHC e Lula, esperando a situação piorar para serem chamados para mediadores do desastre que construíram.
O país está avançando. Como em 1998. Minha visita em Brasília permitiu surpresas agradabilíssimas – sobre as quais escreverei nos próximos dias. A maior delas, o grande avanço que está se dando no âmbito dos Tribunais de Contas.
É um baile animadíssimo. Sem argumentos, a oposição vai de Arthur Virgílio, dos factóides da mídia. E a situação – outrora carbonária – rebate com maturidade, permitindo à nave continua seu caminho.
Mas o iceberg caminha.
Antes de ontem, no seminário da ANBID (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), o JPMorgan previu, para 2010, uma necessidade de financiamento externo de mais de US$ 40 bi. Ontem mesmo, um alerta do Banco Mundial especificamente para Hungria e Brasil: não contem com financiamento externo elevado para fechar suas contas; a crise internacional irá reduzir substancialmente o fluxo de recursos.
FHC foi eleito em 1998 por ampla maioria. Durante quatro anos tirou de letras todas as denúncias. Em 1998 parecia que o governo estava tomando rumo, aprendia a governar, avançava.
Em fevereiro de 1999 era a pessoa mais odiada do país. A razão é óbvia: a crise cambial que ele teimou em postergar por motivos eleitorais e ideológicos.
O que será o Brasil pós-Lula, com nova crise cambial? Dançarão as milhares de empresas que, nos últimos anos passaram a depender fortemente de insumos importados. Haverá uma semi-paralisação da economia afetando a receita fiscal – e colocando em risco os programas sociais. A inflação será mais perigosa do que em 1999 e 2002, porque o percentual de componentes importados aumentou substantivamente.
O enorme capital financeiro acumulado nesses anos todos de lambança sairá rapidamente do país. Depois de passado o terremoto, voltará de novo para comprar as empresas quebradas na bacia das almas.
Os bancos simplesmente mudarão de posição no câmbio. Capitalizados por anos e anos de situação favorável, se limitarão a administrar a inadimplência.
A classe média não se conformará com a perda da estabilidade recém-conquistada, com a melhoria de emprego que durou tão pouco tempo. As classes populares sentirão na pele a perda de renda com a volta da inflação.
A oposição virá babando em cima, os jornais com mais razão ainda em virtude das perdas que sofrerão com a desvalorização do câmbio – em contraposição à piscina olímpica na qual estão nadando nesses tempos de dólar baixo. Os adeptos de Lula radicalizarão a resistência.
Haverá uma luta encarniçada entre o candidato da oposição e o de Lula. Qualquer bobagem, agora, virará denúncia com potencial explosivo.
Observando a fogueira, FHC e Lula, esperando a situação piorar para serem chamados para mediadores do desastre que construíram.
Depois, o câmbio se ajeitará no novo patamar. Haverá mais um furacão de reestruturações empresariais no pais ampliando a concentração. Os campos da Petrobrás começarão a jorrar petróleo, os biocombustíveis entrarão em ação. E se fechará um ciclo – 1994-2010 – no qual o pais jogou fora a maior oportunidade da sua história.
Catastrofismo? Não. Apenas repetição de um velho filme. E o que acontece em Brasília? Nada muda.
Transforma-se um programa necessário – a tal política industrial – naquele que irá salvar o pais da apreciação cambial. Factóide! Anuncia-se aumento do superávit fiscal que permitirá reduzir a vulnerabilidade fiscal e cambial. Factóide!
Assim como FHC, Lula não quer perder seu grande momento de glória passageira. Mas não foi assim nos últimos 500 anos?
Texto de Luis Nassif em 12/06/08 07:31
quarta-feira, 11 de junho de 2008
A Amazônia brasileira para os brasileiros
A Amazônia brasileira para os brasileiros por JOHAN ELIASCH
Divulgou-se que eu teria dito que a floresta amazônica poderia ser "comprada" pelo valor total de US$ 50 bilhões. Eu jamais disse isso!
REPORTAGENS positivas e negativas, algumas delas contendo vários erros factuais, têm sido publicadas recentemente a respeito do meu envolvimento na proteção da floresta amazônica e, portanto, alguns esclarecimentos à opinião pública brasileira merecem ser prestados de forma clara e objetiva.
Sou um admirador do Brasil, da cultura multifacetada, das belezas naturais e da amabilidade do povo brasileiro. Tenho imenso respeito pela liderança exercida por este país no combate ao desmatamento e na proteção ao meio ambiente. Nenhum país tem feito mais para tentar entender os fatores que geram o desmatamento e os desafios na promoção do desenvolvimento sustentável.
A floresta amazônica brasileira pertence ao Brasil e acredito firmemente que assim deva continuar. Alguns observadores estrangeiros têm sustentado que o governo brasileiro deve ser guiado sobre como proteger a floresta ou, ainda, que intervenções internacionais seriam necessárias.
Tal opinião, normalmente defendida por pessoas que nunca estiveram no Brasil ou na floresta amazônica, mostra-se completamente equivocada. Tem sido divulgado, sem o menor fundamento, que eu teria dito que a floresta amazônica poderia ser "comprada" pelo valor total de US$ 50 bilhões. Eu jamais disse isso! Fiz um discurso à indústria de seguros em julho de 2006, quando procurei demonstrar a direta relação existente entre o desmatamento da floresta e alguns desastres naturais.
O que eu disse, para que fique publicamente esclarecido, é que o valor despendido por empresas seguradoras em decorrência dos efeitos devastadores do furacão Katrina em 2005 (cerca de US$ 75 bilhões) foi superior ao hipotético valor capital da floresta amazônica.
Afirmei que a indústria seguradora tem um claro interesse em patrocinar financeiramente a proteção das florestas tropicais. Tal proteção teria reflexos nas mudanças climáticas, evitando, conseqüentemente, os acidentes naturais daí decorrentes.
Se o carbono armazenado nas florestas tropicais é um recurso global contra mudanças climáticas, o Brasil, assim como outros países onde tais florestas estão localizadas, deve ser recompensado pelo uso sustentável de tais recursos.
Por que o Brasil deveria assumir tal responsabilidade isoladamente? A única forma de reduzir o desmatamento e, ao mesmo tempo, assegurar os objetivos de crescimento e desenvolvimento dos países detentores de florestas tropicais é ter todos trabalhando em torno do mesmo objetivo.
Acredito que devemos reunir a habilidade e a competência do Brasil e de outros países detentores de florestas tropicais com uma substancial disponibilidade de recursos por parte dos países economicamente mais desenvolvidos. Os países ricos, afinal, são aqueles que mais se beneficiaram pelo desenvolvimento e progresso industrial e mais causaram, portanto, efeitos negativos ao meio ambiente.
Se a comunidade internacional agir unida em questões de combate à pobreza e na transferência de parte dos frutos econômicos do uso da floresta para as populações locais (uso sustentável), em vez de empresas exploradoras (desenvolvimento não sustentável), poderemos atacar o problema do desmatamento de forma efetiva.
A proteção da floresta é um modelo comunitário e, como cidadão da comunidade internacional, procuro assumir a responsabilidade que me cabe nesse contexto.
O resto do mundo deve estar preparado para compensar as nações detentoras de florestas tropicais pela proteção desse patrimônio.
Essa pode ser uma oportunidade sem precedentes no combate à pobreza e um instrumento para o desenvolvimento econômico do Brasil (mais especificamente da região amazônica), do Congo e de alguns países asiáticos.
Não sou um conservacionista passivo. O Brasil tem uma imensa responsabilidade nesse contexto e tem feito esforços heróicos em áreas de proteção do meio ambiente.
Eu e muitos outros, brasileiros ou estrangeiros, dividimos o mesmo ideal. Por que então não colocar de lado polêmicas políticas e atuar em conjunto? O futuro do planeta está em jogo e somos todos responsáveis por deixá-lo em melhores condições para essa e futuras gerações.
JOHAN ELIASCH, 46, bacharel em economia, mestre em engenharia pelo Instituto Real de Tecnologia da Suécia, é assessor especial do primeiro-ministro britânico para assuntos relativos ao desmatamento e mudanças climáticas, presidente do Conselho Administrativo e CEO da Head N.V. e co-presidente da Cool Earth, além de patrono da Universidade de Estocolmo (Suécia).
Divulgou-se que eu teria dito que a floresta amazônica poderia ser "comprada" pelo valor total de US$ 50 bilhões. Eu jamais disse isso!
REPORTAGENS positivas e negativas, algumas delas contendo vários erros factuais, têm sido publicadas recentemente a respeito do meu envolvimento na proteção da floresta amazônica e, portanto, alguns esclarecimentos à opinião pública brasileira merecem ser prestados de forma clara e objetiva.
Sou um admirador do Brasil, da cultura multifacetada, das belezas naturais e da amabilidade do povo brasileiro. Tenho imenso respeito pela liderança exercida por este país no combate ao desmatamento e na proteção ao meio ambiente. Nenhum país tem feito mais para tentar entender os fatores que geram o desmatamento e os desafios na promoção do desenvolvimento sustentável.
A floresta amazônica brasileira pertence ao Brasil e acredito firmemente que assim deva continuar. Alguns observadores estrangeiros têm sustentado que o governo brasileiro deve ser guiado sobre como proteger a floresta ou, ainda, que intervenções internacionais seriam necessárias.
Tal opinião, normalmente defendida por pessoas que nunca estiveram no Brasil ou na floresta amazônica, mostra-se completamente equivocada. Tem sido divulgado, sem o menor fundamento, que eu teria dito que a floresta amazônica poderia ser "comprada" pelo valor total de US$ 50 bilhões. Eu jamais disse isso! Fiz um discurso à indústria de seguros em julho de 2006, quando procurei demonstrar a direta relação existente entre o desmatamento da floresta e alguns desastres naturais.
O que eu disse, para que fique publicamente esclarecido, é que o valor despendido por empresas seguradoras em decorrência dos efeitos devastadores do furacão Katrina em 2005 (cerca de US$ 75 bilhões) foi superior ao hipotético valor capital da floresta amazônica.
Afirmei que a indústria seguradora tem um claro interesse em patrocinar financeiramente a proteção das florestas tropicais. Tal proteção teria reflexos nas mudanças climáticas, evitando, conseqüentemente, os acidentes naturais daí decorrentes.
Se o carbono armazenado nas florestas tropicais é um recurso global contra mudanças climáticas, o Brasil, assim como outros países onde tais florestas estão localizadas, deve ser recompensado pelo uso sustentável de tais recursos.
Por que o Brasil deveria assumir tal responsabilidade isoladamente? A única forma de reduzir o desmatamento e, ao mesmo tempo, assegurar os objetivos de crescimento e desenvolvimento dos países detentores de florestas tropicais é ter todos trabalhando em torno do mesmo objetivo.
Acredito que devemos reunir a habilidade e a competência do Brasil e de outros países detentores de florestas tropicais com uma substancial disponibilidade de recursos por parte dos países economicamente mais desenvolvidos. Os países ricos, afinal, são aqueles que mais se beneficiaram pelo desenvolvimento e progresso industrial e mais causaram, portanto, efeitos negativos ao meio ambiente.
Se a comunidade internacional agir unida em questões de combate à pobreza e na transferência de parte dos frutos econômicos do uso da floresta para as populações locais (uso sustentável), em vez de empresas exploradoras (desenvolvimento não sustentável), poderemos atacar o problema do desmatamento de forma efetiva.
A proteção da floresta é um modelo comunitário e, como cidadão da comunidade internacional, procuro assumir a responsabilidade que me cabe nesse contexto.
O resto do mundo deve estar preparado para compensar as nações detentoras de florestas tropicais pela proteção desse patrimônio.
Essa pode ser uma oportunidade sem precedentes no combate à pobreza e um instrumento para o desenvolvimento econômico do Brasil (mais especificamente da região amazônica), do Congo e de alguns países asiáticos.
Não sou um conservacionista passivo. O Brasil tem uma imensa responsabilidade nesse contexto e tem feito esforços heróicos em áreas de proteção do meio ambiente.
Eu e muitos outros, brasileiros ou estrangeiros, dividimos o mesmo ideal. Por que então não colocar de lado polêmicas políticas e atuar em conjunto? O futuro do planeta está em jogo e somos todos responsáveis por deixá-lo em melhores condições para essa e futuras gerações.
JOHAN ELIASCH, 46, bacharel em economia, mestre em engenharia pelo Instituto Real de Tecnologia da Suécia, é assessor especial do primeiro-ministro britânico para assuntos relativos ao desmatamento e mudanças climáticas, presidente do Conselho Administrativo e CEO da Head N.V. e co-presidente da Cool Earth, além de patrono da Universidade de Estocolmo (Suécia).
domingo, 8 de junho de 2008
Muito acima das leis
Caso Varig se identifica com a compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar, outro exemplo de promiscuidade
DENISE ABREU , a ex-diretora da Anac que acusa a ministra Dilma Rousseff de ingerência descabida na venda da Varig, não é pessoa indicada para fazer acusações e denúncias. Seu repentino aparecimento, depois de meses inalcançável até pela Justiça, sugere que adota agora mais um subterfúgio de defesa do que disposição de revelações, retardatárias embora. Apesar disso, ao menos dois motivos tornam necessária e, sobretudo, oportuna a retomada do assunto Varig para investigações.
Desde que caracterizado o problema Varig até agora, esse percurso esteve e continua envolto em nebulosidades encobridoras de interesses, lutas e manobras ampliadas no governo Fernando Henrique e agravadas no de Lula. Procedentes, inclusive, de pretensões do regionalismo paulista. A parte visível da venda da empresa foi devida ao juiz Luiz Roberto Ayoub, que desatou complicados nós para dar viabilidade judicial à transferência de controle, fosse qual fosse. Já a nebulosidade, tão maior, conviria esgarçá-la para dar idéia de como cresce, e age, a promiscuidade entre administração pública e negócios privados.
O outro motivo, o da oportunidade para investigações, é a identificação do caso Varig com outro exemplo da promiscuidade, muito mais grave e, no entanto, em transcurso sem incômodo nestes dias. É a armação de compra da Brasil Telecom pela Oi/ Telemar, por intermédio de violências administrativas do governo Lula contra lei em vigor -para não falar da imensa imoralidade implícita na junção de ilegalidade e favorecimento. É improvável que se encontre, na histórica improbidade administrativa brasileira, articulação mais cínica entre governo como instrumento e negócios privados.
Os dois casos expõem a prepotência com que o governo a tudo atropela, sob a indiferença generalizada dos que poderiam reagir em defesa da sociedade. Já é mesmo um modo de ser, tanto do governo como dos demais. A Denise Abreu agora com pose de acusadora levou seus métodos atrabiliários, na Agência Nacional de Aviação Civil, até à interferência no Judiciário, com documento dado como fraudulento, para impor sua vontade temerária depois do acidente em Congonhas. Na CPI que se seguiu, Denise Abreu provocou reações enérgicas, com as tantas horas consumidas para ludibriar as indagações sobre seus atos, inclusive de brutalidades contra parentes de vítimas do desastre. Sem conseqüência.
Será surpreendente saber que Dilma Rousseff, capaz de reconhecidas atitudes autoritárias quase como norma, cometeu também alguma imposição ilegal ou antiética sob a nebulosidade do caso Varig. Mas o não esperado é insuficiente para dispensar as investigações de que Dilma Rousseff deve ser, no máximo, um pretexto ou uma parte. À volta há muito mais.
Antes de Dilma ministra, já o dispositivo da Presidência estava comprometido com circunstâncias, muitas vezes por omissão intencional, favoráveis a pretendidos finais do tormento da Varig. Daquele para o caso atual, o das telefônicas, o que houve foi uma evolução natural, proporcionada pela indiferença circundante: não é mais necessária a nebulosidade protetora, tudo pode ser às claras.
Apesar da proibição legal de compra de uma das telefônicas por outra, a Oi/Telemar decide comprar a Brasil Telecom, para ficar, na prática, com o monopólio da telefonia fixa e outros balangandãs de alto lucro. E a lei proibitiva? Fácil: a própria Presidência da República entra na jogada com o favorecimento da mudança da lei por ordem ou ato de Lula. O ministro das Comunicações era contra o negócio, deixa de sê-lo. Dinheiro? Lula quer o BNDES, por meio do Banespar, dando o suporte para a compra. Feita por cerca de R$ 5,5 bilhões. Mas como um dos sócios compradores é sócio também de um Lula-filho, o envolvimento direto do Lula-pai pode dar em bode público. O presidente da Anatel, a agência agora desreguladora da telefonia, Ronaldo Sardenberg, se incumbe de entrar na transa com uma cobertura para Lula-pai: um pedido de mudança da lei.
Lula tem uma explicação para o novo produto da promiscuidade: "O Brasil precisa de uma grande empresa para entrar na telefonia em outros países do mundo". Essa não é para o Brasil, nem remotamente, uma necessidade ou uma vantagem. E, se verdadeira, bastaria uma providência simples, comum, legal e decente: as duas, ou mais empresas, associarem-se para operações no exterior.
Texto de Jânio de Freitas na Folha de São Paulo de 08/06/08
DENISE ABREU , a ex-diretora da Anac que acusa a ministra Dilma Rousseff de ingerência descabida na venda da Varig, não é pessoa indicada para fazer acusações e denúncias. Seu repentino aparecimento, depois de meses inalcançável até pela Justiça, sugere que adota agora mais um subterfúgio de defesa do que disposição de revelações, retardatárias embora. Apesar disso, ao menos dois motivos tornam necessária e, sobretudo, oportuna a retomada do assunto Varig para investigações.
Desde que caracterizado o problema Varig até agora, esse percurso esteve e continua envolto em nebulosidades encobridoras de interesses, lutas e manobras ampliadas no governo Fernando Henrique e agravadas no de Lula. Procedentes, inclusive, de pretensões do regionalismo paulista. A parte visível da venda da empresa foi devida ao juiz Luiz Roberto Ayoub, que desatou complicados nós para dar viabilidade judicial à transferência de controle, fosse qual fosse. Já a nebulosidade, tão maior, conviria esgarçá-la para dar idéia de como cresce, e age, a promiscuidade entre administração pública e negócios privados.
O outro motivo, o da oportunidade para investigações, é a identificação do caso Varig com outro exemplo da promiscuidade, muito mais grave e, no entanto, em transcurso sem incômodo nestes dias. É a armação de compra da Brasil Telecom pela Oi/ Telemar, por intermédio de violências administrativas do governo Lula contra lei em vigor -para não falar da imensa imoralidade implícita na junção de ilegalidade e favorecimento. É improvável que se encontre, na histórica improbidade administrativa brasileira, articulação mais cínica entre governo como instrumento e negócios privados.
Os dois casos expõem a prepotência com que o governo a tudo atropela, sob a indiferença generalizada dos que poderiam reagir em defesa da sociedade. Já é mesmo um modo de ser, tanto do governo como dos demais. A Denise Abreu agora com pose de acusadora levou seus métodos atrabiliários, na Agência Nacional de Aviação Civil, até à interferência no Judiciário, com documento dado como fraudulento, para impor sua vontade temerária depois do acidente em Congonhas. Na CPI que se seguiu, Denise Abreu provocou reações enérgicas, com as tantas horas consumidas para ludibriar as indagações sobre seus atos, inclusive de brutalidades contra parentes de vítimas do desastre. Sem conseqüência.
Será surpreendente saber que Dilma Rousseff, capaz de reconhecidas atitudes autoritárias quase como norma, cometeu também alguma imposição ilegal ou antiética sob a nebulosidade do caso Varig. Mas o não esperado é insuficiente para dispensar as investigações de que Dilma Rousseff deve ser, no máximo, um pretexto ou uma parte. À volta há muito mais.
Antes de Dilma ministra, já o dispositivo da Presidência estava comprometido com circunstâncias, muitas vezes por omissão intencional, favoráveis a pretendidos finais do tormento da Varig. Daquele para o caso atual, o das telefônicas, o que houve foi uma evolução natural, proporcionada pela indiferença circundante: não é mais necessária a nebulosidade protetora, tudo pode ser às claras.
Apesar da proibição legal de compra de uma das telefônicas por outra, a Oi/Telemar decide comprar a Brasil Telecom, para ficar, na prática, com o monopólio da telefonia fixa e outros balangandãs de alto lucro. E a lei proibitiva? Fácil: a própria Presidência da República entra na jogada com o favorecimento da mudança da lei por ordem ou ato de Lula. O ministro das Comunicações era contra o negócio, deixa de sê-lo. Dinheiro? Lula quer o BNDES, por meio do Banespar, dando o suporte para a compra. Feita por cerca de R$ 5,5 bilhões. Mas como um dos sócios compradores é sócio também de um Lula-filho, o envolvimento direto do Lula-pai pode dar em bode público. O presidente da Anatel, a agência agora desreguladora da telefonia, Ronaldo Sardenberg, se incumbe de entrar na transa com uma cobertura para Lula-pai: um pedido de mudança da lei.
Lula tem uma explicação para o novo produto da promiscuidade: "O Brasil precisa de uma grande empresa para entrar na telefonia em outros países do mundo". Essa não é para o Brasil, nem remotamente, uma necessidade ou uma vantagem. E, se verdadeira, bastaria uma providência simples, comum, legal e decente: as duas, ou mais empresas, associarem-se para operações no exterior.
Texto de Jânio de Freitas na Folha de São Paulo de 08/06/08
A "Figura impoluta" do cumpadre Roberto Teixeira
"Figura impoluta"
Milton Zuanazzi detestava Denise Abreu, que detestava Zuanazzi, e os dois afundaram juntos. Já a turma de José Dirceu detesta a turma de Dilma Rousseff, que detesta a de Dirceu, mas foi só a dele que afundou, enquanto a de Dilma emerge disputando a Presidência com apoio de Lula.
Mas, na história ainda mal contada da tentativa ora rocambolesca, ora imoral, e sempre ilegal, de salvar a Varig, eles foram personagens secundários. O foco é Roberto Teixeira, a filha Valeska e o genro Cristiano, os amigões não só do presidente que despacha no Planalto mas do casal que habita o Alvorada.
O advogado Teixeira é o compadre de Lula e Marisa que lhes emprestava o apartamento. E é ligado tanto à Gol quanto aos testas-de-ferro do fundo Matlin Patterson. O fundo comprou a VarigLog, com aval de Dilma e da Anac, apesar de a lei limitar em 20% o capital externo no setor. Depois, a Gol de Nenê Constantino adquiriu a "Varig saneada" e entrou pelo cano. O elo entre governo, Anac, Matlin Patterson, Varig e Gol era quem?
Num e-mail cheio de mágoas escrito para Dilma em 2006, três meses depois de assumir a Anac, Zuanazzi cita abertamente, mal ou bem, o ex-ministro Waldir Pires, o ex-presidente da Infraero Carlos Wilson, a segunda da Casa Civil, Erenice Guerra, entre outros, mas empaca ao falar das pressões de um personagem. Nesse caso, refugia-se temerosamente na expressão "figura impoluta", que Dilma sabe muito bem quem é: Roberto Teixeira.
Nem mensalão, nem aloprados, nem cartão corporativo, nem dossiê, nada pode chegar tão perto de Lula quanto o rolo da Varig. E Dilma e Dirceu podem se matar à vontade, mas as armas e objetivos são políticos. Já a guerra de Teixeira é outra, uma guerra de negócios.
Lula vai se calar. Não sabe, não viu, nunca ouviu falar. Mas vai ter de explicar como o amigo e compadre tem tanta força, além de desenvoltura, no seu governo.
Texto de Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 08/06/08
República do compadre
Falando aos berros contra a legislação eleitoral, que limita o repasse de verbas federais às prefeituras durante três meses, Lula foi ao extremo de acusá-la de "falso moralismo" e exemplo do "lado podre da hipocrisia brasileira".
Curioso é que o acesso anti-republicano e populista tenha vindo à luz no epílogo de uma semana marcada por mais um escândalo na República do Compadre. Esqueçamos Vavá -"arruma dois pau pra eu" é choro de pobre. A suspeita da mão pesada da Casa Civil na transação da Varig é coisa de gente grande.
Trata-se de um negócio que custou na ponta final à Gol US$ 320 milhões, para o qual a TAM estaria disposta a desembolsar no total US$ 738 milhões -US$ 418 milhões a mais. Tudo parece ser muito nebuloso ou claro demais, a depender do ângulo que se queira ver.
E não há imagem mais esclarecedora e sintomática do moderno capitalismo brasileiro do que aquela em que Nenê Constantino e seu filho, Constantino Jr., estão no elevador do Palácio do Planalto, rumo à sala de Lula, acompanhados pelo compadre-amigão do presidente, Roberto Teixeira. Este era o advogado dos vendedores, mas conduzia os compradores até o chefe da nação. Um dos sócios da VarigLog diz que o advogado-compadre embolsou US$ 5 milhões em honorários pelos bons serviços prestados.
Muito sorridente nesta imagem, Nenê é o mesmo que em outubro de 2007 foi fotografado de cara amarrada e pedra na mão, ameaçando atirá-la contra o fotógrafo, quando chegava para depor no inquérito sobre o cheque de R$ 2,2 milhões que pagou ao ex-senador Joaquim Roriz. O rei emergente da aviação é a prova viva de que é preciso carregar pedras para chegar aos céus.
Texto de Fenando de Barros e Silva na Folha de São Paulo de 09/06/08
13/06/08
Os compadres e os vistos
SÃO PAULO - Denise Abreu pode não ter apontado uma delinqüência específica de algum figurão da República, no caso Varig, mas deixou claro que os compadres se movimentam com total desenvoltura, ajudando a definir negócios.
Não chega a ser novidade. O governo Lula meteu os dois pés, desde o princípio, nesse terreno pantanoso dos negócios mal-explicados, malcheirosos. Foi assim, a rigor, desde que Benedita da Silva, então ministra, foi rezar em Buenos Aires usando dinheiro público.
Ninguém, no governo ou no PT, se indignou. Depois, veio tudo o que veio e o que ainda está por vir, como é o caso da fusão na telefonia, feita à margem da lei, mas com a segurança, graças ao compadrio, de que o governo mudará a lei para corrigir postumamente a ilegalidade.
Aliás, por falar em teles e em compadrio, não custa lembrar que não foi diferente a montagem de consórcios vencedores no governo anterior, feita no "limite da irresponsabilidade", conforme dizia um dos autores, colhido em "grampo".
Não surpreende, nesse pântano, que, segundo o jornal "Financial Times", o Brasil esteja no grupo de 11 países aos quais o Reino Unido vai pedir que sejam sérios no controle de emigração, sob pena de impor visto de entrada para seus cidadãos.
O governo até reconhece o Brasil como "ator global que emerge rapidamente e é de grande importância para os interesses britânicos, comerciais, econômicos e políticos". Mas não é sério o suficiente. Fica no pântano em que estão suspeitos usuais como Botsuana, Bolívia, Venezuela.
Os "compadres" não terão problemas, mas os mortais comuns... O que surpreende, nesse Brasil, é a avaliação do ministro Fernando Haddad sobre os resultados do Ideb, bem razoáveis.
Foi pior que regular, disse Haddad. Enfim alguém que não se autocongratula. Há quem o faça até pela mediocridade (ou arranja desculpas para maracutaias).
Texto de CLÓVIS ROSSI na Folha de São Paulo de 13/06/08
Milton Zuanazzi detestava Denise Abreu, que detestava Zuanazzi, e os dois afundaram juntos. Já a turma de José Dirceu detesta a turma de Dilma Rousseff, que detesta a de Dirceu, mas foi só a dele que afundou, enquanto a de Dilma emerge disputando a Presidência com apoio de Lula.
Mas, na história ainda mal contada da tentativa ora rocambolesca, ora imoral, e sempre ilegal, de salvar a Varig, eles foram personagens secundários. O foco é Roberto Teixeira, a filha Valeska e o genro Cristiano, os amigões não só do presidente que despacha no Planalto mas do casal que habita o Alvorada.
O advogado Teixeira é o compadre de Lula e Marisa que lhes emprestava o apartamento. E é ligado tanto à Gol quanto aos testas-de-ferro do fundo Matlin Patterson. O fundo comprou a VarigLog, com aval de Dilma e da Anac, apesar de a lei limitar em 20% o capital externo no setor. Depois, a Gol de Nenê Constantino adquiriu a "Varig saneada" e entrou pelo cano. O elo entre governo, Anac, Matlin Patterson, Varig e Gol era quem?
Num e-mail cheio de mágoas escrito para Dilma em 2006, três meses depois de assumir a Anac, Zuanazzi cita abertamente, mal ou bem, o ex-ministro Waldir Pires, o ex-presidente da Infraero Carlos Wilson, a segunda da Casa Civil, Erenice Guerra, entre outros, mas empaca ao falar das pressões de um personagem. Nesse caso, refugia-se temerosamente na expressão "figura impoluta", que Dilma sabe muito bem quem é: Roberto Teixeira.
Nem mensalão, nem aloprados, nem cartão corporativo, nem dossiê, nada pode chegar tão perto de Lula quanto o rolo da Varig. E Dilma e Dirceu podem se matar à vontade, mas as armas e objetivos são políticos. Já a guerra de Teixeira é outra, uma guerra de negócios.
Lula vai se calar. Não sabe, não viu, nunca ouviu falar. Mas vai ter de explicar como o amigo e compadre tem tanta força, além de desenvoltura, no seu governo.
Texto de Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 08/06/08
República do compadre
Falando aos berros contra a legislação eleitoral, que limita o repasse de verbas federais às prefeituras durante três meses, Lula foi ao extremo de acusá-la de "falso moralismo" e exemplo do "lado podre da hipocrisia brasileira".
Curioso é que o acesso anti-republicano e populista tenha vindo à luz no epílogo de uma semana marcada por mais um escândalo na República do Compadre. Esqueçamos Vavá -"arruma dois pau pra eu" é choro de pobre. A suspeita da mão pesada da Casa Civil na transação da Varig é coisa de gente grande.
Trata-se de um negócio que custou na ponta final à Gol US$ 320 milhões, para o qual a TAM estaria disposta a desembolsar no total US$ 738 milhões -US$ 418 milhões a mais. Tudo parece ser muito nebuloso ou claro demais, a depender do ângulo que se queira ver.
E não há imagem mais esclarecedora e sintomática do moderno capitalismo brasileiro do que aquela em que Nenê Constantino e seu filho, Constantino Jr., estão no elevador do Palácio do Planalto, rumo à sala de Lula, acompanhados pelo compadre-amigão do presidente, Roberto Teixeira. Este era o advogado dos vendedores, mas conduzia os compradores até o chefe da nação. Um dos sócios da VarigLog diz que o advogado-compadre embolsou US$ 5 milhões em honorários pelos bons serviços prestados.
Muito sorridente nesta imagem, Nenê é o mesmo que em outubro de 2007 foi fotografado de cara amarrada e pedra na mão, ameaçando atirá-la contra o fotógrafo, quando chegava para depor no inquérito sobre o cheque de R$ 2,2 milhões que pagou ao ex-senador Joaquim Roriz. O rei emergente da aviação é a prova viva de que é preciso carregar pedras para chegar aos céus.
Texto de Fenando de Barros e Silva na Folha de São Paulo de 09/06/08
13/06/08
Os compadres e os vistos
SÃO PAULO - Denise Abreu pode não ter apontado uma delinqüência específica de algum figurão da República, no caso Varig, mas deixou claro que os compadres se movimentam com total desenvoltura, ajudando a definir negócios.
Não chega a ser novidade. O governo Lula meteu os dois pés, desde o princípio, nesse terreno pantanoso dos negócios mal-explicados, malcheirosos. Foi assim, a rigor, desde que Benedita da Silva, então ministra, foi rezar em Buenos Aires usando dinheiro público.
Ninguém, no governo ou no PT, se indignou. Depois, veio tudo o que veio e o que ainda está por vir, como é o caso da fusão na telefonia, feita à margem da lei, mas com a segurança, graças ao compadrio, de que o governo mudará a lei para corrigir postumamente a ilegalidade.
Aliás, por falar em teles e em compadrio, não custa lembrar que não foi diferente a montagem de consórcios vencedores no governo anterior, feita no "limite da irresponsabilidade", conforme dizia um dos autores, colhido em "grampo".
Não surpreende, nesse pântano, que, segundo o jornal "Financial Times", o Brasil esteja no grupo de 11 países aos quais o Reino Unido vai pedir que sejam sérios no controle de emigração, sob pena de impor visto de entrada para seus cidadãos.
O governo até reconhece o Brasil como "ator global que emerge rapidamente e é de grande importância para os interesses britânicos, comerciais, econômicos e políticos". Mas não é sério o suficiente. Fica no pântano em que estão suspeitos usuais como Botsuana, Bolívia, Venezuela.
Os "compadres" não terão problemas, mas os mortais comuns... O que surpreende, nesse Brasil, é a avaliação do ministro Fernando Haddad sobre os resultados do Ideb, bem razoáveis.
Foi pior que regular, disse Haddad. Enfim alguém que não se autocongratula. Há quem o faça até pela mediocridade (ou arranja desculpas para maracutaias).
Texto de CLÓVIS ROSSI na Folha de São Paulo de 13/06/08
Orlando Villas Boas e profecia sobre a internacionalização da Amazônia
Em Roraima estão as maiores reservas de urânio do mundo
Em 15 de junho de 2003 na TV Cultura o programa 'Expedições' apresentou parte de uma entrevista feita com o grande brasileiro, sertanista e patriota Orlando Villas Boas, falecido em
dezembro de 2002.
Na entrevista ele, Villas Boas, falou:
'Os americanos levaram para os EUA 15 chefes ianomamis, tanto brasileiros como venezuelanos, para lá aprenderem o inglês e serem treinados 'politicamente', para que ao retornarem criem um contencioso internacional com o objetivo de fazer com que a 'comunidade internacional' declare a
criação de um Estado 'Indio', tutelado pelos EUA, cujo território seria delimitado pelas áreas das atuais reservas ianomamis no Brasil e na Venezuela.
Vocês pensam que eles fazem isto por amor aos ianomamis?
Não, é porque em Roraima estão as maiores reservas de urânio do mundo. Eu, provavelmente, não viverei para ver isto, mas vocês, com certeza, testemunharão.'
ORLANDO VILLAS BOAS
Assista esta entrevista YouTube
http://www.youtube.com/watch?v=xs1ncyrT4hU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=8oZwfA9dtOs&feature=related
Veja entrevista do General Heleno sobre a internacionalização da Amazônia
http://www.youtube.com/watch?v=XR-Zk0icSOQ&feature=related - parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=D85e9hXr9FM&feature=related - parte 2
Assista também o comentário de Arnaldo Jabor defendendo o general Heleno
http://www.youtube.com/watch?v=hXvMHRZPWbM&feature=related
Em 15 de junho de 2003 na TV Cultura o programa 'Expedições' apresentou parte de uma entrevista feita com o grande brasileiro, sertanista e patriota Orlando Villas Boas, falecido em
dezembro de 2002.
Na entrevista ele, Villas Boas, falou:
'Os americanos levaram para os EUA 15 chefes ianomamis, tanto brasileiros como venezuelanos, para lá aprenderem o inglês e serem treinados 'politicamente', para que ao retornarem criem um contencioso internacional com o objetivo de fazer com que a 'comunidade internacional' declare a
criação de um Estado 'Indio', tutelado pelos EUA, cujo território seria delimitado pelas áreas das atuais reservas ianomamis no Brasil e na Venezuela.
Vocês pensam que eles fazem isto por amor aos ianomamis?
Não, é porque em Roraima estão as maiores reservas de urânio do mundo. Eu, provavelmente, não viverei para ver isto, mas vocês, com certeza, testemunharão.'
ORLANDO VILLAS BOAS
Assista esta entrevista YouTube
http://www.youtube.com/watch?v=xs1ncyrT4hU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=8oZwfA9dtOs&feature=related
Veja entrevista do General Heleno sobre a internacionalização da Amazônia
http://www.youtube.com/watch?v=XR-Zk0icSOQ&feature=related - parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=D85e9hXr9FM&feature=related - parte 2
Assista também o comentário de Arnaldo Jabor defendendo o general Heleno
http://www.youtube.com/watch?v=hXvMHRZPWbM&feature=related
sábado, 7 de junho de 2008
Casa Sofia e a história do padre James Crowe
Muito mais que um padre
Como o irlandês James Crowe ajudou a transformar o Jardim Ângela, bairro de São Paulo antes notório pelos crimes e hoje modelo de combate à violência
James Crowe nasceu na Irlanda, em 1945, e cresceu na área rural no condado de Clare. A cidade mais próxima tinha 50 mil habitantes e ele não se recorda de jamais ter encontrado a porta de casa trancada. Alternava os estudos com o trabalho na fazenda da família, onde ordenhava as vacas, plantava batata e jogava futebol com os nove irmãos. Católicos como a maioria dos irlandeses, seus pais não perdiam a missa aos domingos. Aos 17 anos, James teve de se decidir entre a faculdade de Agronomia e o seminário. Os amigos missionários que traziam histórias de comunidades isoladas na África o convenceram a optar pelo seminário. No ano em que foi ordenado padre, porém, o papa João XXIII cobrava mais atenção à América Latina. Assim, aos 24 anos, James desembarcou em São Paulo.
Quatro décadas depois, o padre Jaime atravessa o centro do Jardim Ângela, na periferia de São Paulo. O bairro de 280 mil habitantes foi considerado o mais violento do mundo em 1996 pelas Nações Unidas. Uma moradora se aproxima para cumprimentá-lo. Ele segura sua mão, dá um beijo e pede a bênção. Ela ri: “Bença o senhor, padre!”. A um quarteirão da igreja, ele entra na base de Polícia Comunitária, aperta a mão de todos e brinca com um palmeirense. “Esse aí veio da Europa torcer pelo Corinthians”, diz o policial. “Tem de ter mais classe, padre. Save the Queen!” Padre Jaime o corrige: “God save the Queen!” (“Deus Salve a Rainha”, nome do hino da Inglaterra). E retoma o português carregado de sotaque: “O senhor sabe que essa frase é considerada uma ofensa na Irlanda?”. Os dois dão risada. A parte sul da Irlanda, onde o padre nasceu, se tornou independente da Inglaterra em 1922.
A auto-ironia e o carisma são os principais instrumentos de Jaime (como é chamado pelos íntimos) em sua missão ao Brasil. Atravessar o quarteirão e entrar na polícia é uma de suas conquistas. Em 1996, ele decidiu que, como padre do bairro mais violento do mundo, não podia seguir apenas “enterrando e rezando missa de sétimo dia”. No dia 2 de novembro daquele ano, Dia de Finados, organizou a Caminhada pela Vida e pela Paz, que refazia o trajeto ao qual já estava habituado: da igreja ao cemitério. Ao contar 5 mil pessoas andando a seu lado, viu o potencial de mobilização que o tema gerava. Liderou então a criação do Fórum em Defesa da Vida e pela Superação da Violência, grupo que até hoje enche os bancos da igreja toda primeira sexta-feira do mês. São mais de 200 entidades e organizações sociais da região. Juntas, ganham poder de reivindicação diante do governo. Graças ao grupo, o bairro ganhou seu primeiro hospital neste ano.
Nas primeiras reuniões do Fórum, padre Jaime lançou a necessidade de uma polícia diferente. “Aqui só chegava a Rota, naquelas viaturas escuras, com metralhadoras para fora, amedrontando o povo”, afirma. Entre reuniões na igreja e no governo do Estado, falava sobre uma polícia que conhecesse os moradores e fosse conhecida por eles. Em 1999, o modelo foi implementado por meio da Polícia Comunitária. Uma das primeiras bases do Estado foi construída no Jardim Ângela. De lá para cá, a violência caiu 76%. O índice de homicídios chegou a 128 para cada 100 mil habitantes em 2000. Seguindo a mesma proporção, hoje está em 28. “O crime caiu em todo o Estado, mas no Ângela caiu mais graças à parceria com o grupo de Jaime”, afirma o sociólogo Túlio Kahn, coordenador de análise e planejamento da Secretaria de Segurança Pública. “O bairro virou vitrine de como a sociedade e a polícia podem trabalhar em conjunto”. A base do bairro hoje localiza criminosos foragidos por causa de denúncias feitas pela população. A última chegou em uma bola de papel, jogada pela janela dos fundos da base.
“Eu não podia continuar apenas enterrando e rezando missas de sétimo dia”
Quando recebe chamados de mulheres que sofrem violência doméstica ou crianças vítimas de abuso sexual, a polícia encaminha as vítimas para a Casa Sofia, da qual o padre é presidente.
Além desses serviços, a entidade Sociedade Santos Mártires tem 30 núcleos de atendimento entre creches, cursos profissionalizantes e uma unidade de internação para dependentes químicos. A rede chega a 11 mil moradores por mês.
A rotina do padre Jaime ficou corrida, ele lamenta não conseguir mais tomar cafezinho com os vizinhos. Só consegue relaxar no fim do dia, quando senta para tomar caipirinha com os amigos. Sempre que tem tempo, acende seu cachimbo. “Só fumo Irlandês”, diz, mostrando a palha que, apesar do nome, é uma marca feita no Brasil. “O pessoal aqui o chama de padre do cachimbo e da caipirinha”, diz Fábio Vicente de Souza, que trabalha na administração da Sociedade.
Ano sim, ano não, padre Jaime volta à Irlanda para ver a família, que mora na mesma fazenda de sua infância, e celebrar o casamento dos sobrinhos. Já casou 12. A viagem serve para “não deixar os olhos se acostumar” com os problemas do Jardim Ângela: “Os rostos de fome, as casas sem acabamento... O maior pecado é achar isso normal”.
Padre Jaime carrega o espírito da Igreja que encontrou quando chegou ao Brasil em 1969. No auge do regime militar, desembarcou uma semana depois da prisão de um grupo de padres dominicanos que apoiavam a resistência à ditadura. No ano seguinte viu dom Paulo Evaristo Arns assumir a arquidiocese de São Paulo e vender o Palácio Episcopal para construir centros comunitários na periferia. “Era um momento positivo, totalmente diferente da Europa, onde o próprio João XXIII dizia que a Igreja estava acomodada”, diz o padre, que chama de “questionadora” sua relação atual com a Igreja.
A reportagem de ÉPOCA pede ao padre que indique uma família que simbolize a recuperação do bairro. Ele faz um longo silêncio: “Só me lembro de casos tristes”. Conta, então, a história de uma família vizinha à igreja que, em 2002, perdeu um dos dez filhos para o tráfico. Depois de orar no velório, o padre se aproximou de um dos irmãos do morto. “Olha bem para ele, Jaime”, disse o jovem de 16 anos. “Está melhor do que eu. Viver para quê?” Em menos de um ano, padre Jaime estava de volta ao cemitério para rezar pelo corpo do jovem desencantado, morto pelo tráfico como o irmão mais velho. “Os pais desses meninos estão deprimidos até hoje”, afirma. “Não há o que se diga para consolar”. Padre Jaime sabe que recuperar famílias que enterraram seus filhos é mais difícil que reduzir índices de violência. É missão para o padre, o militante, o vizinho e quantos papéis mais ele conseguir desempenhar.
Adaptado e transcrito de texto de Ana Aranha do G1
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI5301-15228,00-MUITO+MAIS+QUE+UM+PADRE.html
Proibido não conhecer o Jd. Ângela
QUEM ENTENDER o que está por trás dos números do Jardim Ângela, um conglomerado de favelas na zona sul de São Paulo, com 250 mil habitantes, estará aprendendo a reduzir a violência no país. Sua taxa de homicídios caiu em 75%, entre 1991 e 2005. Durante 50 dias, no ano passado, ninguém morreu assassinado.
Esse movimento teve impacto nas demais estatísticas criminais de delegacias próximas, responsáveis por outros bairros além do Jardim Ângela. No 100º Distrito Policial, de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2002, o índice de roubos, em geral, despencou em 52%; o de roubos de veículos caiu em 70%.
O debate sobre a violência na sucessão é, até o momento, de uma pobreza estrondosa, pelo simples motivo de que não se apresentam planos de construção dessas complexas redes nem se prevê um projeto específico para as metrópoles. Os tucanos tentam associar o PT ao PCC, o que é uma óbvia baixaria. O PT fala que os ataques do PCC são resultado do caos da segurança em São Paulo, quando, na verdade, são uma reação ao jogo duro contra a organização exercido pelo governo.
O Jardim Ângela foge do discurso fácil e das soluções simplistas: mostra que a combinação de repressão com prevenção, a partir da articulação local, funciona. É o que se vê em Bogotá, onde a taxa de homicídios desabou, em poucos anos, em 75%, redução semelhante à de Nova York.
Depois que o Jardim Ângela foi considerado a região mais violenta do planeta, iniciou-se ali, em 1996, uma mobilização liderada pelo padre irlandês Jayme Crowne. Surgiu o Fórum de Defesa da Vida, que hoje aglutina 200 entidades. Dessa pressão, foram criadas ali cinco bases de policiamento comunitário. Como os policiais tinham de conviver com a população, ganharam confiança e receberam informações sobre quem eram e onde estavam os criminosos.
Conseguiu-se, nesse processo, combinar Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal. Paralelamente à rede de proteção policial montou-se uma rede de proteção social, sempre envolvendo a teia de parcerias. Para trabalhar com ex-internos da Febem, agora em liberdade assistida, associaram-se prefeitura, Abrinq e Telefônica. Na sexta passada, aliás, cerca de mil funcionários da Telefônica foram ao Jardim Ângela para um mutirão de reformas de espaços coletivos.
Graças a esse tipo de mobilização, recuperaram-se praças, clubes e escolas. Ofereceram-se programas de esporte, atividades de complementação escolar, tratamento contra o abuso de drogas e álcool. Com um acordo envolvendo o Ministério Público, acertou-se a redução do horário de fechamento dos bares. A prefeitura ofereceu abrigos para crianças e proteção às famílias em situação de risco, além de um núcleo para combater a violência doméstica, CASA SOFIA. No ano passado, foi lançada a Casa do Adolescente, para tentar evitar a gravidez precoce.
Acrescentem-se aí as dezenas de milhares de bolsas de renda compostas por recursos municipais, estaduais e federais -por serem integradas, o valor das bolsas aumentou.
Nem de longe o Jardim Ângela virou um paraíso, muito pelo contrário. Está distante, muito distante, de ser o campeão mundial da violência, mas ainda continua bem acima da média brasileira da criminalidade. Jayme Crowne está preocupado, especialmente, com o número de jovens sem perspectivas educacionais ou profissionais. "Esse é o ovo da serpente", diz São no Brasil 7 milhões de jovens, entre 14 e 25 anos, que nem estudam nem trabalham. Isso mostra que temos duas bombas que se juntam -a dos jovens e a das metrópoles.
Mas o que eles estão construindo, em essência, é um software de gestão para áreas conflagradas, por englobar do policiamento à gravidez precoce, passando pelo tratamento de viciados e pela educação em tempo integral. Em vez de ficarem trocando acusações em torno do PCC, os candidatos fariam melhor se estudassem o caso do Jardim Ângela, cujo sucesso está no fato de não ter um autor, um partido, um governo. O PT e o PSDB têm crédito nessa experiência, com a qual se vê que a saída social brasileira reside em larga medida na habilidade de as comunidades se organizarem, mobilizarem seus indivíduos e aumentarem a eficiência dos recursos públicos.
Contra o crime organizado, o que funciona é a sociedade organizada.
P.S. - Veja no site (www.dimenstein.com.br) um dossiê sobre o Jardim Ângela.
Texto de Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo 20/08/2006, já publicado neste blog em 20/08/2006
Como o irlandês James Crowe ajudou a transformar o Jardim Ângela, bairro de São Paulo antes notório pelos crimes e hoje modelo de combate à violência
James Crowe nasceu na Irlanda, em 1945, e cresceu na área rural no condado de Clare. A cidade mais próxima tinha 50 mil habitantes e ele não se recorda de jamais ter encontrado a porta de casa trancada. Alternava os estudos com o trabalho na fazenda da família, onde ordenhava as vacas, plantava batata e jogava futebol com os nove irmãos. Católicos como a maioria dos irlandeses, seus pais não perdiam a missa aos domingos. Aos 17 anos, James teve de se decidir entre a faculdade de Agronomia e o seminário. Os amigos missionários que traziam histórias de comunidades isoladas na África o convenceram a optar pelo seminário. No ano em que foi ordenado padre, porém, o papa João XXIII cobrava mais atenção à América Latina. Assim, aos 24 anos, James desembarcou em São Paulo.
Quatro décadas depois, o padre Jaime atravessa o centro do Jardim Ângela, na periferia de São Paulo. O bairro de 280 mil habitantes foi considerado o mais violento do mundo em 1996 pelas Nações Unidas. Uma moradora se aproxima para cumprimentá-lo. Ele segura sua mão, dá um beijo e pede a bênção. Ela ri: “Bença o senhor, padre!”. A um quarteirão da igreja, ele entra na base de Polícia Comunitária, aperta a mão de todos e brinca com um palmeirense. “Esse aí veio da Europa torcer pelo Corinthians”, diz o policial. “Tem de ter mais classe, padre. Save the Queen!” Padre Jaime o corrige: “God save the Queen!” (“Deus Salve a Rainha”, nome do hino da Inglaterra). E retoma o português carregado de sotaque: “O senhor sabe que essa frase é considerada uma ofensa na Irlanda?”. Os dois dão risada. A parte sul da Irlanda, onde o padre nasceu, se tornou independente da Inglaterra em 1922.
A auto-ironia e o carisma são os principais instrumentos de Jaime (como é chamado pelos íntimos) em sua missão ao Brasil. Atravessar o quarteirão e entrar na polícia é uma de suas conquistas. Em 1996, ele decidiu que, como padre do bairro mais violento do mundo, não podia seguir apenas “enterrando e rezando missa de sétimo dia”. No dia 2 de novembro daquele ano, Dia de Finados, organizou a Caminhada pela Vida e pela Paz, que refazia o trajeto ao qual já estava habituado: da igreja ao cemitério. Ao contar 5 mil pessoas andando a seu lado, viu o potencial de mobilização que o tema gerava. Liderou então a criação do Fórum em Defesa da Vida e pela Superação da Violência, grupo que até hoje enche os bancos da igreja toda primeira sexta-feira do mês. São mais de 200 entidades e organizações sociais da região. Juntas, ganham poder de reivindicação diante do governo. Graças ao grupo, o bairro ganhou seu primeiro hospital neste ano.
Nas primeiras reuniões do Fórum, padre Jaime lançou a necessidade de uma polícia diferente. “Aqui só chegava a Rota, naquelas viaturas escuras, com metralhadoras para fora, amedrontando o povo”, afirma. Entre reuniões na igreja e no governo do Estado, falava sobre uma polícia que conhecesse os moradores e fosse conhecida por eles. Em 1999, o modelo foi implementado por meio da Polícia Comunitária. Uma das primeiras bases do Estado foi construída no Jardim Ângela. De lá para cá, a violência caiu 76%. O índice de homicídios chegou a 128 para cada 100 mil habitantes em 2000. Seguindo a mesma proporção, hoje está em 28. “O crime caiu em todo o Estado, mas no Ângela caiu mais graças à parceria com o grupo de Jaime”, afirma o sociólogo Túlio Kahn, coordenador de análise e planejamento da Secretaria de Segurança Pública. “O bairro virou vitrine de como a sociedade e a polícia podem trabalhar em conjunto”. A base do bairro hoje localiza criminosos foragidos por causa de denúncias feitas pela população. A última chegou em uma bola de papel, jogada pela janela dos fundos da base.
“Eu não podia continuar apenas enterrando e rezando missas de sétimo dia”
Quando recebe chamados de mulheres que sofrem violência doméstica ou crianças vítimas de abuso sexual, a polícia encaminha as vítimas para a Casa Sofia, da qual o padre é presidente.
Além desses serviços, a entidade Sociedade Santos Mártires tem 30 núcleos de atendimento entre creches, cursos profissionalizantes e uma unidade de internação para dependentes químicos. A rede chega a 11 mil moradores por mês.
A rotina do padre Jaime ficou corrida, ele lamenta não conseguir mais tomar cafezinho com os vizinhos. Só consegue relaxar no fim do dia, quando senta para tomar caipirinha com os amigos. Sempre que tem tempo, acende seu cachimbo. “Só fumo Irlandês”, diz, mostrando a palha que, apesar do nome, é uma marca feita no Brasil. “O pessoal aqui o chama de padre do cachimbo e da caipirinha”, diz Fábio Vicente de Souza, que trabalha na administração da Sociedade.
Ano sim, ano não, padre Jaime volta à Irlanda para ver a família, que mora na mesma fazenda de sua infância, e celebrar o casamento dos sobrinhos. Já casou 12. A viagem serve para “não deixar os olhos se acostumar” com os problemas do Jardim Ângela: “Os rostos de fome, as casas sem acabamento... O maior pecado é achar isso normal”.
Padre Jaime carrega o espírito da Igreja que encontrou quando chegou ao Brasil em 1969. No auge do regime militar, desembarcou uma semana depois da prisão de um grupo de padres dominicanos que apoiavam a resistência à ditadura. No ano seguinte viu dom Paulo Evaristo Arns assumir a arquidiocese de São Paulo e vender o Palácio Episcopal para construir centros comunitários na periferia. “Era um momento positivo, totalmente diferente da Europa, onde o próprio João XXIII dizia que a Igreja estava acomodada”, diz o padre, que chama de “questionadora” sua relação atual com a Igreja.
A reportagem de ÉPOCA pede ao padre que indique uma família que simbolize a recuperação do bairro. Ele faz um longo silêncio: “Só me lembro de casos tristes”. Conta, então, a história de uma família vizinha à igreja que, em 2002, perdeu um dos dez filhos para o tráfico. Depois de orar no velório, o padre se aproximou de um dos irmãos do morto. “Olha bem para ele, Jaime”, disse o jovem de 16 anos. “Está melhor do que eu. Viver para quê?” Em menos de um ano, padre Jaime estava de volta ao cemitério para rezar pelo corpo do jovem desencantado, morto pelo tráfico como o irmão mais velho. “Os pais desses meninos estão deprimidos até hoje”, afirma. “Não há o que se diga para consolar”. Padre Jaime sabe que recuperar famílias que enterraram seus filhos é mais difícil que reduzir índices de violência. É missão para o padre, o militante, o vizinho e quantos papéis mais ele conseguir desempenhar.
Adaptado e transcrito de texto de Ana Aranha do G1
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI5301-15228,00-MUITO+MAIS+QUE+UM+PADRE.html
Proibido não conhecer o Jd. Ângela
QUEM ENTENDER o que está por trás dos números do Jardim Ângela, um conglomerado de favelas na zona sul de São Paulo, com 250 mil habitantes, estará aprendendo a reduzir a violência no país. Sua taxa de homicídios caiu em 75%, entre 1991 e 2005. Durante 50 dias, no ano passado, ninguém morreu assassinado.
Esse movimento teve impacto nas demais estatísticas criminais de delegacias próximas, responsáveis por outros bairros além do Jardim Ângela. No 100º Distrito Policial, de janeiro a julho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2002, o índice de roubos, em geral, despencou em 52%; o de roubos de veículos caiu em 70%.
O debate sobre a violência na sucessão é, até o momento, de uma pobreza estrondosa, pelo simples motivo de que não se apresentam planos de construção dessas complexas redes nem se prevê um projeto específico para as metrópoles. Os tucanos tentam associar o PT ao PCC, o que é uma óbvia baixaria. O PT fala que os ataques do PCC são resultado do caos da segurança em São Paulo, quando, na verdade, são uma reação ao jogo duro contra a organização exercido pelo governo.
O Jardim Ângela foge do discurso fácil e das soluções simplistas: mostra que a combinação de repressão com prevenção, a partir da articulação local, funciona. É o que se vê em Bogotá, onde a taxa de homicídios desabou, em poucos anos, em 75%, redução semelhante à de Nova York.
Depois que o Jardim Ângela foi considerado a região mais violenta do planeta, iniciou-se ali, em 1996, uma mobilização liderada pelo padre irlandês Jayme Crowne. Surgiu o Fórum de Defesa da Vida, que hoje aglutina 200 entidades. Dessa pressão, foram criadas ali cinco bases de policiamento comunitário. Como os policiais tinham de conviver com a população, ganharam confiança e receberam informações sobre quem eram e onde estavam os criminosos.
Conseguiu-se, nesse processo, combinar Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal. Paralelamente à rede de proteção policial montou-se uma rede de proteção social, sempre envolvendo a teia de parcerias. Para trabalhar com ex-internos da Febem, agora em liberdade assistida, associaram-se prefeitura, Abrinq e Telefônica. Na sexta passada, aliás, cerca de mil funcionários da Telefônica foram ao Jardim Ângela para um mutirão de reformas de espaços coletivos.
Graças a esse tipo de mobilização, recuperaram-se praças, clubes e escolas. Ofereceram-se programas de esporte, atividades de complementação escolar, tratamento contra o abuso de drogas e álcool. Com um acordo envolvendo o Ministério Público, acertou-se a redução do horário de fechamento dos bares. A prefeitura ofereceu abrigos para crianças e proteção às famílias em situação de risco, além de um núcleo para combater a violência doméstica, CASA SOFIA. No ano passado, foi lançada a Casa do Adolescente, para tentar evitar a gravidez precoce.
Acrescentem-se aí as dezenas de milhares de bolsas de renda compostas por recursos municipais, estaduais e federais -por serem integradas, o valor das bolsas aumentou.
Nem de longe o Jardim Ângela virou um paraíso, muito pelo contrário. Está distante, muito distante, de ser o campeão mundial da violência, mas ainda continua bem acima da média brasileira da criminalidade. Jayme Crowne está preocupado, especialmente, com o número de jovens sem perspectivas educacionais ou profissionais. "Esse é o ovo da serpente", diz São no Brasil 7 milhões de jovens, entre 14 e 25 anos, que nem estudam nem trabalham. Isso mostra que temos duas bombas que se juntam -a dos jovens e a das metrópoles.
Mas o que eles estão construindo, em essência, é um software de gestão para áreas conflagradas, por englobar do policiamento à gravidez precoce, passando pelo tratamento de viciados e pela educação em tempo integral. Em vez de ficarem trocando acusações em torno do PCC, os candidatos fariam melhor se estudassem o caso do Jardim Ângela, cujo sucesso está no fato de não ter um autor, um partido, um governo. O PT e o PSDB têm crédito nessa experiência, com a qual se vê que a saída social brasileira reside em larga medida na habilidade de as comunidades se organizarem, mobilizarem seus indivíduos e aumentarem a eficiência dos recursos públicos.
Contra o crime organizado, o que funciona é a sociedade organizada.
P.S. - Veja no site (www.dimenstein.com.br) um dossiê sobre o Jardim Ângela.
Texto de Gilberto Dimenstein na Folha de São Paulo 20/08/2006, já publicado neste blog em 20/08/2006
domingo, 1 de junho de 2008
Viagem ao Nordeste - São Paulo, Jericoacoara, São Paulo via litoral
Pegue uma carona no Celta e viaje de São Paulo à praia de Jericocoara no Ceará, percorra o litoral nordestino em direção ao Sul, em direção a São Paulo.
Sente no banco, aperte os cintos e vamos acelerar.
BOA VIAGEM!
Veja e leia esta história em 7 capítulos.
Capítulo 1- início - Viagem ao Nordeste - São Paulo, Jericoacoara São Paulo, Cristalina, Brasília, Barreiras, Canto do Buriti, Terezina, Jijoca e finalmente, nosso destino: Jericoacoara
Capítulo 6 - Viagem ao Nordeste: Recife, Arapiraca e as Alagoas
Capítulo 7 – final - Viagem ao Nordeste, final: Praia do Francês, Aracaju, Itacaré, São Paulo
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